Rene Zwaga. |
sábado, 30 de junho de 2018
quinta-feira, 28 de junho de 2018
Medicinas desiguais dividindo o mundo
João Bosco Botelho
Os primeiros anos do século 21 estão marcados por
transformações tão profundas e complexas nas práticas da Medicina, quase tudo
consequência do aumento da longevidade, em certos países, em mais de vinte
anos.
O destaque que dominou a segunda metade do século vinte está
centrado na genética, mudando profundamente os conceitos de inseminação
artificial, dos antibióticos, métodos anticoncepcionais, métodos terapêuticos
experimentais, virologia, imunologia, cancerologia, radioterapia,
quimioterapia, vacinas, que forçaram transformações e novas leituras dos
códigos de ética médica.
Ao mesmo tempo, é impossível pensar os tempo atuais sem
relembrar os horrores das duas guerras mundiais e os campos de concentração dos
nazistas e outros de todos os matizes.
Os vencedores da II Guerra Mundial, impactados sob esses
horrores, alguns realizados com a participação de médicos, em novembro de 1946,
em Nuremberg, instalaram o Tribunal Militar Internacional, onde a maior parte
dos oficiais alemães capturados foi condenada à morte, prisão perpétua e outras
penas.
A escolha da cidade de Nuremberg não foi um ato isolado, ao
contrário, estava mesclado de grande valor simbólico, já que naquela importante
cidade alemã ocorreram festividades apoteóticas ao nazismo.
Nesse contexto nasceu o Código de Nuremberg com a humanidade
retornando o caminho da valorização da dignidade humana e da reflexão ética
sobre a vida em torno das pesquisas em seres humanos.
Entre os princípios fundamentais do Código de Nuremberg,
destacam-se:
1. O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente
essencial;
2. O experimento deve trazer resultados benéficos à
sociedade;
3. O experimento deve ser baseado em resultados de
experimento animal;
4. O experimento não deve causar nenhum tipo de sofrimento ao
sujeito da pesquisa;
5. Nenhum experimento deve ser mantido se houver suspeição de
poder determinar qualquer tipo de invalidez ou a morte no sujeito da pesquisa;
O Código de Nuremberg somente passou a integrar as relações
médico-pacientes nas décadas de 1960 e 1970, por meio da Declaração de
Hensinque I, redigida em 1964, pela 18ª Assembleia Médica Mundial, realizada na
Finlândia.
É importante refletir o enorme alcance desse conjunto
regularizador nas práticas das pesquisas médicas porque se aceitarmos a
pós-modernidade, como sugere Jean François Lyotard, moldada no desencanto aos
meta-relatos universalizantes, será inevitável o repensar o enquadramento
metafísico de palavras-sentimentos: “razão”, “sujeito”, “totalidade”, “verdade”
e “progresso”.
Se as sociedades continuarem seguindo o mesmo curso na
ciência e na tecnologia, as relações de conhecimento, incluindo as éticas,
ficarão entre o antagonismo entre dois outros mundos: o desenvolvido e os em
desenvolvimento, separados pela produção tecnológica, oriunda do trabalho nos
laboratórios de pesquisa.
Ao abordarmos a pós-modernidade da Medicina sob esse enfoque
técnico-científico, veremos com transparência que o pilar sustentador está
fincado na aquisição de um saber – a engenharia genética – vendido ou negado
pelos países em desenvolvimento, de acordo com as conveniências político-econômicas.
Nesse complexo conjunto, a Medicina nos países desenvolvidos
está se afastando das classificações morfológicas das doenças para usar a
engenharia genética na busca de soluções para os problemas de saúde, entre
outras, câncer, doenças degenerativas e o envelhecimento.
Ao contrário, a Medicina do subdesenvolvimento, ainda
continua empenhada, com muita dificuldade, no estudo da morfologia celular,
bacteriana, oriunda do século 17, sempre alterada pela desnutrição crônica e
pelas doenças infectocontagiosas que dizimam milhões de crianças por ano.
Na atualidade, a Medicina é um grande trem caminhando velozmente
em direção aos laboratórios do genoma humano, dividindo claramente os mundos
desenvolvidos dos subdesenvolvidos.
quarta-feira, 27 de junho de 2018
terça-feira, 26 de junho de 2018
Desisto!
