Pedro Lucas Lindoso
Meu amigo e vizinho Neliton
Marques me informou, preocupadíssimo, que o aquecimento da terra em 2016
suplantou as expectativas. Segundo me disse, 2016 foi o ano mais
quente da História. Pelo menos desde que começaram a registrar as temperaturas
do planeta. Triste recorde.
Neliton é ambientalista e agrônomo
respeitado. É professor e já dirigiu órgão ambiental em nosso estado. Ele vê o
planeta com bons olhos.
“O clima não é mercadoria,
assim como água, terra e direitos também não são”, diz Sonia Guajajara, da
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). Ela também vê a Terra com
bons olhos.
Yuri
Gagarin, em 1961, tornou-se o primeiro homem a ver o nosso planeta acima da
atmosfera. E anunciou ao mundo: “A Terra é Azul”! Gagarin viu a Terra não só
com bons olhos, mas com admiração e assombro.
Aprendi que a Terra é azul porque a luz do Sol é
refletida na atmosfera e decomposta como um prisma, produzindo a coloração
azul. E também porque há extensa quantidade de água na sua
superfície.
O Papa Francisco em sua
Encíclica Laudato Si (Louvado sejas) convida a humanidade a “procurar outras
maneiras de entender a economia e o progresso, o valor próprio de cada
criatura, o sentido humano da ecologia, a necessidade de debates sinceros e
honestos, a grave responsabilidade da política internacional e local, a cultura
do descarte e a proposta dum novo estilo de vida”.
O Papa vê a terra com bons
olhos. E com preocupação.
A Campanha da Fraternidade deste ano
de 2017 terá
como tema “Fraternidade: biomas brasileiros e
defesa da vida” e o lema “Cultivar e
guardar a criação”.
Infelizmente, parece que
alguns líderes mundiais não entendem ou fingem não entender o que o Papa chama
de “sentido humano da ecologia”. E se recusam a ver o planeta com bons olhos.
Compartilho minhas
preocupações com Neliton Marques, Sonia Guajajara e o Papa. Nas minhas
meditações e preces, fico me imaginando um Gagarin do século 21. Contemplo e
admiro, como se estivesse no Espaço, a beleza azul da Terra. Nesses momentos desejo,
do fundo do meu coração, ao nosso planeta, a nossa Pacha Mama, como dizem os
povos andinos, que maus olhos não a vejam.