Autor desconhecido. |
quarta-feira, 31 de agosto de 2016
terça-feira, 30 de agosto de 2016
Do tempo do fecho éclair
Pedro Lucas Lindoso
“Hoje é sexta, quem não sabe é besta”, dizia um colega de
trabalho que invariavelmente convocava o pessoal para um “happy hour” após o
expediente.
Num desses encontros, regados a chopinhos e boa conversa,
alguém retornou do banheiro com o zíper da calça aberto. Alertado
discretamente, o colega distraído comentou não saber se o correto é braguilha
ou barguilha.
Consultado o velho dicionário Aurélio, vimos a definição:
“barguilha – Abertura dianteira das bragas; ou de qualquer calça, calção,
ceroula, etc.”. Mas o que seriam bragas? Ora, braga é “calção, geralmente curto
e largo, que se usava outrora." O Dicionário da Língua Portuguesa e o
festejado Houaiss acolhem ambas as formas – barguilha ou braguilha. Além disso,
também apresentam, como variantes, alçapão, barriguilha, bragueta, carcela,
portinhola, que geralmente se fecha com botões ou fecho éclair.
E o zíper? Chaguinhas explica que a história do zíper ou
fecho éclair ou simplesmente "fecho", começou em 1893 na Exposição
Mundial de Chicago, nos Estados Unidos onde esse objeto deslizante para fechar
e abrir roupas foi apresentado pela primeira vez.
Mas a melhor estória
da noite ainda estava por ser contada. E tinha que ser do Chaguinhas. Recém
divorciado, o querido colega e ilustre causídico conseguiu levar a namorada
para seu apart-hotel, logo após uma suntuosa recepção de casamento.
A moça vestia um longo e sofisticado vestido de festa. Diz ele que a gata parecia a Rita Hayworth no
papel de Gilda, num filme antiguíssimo que causava escândalo porque tinha uma
cena de strip-tease. "Nunca houve uma mulher como Gilda". O
strip-tease resumia-se em duas luvas sendo despidas, com a pressuposição de que
a etapa seguinte seria o zíper sendo aberto para que o tomara que caia caísse.
De repente, entre beijos e abraços, a namorada sussurra:” Abre o meu RIRI”.
Mas o que seria RIRI?
Houve uma risada geral. Chaguinhas omitiu o que houve após a abertura do RIRI,
mas sugeriu que se pesquisasse na internet. www.riri.com. Site de um
sofisticado produtor de zíper italianos da melhor qualidade. Mas sou mesmo é do
tempo do fecho éclair! Concluiu ele.
domingo, 28 de agosto de 2016
sábado, 27 de agosto de 2016
sexta-feira, 26 de agosto de 2016
Portugal para principiantes 14
Sé de Braga. Altar da Capela de S. Geraldo. |
Azulejo com cena histórica do episcopado bracarense. |
Vitral da Sé. |
Num pátio da Sé, vestígios romanos e celtas. |
A Brasileira de Braga. |
Jardim de Santa Bárbara, no Centro de Braga. |
O Jardim de Santa Bárbara, de outro ângulo. |
Pórtico do Santuário do Bom Jesus do Monte, a 5 km de Braga. |
Cena da Via Sacra. Impossível não lembrar de Aleijadinho, em Congonhas do Campo, e o Santuário de... Bom Jesus de Matosinhos. |
Com Braga ao fundo, detalhe do adro do Santuário, numa tarde chuvosa de primavera. |
Fotos e
texto: Zemaria Pinto.
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Zemaria Pinto
quinta-feira, 25 de agosto de 2016
Cuidados com a saúde no Talmud
João Bosco Botelho
Os primeiros hebreus
(palavra oriunda do termo hebraico Éber, ou עברים, significando “descendentes
do patriarca bíblico Éber”) foram um povo semítico do Oriente Médio. Essa
compreensão foi utilizada pelo poder romano ao referir os judeus: grupo étnico
e religioso de ascendência hebraica. É possível que, anteriormente, os hebreus
chamassem a si mesmos de israelitas, embora esse termo tenha caído em desuso
após a segunda metade do século 10 a.C. Os hebreus falavam uma língua semítica
da família Cananéia, à qual se referiam pelo nome de “língua de Canaã”, citada
por Isaías 19:18.