Pedro Lucas Lindoso
Após submeter-se a um exaustivo processo seletivo, o
paulistano Rui chegou à cidade para assumir um posto de gerente numa empresa do
PIM – Polo Industrial de Manaus.
Ao chegar ao Setor de Recursos Humanos foi informado que
teria que se submeter a exames médicos admissionais. Uma simpática enfermeira
lhe entregou um envelope com as instruções e várias guias médicas. Tudo
pré-requisito para a consulta final com a exigente médica do trabalho da
empresa. A jovem doutora é nora do diretor de RH e está fazendo pós em Medicina
do Trabalho. Está exigindo uma gama de novos exames admissionais.
Rui resolveu dar uma olhada no envelope. Uma verdadeira via
crucis. Levaria, no mínimo, uns três ou quatro dias. Havia dormido mal. Faltou
luz e o ar-condicionado parou por duas horas. Fazia calor. Muito calor.
Hemograma completo. Urina. Fezes. PSA. Abdominal de próstata.
Mas não tenho 40 anos, argumentou Rui .
– Melhor fazer. Senão ela encaminha para o proctologista,
disse a enfermeira.
– Fonoaudióloga? É preciso mesmo?
– O senhor não é gago nem fanho. Relaxe.
– Mamografia? Estou surpreso!
– Desculpe a minha falha. Devolva-me o de papanicolau e a
consulta à ginecologista. O senhor não é trans, por acaso? Assim que acabar
todos os exames, pode retornar.
No dia seguinte, no laboratório, foi questionado se havia
feito muito exercício físico e sexo. Faria o PSA para próstata e, caso
afirmativo, teria que voltar no dia seguinte. Dito e feito.
Uma maratona de quatro dias entre exames e consultas.
Enfrentou o trânsito e o calor da cidade com galhardia. Mas estava exausto.
Finalmente, agendou com a psiquiatra. Última das exigências da jovem médica do
trabalho.
Atendimento por ordem de chegada. A partir das 13 horas.
Havia vários pacientes na sala muito pequena e estreita. O ar não estava funcionando.
Calor e abafado. Um senhor gordo dormitava ao seu lado. Outros dois conversavam
sobre suas frustradas tentativas de suicídio. Um rapaz taciturno não tirava os
olhos de Rui. De repente um apagão e a luz foi embora. Estava ali há quase duas
horas. Sentiu medo e desânimo ao ser informado que havia ainda quatro pessoas
na sua frente. Rui então pensou alto:
– Desisto. Da consulta, do emprego e da cidade. Saiu de lá
direto para o aeroporto e tomou o primeiro voo para São Paulo.
domingo, 24 de junho de 2018
sábado, 23 de junho de 2018
quarta-feira, 20 de junho de 2018
terça-feira, 19 de junho de 2018
Santo Antônio e o tripa do boi
Pedro Lucas Lindoso
No mês de junho há duas festas importantes e conhecidas no
Estado do Amazonas. O Festival folclórico dos bumbás em Parintins e a Festa de
Santo Antônio em Borba.
Os moradores de Manaus precisam se deslocar de barco, iate ou
avião para esses festejos. Muitos o fazem, pois vale a pena. Ir tanto a Borba
quanto a Parintins, apesar da distância.
Na Manaus de antigamente havia o Mina de Ouro, o Caprichoso
da Praça 14, o Garantido da Cachoeirinha e muitos outros. A lenda do boi
retrata a história de Pai Francisco e Catirina. Para saciar o desejo de
Catirina por uma língua de boi, Pai Francisco mata o animal do senhor da
fazenda. O boi ressuscita no final com festa e muita alegria.
Não havia o “glamour” da festa de Parintins As famílias
contratavam os bois para atuar em suas casas. Era um dia de Santo Antônio e eu
um garoto de calças curtas quando veio um boi brincar em frente à nossa casa.
Arminda cozinhava para a família e encantou-se com o espetáculo. Nascida em
Borba e devota de Santo Antônio, tinha certeza que se casaria e constituiria
família. Ao final da festa um rapaz tímido veio conversar com Arminda.
