Numa
terra onde a natureza se desdobra em infinitas cores e formas, Margaret Mee,
com seu pincel delicado, capturou a essência da Amazônia brasileira. Suas
pinturas da flora tropical, detalhadas e vivas, transcendem a mera arte,
tornando-se documentos de uma biodiversidade sem par.
Paralelamente,
no mesmo solo brasileiro, mas em esferas distintas, José Lindoso orquestrava
seu governo no estado do Amazonas. Sua gestão, marcada por desafios e
controvérsias, intercalava-se entre o progresso, a preservação e o
desenvolvimento econômico.
Conheci
Margaret Mee numa manhã de domingo na residência governamental do Parque das
Laranjeiras. Avessa à holofotes e autoridades, atendeu ao pedido do governador
em conhecê-la pessoalmente. Retornava de uma de suas expedições na área de Novo
Airão. Pediu discrição e foi amável e reservada como são os ingleses em geral.
Eis que
os caminhos de Mee e Lindoso, embora distintos, entrelaçam-se na crônica
amazônica. Margaret, com seus pincéis e tintas, captava a alma da floresta,
suas orquídeas raras, suas bromélias reluzentes. Lindoso, por sua vez,
enfrentava o desafio de governar um estado cuja maior riqueza e maior desafio
era justamente essa natureza exuberante.
Margaret Mee (1909-1988).
As
expedições noturnas de Mee para capturar a beleza da flor da lua, uma raridade
que só floresce à noite, simbolizam a tenacidade e a dedicação à causa
ambiental. Lindoso, em contrapartida, navegava nas águas turvas da política,
onde cada decisão poderia significar um passo a mais na preservação ou na
degradação. Seu governo, como um barco em águas amazônicas, buscava um caminho
que reconciliasse o progresso com a preservação, uma tarefa nada fácil.
Em um
ponto, porém, os destinos de Mee e Lindoso se encontram: na paixão pela
Amazônia. Para Margaret, era a tela viva de sua arte; para Lindoso, o cenário
complexo de sua governança. Ambos, a seu modo, deixaram marcas nesse território
mágico.
Hoje,
as pinturas de Mee adornam museus e galerias, lembrando-nos da fragilidade e da
beleza daquela floresta distante. E as decisões de Lindoso, por sua vez,
permanecem como parte integrante da história política do Amazonas.
Assim,
entre pinceladas e decretos, entre flores e políticas, a sinfonia de Margaret
Mee e José Lindoso ecoa, lembrando-nos da eterna dança entre o homem e a
natureza, entre a arte e o poder.
Todas as aves brancas construíram
ninhos no meu coração
e seus cânticos são de uma tristeza
inenarrável.
Vou absorvendo o orvalho noturno
com a mesmaquietude da árvore
curvada no barranco.
Meu maior alimento é o silêncio
e o deslizar
do rio comumente tranquilo.
A outra metade de mim vive no espelho
que deforma a minha paz. Tantas ruas
cruzam-se em meus pés, tumultuosas,
salpicadas de pranto
e seios de todas as cores e vícios e
viços.
As auroras e os crepúsculos das
cidades,
o ar plúmbeo, cinzento das cidades
arrancaram todo o humor que eu tinha
pelos homens.
(No entanto
o sangue corre nas minhasveiasfrias).
Ah se a memória se limitasse ao
presente,
todavia, o passado me inunda a alma
e cicatrizes das mais torpes
se espalham nos meus ossos, nos meus
nervos,
na minha sombra espectral, estática
sombra roxa.
Meu maior alimento é o silêncio
e o deslizar
do rio, comumente tranquilo.
A poesia
de Antísthenes Pinto é a quemelhor
reflete o desejo de mudança dos poetas
ligados à primeirageração
do Clube da Madrugada.
Do surrealismo ao concretismo,
Antísthenes ousou semprebuscar
o novo numa formanova. Poeta, romancista e contista,
além de exercitar
a crônicajornalística
e a críticaliterária,
Antísthenes morou durantemuitotempo no Rio de Janeiro, onde publicou regularmente
no lendárioSuplementoLiterário
do Jornal do Brasil, dirigido por Mário Faustino, onde
se veiculava o que se fazia de maisatual na literaturabrasileira,
entre os anos
50 e 60 do séculopassado.