Esse povo, de pouca
importância político-militar, se comparado aos vizinhos maiores e
tecnologicamente avançados, compôs o Pentateuco, livro sagrado dos monoteísmos.
A partir da destruição do
Templo de Salomão pelos romanos, no século 1, é difícil falar em Medicina
hebraica bíblica pura, mesmo com todos os cuidados tomados pelos líderes
religiosos e políticos na preservação da tradição.
O povo de Israel começou,
pela segunda vez, a longa viagem em direção de diferentes terras e a gradativa
absorção da cultura desses povos. Esse fato contribuiu para a organização do
Talmud e o consequente fortalecimento da herança cultural do povo hebreu
acumulada durante milhares de anos.
Desse modo, a valorização da
cultura dos sábios era praticada como meio de melhorar a educação dos filhos.
Nesse período, com os rabinos sendo os mais letrados e absolutos conhecedores
da tradição, a prática médica dominante, nas comunidades hebraicas, ficou
conhecida na historiografia como Medicina talmúdica.
A palavra hebraica talmud
significa "acostumar-se, aprender". Posteriormente, o sentido se estendeu
como "estudo, instrução, ciência", em particular a ciência da Torah.
De modo adicional, também para caracterizar o "halakot" ou direito
consuetudinário, a parte da Torah ligada à tradição oral e à jurisprudência.
Esse extraordinário livro, o
Talmud, foi escrito em hebraico, aramaico, grego e latim. Divide-se em seis
partes: Zeraim, agricultura; Moed, festas, lazer, solenidade e jejum;
Nashim, leis do noivado, casamento,
divórcio; Nezikim, prejuízos,
indenizações e jurisprudência civil e penal; Kodashim, abate dos animais e sacrifícios; Toharoth, regras para a purificação.
No conjunto, são abundantes
os ensinamentos práticos e coerentes das regras sociais, baseados no
conhecimento historicamente acumulado, capazes de organizar as comunidades nos
seus aspectos básicos da sobrevivência, inclusive o modo de conduzir o parto.
Existem dois Talmuds, frutos
dos diferentes interesses que moviam as populações judias, na Babilônia e na
Palestina, ambos escritos em torno do século 6 d. C.
– Talmud da Babilônia (Talmud Bauil), contém ensinamentos
milenares das escolas de Nchardea, Sura, Mahuza e Pumpedia na Babilônia, foi
redigido entre os anos 352 e 427 e completado no século 6;
– Talmud de Jerusalém (Talmud Yeruchalmi), compilado nas cidades
de Seráfis, Tiberíades e Cesaréa, na
Palestina, escrito em hebraico e aramaico, em torno dos anos 199-279 d.C.
Para alguns judeus, o Talmud
é de origem divina para ensinar a essência da vida na busca da perfeição.
Muitos médicos judeus se formaram nas escolas
de leitura do Talmud. Ao associarem os saberes talmúdicos à Medicina grega
hipocrática, se tornaram famosos. A comprovação deste fato é dada pela carta de
Imperador Antônio solicitando ao rabino Yehuda Hanasi um médico entre os seus
alunos para tratar um escravo pessoal.
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
segunda-feira, 22 de agosto de 2016
Pokémon Go chega a Manaus
Pedro Lucas Lindoso
Outrora as coisas demoravam
a chegar a Manaus. Segundo tia Idalina, a cidade foi a última capital a
conhecer uma escada rolante. Nos anos 60, somente conheci a TV quando em férias
no Rio de Janeiro. A televisão só chegou a Manaus no final da década.
Mas o Pokémon Go, jogo
virtual lançado pela Nintendo em todo o Brasil, já chegou a cidade. Virou febre
e tem causado muita polêmica. As pessoas
usam os celulares para procurar e capturar os pokémons. Parece uma mistura do mundo virtual com o
real.
