Christiane Vleugels. |
quarta-feira, 31 de janeiro de 2018
terça-feira, 30 de janeiro de 2018
Pega a Rede Globo?
Pedro Lucas Lindoso
Tia Idalina adora uma novela. Falta a importantes
compromissos sociais para não perder o final da trama. Não atendeu minha
ligação porque estava assistindo a atual novela das oito. Era o julgamento da
mulher sem nome. Que eu ligasse mais tarde.
Ela se gaba de que foi a única que acertou o final de Vale Tudo, novela dos anos oitenta. O
autor Gilberto Braga escreveu cinco finais diferentes para manter suspense. O
Brasil queria saber afinal, quem havia matado Odete Roitman. Tia Idalina
apostou que tinha sido Leila, interpretada pela Cássia Kiss. A tal Leila
descobre que era traída pelo marido, cujo papel era de Reginaldo Farias. Leila
seguiu-o até o apartamento de Odete Roitman, brilhantemente interpretada por
Beatriz Segall. Por engano, Leila atira e a mata. Mas, só quando viu o corpo de
Odete no chão percebeu o erro. Ninguém suspeitava dela, só Idalina!
Idalina diz que sua compulsão por novelas foi herdada de sua
mãe, e explica:
– Na década de sessenta, minha mãe chegou a acompanhar
quatorze novelas por dia. Com nove filhos, adolescentes ela cuidava da casa. A
família morava em Niterói, no Rio de Janeiro. Não tínhamos empregada. Para se
distrair, começava o dia ouvindo novelas no rádio. A partir das sete da manhã.
Ia mudando de estação e sintonizando nas diversas novelas de cada emissora.
Eram cinco novelas de rádio pela manhã, cinco à tarde. Quando anoitecia passava
para a televisão. As transmissões começavam às seis da tarde. Eram mais quatro
novelas. Duas da extinta TV Tupi e duas da Globo.
Idalina foi convidada para passar o réveillon numa dessas
ilhas do Caribe. No hall do hotel só havia uma televisão. Claro que titia
chegava mais cedo para sintonizar na Globo Internacional e ver a sua novela.
Ela e duas amigas eram os únicos brasileiros hospedados no hotel.
Levou o controle da televisão para o quarto e guardou no
cofre. Turistas de várias línguas perguntavam pelo controle da TV. Idalina
sentada, com seu olhar blasé, se
fazia de desentendida e curtia sua novelinha.
Depois, comentava com as amigas a primeira coisa que procura
saber quando vai viajar:
– Pega a Rede Globo?
domingo, 28 de janeiro de 2018
sábado, 27 de janeiro de 2018
quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
Paisagens Mortas 8/10
A morte no centro das
paisagens mortas.
A morte, paisagem das
paisagens mortas.
A morte, paisagem,
apenas.
Texto e fotos: Zemaria
Pinto.
Príncipes da igreja na medicina medieval
João Bosco Botelho
Os grandes teóricos do cristianismo, como Abelardo, em Paris,
Bernard, em Chartre, e Tomás de Aquino, em Paris, iniciavam o processo de
resgate doutrinário das obras de Platão e Aristóteles, ajustando-os aos
preceitos cristãos, determinando novas leituras da ética cristã, que alcançaram
a ética da Medicina.
– Pedro Abelardo, filósofo e teólogo escolástico, é considerado
um dos príncipes intelectuais da igreja, como professor da iniciante
Universidade de Paris, semente da futura Sorbonne, que funcionava junto à catedral
de Notre Dame, na época, em construção. Esse notável sacerdote defendeu de
forma enfática, junto aos seus alunos, filhos de burgueses abastados ou
religiosos importantes, outras leituras bíblicas para amenizar alguns dogmas,
frutos de equivocadas interpretações bíblicas. Entre as abordagens mais
importantes, a leitura crítica da Bíblia, a luz da razão, acabou renovando a
Escolástica na problemática da relação entre a fé e a razão.
– Bernardo de Chartres, se dedicou mais aos estudos dos
neo-platônicos e Aristóteles, e, como Reitor da Escola de Chartres, reforçou a
presença dos conceitos universais, a despeito da fé. Por essa razão, o conjunto
teórico que defendia se estruturou em três categorias da realidade: Deus,
matéria e ideia.
