terça-feira, 31 de julho de 2012
segunda-feira, 30 de julho de 2012
Virtual macabro
Pedro Lindoso
Curso de Arte Poética
Jorge Tufic
2º - DA NATUREZA
Há outras vozes (sim) na natureza
tudo é linguagem que se fala e ouve:
o vento canta como um homem ébrio
o mar soluça feito uma mulher
e os poetas aprendem essas vozes
os rios têm rumores como os loucos
as árvores resmungam feito os velhos
e os poetas aprendem essas vozes
os seixos contam níqueis como os pobre
a cachoeira ri feito as meninas
e os poetas aprendem
a areia cochicha como as tias
as aves têm canções feito as meninas
e os poetas
3º - DA LINGUAGEM
tr
há também a linguagem das es el
as
das b o r b o l e t a s
e
dos
v a g a l u m es
há também a linguagem do (silêncio)
das s-e-r-p-e-n-t-e-s
dos p
e
i
x
e
s
sob a água
há também a linguagem dos m
e
dos mi/né/rios t
a
das f o
e i
l r
s s
s
b s
das a e a
h
l
(Marcus Accioly)
domingo, 29 de julho de 2012
Bandeira – um artista resistente
Tenório Telles
No belo poema “Promessa”, a
poetisa portuguesa Sophia Brayner Andresen faz uma declaração de compromisso
com a liberdade: “Na clara paisagem essencial e pobre / Viverei segundo a lei
da liberdade / Segundo a lei da exacta eternidade”. Os versos da escritora
traduzem o desafio de ser livre num tempo ameaçador para o livre pensar e o
direito de ser. Tempo de banalidades, arrogância e perda dos valores.
O antídoto a esse estado de
degradação espiritual e conformismo é a arte. A beleza e a verdade nos salvarão
da barbárie e da indiferença que nos paralisam. Os criadores têm a missão de
opor resistência a essas forças que ameaçam o sonho e ultrajam a vida. Contra o
medo e o adesismo, os artistas de verdade têm a responsabilidade de dizer não
ao cerceamento da palavra e da consciência. O instrumento de que dispõem para
esse ofício é a paixão e o fogo transformador de sua criação artística. O fato
é que poucos conseguem resistir e se manter fiéis à liberdade e à honestidade
de seu trabalho criativo.
O escritor Jorge Bandeira é um
exemplo de artista resistente, cada dia mais raro na cena cultural brasileira.
A regra é a submissão aos poderes e o silêncio diante do ultraje da vida. O
trabalho criativo de Bandeira é afirmativo de seu compromisso com uma concepção
de arte fundada na realidade e atitude crítica diante dos descaminhos do mundo.
O tom predominante em seus textos e perfomances artísticas é o questionamento,
a reflexão e a denúncia da virtualização das relações sociais e do que é viver
nesta sociedade em que tudo virou objeto de consumo, inclusive o ser humano,
que deixou de ser gente, cidadão... e se transformou em cliente e consumidor.
Buscar-se, em meio a essas perdas, é uma forma de afirmação da singularidade,
de romper com a condição de objeto.
A independência tem assegurado
ao artista Jorge Bandeira algo imperativo a todo criador: a liberdade para
discutir e publicizar suas ideias e construir o artesanato de sua obra.
Polivalente e inquieto, reúne em si vários pendores: é ator, dramaturgo,
tradutor, crítico de arte, professor e cantor. Seus mais recentes trabalhos são
ilustrativos de sua opção por uma postura artística resistente e de combate: 22 lâminas, seu penúltimo espetáculo
dramático, é uma reflexão, a partir dos arcanos do Tarot, sobre a existência, o
poder e a condição humana. Mais recentemente montou Contatos imediatos de 3º grau, de Márcio Souza, em que se
problematiza o impacto da tecnologia sobre os povos indígenas e o processo de
alienação dos indivíduos.
Bandeira traduziu A caçada do Snark, de Lewis Carroll. |
Jorge Bandeira faz parte de uma
tradição de criadores: dos que resistiram à sedução do poder e se conservaram
produtivos e independentes, pondo suas criações a serviço da mudança, da
liberdade e da construção de uma consciência questionadora e cidadã. Essa
postura é fruto de sua convicção de que o artista deve ter discernimento de sua
responsabilidade diante de um mundo insensível e refratário à beleza e ao bem.