Minha jovem dentista é uma
competente profissional. Dra. Aline foi adolescente nos anos 90 quando conheceu
pokémons em desenhos e vídeo games. Houve por bem cancelar todos os seus pacientes
do dia para ir atrás de pokémons pela cidade.
Segundo meu amigo
Chaguinhas, há uma quantidade grande de caboclo leso nos shoppings, praças e
parques da cidade a procura de pokémons. Diz Chaguinhas que a atividade é
extremamente perigosa. O jogador fica vulnerável a assaltos, furtos e até a ser
atropelado. Enquanto se procura os pokémons, caminha-se pelas ruas da cidade. A
caça aos pokémons é feita por meio de geolocalizadores, o tal Google Maps.
Circula nas redes que o
criador dos pokémons foi Satoshi Tajiri. Um atual bilionário que teve a ideia
de criar esse jogo com base numa coleção de bichinhos. Responsável por uma
febre mundial de consumo de produtos e diversão, Satoshi é portador de
autismo. Mostra ao mundo que ser
diferente não impede de ter suas habilidades reconhecidas e não deixou que um
diagnóstico desfavorável pudesse impedir de realizar-se.
Acabo de falar com tia
Idalina, de confessos 70 anos de idade e moradora de Copacabana no Rio de
Janeiro. Disse-me que está extasiada com a estrutura montada na praia para as
Olimpíadas.
Titia adora uma novidade.
Montou uma equipe de amigas, contratou um segurança particular e está passeando
pela orla de Copacabana a procura de pokémons. Mensagem de Idalina me diz que
já capturou vários deles com os peculiares nomes de caterpie, weedle, charmander,
pidgey e bellsprout. Alertei-a do perigo de sair pelas ruas com o celular em
punho. Ela respondeu que a sua equipe contratou um charmoso e eficiente guarda-costas.
De minha parte, vou aguardar
minha netinha Maria Luísa crescer para juntos programar uma caçada de pokémons
nos shoppings e praças de Manaus.
domingo, 21 de agosto de 2016
sábado, 20 de agosto de 2016
sexta-feira, 19 de agosto de 2016
Portugal para principiantes 13
Interior do Paço dos Duques, em Guimarães. |
Detalhes do Paço dos Duques. |
Exposição sobre armas antigas. Relevo assírio com uma torre de assalto. |
Catapulta de arco flexível. |
Aríete. Quem nunca viu um em ação, pondo abaixo o portal do castelo inimigo? |
Sala das lâminas. |
A desconcertante arquitetura de Braga. E a breguice das ultrajantes cadeiras nas calçadas. |
No Museu de Alberto Sampaio, em Braga, uma Pietá, ricamente trabalhada em madeira. |
Chancela dos Templários, herança medieval da milenar Braga. |
Tríptico em metal, com temas religiosos. |
Sé de Braga. O gentílico de Braga é bracarense, termo que vem do nome original da cidade: Bracara Augusta, fundada pelos romanos no ano 16 a.C., quando imperava Otávio Augusto. |
Na Sé: um concerto de órgão, no meio tarde. É luxo só. |
Fotos e
texto: Zemaria Pinto.
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Zemaria Pinto
quinta-feira, 18 de agosto de 2016
Evitando a doença entre os hebreus
João Bosco Botelho
As práticas
médicas hebraicas na antiguidade tinham normas bem definidas e voltadas à profilaxia
das doenças. Os livros sagrados continham leis rígidas que organizavam os
direitos e deveres dos médicos e doentes.
O conjunto normativo do monoteísmo judaico foi
elaborado em tempos diversos e seguido com obediência nos séculos seguintes.
Parece justo entender que essa fidelidade, que também incluía as normas de
higiene e alimentação, contribuiu na sobrevivência sadia desse povo.