– Tomás de Aquino, filósofo e teólogo, também professor da
Universidade de Paris, fundou a síntese do cristianismo sob a visão
aristotélica, que originou novos rumos da Igreja, contendo uma Teologia firmada
na revelação, e uma Filosofia baseada no exercício da razão humana, fundindo a
fé e a razão no rumo de Deus, sempre defendendo não haver conflito entre fé e
razão.
A partir da primeira
metade do século 14, para alguns grupos sociais, houve melhores condições para
construir outros patamares do poder eclesiástico com o objetivo de ajustar as
práticas médicas às novas realidades, especialmente, comerciantes e
cirurgiões-barbeiros mais esclarecidos, que desejavam melhores resultados das
práticas médicas.
Jean Pitard, um dos mais conhecidos cirurgiões-barbeiros, com
fácil trânsito com o poderoso arcebispado de Paris, fundou a Confraria dos
Cirurgiões, sob a guarda de São Cosme e São Damião. Pela primeira vez, desde o
desmonte das práticas médicas greco-romanas, alguns cirurgiões-barbeiros que
aderiram à Confraria, introduzem normas éticas voltadas aos bons resultados,
sem esquecer as marcas da caridade cristã. Ao manterem o claro vínculo com o
poder eclesiástico, escolheram a sede próxima da catedral de Notre Dame, e
vestiram roupas diferenciadas que os distinguiam dos que permaneceram contrários
ao novo código ético das confrarias.
A laicização da caridade, reafirmando as diretrizes
neo-testamentárias, compondo um Deus que perdoa, foi identificada na afirmação
de François-René Chateaubriand: “A caridade, virtude absolutamente cristã e
desconhecida dos antigos, nasceu com Jesus Cristo; é essa a virtude que
distingue o homem dos outros mortais e foi o selo de renovação da natureza
humana”.
As decisões do Concílio de Trento, entre 1545 e 1563,
colocando a Igreja em sintonia com os Estados fortes, para superar o avanço das
ideias luteranas, moldou as bases na caridade laicizada, como a unção dos
enfermos e o reconhecimento de leigos na graça santificante.
A intensificação da caridade como instrumento de controle
social conseguiu atenuar o brutal contraste entre os poucos com muito dinheiro
e a maioria esmagadora sem nada. Dessa última parcela, constituíam os mendigos
itinerantes, que assaltavam e matavam os que viajavam sem a proteção dos
cavaleiros dos senhores feudais.
Nessa parcela da população se abateu os rigores da fome após
os primeiros surtos da peste negra.
quarta-feira, 24 de janeiro de 2018
terça-feira, 23 de janeiro de 2018
Verbo livrar
Pedro Lucas Lindoso
Sou de uma família de “apaixonados por livros”. Meu pai, José
Lindoso, costumava ir frequentemente às livrarias. Principalmente, aos sábados
pela manhã. Morávamos na Rua Henrique Martins. As principais livrarias de
Manaus ficavam na nossa rua, depois da Avenida Eduardo Ribeiro. Lembro-me
especialmente da Livraria Acadêmica.
Meu irmão mais velho foi editor e presidiu a Câmara
Brasileira do Livro.
Nossa casa abrigou várias bibliotecas. Mas nunca foram
devidamente sistematizadas. Os livros de Direito costumam ficar desatualizados.
Entre mudanças, empréstimos, pequenos “furtos” e doações, muitos livros se
perderam.
Durante muito tempo, meu quarto abrigou parte da biblioteca
de meu pai. Adolescente, convivi com o Tratado
de Direito Privado, de Pontes de Miranda, rente à minha cama. José Lindoso
foi professor de Direito Civil na Velha Jaqueira, antiga Faculdade de Direito
do Amazonas.
Vivi e vivo entre livros. Não seria feliz se tivesse nascido
na Idade Média, antes de Gutemberg. Para mim, o maior e mais importante inventor
da Humanidade.
Geoffrey Chaucer – magnífico escritor e filósofo inglês do
século XIV. Muito lembrado pela sua obra Os
Contos de Canterbury (The Canterbury
Tales, em inglês). Clássico da literatura inglesa medieval. O personagem
Monge, um dos meus preferidos, tinha muito orgulho de sua biblioteca. A maior
de todas! Seis livros!
