Pedro Lucas Lindoso
Aqui no
meu condomínio há quarenta unidades. Somente três apartamentos recebem o jornal
A Crítica. Eu sou um desses
assinantes. Possivelmente, serei um dos últimos leitores de jornal físico do
planeta. Tenho acesso às edições
eletrônicas, é verdade. Mas há um certo prazer em ler o jornal físico. O
inconveniente de espirrar em razão do cheiro da tinta não me incomoda. Eu
costumo separar ou recortar algumas matérias. Sei que posso fazer isso
eletronicamente. Algumas vezes faço isso. Mas não abro mão de manipular os
jornais físicos.
Sinto
saudades de algumas edições de domingo, com suplementos fantásticos. Inclusive
na área literária.
Sinto
também saudades de bancas de revistas apinhadas de jornais e revistas diversas,
vindas principalmente do Rio. E São Paulo.
Morei
anos em Brasília. Quem conhece a nossa capital federal sabe que lá não moramos
em ruas. Mora-se em superquadras, ou simplesmente quadras, como dizem os
locais.
Cada
quadra tem, ou tinha, uma banca de revista.
Ser proprietário ou permissionário de uma banca de revista de quadra era
difícil e caro. Hoje não deve ser tanto. Nas bancas também tinha fichas
telefônicas, cigarros e máquina xerox. Se fosse freguês podia até trocar cheque
por dinheiro. Não se faz mais nada disso. Na rodoviária de Brasília havia uma
enorme banca de revista. Com jornais de todos os estados brasileiros. Inclusive
os de Manaus.
Aqui em
Manaus muitas desapareceram. A grande resistente parece ser a da Praça Chile,
perto do cemitério. Outras resistem no centro. Mas não são mais tão atrativas.
Uma lástima.
Quando
jovem adolescente colecionava revistas como a Conhecer. De tantos em tantos fascículos vinha uma capa para
encadernar. Formava-se uma enciclopédia a conta gotas. Dentre várias,
colecionei História do Brasil. Quatro
volumes em capa branca. Cada revista focava um personagem da nossa História. As
gravuras eram primorosas. Tenho essa coleção até hoje.
Essas
coleções enciclopédicas feitas nas bancas foram uma opção importante para meus
trabalhos no colégio. A maioria consultava a famigerada Barsa. O Google da minha
época. As coleções de banca eram uma alternativa para se obter uma nota melhor.
Tinham mais gravuras. Não se recortava, mas podia-se tirar xerox das pirâmides
do Egito e tirar 10 no trabalho de História Geral. Hoje tudo se resolve bem
rápido. Basta um click.