Os hebreus, como
outras culturas escravistas que floresceram nas margens dos rios Tigre,
Eufrates, Nilo e Indo, atribuíram às divindades protetoras e vingadoras,
respectivamente, poderes de curar as doenças e provocar a morte de pessoas e
animais domesticados.
Parte
da construção social do povo Hebreu está presente no Antigo Testamento (AT). Segundo
o livro do Gênesis, Taré, membro de uma tribo semita, grupo étnico descendente
de Sem (filho de Noé), acompanhado de sua família, abandonou a cidade de Ur, na
Mesopotâmia, e caminhou em direção ao Sul, pelas margens do Eufrates. Com a
morte de Taré, a liderança dessa tribo nômade ficou com Abraão, que, sob
inspiração divina, dirigiu o seu povo até Canaã, a terra prometida. A ocupação
desse território, posteriormente chamado Israel pelos hebreus, foi organizada
por Jacó.
Sob a liderança de Moisés, entre 1270 a
1220 a.C., os hebreus iniciaram a partida do Egito. Após a morte desse patriarca,
sob a liderança de Josué, chegaram à Palestina e, pouco depois, conquistaram
parte de Canaã. Nessa época, o povo hebreu estava dividido em doze tribos que
mantinham entre si laços sociais nem sempre harmoniosos.
A
partir de uma inscrição do século 9 a. C., os especialistas acreditam que os
hebreus utilizavam o alfabeto semelhante ao fenício arcaico. Contudo,
desde que o aramaico chegou à Pérsia, os israelitas adotaram-no, culminando com
o atual hebreu.
Quando o império babilônico foi
derrotado por Ciro, rei dos persas, os hebreus foram libertados e voltaram à
região da antiga Jerusalém. Com a plena liberdade de povo livre, novamente,
ergueram o templo.
Desde então, sustentando lutas
permanentes com diversos povos da região, em 63 a. C., sucumbiu ao poderio
romano.
Nos primeiros anos da dominação, não
houve interferência nos ritos das crenças religiosas dos judeus. Mas, no ano
70, com a impostura divina do Imperador, como lei, e a recusa de os judeus, o
poder romano ordenou a destruição de Jerusalém. Como consequência, o povo se
dispersou no mundo.
No monte Sinai, Moisés recebeu de Deus
as tábuas com os Dez Mandamentos, provavelmente, correspondentes ao núcleo mais
antigo da Torá. As permissões e proibições contidas nesse extraordinário
instrumento religioso de organização social devem ter sido estruturadas em
torno do conhecimento historicamente acumulado.
Os hebreus dos períodos bíblicos como os
outros povos escravistas acreditavam a doença como castigo divino e o sinal de
pecado. Dessa forma, representando a impureza, os enfermos eram isolados da
comunidade e, pelo menos em certas doenças infecciosas era possível diminuir a
contaminação.
Como fruto do longo cativeiro, é certa a
influência exercida pelos mesopotâmicos sobre os judeus em muitos aspectos
sociais. É interessante assinalar que dedicar o sábado ao descanso, como
preconizam, hoje em dia, os judeus, é igual às restrições assírias a todo tipo
de atividade, durante o sétimo dia da semana, no qual o Rei também não tratava
dos assuntos oficiais e os médicos não medicavam os doentes.
quarta-feira, 17 de agosto de 2016
terça-feira, 16 de agosto de 2016
O robô advogado
Pedro Lucas Lindoso
Quando meu colega Chaguinhas
começou a advogar, e eu também, ainda no século passado, não havia computador.
Uma figura imprescindível em qualquer escritório era uma excelente datilógrafa.
Hoje não precisamos mais delas. Para isso, tivemos que nos habituar ao
computador e ao indefectível programa chamado “Word”, o grande responsável pelo
fim das datilógrafas.