Bandeira é herdeiro da linhagem artística de Baudelaire, Artaud, Beckett,
Oswald de Andrade, Wagner Mello, entre outros. Como dizia Drummond, a condição
desses artistas é ser “gauche na
vida”, ser navegante da outra margem, dos que negam os que afirmam toda forma
de poder e dominação do ser. Jorge Bandeira, pela sua resistência e conteúdo
humano de sua obra, é um artista do seu tempo, sobretudo porque não traiu seus
princípios e o seu coração.
Obs: publicado dia 28.07.12, no jornal A Crítica.
sábado, 28 de julho de 2012
sexta-feira, 27 de julho de 2012
A invenção do Expressionismo em Augusto dos Anjos 7/12
Zemaria Pinto
Somente a arte pode redimir a humanidade
No “Monólogo”, a Sombra arremata sua
fala, emitindo o conceito-chave da obra de Augusto dos Anjos. Ecoando
Schopenhauer – para quem a arte é um bálsamo para o sofrimento humano –, a
Sombra afirma que somente a arte pode redimir a humanidade. Somente a arte pode
libertar o homem da rede de misérias em que ele se envolveu, moral e
fisicamente. Mas poucos são os que têm o privilégio de percebê-lo. Poucos se
dão ao ofício ou à contemplação da arte. Desta forma, cabe ao artista
manifestar-se unicamente pela dor. A sua dor é a dor universal. Manifestando-a,
ele denuncia a corrupção a que está submetida a humanidade. Essa é a sua
alegria.
“Somente
a Arte, esculpindo a humana mágoa,
Abranda
as rochas rígidas, torna água
Todo
o fogo telúrico profundo
E
reduz, sem que, entanto, a desintegre,
À
condição de uma planície alegre,
A
aspereza orográfica do mundo!
Provo
desta maneira ao mundo odiento
Pelas
grandes razões do sentimento,
Sem
os métodos da abstrusa ciência fria
E
os trovões gritadores da dialética,
Que
a mais alta expressão da dor estética
Consiste
essencialmente na alegria.”
(p. 199)
Em Os
doentes, a máscara lírica, vagando incerta, afirma buscar entender “o que
nem Spencer, nem Haeckel compreenderam” (p. 236), colocando em cheque o
conhecimento científico. A Sombra reitera sua confiança no sentimento, que não
se curva à ciência e nem se deixa seduzir pela dialética, para chegar a uma
conclusão, que é fruto de pura observação empírica. São princípios do budismo,
que é pautado por uma razão pragmática, contrária à racionalização e à indução.
A Sombra afirma que somente a “dor estética”, isto é, a dor forjada com arte, a
dor “fingida” (não necessariamente sentida), pode proporcionar alegria a quem
se entrega à contemplação artística. Este é um conceito novo: dor estética. E
este é o projeto de Augusto dos Anjos: mostrar-nos a degradação da humanidade de
maneira estética. Uma estética diferente, calcada no sofrimento humano.
Para a máscara lírica, que só se
manifesta nas três últimas estrofes do poema (o que lhe empresta
características de poema dramático), o que ela ouvira da Sombra – “A orquestra
arrepiadora do sarcasmo!” (p. 199) – era a manifestação da própria natureza
divinizada:
Era
a elégia panteísta do Universo,
Na
podridão do sangue humano imerso,
Prostituído,
talvez, em suas bases...
Era
a canção da Natureza exausta,
Chorando
e rindo na ironia infausta
Da
incoerência infernal daquelas frases.
(p. 200)
Durante muito tempo, a crítica mais
apressada acusou a “incoerência”, a “falta de nexo” da poesia de Augusto dos
Anjos. Fazendo as conexões devidas, percebemos que ele, antecipando-se, não só
tinha consciência disso, mas ainda ironiza o fato.
“Monólogo de uma sombra” engendra um postulado
ético, denunciando a degradação moral e física a que o homem está submetido; e
inventa um postulado estético, ao propor uma nova maneira de fazer poesia a
partir da “expressão da dor” calcada na realidade vivida, o que atropelava a
cristalina poesia parnasiana, bem como a hermética poesia simbolista. Estes
dois postulados estão presentes, quase sempre associados, na maioria dos poemas
do Eu, compondo o seu tema mais
abrangente: a degradação da humanidade vista pela estética da dor. Isso mostra o quanto o autor tinha
consciência do seu projeto de poesia.
