Amigos do Fingidor

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Basta um click


Pedro Lucas Lindoso

 

Aqui no meu condomínio há quarenta unidades. Somente três apartamentos recebem o jornal A Crítica. Eu sou um desses assinantes. Possivelmente, serei um dos últimos leitores de jornal físico do planeta.  Tenho acesso às edições eletrônicas, é verdade. Mas há um certo prazer em ler o jornal físico. O inconveniente de espirrar em razão do cheiro da tinta não me incomoda. Eu costumo separar ou recortar algumas matérias. Sei que posso fazer isso eletronicamente. Algumas vezes faço isso. Mas não abro mão de manipular os jornais físicos.

Sinto saudades de algumas edições de domingo, com suplementos fantásticos. Inclusive na área literária.

Sinto também saudades de bancas de revistas apinhadas de jornais e revistas diversas, vindas principalmente do Rio. E São Paulo.

Morei anos em Brasília. Quem conhece a nossa capital federal sabe que lá não moramos em ruas. Mora-se em superquadras, ou simplesmente quadras, como dizem os locais.

Cada quadra tem, ou tinha, uma banca de revista.  Ser proprietário ou permissionário de uma banca de revista de quadra era difícil e caro. Hoje não deve ser tanto. Nas bancas também tinha fichas telefônicas, cigarros e máquina xerox. Se fosse freguês podia até trocar cheque por dinheiro. Não se faz mais nada disso. Na rodoviária de Brasília havia uma enorme banca de revista. Com jornais de todos os estados brasileiros. Inclusive os de Manaus.

Aqui em Manaus muitas desapareceram. A grande resistente parece ser a da Praça Chile, perto do cemitério. Outras resistem no centro. Mas não são mais tão atrativas. Uma lástima.

Quando jovem adolescente colecionava revistas como a Conhecer. De tantos em tantos fascículos vinha uma capa para encadernar. Formava-se uma enciclopédia a conta gotas. Dentre várias, colecionei História do Brasil. Quatro volumes em capa branca. Cada revista focava um personagem da nossa História. As gravuras eram primorosas. Tenho essa coleção até hoje.

Essas coleções enciclopédicas feitas nas bancas foram uma opção importante para meus trabalhos no colégio. A maioria consultava a famigerada Barsa. O Google da minha época. As coleções de banca eram uma alternativa para se obter uma nota melhor. Tinham mais gravuras. Não se recortava, mas podia-se tirar xerox das pirâmides do Egito e tirar 10 no trabalho de História Geral. Hoje tudo se resolve bem rápido. Basta um click.