Mas as coisas não pararam
por aí. Estagiário do Departamento Jurídico do BASA em Brasília, lembro-me de
diariamente ir ao TST, verificar o acompanhamento de processos trabalhistas
originários principalmente de Belém, sede do banco e de outros estados,
inclusive do Amazonas. O andamento era feito em fichas. As reclamações
trabalhistas recebiam um número novo quando havia recurso para os tribunais
regionais e um outro número quando chegavam ao TST. Todas essas informações
eram datilografadas em fichas. Nossa primeira missão era saber qual o relator
designado para o processo. Hoje em dia acompanha-se tudo pela internet. Os
processos recebem um número só, em sua origem, nas varas do trabalho (naquela
época se chamavam JCJ – Juntas de Conciliação e Julgamento). Havia os juízes
classistas, oriundos dos sindicatos de obreiros e patronais. Tudo mudou.
Outra tarefa árdua destinada
aos estagiários era a leitura dos diários de justiça, onde se publicavam as
decisões. Advogados só liam tais decisões após devidamente recortadas e
catalogadas. As mais impactantes, que se considera jurisprudência importante,
eram fichadas e arquivadas!
E as coisas continuaram a
progredir. Tudo hoje está a um click do mouse. Acompanhamento de processos,
agenda de advogados, e muitas tarefas que se fazia na “mão grande” como diz o
Chaguinhas. Há programas que fazem procurações, peças de juntada e outras
petições mais simples, num piscar de olhos.
Chaguinhas me diz que um
escritório americano contratou um “robô-advogado”. O robô vai atuar como uma
fonte rápida e praticamente inesgotável de informação, com a vantagem de
interagir com os advogados em uma linguagem “mais natural”. O “robô-advogado”
pode armazenar toda a legislação do país bem como decisões dos diversos
tribunais. Só falta mesmo dar uma OAB para o robô. Seria um “robô-advogado” ou
um “advogado-robô”?
segunda-feira, 15 de agosto de 2016
Sensualidade e delicadeza: os labirintos de Óscar Ramos
Zemaria Pinto
Poemas Visuais: Maya. Neste, o texto;
naquele, que é este, o tátil – o quadro, a parede, a sala – sob o olho que
transforma.
O texto entrando pelo olho, como num
filme de Snow, com a lentidão de um filme de Snow: você se transforma no lugar em que algo aconteceu.
Óscar Ramos, em algum lugar do mundo,
sempre. Labirintos.
Nos jardins de Citera ou às margens do
Andirá ou ainda num quintal de Itacoatiara, nunca
imaginei que as pessoas pudessem ser tão nuas.
Palavras e imagens que se fundem em
sensualidade e delicadeza – seja diante de uma nuca raspada, seja à entrada
sombria da caverna-labirinto, que mesmo prometendo luz em seu interior acende a
dúvida e o horror:
– E se for a luz de Hopper, o labirinto
urbano deserto melancólico com suas sombras diagonais e seus rostos imprecisos?
Poemas visuais, poemas concretos.
A tipologia fluida e translúcida de Max
Bill dando vida às palavras concretas – da adormecidade ao chãodejambo, passando
pela cicatristeza – em que a palavra nova reveste-se de pedra e significados
antes indizíveis (a dor dorme na cidade adormecida – é cica a tristeza da atriz)
ou é apenas um quadro plástico que se desenha no olharmente do leitor, cujos
olhos não se reduzem a divisar.
Ainda que separadas pelo Atlântico,
Itacoatiara limita-se com a Caverna de Altamira, dilacerado coração cigano. A
pedra pintada, o altar de pedra – a fenda e a funda: lembrança primordial.
Destination,
ápice mental dessa montanha: o futuro em labirinto, metáfora definitiva para o outsider, porta de entressaída para o tudonada,
o sem-fim, o descomeço.
Óscar Ramos, construindo artefatos e
engenhando metamorfoses ao contato dos olhosoutros – sempre.
