Jorge Tufic
Tal como na pesquisa que empreendi sobre a literatura no extremo norte do País, o impasse foi o mesmo quanto à moderna literatura nordestina, ou seja, quase nada pudemos encontrar nas livrarias sobre o conjunto de obras publicadas nesse período marcado por mudanças verdadeiramente significativas a partir da Semana de Arte Moderna de 22 e o romance na década de 30, com exceção do proveitoso Seminário realizado pela Universidade Federal do Ceará, em 1981. Limitou-se este, porém, a dissecar as contribuições dos principais autores surgidos em 30, a exemplo de Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e Jorge Amado, sobretudo estes, com excelentes abordagens no aspecto de sua temática das secas, denúncia social, inconformismo e indignação contínua acerca dos problemas regionais. Tratou ele, contudo, segundo Paulo Elpídeo de Menezes Neto, de um “reexame imparcial procedido, orientado pela experiência crítica dos conferencistas e apoiado na lucidez e no empenho de todos os estudiosos de literatura brasileira que se envolveram na explanação e discussão dos temas estabelecidos: Revisão do Romance Nordestino de 30; A Língua no Romance Nordestino de 30; A Crítica Literária e o Romance Nordestino de 30 e; Aspectos Sócio-políticos do Romance Nordestino de 30. ¨
Hoje, no entanto, esse cenário amplia-se com a necessidade de reunir todos os Estados do Nordeste sob o título geral de A Moderna Literatura Nordestina, quando persiste ainda o fenômeno de “ilhas” ou “brasis”, o que torna difícil a estruturação de um corpus embora apenas informativo de nossa realidade literária, para cuja tarefa o prazo concedido fora bastante exíguo. Entretanto, honrado pelo convite da Fundação Mansur, irrecusável sob vários pontos de vista, dentre estes a oportunidade de me encontrar com os demais convidados, gente ilustre e altamente representativa, tentei os recursos da Internet na esperança de obter ajuda; nada, afinal, conseguindo, numa prova, agora insofismável, da carência de dados ou da precisão de um tempo maior para que fossem obtidos.
Entrementes, valeu-me este passeio livresco ao constatar a presença, cada vez mais forte, daquilo que alguns entendem como a legítima expressão nordestina, ou seja, o cordel popular e suas diversas manifestação eruditas, a exemplo do cordelim com que estreei nesse gênero, o romancim de Virgílio Maia e algumas outras publicações mais antigas, como “Nordestinados”, de Marcus Accioly, estas últimas como reflexo do movimento armorial, centrado na magia e nas cintilações do gênio de Ariano Suassuna. Uma literatura, diga-se de passagem, vendida hoje em feiras culturais pelos próprios autores.
Afinal, com a sugestão do mestre e amigo Pedro Vicente Costa Sobrinho, resolvemos que eu ficaria mesmo no Ceará, dando conta de um resumo sobre o modernismo, grupos e nomes de escritores direta ou indiretamente ligados ao ideário modernista de 1922, ou que a este se anteciparam, como a famosa Padaria Espiritual.