Amigos do Fingidor

domingo, 31 de outubro de 2010

Desabafo em defesa da Dilma

Dori Carvalho*



1.
Tenho ouvido e lido dezenas de ofensas, calúnias e injúrias nunca vistas contra ninguém que tenha tentado ser presidente do meu país.

Por que tanto ataque pessoal à Dilma? Assassina, criminosa, bandida, assaltante, terroristas, vagabunda... fez plástica, cortou o cabelo, tá gorda, tá magra, é arrogante, é dura (ela vive “rodeada de homens meigos”).

Será que tudo é tão pequeno, tão mesquinho? Não quero acreditar que tudo isso seja porque ela é mulher.

Ora, qual é o crime da Dilma?

Levantar-se em armas, arriscar a própria pele, entregar a vida pela liberdade,ser presa e torturada, lutar contra a ditadura que nos calou e nos oprimiu por mais de duas décadas?

Eram jovens sinceros e idealistas que foram à luta armada contra golpistas,torturadores e carrascos que tomaram a democracia de nossas mãos, que tiraram do poder aqueles que foram eleitos pelo povo... isso é crime?

Então, temos que condenar aqueles que lutaram ao lado de Mandela, na África do Sul; de Che Guevara, Simon Bolívar, Tiradentes, Zumbi, Zapata, na América Latina; de Ho Chi Minh, no Vietnã; de franceses, judeus e socialistas que lutaram contra o nazismo; dos americanos contra os ingleses, dos portugueses contra Salazar, dos espanhóis contra Franco, dos africanos contra os portugueses, ingleses, franceses... a história não tem fim... eram todos chamados de bandidos.

2.
“Aquele que defender os fracos contra os fortes será condenado a viver como um fora-da-lei... Em tempos de tirania e injustiça, quando a lei oprime o povo, o fora-da-lei assume o seu papel na história.” In Robin Hood.

3.
Estão querendo condenar a Dilma e seus companheiros de luta duas vezes, pelo crime de defender o Brasil, de combater por um ideal, de defender uma causa com unhas e dentes. Enquanto os ex-torturadores estão de pijama se fingindo de pacatos e atirando em mendigos, caluniando na sombra do anonimato e “direitistas” chafurdando nas telas compradas da TV ou degustando vinhos em Manhattan. Essa gente que ama a democracia apenas quando está no poder ou gravitando em torno dele.

4.
Dilma
D de dedicação, determinação
I de independência, ideal
L de liberdade,luta
M
A de amor, avançar
(não, não esqueci do M)
M maiúsculo de Mulher

5.
Lá em casa, éramos cinco. Dalva, Dulce, Djalma, Darcy e Dorival. Todos rebeldes, inquietos e inconformados e, tenho certeza, todos ficaríamos honrados com mais uma irmã: Dilma.


*Este texto me foi passado antes do primeiro turno. Graças ao amigo Rogel Samuel, ganhou o mundo. Agora, é metáfora de um sonho realizado. Valeu, Dorival.
(Zemaria)