Começou dizendo que era do grupo do boi e que notou a sua
alegria durante o espetáculo.
Mas como? Perguntou Arminda. Eu nem te vi! No que o moço
respondeu:
– Eu sou o tripa do boi.
O tripa ou miolo é o rapaz que veste o boi. É responsável por
todos os movimentos bovinos, mas não aparece durante o espetáculo.
Arminda e Manoel se casaram em 1968. Estão completando 50
anos de casados. Encontrei-os na Igrejinha de Santo Antônio conhecida como
Igreja do Pobre Diabo. E, coincidência! Fica na Rua Borba no Bairro da Cachoeirinha
em Manaus.
A capela em honra a Santo Antônio foi construída por um
próspero e bondoso português, devoto do santo, para pagar uma promessa. O
português, muito humilde, ao ser elogiado ou cumprimentado, dizia que “era um
pobre diabo”, “sem eira nem beira”. Por ter construído a igrejinha, a mesma ficou
conhecida como Igreja do Pobre Diabo, mas é de Santo Antônio.
Fica lotada no dia 13 de junho. E lá estava Arminda. Que, por
obra e graça do santo casamenteiro, está casada há cinquenta anos com Manoel, o
tripa do boi.
domingo, 17 de junho de 2018
sábado, 16 de junho de 2018
quinta-feira, 14 de junho de 2018
60 anos de "Aparição do Clown"
Influência do Século das Luzes na medicina
João Bosco Botelho
Reconhecido como o século das luzes, o século 18 brilhou sob
esplendor das ideias de Kant, que reconheceu a supremacia da razão como
instrumento para superar a ignorância.
Kant foi um, entre outros importantes filósofos
setecentistas, preocupados em estabelecer nexos para entender a natureza
humana, em especial, o esboço do Estado Laico e a generosidade explícita, como
manifestação da virtude, sem ligação com a caridade, que alcançou fortemente a
prática médica, como norma que os médicos deveriam adotar no trato com os
doentes.
Nesse contexto, dois filósofos se destacaram:
– Denis Diderot (1713-1784), no livro “Carta sobre os cegos
para uso por aqueles que veem”, onde descreve as mudanças no próprio
pensamento, do deísmo ao ceticismo e ao materialismo ateu. A mais importante
obra de Diderot, composta durante vinte anos, “Enciclopédia”, com 28 volumes,
retratou todo o conhecimento até então publicado. Essencialmente atento à natureza
humana, problemas morais e ao sentido do destino. Como ferrenho crítico do
clero, declarou: “O homem só será livre quando o último déspota for
estrangulado com as entranhas do último padre”.
– Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que escreveu na “Enciclopédia”
de Diderot, era adepto de uma religião natural, recusando os dogmas revelados e
propondo que o encontro com Deus poderia ser no próprio coração. Em uma de suas
mais importantes obras, “Do contrato social”, defende que a população deve
tomar cuidado ao transformar o direito natural no direito civil e que a
soberania do poder deve estar nas mãos do povo. Com especial atenção à natureza
como “delicada amiga do homem” e ao princípio da verdade e da virtude.
Desse modo, o século 18 também refunda a generosidade
virtuosa, fora dos dogmas da Igreja. Também é interessante assinalar que a
ideia de progresso, central no século das luzes, não se desprendeu dessa
generosidade, expressa com clareza na declaração dos Direitos do Homem.
Esse ideário de generosidade, direito e ética se transformou
em mensagens de liberdades e acenderam os pavios das revoluções que forçariam,
outra vez, a abordagem da ética, sob a ótica do genial Kant. Esse homem
extraordinário, sem jamais sair de sua cidade natal Konigsberg, na antiga
Prússia oriental, publicou dois livros que mudariam algumas abordagens da ética
e da moral. Em 1788, “Crítica da razão prática” e, em 1790, “Crítica da
faculdade de julgar”, essencialmente contra o autoritarismo que dominava o mundo
político no qual vivia, sob o reinado de Frederico II, rei da Prússia, cujos
julgamentos sumários lembravam os realizados pela inquisição católica, nos
quais o réu já entrava no julgamento previamente condenado. O desfecho contra o
vício nos julgamentos viria na introdução do não menos genial “Crítica da razão
pura”, onde a categoria metafísica é utilizada para repudiar todos os
dogmatismos despóticos, falsas genealogias, as indiferenças quanto as
diferentes naturezas dos saberes humanos.