Minha neta Maria Luísa, com dois anos de idade, tem no mínimo
o dobro de livros do monge medieval de Chaucer. Sem contar diversos livros de
plástico, para leitura no banho e na piscina.
E adora seus livrinhos. E já os identifica. Eu quero o do
sapo. O do botinho. O do Jacaré. E pede: vem vovô, vamos livrar!
Maria Luísa criou um neologismo. O verbo livrar. Com apenas
dois anos e já contribuiu imensamente com a Língua Portuguesa.
O neologismo é a criação de uma palavra nova. Pode ser fruto
de um comportamento espontâneo. Foi assim que Maria Luísa criou o verbo livrar.
Espontaneamente. Criar neologismos é uma habilidade inata e própria do ser
humano e da linguagem.
Numa época em que se
lê no computador, tabletes e mensagens no celular, precisava-se de um verbo
envolvendo o livro físico de papel.
Que maravilha. Temos agora o verbo livrar. Transitivo direto.
Significa ler e gostar de livros de papel. Acho que essa garotinha merece o Prêmio
Camões de Língua Portuguesa ou o Jabuti!
Verbo livrar! Esse é ótimo! Livrar é mesmo muito bom.
domingo, 21 de janeiro de 2018
sábado, 20 de janeiro de 2018
quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
Mentira e fraude acadêmica 2/2
João Bosco Botelho
Nos países, onde a mentira acadêmica é insuportável, as
autoridades públicas fazem questão de mostrar ao mundo que, sob nenhuma
circunstância, compactuam com a fraude dentro ou fora dos muros universitários.
Na dissertação de mestrado, na Universidade de Uberaba, em
2012, “Fraude acadêmica: uma análise ético-legislativa”, a Profa. François
Silva Ramos estabeleceu o conceito: “O termo fraude, no Direito Tributário,
deriva do latim fraus, fraudis, que significa engano, má-fé, logro. A
terminologia serve, portanto, para caracterizar o engano malicioso ou a ação
astuciosa, que, é importante registrar, ocorre de má-fé, para permitir o
ocultamento da verdade ou a fuga ao cumprimento da obrigação”.
A amplitude da fraude acadêmica é muito extensa e
diversificada: divulgação de mentira em relação a qualquer atividade dentro ou
fora do muro universitário, não só do conteúdo, mas também do local onde
ocorreu o evento.
A
professora-doutora Lívia Haygert Pithan, da PUC-RS, e a acadêmica de Direito
Tatiane Regina Amando Vidal, publicaram na revista Direito & Justiça, em
2013, o trabalho “O plágio acadêmico como um problema ético, jurídico e
pedagógico”. Nesse texto, as autoras acordam que existem na Lei de Direitos
Autorais instrumentos para fiscalizar e punir os fraudadores: toda citação
importa, obrigatoriamente, a indicação de autoria e local da publicação das
obras citadas.
A desobediência dessa âncora ética na construção do trabalho
acadêmico resultou na cassação dos doutorados, acima referidos, em diferentes
países.
As universidades no mundo abominam a mentira, o plágio,
enfim, a fraude acadêmica!
Entre as mais importantes nessa resistência é a antiga
Sorbonne. A belíssima universidade, situada no Quartier Latin, tem o nome em
memória ao teólogo Roberto de Sorbon, fundador do Colégio Sorbonne, em 1257.
Após a reforma universitária, de 1970, parte da resposta governamental às
revoltas estudantis, em maio de 1968, a Sorbonne foi dividida em treze
universidades autônomas. Quatro delas mantém o nome Sorbonne: Paris I (Panthéon
Sorbonne), Paris III (Sorbonne Nouvelle), Paris IV (Paris Sorbonne) e Paris V
(Paris Descartes).
Oferecer notícias
mentirosas à mídia acerca da própria produção acadêmica ou não desmenti-las,
quando publicadas equivocadamente, é igualmente grave fraude acadêmica e atenta
mortalmente contra a estrutura que moldou as universidades no mundo.
Desde os primeiros
núcleos do ensino universitário, no século 11, na França e na Itália, os
professores e os administradores nunca fecharam os olhos à mentira.