Suapoesia
– austera, áspera,
semconcessões
ao agradável – é herdeira
de uma tradiçãorecente,
quecomeçacom a modernidade: Whitman, Maiakovski,
Fernando Pessoa, Mário de Andrade. Antísthenes Pinto, no Rio de Janeiroouem Manaus, ecoa os seuscontemporâneos Roberto Piva e Allen
Ginsberg.
O poema
“Noturno” pertence
ao seuprimeirolivro, Sombra e asfalto,
de 1957. Aos 28 anos, Antísthenes dá umpasso à frenteemrelação aos poetas
do Clube da Madrugada,
que estavam muito
ligados à chamadaGeração
de 45, e produz uma poesialivre de quaisquer amarrasformais, repleta
de signosque
se entrecruzam num movimentoassimétrico e incessante,
desconcertando o leitor. Essa característica é uma constante
na poesia de Antísthenes, tantoemrelação aos poemasdescarnados de Ossuárioquanto
ao deliranteAngústia numeral e mesmo ao seucanto do cisneCurvas do tempo.
Comecemos pelotítulo, “Noturno”,
tãosimples
e tão impregnado de significados,
quevãodesde a liturgiamedieval, onde
se cantam os salmos, até as diversas variantes
de composições musicais, afluentes do pensamento
romântico. Estas, por contiguidade,
influenciam a literatura, sendo comum
nominar-se “noturno” a poemaslíricos
impregnados de melancolia. Observe logo na primeiraestrofe, como
a justificar o título,
as referências à noite
(“luarazul”), à música e à tristeza (“e seuscânticossão de uma tristezainenarrável”). Combinando essa estrofecom a segunda,
vamos observar o quadro
descrito: a vozemissora
do poema, o eulírico, descreve-se estáticosob o “luarazul”, “absorvendo o orvalhonoturno”, “com
a mesmaquietude
da árvore curvada no barranco”.
No segundoverso,
a palavraavepoderialevar
a várias interpretações, mas “aves
brancas” é uma referênciadireta às aves
noturnas, ditas de “mauagouro”,
que se estabelecem emdefinitivo no coração
do poeta – poisninhossãometáforas de refúgio
e também de fortaleza
–, comseuscânticos “de uma tristezainenarrável”. Nãoresta ao poetasenão alimentar-se do silêncio e do “deslizar do rio, comumente tranquilo” – isto
é, da maisabsolutasolidão.
Mas o poeta é
umser
dividido: ao se olhar no espelho,
aquela paznoturna
e bucólica se confunde com a azáfamaurbana das ruas
“salpicadas de pranto”. O tumultointerior
se completacom
a metonímia dos seios/mulheres, “de todas as cores
e vícios e viços”,
de todas as raças, costumes
e idades. Essa insatisfaçãocom as cidades
as faz cinzentas e desoladas, não
importa a hora, corrompendo a alegria do poeta, que, no entanto,
sabe-se parte da massahumana. Somente
na quintaestrofenos é fornecida a chave
do poema: é o passadoqueestorva
o poeta, com
as “cicatrizestorpes”
que se espalham pelosseus “ossos
e nervos” – seuâmago, suaalma –, contaminando atésua “sombraespectral” de mortoemvida.
Paraenfatizar, então, a condição
descrita no início, de solidãosemlimites,
ele conclui repetindo que se alimentaapenas do silêncio
e do deslizar do rio.
Esseeulírico é umeremita, umser recolhido emsimesmo,
que, a despeito
do lugar físico-geográfico onde se encontra,
está longe de tudo
e de todos: no alvoroço
da cidadeou
na placidez do campoele estará sempresozinho. Entretanto,
suaslembranças
estão vivas, e isso
o machuca ao ponto de querernegarsuaessênciahumana.
Comoúltimorecursoparaexpiarsuasculpas
resta-lhe a solidão e maisnada.
Poesia de cunhoexistencialista, inquisidora das angústias e perplexidades humanas, supérflua na aparência,
na medidaemque é voltada para
a interioridade do poeta, na verdade,
é uma poesiaque
reflete as dores do mundo,
oumelhor,
a dor de todomundo. Daí a sua
complexidade. É o tipo de poesiamaisfácil de ser encontrado, resultante de qualquerbanal dor de cotovelo. Difícil é encontrá-lo comarte. Difícil
é convencer ao leitor
de que aquela dor,
mesmonão
sendo a sua, poderiasersua.