Obs: texto de apresentação da
exposição Poemas Visuais, de Óscar Ramos.
domingo, 14 de agosto de 2016
sábado, 13 de agosto de 2016
sexta-feira, 12 de agosto de 2016
Portugal para principiantes 12
Porto do Pinhão, à margem direita do rio Douro, coração da região demarcada do Vinho do Porto. |
O imperialismo britânico domina as marcas de vinho do Porto. Cena típica das quintas da região: a bandeira de uma vinícola emoldurada pelas bandeiras de Portugal e do Reino Unido. |
A paisagem do Pinhão é tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade. |
Ponte sobre o Douro, no Pinhão. |
Um dos 24 painéis de azulejos da estação de trem do Pinhão, revelando a imutabilidade da paisagem. |
Outro painel da estação do Pinhão. |
No Parque do Castelo, lembrança da influência romana. |
O Castelo de Guimarães. |
Detalhes do Castelo de Guimarães. |
O Castelo, ou o que restou dele, por dentro. |
Contrastes: a Guimarães contemporânea vista de umas das torres mais altas do Castelo. |
Fotos e
texto: Zemaria Pinto.
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Zemaria Pinto
quinta-feira, 11 de agosto de 2016
AAL encerra inscrições para a cadeira 39, de Alfredo da Matta
A Academia Amazonense de
Letras encerrou as inscrições para a cadeira 39, que tem como patrono Alfredo
da Matta, vaga com o falecimento de Mário Moraes.
Inscreveram-se:
. Antônio Ferreira do Norte Filho
. Aristóteles Comte de Alencar Filho
. Carlos Almir Soares Barbosa
Ferreira
. Lúcia Maria Correa Viana
. Maria das Graças Pessoa Figueiredo
. Sálvia de Souza Haddad
O próximo passo será a
apreciação, por uma comissão designada especificamente para esse fim, dos
currículos dos pretendentes, onde um item é fundamental: ter pelo menos um
livro publicado.
Mumificação: esperança da vida após a morte
João Bosco Botelho
Não existem registros precisos do início do
embalsamamento. No período pré-histórico, as populações sedentárias das margens
do Nilo enterraram os mortos sem preparações na conservação dos corpos. A
especial qualidade do terreno desértico, quente e seco, conservou intactos alguns
corpos. Não é improvável que essa comprovação, incluindo os corpos exumados
muitos anos após o óbito, tenha contribuído no aperfeiçoamento das técnicas do
embalsamamento, com o objetivo de alcançar melhores resultados.
Por outro lado, esse indicativo pode estar
relacionado à crença no renascimento após a morte. Restam questões
absolutamente sem respostas, em especial, quanto ao processo que consolidou o
convencimento coletivo nos milênios seguintes, entre os egípcios, de ser
possível renascer após o enterramento ritual dos mortos.
Os mais antigos registros de mumificação
datam de 3.400 a.C. Trata-se de Hetep-Heres, mãe de Keops e mostram os membros
desarticulados, antes de terem sido envoltas com as bandagens.
Modificações importantes ocorreram nos
procedimentos para embalsamar os mortos no Egito antigo, antes de existir a
codificação, elaborada no Novo Império. A partir dessa época, o trato do cadáver
obedecia normas de acordo com a riqueza e a importância social do morto.
Em alguns casos, os embalsamamentos duravam
sessenta dias: o corpo era transportado à casa dos deuses; o cérebro liquefeito
e retirado através das fossas nasais; era feita a evisceração abdominal, por
meio de incisão no flanco esquerdo; o coração permanecia no lugar; as vísceras recebiam
cuidados e eram depositadas em recipientes adequados (canopos); o corpo era desidratado,
lavado com óleos e essências e envolto com tiras de pano.
As fontes contidas nos papiros são claras no
sentido de não haver correlação entre o extraordinário progresso alcançado na
técnica de mumificação e o conhecimento da anatomia humana. Sob a perspectiva
atual, considerando o incontável número de múmias, produzidas em mais de dois
milênios de história do povo egípcio antigo, seria natural esperar-se um
soberbo conhecimento anatômico humano. Mas não foi isso o que aconteceu. A
descrição dos órgãos estava quase sempre identificada com ferimentos abertos pelo
trauma da guerra ou eram de animais. Esse fato reforça as suposições no sentido
de que mumificadores não mantiveram relação especial com a Medicina.