Em verdade, a universidade
abomina a fraude!
quarta-feira, 17 de janeiro de 2018
terça-feira, 16 de janeiro de 2018
Banho de chuva
Pedro Lucas Lindoso
É verão no Sudeste. Em janeiro e fevereiro o calor no Rio de
Janeiro compete com o nosso de agosto e setembro. Enquanto nessa época de
início de ano por aqui temos chuvas. E muita. É o inverno amazônico. As cheias
para este ano prometem. As praias começam a sumir e o ribeirinho se prepara
para a cheia dos rios.
E chove. Fui menino numa cidade pacata. Havia poucos carros
na Manaus dos anos sessenta. E como era gostoso tomar banho de chuva. Nas ruas
do centro. Ruas de paralelepípedos.
Ontem mesmo desci para a área externa do condomínio para
tomar banho de chuva. A piscina era só um pretexto.
Meninos de minha
geração tinham limites. Tínhamos hora para tudo. Até para dormir, por exemplo.
Nove horas. Tomávamos a benção. Escovar os dentes e dormir. Não havia TV. A luz
vinha de um gerador barulhento que funcionava até as dez da noite. Para ficar
acordado até mais tarde era preciso ter autorização.
Para tomar banho de
chuva também era preciso pedir permissão. Às vezes era proibido. Podíamos ficar
gripados ou com tosse. Se a gente não obedecesse e ficasse doente, era peia na
certa.
Interessante é que quando se tomava banho de chuva escondido,
raramente se ficava doente. A gripe só vinha quando o banho era legitimamente
autorizado.
Ah! Os banhos de chuva de minha infância! A água escorrendo
no rosto suado. A correria no pátio de nossa casa na Henrique Martins. O
quintal de minha vó na Vila Municipal. Chuva amazônica tem pingo grosso,
generoso.
Outro dia li um belo poema divertido e encantador, escrito em
português e espanhol. “Quando chove a cântaros”. Nele a chuva lava a alma e faz
brotar a esperança. A terra quase se mistura com o céu. É assim que acontece
com as nossas chuvas amazônicas.
Em Brasília os meninos não iam para rua tomar banho de chuva.
A chuva às vezes era até grossa, mas nunca com os nossos abundantes pingos.
Muitas vezes chovia fininho, o dia inteiro. Chuva triste, sem graça. Chuva
seca, como é seco o clima do Planalto Central.
Quando chove muito, em Inglês se diz: It is raining cats and dogs! Em uma tradução literal, seria “Está
chovendo gatos e cachorros” Chovendo muito! A mitologia dos povos nórdicos
associa os cachorros aos ventos. Por alguma razão que desconheço os gatos
remetem às fortes chuvas.
Aqui usamos a expressão “Chovendo canivetes”. Eu gosto muito
de “quando chove a cântaros”. Fica bonito também em espanhol – “cuando llueve a
cantaros”.
Mas o que eu gosto mesmo é de nossa chuva amazônica. De banho
de chuva!
segunda-feira, 15 de janeiro de 2018
Academia Amazonense de Letras empossa nova diretoria
Na última
sexta-feira, 12, tomou posse na AAL, em sessão simples mas repleta de
simbolismo, a diretoria eleita na Assembleia
Geral realizada a 16 de dezembro.
Com o
presidente eleito, Robério Braga, viajando, tomou posse formalmente o
vice-presidente Marcus Barros.
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domingo, 14 de janeiro de 2018
sábado, 13 de janeiro de 2018
quinta-feira, 11 de janeiro de 2018
Mentira e fraude acadêmica 1/2
João Bosco Botelho
De modo geral, em maior ou menor escala, a mentira faz parte
da estrutura social humana. Não é à toa que a Bíblia mantém censura aos
mentirosos e à mentira (Levítico 19:11, Provérbios 6:17, João 14:16).
Importantes filósofos trataram do tema. Platão, por exemplo, no
genial diálogo “Sobre a Mentira e Sobre a Inspiração poética” (Hípias Menor e
Íon), onde Sócrates e Hípias examinam a importância de saber mentir.