Por outro lado, a presença do pensamento micrológico,
inaugurado por Marcelo Malpighi, no Renascimento, atingiu e ocupou a maior
parte do ideário da Medicina na busca da materialidade da doença sob as lentes
de aumento.
Por outro lado, chegaram os avanços em vários aspectos da
Medicina, buscando a materialidade da doença, longe das crenças religiosas: a
anatomia já não bastava à liberdade de fazer dissecções, as academias e
sociedades médicas promoviam debates sobre o funcionamento dos órgãos, em
especial, a anatomia patológica – as biopsias, exames microscópicos dos órgãos
e a necropsia – explicando os mecanismos da morte causada pelas doenças.
Nessa nova Medicina ética e buscando a materialidade da
doença, o mais importante era salvar vidas, os cirurgiões descrevem técnicas
com o objetivo de diminuir as complicações pós-operatórias.
Pela primeira vez, claramente, a Medicina preocupada em
participar nas melhorias da saúde pública, volta-se à identificação de
circunstâncias sociais capazes de causar doença, na melhoria do saneamento
básico, higiene hospitalar, inspeção de carne e higiene escolar.
quarta-feira, 13 de junho de 2018
terça-feira, 12 de junho de 2018
Bolacha de motor
Pedro Lucas Lindoso
Gosto muito de banhos de mar, de piscina e, principalmente,
de banho de igarapé. Quando menino ansiava pelos fins de semana quando íamos
aos banhos. Havia os banhos do Bosque clube, do Guanabara e os particulares.
Dr. Moura Tapajós foi
um conceituado médico amazonense. Grande amigo de meu pai. Hoje nome de hospital em justa e merecida
homenagem. Dr. Moura tinha um banho com igarapé de gostosas e refrescantes
águas cristalinas.
Quando fui morar em Brasília sentia saudades dos banhos de
igarapé. Lá há muitos clubes com piscinas. São os “banhos” de Brasília. Numa
segunda-feira de calor seco na cidade, disse aos colegas de classe que havia
comemorado meu aniversário no banho. Risada geral. Um deles perguntou:
– Tomando banho na banheira ou no chuveiro?
Eu que nunca permiti que me fizessem bullying, logo respondi:
– Na piscina. Teleso é? (Tu és leso?, em amazonês.)
Eu era o único amazonense da classe. Ao retornar de férias
fiz uma redação na qual relatava um casamento ocorrido num município do
interior. Hoje não se fala mais em redação e sim “produção de texto”. Meu texto
terminava mais ou menos assim:
“Depois da festa e do almoço, uma farta tartarugada, os
recém- casados partiram de motor, em lua de mel.”
A professora leu em voz alta e elogiou o texto. Queria só
saber o que era o tal “motor”.
Expliquei que motor-de-linha são barcos regionais de madeira,
dotados de motor a diesel. Os passageiros ficam sentados em bancos de madeira
ou se acomodam em redes de dormir. Cada barco faz linha em rotas regulares
entre comunidades do interior e Manaus. O motor faz paradas intermediárias. Em
geral viajam lotados, carregando pessoas e mercadorias.
Na hora do recreio, a conversa girava sobre bolachas. Uns
gostavam da bolacha Piraquê, outros da Aymoré ou Tostines. Eu disse que bolacha
boa é “bolacha de motor”. São servidas aos viajantes de motor, geralmente com
café. Todo amazonense conhece. E gosta. Pode-se levar bolacha de motor para os
banhos também. A curuminzada agradece. As bolachas de motor são servidas também
nas escolas e em ocasiões menos festivas. Mas são sempre bem aceitas.
segunda-feira, 11 de junho de 2018
domingo, 10 de junho de 2018
sábado, 9 de junho de 2018
sexta-feira, 8 de junho de 2018
Zona de Guerrilha Franca
Zemaria Pinto
82 – Acabou a greve dos donos
de transportadoras. O Brasil voltou ao normal.