Os registros também apontam no sentido de que
os componentes da teogonia e teofania egípcias, principalmente, o ka, que valorizava o conservação do
corpo, na esperança do renascimento, contribuíram para que não fosse atribuída
importância ao estudo da anatomia.
O modo como os embalsamadores tratavam o
corpo morto com o objetivo de mumificá-lo, evitando determinar deformidades, também
indica a importância dada à inviolabilidade religiosa do corpo morto, sem
relação com o aprendizado.
Como não é possível ensinar e aprender sobre
o escondido atrás da pele sem esmiuçar os órgãos, apesar do notável avanço na
medicina egípcia do Novo Império, a construção teórica para compreender e
tratar as doenças se consolidou distante do estudo da anatomia humana.
Essa guarda religiosa dos corpos mortos no
politeísmo egípcio, se repetiu nos monoteísmos judaico, islâmico e cristão,
punindo com a morte os que ousavam desobedecer. No Ocidente cristianizado,
dificultou muito o estudo da anatomia humana. A ruptura dessa ordem impositiva
só se consolidou no Renascimento europeu.
quarta-feira, 10 de agosto de 2016
terça-feira, 9 de agosto de 2016
Celebrar 60 anos! “Cheers” e vivas
Pedro Lucas Lindoso
Há 60 anos muita coisa
acontecia aqui na nossa querida Manaus. A senhorita Zeina Ramadan, Miss
Amazonas 1956, não conseguiu classificar-se entre as finalistas do concurso
Miss Brasil. Uma injustiça com a beleza e o charme da mulher amazonense. O Amazonas
se vingaria elegendo no ano seguinte, em 1957, a insuperável Terezinha Morango.
Em abril daquele ano o Presidente
Juscelino Kubistchek visita a cidade e o município de
Nova Olinda, onde a PETROBRAS havia encontrado petróleo. Juscelino saiu do Rio na noite
do dia 17 de abril de 1956. Naquela viagem, com histórica escala em Goiás, JK
assinaria Mensagem ao Congresso encaminhando projeto de lei sobre a mudança da
capital. Era o início da construção de Brasília.
Aqui em Manaus Ruy Rey e sua
orquestra-show se apresentavam na Maloca dos Barés. O famoso músico e sua trupe
haviam chegado à cidade no “constellation” da Panair do Brasil.
Em julho de 1956 inauguram-se
dois ícones da história cultural do Amazonas: o coral João Gomes Junior criado pelo
maestro Nivaldo Santiago e o início do ICBEU – Instituto Cultural Brasil
Estados Unidos.
Numa época em que não havia
patrocínios e tudo era mais difícil, o Maestro Santiago cria um coral e
presenteia a cidade com música de qualidade. Outro herói cultural, o Professor
Ruy Alencar, junto com empresários do porte de Edgard Monteiro de Paula, Moysés
Israel e o saudoso irmão de minha mãe, tio Robert Daou, fundaram o “English
Speaking Club”, célula mater do ICBEU.
O coral celebra 60 anos sob a
presidência da querida Cleomar Feitosa. Nivaldo Santiago, Professor Emérito da
Universidade Federal do Amazonas e que agora dirige outro coral em Minas
Gerais, está na cidade para o recital festivo.
O sessentão ICBEU brinda os
manauaras com a Exposição “Art ICBEU 60th – Artistas contemporâneos”, reunindo
dez grandes nomes das artes do Amazonas.
Nesses novos tempos, pouco se
fala em concurso de miss, não existem mais a Maloca dos Barés, nem o “constellation”.
A Panair é só uma feira.
Entretanto, o ICBEU é nossa
maior e mais antiga escola de língua inglesa. Além da galeria de artes e
auditório, salas interativas e lab, possui expressiva biblioteca e acervo
cultural. O coral João Gomes Junior
continua firme e forte. Parabéns maestro, Cleomar e demais coralistas. Bravo, Maestro! E “cheers” to ICBEU!
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