Lendo o poema de Antísthenes Pinto, mesmoquemnão esteja
naquele estado de espírito,
reconhecerá a poesiaque se projeta
a partir das palavras:
o homem exilado de simesmo, tomado pelaangústia de, a despeito
da condiçãohumana,
preferir a solidão dos ermos, onde
acalentará os ninhos das avesque
habitam seucoraçãodormente.
O refeitório de uma empresa de médio porte no Distrito
Industrial é acolhedor, limpo e agradável. Os empregados normalmente fazem suas
refeições entre 11h30 e 12h30. Por volta das 13h horas, a cozinheira, duas
ajudantes e três faxineiros fazem as suas refeições acompanhados de dona Hilda,
a chefe de Suprimentos.
Para dona Hilda é importante compartilhar as refeições com os
mais necessitados. Não adianta dar cesta básica, entregar sopa e marmita para
as pessoas em situação de rua. E depois se sentir livre de culpas. É preciso
demonstrar caridade efetivamente.
Dona Hilda segue os passos do Mestre Jesus que nos ensinou:
“Quando deres uma festa convida os pobres”. O Papa Francisco tem feito ações
pensando nos mais pobres. Alguns conservadores tem restrições ao Papa. É
normal. Ninguém conseguiu agradar a todos, nem mesmo o nosso Mestre Jesus.
Padre Júlio Lancelloti tem um projeto grande de ajuda aos
necessitados em São Paulo. Ele foi surpreendido com um telefonema do Papa
Francisco. O depoimento do padre viralizou na internet. O Papa se identificou e
Padre Júlio, totalmente surpreso e feliz com aquela deferência do Pontífice,
quase não acreditou!
O Papa começou perguntando se o padre gostaria de falar em
Espanhol ou Italiano. Como Lancelloti fala as duas respondeu ao Papa que
poderia ser qualquer delas e exclamou: Santitá!
A primeira pergunta que Papa Francisco fez ao padre foi
indagá-lo sobre o seu dia. Ele disse a Sua Santidade que começa o dia rezando a
Missa e após toma café com o pessoal de situação de rua.
O Papa, feliz, exclamou: Isso! É importante fazer as
refeições com os mais pobres.
A preocupação do Papa com os pobres é tão sólida que Sua
Santidade criou o Dia Mundial do Pobre. Trata-se de celebração católica
comemorada no 33.º domingo do Tempo Comum.
A data foi instituída desde 2017. Foi estabelecida pelo Papa
Francisco em sua Carta Apostólica Misericordia
et Misera para comemorar o fim do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.
Neste ano de 2023, foi comemorado o último domingo, 19 de
novembro. Nesse dia, se viverem no seu bairro pobres que buscam proteção e
ajuda, aproxime-se deles: será um momento propício para encontrar o Deus que
buscamos. Ofereça uma refeição e coma com eles!
Alguns não gostam do Papa em face de suas posições avançadas.
Já o chamaram até de comunista. Não é verdade! O Papa é pop.
Naturalidade:
Cambixe, município de Careiro da Várzea – AM
Nascimento:
6 de novembro de 1929
Falecimento:
28 de maio de 2021
Obra
poética:
·Encontros com
a natureza (1996)
·Caminhos da
alma (1996)
·Corpo de mulher(1996)
·Andanças
poéticas (1997)
·Os deuses (1998)
·O elogio do
caboclo (1998)
·Floradas da
alma (2000)
·Plumas
humanas (2000)
·Algemas de
ternura (2001)
·Floradas do
corpo (2001)
·Corações em
chamas (2002)
·Magia e
sedução (2010)
·Melodia pagã (2011)
·Minha roça de
urtigas (2011)
·Mulheres (2011)
·Pétalas e
penas (2012)
·O jardim da
minha mãe (2014)
TRISTEZA
Cavalgo, triste, meu
corcel alado
pelas pistas sem fim do
pensamento,
de rédea solta, solto meu
lamento,
meu protesto, de lágrimas
molhado.