Aristóteles (384-322 a.C.) só creditava dois tipos de mentira: diminuindo ou
aumentando uma verdade, enquanto Santo Agostinho, no século 4, descreveu seis
características da mentira: malefício a alguém, mas é útil a outro; prejudica
sem beneficiar ninguém; prazer de mentir; diverte alguém; a que leva ao erro
religioso; “boa mentira”, que salva a vida de uma pessoa.
As evidências apontam diferentes tipos de mentiras. Uma das
reconhecidas é a criança que mente com a intenção de proteger-se do eventual
castigo ou impondo falsa acusação ao irmão, para vê-lo castigado e atenuando o
próprio ciúme. Apesar de não haver parâmetro etário para que a criança
interrompa as mentiras, a censura familiar exerce influência para que valorize
a verdade.
A psicóloga paulista Maria Helena de Brito Izzo afirma: “Num
país como o Brasil, em que a impunidade corre solta, mesmo um adulto pode não
ver mal algum em mentir”. Essa circunstância sociopolítica agregada à ausência
da censura familiar, pode agravar o quadro doentio, tornando o núcleo familiar
compulsivamente mentiroso: todos mentem o tempo todo, e, pior, acreditam nas
mentiras.
Os estudos experimentais evidenciam que os mentirosos se
comportam de modos semelhantes: escondem as mãos, involuntariamente, retiram as
mãos de cena, colocando-as nos bolsos; alisam a face e encobrem a boca. Esse
conjunto gestual está ligado às mudanças fisiológicas que ocorrem no corpo
durante a linguagem oral mentirosa, assinaladas pelo detector de mentiras: a
respiração altera-se, inicia a taquicardia e aumenta o suor.
A mentira ampara e reproduz a fraude acadêmica!
As consequências sociopolíticas da fraude acadêmica podem
assumir diferentes gravidades: desde comprometer a vida de milhares de pessoas
até destruir a formação moral de pessoas.
É conhecido o episódio, em abril de 2013, quando o jornal The
New York Times publicou a história do pesquisador Diederik Stapel, reconhecido
psicólogo social holandês, que havia falsificado os resultados de determinada
pesquisa durante dez anos.
Em outra fraude acadêmica, o pesquisador britânico Andrew
Wakefield, em 1998, foi acusado de fraudar um estudo publicado, em 1998, no
qual relacionava o autismo à vacina tríplice viral. Uma vez comprovado o desvio
acadêmico, Wakefield não só teve sua pesquisa retratada como perdeu sua licença
médica. Em consequência, milhares de famílias temerosas, não vacinaram os
filhos, aumentando a possibilidade de exposição às doenças.
Em março de 2011, ficou mundialmente conhecida a fraude
acadêmica do ministro alemão da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, de 39 anos,
que solicitou demissão após ter sido acusado de plágio na sua tese de
doutorado. Guttenberg ficou sem seu título de doutor em Direito, anunciado pelo
presidente da instituição bávara, Rüdiger Bormann: "A Universidade de
Bayreuth retira do Sr. zu Guttenberg o título do doutorado. A tese não
correspondeu a um trabalho científico correto".
Em abril de 2012, o plágio na tese de doutorado determinou a
renúncia do presidente da Hungria, Pál Schmitt, também com a perda do título de
doutor, pela Faculdade de Medicina da Universidade Semmelweis de Budapeste.
quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
terça-feira, 9 de janeiro de 2018
2018 – Copa do Mundo na Rússia
Pedro Lucas Lindoso
Recebi um simpático e-mail de um antigo colega de colégio.
Estudamos juntos em Brasília. Meu amigo é jornalista e atualmente trabalha na
seção de esportes de um conceituado jornal carioca. O motivo do e-mail era para
me dizer que havia reencontrado nossa colega Margarida, hoje cidadã russa e
feliz moradora da cidade de Moscou. Casou-se com um ex-diplomata russo que
serviu na embaixada de Brasília.
Só mesmo um russo casaria com a Margarida! A garota era até
bem simpática. Mas muito distraída, coitada. Era vitima de bullying, mas nem ligava. E não se intimidava em fazer as perguntas
mais absurdas em sala de aula. Lembro-me de duas inesquecíveis:
– Mas professora, quem tocou mesmo fogo nesse vulcão?
– Quem foi mesmo esse tal de Barroco Mineiro?
