Jorge Tufic
Quando já pensamos que a poesia, ou o poeta, terá chegado ao final da palavra ou do discurso lírico ou épico, eis que nos deparamos com a réplica dessa conclusão catastrófica neste Capela 2, de Reinaldo Ramos, coletânea de poemas raros que transmitem a experiência das fábulas humanas e o áspero amargor que lhe restara das taças de vinho, dos papos que levou, dos amores que teve, das leituras que fez e das longas caminhadas peripatéticas em derredor da filosofia e das ciências exatas. Tudo isso numa forma poética sua, totalmente sua, a que não deixa de suavizar com as rimas e, ocasionalmente, com o verso medido, chegando a incluir um soneto dentre várias composições que nos prendem o fôlego, até que possamos entendê-las ou saber como terminam. Na verdade todas, todas mesmo do livro citado, produzem no leitor, por mais atualizado que seja, um impacto inicial seguido de uma lenta e meticulosa fruição de metáforas surpreendentes, estalos minimalistas, advertências e diagnósticos de nossa contraditória humanidade.
Desse conjunto estranhamente belo, destaco as seguintes pedras de toque: “A mente”, “Escapulário”, “Vaziez”, “Mudança”, “Ante pé”, “Liquidação”, “Menos um”, “Dia”, “Nuvem”, “Eidos”, “O burro”, “Mesmo assim”, “Navegação”, “Máscara”, “Encaminho”, “Um poema por dia”, “Totem”, e, afinal, “Big Brother Jesus Christ”.
Não é uma crítica, a menos que de prisma errado. Trata-se apenas da opinião de um leitor veterano que, há alguns dias, teve a honra e o prazer de encontrar o texto dessa obra poética no e-mail de jorge tufic, humilde assinante da Internet, onde, como se vê, os altos e baixos chegam a criar belezas imprevistas e o que há de melhor dentre tantos equívocos literários.