Jorge Amado de Faria nasceu na fazenda Auricídia, arraial de Ferradas, município de Itabuna, na Bahia, no dia 10 de agosto de 1912, de uma família de plantadores de cacau. A informação sobre a geografia do nascimento do autor tem sido motivo de controvérsia, uma vez que alguns autores anotam o município de Piranji, enquanto outros preferem Ilhéus. Estes chegam perto, uma vez que foi em Ilhéus que Jorge Amado passou sua infância, a partir dos dois anos de idade.
Aos onze anos, fixa-se em Salvador, estudando como interno em um colégio de jesuítas. Aos catorze anos, começa a trabalhar no jornal Diário da Bahia. Por essa época, começa a participar ativamente da vida intelectual e boêmia da capital. Aos quinze, publica pela primeira vez um texto literário: um poema de cunho modernista, na revista Luva. Fazia parte então do grupo “Academia dos Rebeldes”, que pretendia disseminar, com cinco anos de atraso, o Modernismo na Bahia.
Em 1930, muda-se para o Rio de Janeiro, onde, em 1931, ingressa na Faculdade de Direito e publica seu primeiro romance, O país do carnaval. Com o diploma de bacharel e vários livros publicados, torna-se um ativista político de primeira linha. Num período conturbado da vida política nacional, a ditadura de Getúlio Vargas, é preso em várias ocasiões.
Uma curiosidade: em 1937, a caminho do exílio na Colômbia, com um passaporte fornecido pelo próprio cônsul daquele país no Rio de Janeiro, que era seu amigo, Jorge Amado foi preso... em Manaus. O motivo: seu livro Capitães da areia fora apreendido e queimado em praça pública, sob a alegação de ser “instrumento criado com a única finalidade de incitar das massas”. Em entrevistas concedidas depois de muito tempo, Jorge Amado relembra seu companheiro de cela, o maranhense Nunes Pereira, antropólogo, autor de um livro fundamental para a compreensão da Amazônia: Moronguêtá – Um Decameron Indígena. Os dois passavam os dias embaixo de um chuveiro “porque fazia um calor infernal, enquanto os integralistas desfilavam na frente do quartel, ameaçando a gente de morte.” Os integralistas, leitor, eram os nazi-fascistas tupiniquins, ou melhor, barés.
Passado algum tempo, o comandante permitiu que ele se hospedasse num hotel, de onde só podia sair acompanhado de um guarda especial, a quem ele chamava carinhosamente de “meu carcereiro”, que, na verdade, deixava-o andar livremente pelas ruas de Manaus. Jorge Amado lembra ter se tornado padrinho do filho do “carcereiro”. Além de amigos, compadres.
Com o fim da ditadura de Vargas, em 1945, representando São Paulo, elege-se deputado federal, pelo Partido Comunista do Brasil. Três anos depois, o partido volta à clandestinidade e Jorge Amado tem o seu mandato cassado. Vai para a Europa, de onde só retorna em 1956. Em 1961, candidata-se a uma vaga da Academia Brasileira de Letras, sendo eleito por unanimidade.
Recebe inúmeros prêmios internacionais, pelo conjunto de sua obra. É o autor brasileiro mais traduzido e publicado em todo o mundo. Todos os anos, seu nome é lembrado nas semanas que antecedem a divulgação do vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. Por enquanto, tem sido apenas candidato.
Alto dignatário do Candomblé, o velho comunista, escritor dos marginais que se transformam, na sua ficção, em heróis populares, aos 88 anos ainda busca o feitiço da literatura(**). Seu romance Bóris, o vermelho, anunciado há anos, parece ser o seu canto do cisne – por isso mesmo nunca terminado, por isso mesmo sempre adiado. Mas não há porque ter pressa...
Principais obras publicadas
Romances e novelas:
. O país do carnaval (1931)
. Cacau (1933)
. Suor (1934)
. Jubiabá (1935)
. Mar morto (1936)
. Capitães da areia (1937)
. Terras do sem fim (1943)
. São Jorge dos Ilhéus (1944)
. Seara vermelha (1946)
. Os subterrâneos da liberdade (1954)
I - Os ásperos tempos
II - Agonia da noite
III - A luz no túnel
. Gabriela, cravo e canela (1958)
. A morte e a morte de Quincas Berro Dágua (1961)
. O Capitão-de-Longo-Curso (1961)
. Os pastores da noite (1964)
. Dona Flor e seus dois maridos (1966)
. Tenda dos milagres (1969)
. Teresa Batista cansada de guerra (1972)
. Tieta do Agreste (1977)
. Farda fardão camisola de dormir (1979)
. Tocaia Grande (1984)
. O sumiço da santa (1988)
. Navegação de cabotagem (1992)
Outros gêneros:
. A estrada do mar (poesia, 1938)
. ABC de Castro Alves (biografia, 1941)
. O Cavaleiro da Esperança (biografia, 1942)
. Bahia de Todos os Santos (guia, 1945)
. O mundo da paz (viagem, 1951)
. O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá (infantil, 1976)
. O Menino Grapiúna (autobiografia, 1982)
(*) Inserido no livro Análise Literária das obras do Vestibular 2001, publicado pela EDUA, em 2000. Do livro constam seis ensaios, três de autoria de cada autor: Marcos Frederico Krüger e Zemaria Pinto.
(**) Jorge Amado morreu no dia 06 de agosto de 2001.
Ilustrações: capa da primeira edição, 1936; capa da edição tchecoslovaca de 1948.