Galopando sem rumo, e
magoado,
carpindo no selim meu sofrimento,
chego a pensar que todo
este tormento
é mero sonho, e sonho
malfadado...
Mas, se passo trotando
contra o vento
e ouço um tropel alegre
pelo prado,
aperto o arreio... sei...
eis-me acordado!
Ai, sim, sofro a dor que
me vai dentro,
essa dor, que mais dói,
sem ferimento,
que as feridas de todo
meu passado!
É espantosa a
concentração de títulos de Almir Diniz, no gênero poético: dezessete, em
dezesseis anos. O autor nos explica que essa poesia veio sendo construída,
lentamente, desde a juventude, na segunda metade dos anos 1940, até os dias de
hoje. É uma poesia em que à simplicidade se alia uma grande precisão técnica,
calcada na reflexão sobre o homem amazônico e a exuberante natureza que o
cerca, externando o sentimento que lhe vai n’alma, porque “ninguém doma um
coração de poeta”, como cantou o grande Augusto, dos anjos e dos demônios.
A rigor, mesmo
pertencendo, do ponto de vista cronológico, à geração Madrugada, Almir Diniz
não militou no Clube. E seus livros começaram a vir à luz quando o Clube já não
mais existia. Antes disso, apenas publicações esparsas, em jornais e revistas.
Mas isso são detalhes que não o excluem de uma apreciação rigorosa da poesia da
época.
O poema “Tristeza”, do
livro Caminhos da alma, representa
uma síntese da poesia de Almir Diniz: entre o telúrico e o urbano, o lúdico e o
sentimental, o poeta constrói, sem invencionices, uma poesia que a um só tempo
comunica e comove – no sentido mais primitivo desta palavra: promover
deslocamento, agitar com força. A poesia de Almir Diniz nos coloca no centro da
vida cabocla – seja do caboclo lavrador, campônio e campeiro, seja do caboclo
intelectual, afeito às lides da política, do direito e do jornalismo. Almir
Diniz, advogado, ex-prefeito, jornalista premiado, fazendeiro – de plantar e de
criar –, traz na pele acobreada as marcas dessa vivência múltipla.
No poema em tela, o
corcel alado que o eu lírico cavalga é uma metáfora para um permanente estado
de poesia. O eu lírico está possuído pela poesia. Mas, ao contrário do uso que
se faz nas religiões afro-brasileiras, onde o cavalo é a pessoa que recebe o espírito,
Almir Diniz coloca o poeta a cavalgar o cavalo-poesia, “pelas pistas sem fim do
pensamento”, abrindo todas as possibilidades para esse encontro com o
cavaleiro-poeta.
A “rédea solta” em plena
cavalgada, uma situação de risco, é uma metáfora para o estado de desespero em
que o eu lírico de encontra, pontuado pelos substantivos que se lhe seguem –
lamento, protesto, lágrimas –, de alguma forma relacionados com a decisão
intempestiva de manter a rédea solta, com todos os riscos advindos dessa
decisão. Basta-nos esta primeira quadra, para ilustrar o que dissemos da
composição como síntese: a metáfora do corcel a cavalgar é telúrica; se o
corcel é alado, acrescentamos o elemento lúdico; pistas, substituindo estradas
ou mesmo caminhos, ambas de caráter rural, é o elemento urbano que se
acrescenta ao poema; por fim, o toque sentimental é dado pela expressão física
daquele momento – o lamento-protesto “de lágrimas molhado”.
Na segunda estrofe, a
confusão mental do eu lírico, em função do desespero em que se encontra –
“galopando sem rumo” –, o faz pensar que ele vive um pesadelo, um “sonho
malfadado”. No terceto que se segue, o eu lírico esclarece a si mesmo – e ao
leitor – que seu estado é de plena vigília, contrapondo as imagens de si mesmo
“trotando contra o vento” com o sentido atento para um “tropel alegre pelo
prado”. Essa superposição do lúdico com o real, do metafórico com o banal
cotidiano garante o tensionamento da nota poética: se não houvesse o lúdico, o
metafórico, estaríamos diante de um texto prosaico. Não é o caso,
absolutamente.