83 – Gilmardelama soltou
mais um. Hoje. São mais de 20 nos últimos dois meses. Só gente boa: brancos,
cristãos e podres de ricos.
84 – MP pediu a quebra de
sigilo telefônico do presidente e de ministros próximos. O Gilmardelama não
deixará passar.
85 – Braga, o brega, é citado –
mais uma vez – na lava-jato. Gilmardelama a postos.
86 – Podre Parente caiu. Repete-se
a velha história: é preciso mudar para continuar como está.
87 – E, com décadas de
atraso, a sujeira chega em FHC.
88 – A ex-família
imperial já está mexendo os pauzinhos para livrar as caras, ou a memória, dos
Pedros.
89 – Apoiado pelo PT,
pelo PCdoB e pelo PSB, David Almeida é o candidato das esquerdas no Amazonas.
Como dizia o Joãozinho Lennon: a porra do sonho acabou, caralho; ninguém percebeu?
90 – Em Manaus, a greve
dos rodoviários ferrou meio-mundo, mas o prefeito Kimono saiu ileso da refrega.
Aliás, ele nem chegou a entrar.
91 – A diminuição de 20
para 4% nos incentivos fiscais dos concentrados – e a alardeada consequência
disso – é uma evidência da debilidade de uma economia que sobrevive numa bolha
de papel de seda: qualquer fagulha, qualquer ventinho, qualquer chuvisco acaba com
ela.
92 – Alguém aí reparou
que a Marielle foi colocada de escanteio? Talvez depois da copa – isso se o
Brasil não for hexa, claro –, o assunto volte às redes.
quarta-feira, 6 de junho de 2018
terça-feira, 5 de junho de 2018
Cadê o queijo? Guardaram o queijo
Pedro Lucas Lindoso
Brincando com minha netinha Maria Luísa. Abro sua mãozinha e
conto os dedinhos: dedo mindinho, seu vizinho, maior de todos, fura bolo e cata
piolho. E pergunto:
– Cadê o queijo que estava aqui?
A resposta deve ser: O rato comeu.
Por falar em queijo, quando eu era menino aguardávamos
ansiosos a chegada de caixinhas de queijo Catupiry. Não havia o tal queijo na
Manaus tão mal abastecida antes da Zona Franca. Parentes em viagem ao Rio de
Janeiro traziam a famosa caixinha de madeira de Catupiry, por encomenda.
Prima Erzila era prima de meu pai. Mas todos a chamavam de
prima. Passava longas temporadas hospedada em nossa casa. Minha mãe não se
importava. Era mais uma a reparar a meninada. Éramos sete filhos de idades
diferentes.
Por algum motivo ela se arvorava guardiã do queijo. Ao final
das refeições aparecia subitamente com a caixa do queijo e dizia:
– Quem quer queijo? Ninguém quer queijo. Guarda o queijo!
Não havia chances nem tempo de nos atrevermos a pedir o
famoso queijo. Tínhamos que nos contentar com o queijo coalho vindo do Careiro.
Até hoje aquele município é grande produtor de queijo coalho. Que é muito
gostoso.
Estamos em época de Copa do Mundo. Uma conhecida loja de
”fast food” está lançando uma série de sanduíches especiais, homenageando os países que já conquistaram o
Mundial – Brasil, Alemanha, Espanha, Uruguai, Argentina, Inglaterra, Itália e
França.
Cada dia um desses países é homenageado. Mas o nosso
sanduíche tem todo dia. A propaganda do sanduíche Brasil fala em pão com dois
hambúrgueres, queijo coalho, mix de folhas, bacon e maionese verde.
Pasmem! Por alguma razão, os sanduíches comercializados em
Manaus não levam queijo coalho! Ninguém sabe dizer porquê.
O gerente de uma das lojas disse que era uma questão de logística.
Os sanduíches de Manaus não vão levar queijo coalho.
Mas que absurdo! Tanto queijo coalho feito aqui, no Careiro!
Só resta aos manauaras perguntar ao comprar o sanduíche
Brasil: Cadê o queijo coalho? Guardaram o queijo? Ou o rato comeu?
domingo, 3 de junho de 2018
Manaus, amor e memória CCCLXXI
sábado, 2 de junho de 2018
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