Nosso amigo foi cobrir o sorteio dos grupos da Copa do Mundo
de 2018. Foi no início de dezembro.
Disse-me que o jogo de abertura entre russos e sauditas será no dia 14
de junho em Moscou. Espera-se que não esteja tão frio como agora. A seleção
brasileira caiu no Grupo E. Faz sua estreia no dia 17 de junho, em Rostov,
contra a Suíça.
Margarida e o esposo, que fala razoavelmente bem o português,
estavam na cerimônia. Ela reconheceu o nosso colega. Foi informada que eu
estava morando em Manaus. Perguntou se eu tinha me adaptado à vida na selva
amazônica! Margarida sendo Margarida!
Nossa colega e o esposo estão muito animados com a copa do
mundo. A seleção brasileira, depois de pegar a Costa Rica no dia 22 de junho,
em São Petersburgo, fecha a primeira fase contra a Sérvia, em Moscou, dia 27 de
junho. Já estamos todos convidados para uma feijoada na casa de Margarida em
Moscou!
Vamos torcer para o Brasil ser campeão. Quem sabe vamos comer
a feijoada da Margarida na Rússia. E ouvi-la tocar balalaica. A outra novidade é que nossa amiga Margarida
aprendeu a tocar esse instrumento musical típico russo de três cordas
dedilhadas.
É muita novidade. Só mesmo indo conferir in loco! Vamos a
Moscou!
segunda-feira, 8 de janeiro de 2018
Os 100 anos da Academia Amazonense de Letras
Zemaria Pinto
Em novembro de 2005, em uma palestra na AAL sobre o fundador
da Cadeira nº 21, Octavio Sarmento, eu apontava,
de três fontes diferentes, três datas para a fundação da Sociedade Amazonense
de Homens de Letras, que em 1920 mudaria para o nome atual, sem distinção de
gênero: 1º, 7 e 17 de janeiro de 1918.[1]
Em
outra palestra, em outubro do ano seguinte, sobre o fundador da Cadeira nº 24,
Paulo Eleutherio, eu esclarecia de uma vez essa dúvida, a partir da leitura do
jornal A Capital: a instalação solene
da SAHL dera-se no dia 9 de janeiro de 1918, uma quarta-feira, às 20h, no salão
nobre da Assembleia Legislativa do Estado, que funcionava nos altos da
Biblioteca Pública – Barroso com 7 de Setembro. Dos 30 “homens de letras” que
compunham a sociedade, apenas 20 compareceram à solenidade.[2]
E
por que, então, se insiste na data de 1º de janeiro?
Ora,
quem de vocês – cara leitora, caro leitor – não conhece pelo menos um caso de
data de nascimento trocada, ou por equívoco dos declarantes ou por erro do
cartório?
Casa de Adriano Jorge, na rua Ramos Ferreira, 1009 - esquina com Tapajós. |
Dez
anos após a segunda pesquisa, buscando informações sobre Nunes Pereira – que
iriam resultar no opúsculo Nunes Pereira, esboço em cinza e sombras –
encontrei, novamente em A Capital,
mais detalhes sobre a fundação da SAHL, que, certamente, serão tema de um texto
mais amplo. Limito-me agora a dar algumas informações adicionais e tirar uma
conclusão.
A
primeira reunião aconteceu no dia 9 de dezembro de 1917. O jornal do dia
anterior relaciona 25 nomes e diz que aquela será a “reunião de fundação da
Sociedade Amazonense de Homens de Letras”.
No
dia 12 de dezembro, A Capital informa
que “a festa de instalação será a 1º de Janeiro, no Teatro Amazonas”.
Na
edição de 14 de dezembro, o mesmo jornal noticia que os Estatutos serão
apresentados no domingo, 16.12, “à assembleia geral” da entidade.
Infelizmente, entre os dias 14.12 e 06.01, não há qualquer
informação sobre a nascente SAHL. No dia 1º de janeiro, entretanto, noticia-se,
sem mencionar o horário, que será levada à cena do Teatro Amazonas, pela
terceira vez, a “brilhante peça literária de Coelho Netto, A Pastoral”.
Nada, absolutamente nada, aconteceu no dia 1º de janeiro.
Terá havido um prosaico desencontro de agendas? O uso do
teatro fora vetado? Provavelmente, jamais saberemos.