A última estrofe coloca o
eu lírico de volta à realidade da qual ele escapara pelas artes da poesia: não
mais corcel alado, não mais rédeas soltas, não mais galope sem rumo. Apenas a
consciência da dor que dói “sem ferimento”. Essa dor presente que sentimos
todos, sempre que pensamos sobre o nosso estar-no-mundo. Como refletiu com
sublimidade o filósofo Schopenhauer,
Reproduzem-se na poesia lírica do genuíno poeta o íntimo da humanidade
inteira e tudo o que milhões de homens passados, presentes e futuros sentiram e
sentirão nas mesmas situações, visto que retornam continuamente, e ali
encontram a sua expressão apropriada. [...] O poeta é o espelho da humanidade,
e traz à consciência dela o que ela sente e pratica.[1]
Esta é apenas uma amostra
colhida no universo da poesia de Almir Diniz. Poesia cheia de verdade, mas
também vibrante na sua tensão lúdica, pois é disso que se faz o poema – da vida
reinventada, amalgamada nos quatro elementos: o fogo fundindo a mistura de
barro e de água, resultados do sopro do vento.
Tristeza (Mauri Mrq e Almir Diniz).
[1] SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e como representação. 1.º tomo. Tradução: Jair
Barboza. São Paulo: Editora UNESP, 2005, p. 328-329.
Todos
conhecem a famosa canção de Raul Seixas que diz: “Eu nasci há dez mil anos
atrás / E não tem nada nesse mundo / Que eu não saiba demais”. Pois bem, a
canção não deixa de ser verdadeira. Nem que seja metaforicamente. O fato é que
já havia pessoas caçando e pescando nos nossos rios e na nossa floresta há dez
mil anos atrás. E não era só o Curupira, o Matintaperera e outros seres
mitológicos.
Todo
ano quando Manaus faz aniversário a polêmica entre historiadores e formadores
de opinião vem à tona. Qual a idade certa da cidade? Seriam mesmo 354 anos de
sua fundação?
Um dos
registros históricos indiscutíveis é que por decreto de 1848, no dia 24 de
outubro, a Vila da Barra se tornou uma cidade. Minha falecida mãe, ao saber que
estariam comemorando mais de trezentos anos da cidade, me contestou: “Meu
filho, como assim? Eu me lembro dos festejos de cem anos da cidade!” De fato,
em 1948 minha mãe era uma jovem de 23 anos.
Historiadores
e pesquisadores chegaram a um consenso de que Manaus foi fundada em 1669, a
partir da Fortaleza de São José do Rio Negro. Mas há controvérsias. Sabe-se que
já se comia jaraqui aqui há mais de dez mil anos atrás, como profetizou Raul
Seixas.
A seca
histórica que se enfrenta neste 2023 revelou a existência de novos sítios
arqueológicos no Estado. O da Ponta das Lajes, aqui na nossa região
metropolitana, já era conhecido de outras vazantes. Os petróglifos encontrados
têm cronologia estimada entre mil e dois mil anos atrás.E agora? Quantos anos tem Manaus?
Nossas
lendas envolvem geralmente um casal apaixonado de tribos rivais. Havia aqui a
tribo dos Manaus e dos Barés. Em 1669 quando os portugueses chegaram, um
guerreiro Baré se apaixonou por uma princesa filha do cacique dos Manaus. Os
portugueses intermediaram o conflito e foi feito o casamento exatamente no dia
24 de outubro. Assim nasceu a cidade de Manaus.Porém eles não chegaram a um acordo de como se chamaria o núcleo urbano
surgido daquela união.Cidade de Manaus
ou Cidade dos Barés. O nome do local ficou provisoriamente Vila da Barra. Em
1858, há exatos 165 anos, um descendente dos Manaus conseguiu que a cidade
fosse finalmente batizada de Manaus. Aliás Manáos. Depois, Manaus em razão de
uma reforma ortográfica da Língua Portuguesa.
Pois
bem, muitas vezes se tenta mudar o nome da cidade ou dizer que não foi criada
em 1669. Ou mesmo que a data não seria 24 de outubro. Quando acontece se diz
que é “leseira baré”. Inconformados em não terem seu nome na cidade, os
descendentes dos Barés sempre criam polêmicas e confusão todo ano pelo
aniversário da cidade. Leseira Baré, como sabemos, é algo tolo, infantil e
sem sentido.