O que ficou é que, conforme o Estatuto datado de 29 de março
de 1920, publicado na Revista da AAL Nº
1, em julho daquele ano, a SAHL – que daquele dia em diante se chamaria
Academia Amazonense de Letras – fora fundada em 1º de janeiro de 1918. É,
portanto, a certidão de nascimento da AAL.[3]
Mas
que ela nasceu mesmo foi no dia 9 de janeiro, isso ninguém mais me desmente.
E
uma curiosidade: a Sociedade, que nasceu misógina e só viria aceitar uma mulher
– Violeta Branca – em 1949, completa 100 anos tendo uma mulher, a primeira,
como presidente – a educadora, filósofa e historiadora Rosa Mendonça de Brito.
Longa
vida à Academia Amazonense de Letras – de todos os gêneros!
[1]
PINTO, Zemaria. Octávio Sarmento.
Revista da Academia Amazonense de Letras, nº 27. Manaus: Valer e AAL, 2007. p.
247-268.
[2]
PINTO, Zemaria. Paulo Eleuthério.
Revista da Academia Amazonense de Letras, nº 29. Manaus: Valer e AAL, 2010. p.
37-49.
[3]
A AAL acaba de publicar, em edição fac-símile, a referida revista. Se eu fosse
um lobo da estepe, diria que é uma edição só para raros...
domingo, 7 de janeiro de 2018
sábado, 6 de janeiro de 2018
quinta-feira, 4 de janeiro de 2018
Práticas de curas ancestrais 2/2
João Bosco Botelho
A maior parte das lesões encontradas representa doenças de
origem traumática, talvez secundárias aos acidentes de caça e disputas
pessoais. As lesões traumáticas cranianas são as mais comuns. Em sítio arqueológico
próximo de Pequim, um grupo de onze indivíduos do grupo de Java, quatro crânios
apresentaram perfurações traumáticas fatais. Em outra área de escavação, os
restos mortais de uma família do Paleolítico Superior composta de sete pessoas,
o mais velho apresenta fratura com depressão do temporal esquerdo, a mulher
adulta tem fratura parietal esquerda e os outros crânios, pertencentes a
crianças de diferentes idades, mostram traumatismos mortais na cabeça. No sítio
mesolítico de Ofnet, na Áustria, foram desenterrados trinta e seis crânios, na
maioria de crianças, todos arrancados dos corpos e, na maioria, com esmagamento
dos ossos parietais provocados por objeto cortante. Outros esqueletos foram
estudados com pontas de sílex encravadas em diferentes ossos.
Os moradores das cavernas, muito úmidas, nos longos períodos
invernais, com mais de cem mil anos, sofreram os processos degenerativos
causados pela artrite deformadora, conhecida como gota das cavernas, e doenças
das gengivas, cáries e raquitismo. As bactérias fossilizadas e fungos também
foram identificados: o pólen de Nenúfar, designação de diversas plantas da
família das Ninfeáceas, capazes de determinar reação alérgica no homem atual,
existe desde o Pleistoceno médio, isto é, há mais de 100.000 anos.
Um dos achados acidentais mais extraordinários foi o homem
batizado de Ötzi: o corpo congelado, ao sul da fronteira austríaco-italiana.
Com pouco menos de 1,60 metros e 46 anos de idade, velho para as pessoas da
época, o estudo do DNA evidenciou que era originário da Europa central. O
cadáver mostrava várias lesões traumáticas com fraturas na terceira e quarta
vértebras e o braço esquerdo quebrado. Ötzi estava numa posição estranha, caído
de bruços sobre o rochedo, o braço esquerdo dobrado para o lado direito, e a
mão direita presa embaixo de uma pedra grande. Seus objetos e roupas, também
inteira ou parcialmente congelados, estavam espalhados a sua volta, alguns a
vários metros de distância. Datações de carbono do material vegetal junto ao
corpo e das amostras da pele e dos ossos, realizadas em três laboratórios
diferentes, confirmam que ele viveu há cerca de 5.300 anos.
Dessa forma, não há dúvida de que os nossos ancestrais
longínquos estabeleceram práticas indicando haver especialistas cuidando da
saúde dos outros.
quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
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