Vários pontos de contato com a estética
expressionista são manifestados no “Monólogo de uma sombra”: a fragmentação do
eu e da realidade, a partir do discurso da Sombra; a simultaneidade da fala,
que leva a própria máscara lírica a citar a “incoerência infernal” daquelas
frases; o clima onírico, que perpassa todo o poema, numa dimensão que tangencia
o demoníaco; o grotesco que emana de cada estrofe, a manifestar o nojo à
natureza humana; a utopia de um mundo, guiado pelo não-racionalismo, para
preservar os valores mais puros do ser humano; o misticismo panteísta de um
Deus (“substância de todas as substâncias”) representado pela Natureza; a
crença de que o sentimento pode ser superior à ciência e à filosofia; a crença
na Arte como fator de transformação da Humanidade.
O “Monólogo de uma sombra” é um grito de
dor, mas é também um canto de esperança. Dor pela humanidade doente. Esperança
de que a poesia – ou melhor, a Arte – seja o lenitivo para essa dor.
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Aprender a pensar
David Almeida
Aprender a
pensar é acender uma pequenina chama no escuro mundo do pensamento; é a busca
do conhecimento; do saber existir na relação humana para a integração e domínio
do espaço que ocupamos na sociedade em que vivemos.
Essa
pequenina chama que brota dentro do ser humano, é o começo, à procura do
aprender a pensar, e com isso, ir aumentando a claridade pelos caminhos que
nosso pensamento segue, no seu labor, produzindo conhecimento, certificando-se
cada vez mais do poder da sua existência.
Pensar na
sociedade em que vivemos é assumir uma postura crítica emoldurada pela verdade,
construindo caminhos de vital importância, para as necessidades da vida.
Pensar, pensar
e pensar, é acima de tudo responsabilidade dos atos, das decisões, que temos a
tomar, para evitar um resultado negativo que vá influenciar os comportamentos.
Tudo precisa
ser bem pensado, estudado em todos os ângulos: prós, contras porque com certeza
teremos um resultado positivo na edificação de um mundo melhor.
A energia
positiva que emana do pensamento e transforma escuridão em luz, não faz parte
da cabeça de muitos, que não aprenderam a pensar para o bem do seu próximo,
clareando somente passos egoístas, de cabeças nefastas, que cercam a vida de
lama, lava limo e cinzas, construindo castelos no alto de suas arrogâncias, com
medo de suas próprias sombras.
Pensar bem é
acima de tudo construir uma sociedade mais justa equilibrada, saudável onde o
pensamento voe livre, que nem passarinho, sobre o tempo que o vento, semeador
do amor fez seu ninho, e a luz mais que brilhante, reluz ao som de cada palavra
na comunicação da espécie humana.
Aprender a
pensar, é um exercício onde através dele, podemos vislumbrar um futuro melhor
para o nosso planeta continuar sempre azul, sentir o equilíbrio da emoção com a
razão, dentro do peito, polindo a vida, energizando alma, regando a natureza do
ser, com a mais pura água, que a fonte do pensamento produziu, fertilizando
caminhos onde pétalas de esmeraldas acomodarão o futuro sob os passos da
verdade e da justiça.
Aprender a
pensar é ter certeza de ser feliz, é fazer do pensamento uma estrela de
primeira grandeza a iluminar o mais obscuro mundo, trazendo claridade,
transparência e a verdadeira aparência do mundo real e das cabeças que nunca
aprenderam a pensar.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Fios de luz, aromas vivos: a voz da saudade
Tânia Du Bois
Fios
de luz, aromas vivos: leitura de Retrato
de Mãe, sonetos de Jorge Tufic, por Rogel Samuel: “Venham os fios de luz
para tecê-la, aromas vivos para senti-la, às palavras do filho descrevê-la, proferi-la”
(Rogel Samuel).
Não conheço Jorge Tufic pessoalmente,
e sim através de suas obras literárias: adoro! Penso que o Poeta merece uma
homenagem especial, e o escritor Rogel Samuel dá essa atenção através de
reflexões literárias em 15 sonetos de Tufic.
Samuel ressalta o caráter literário da obra
com um olhar sobre o poeta. Revela o poder de quem interpreta costurando
palavras e dando significado à estrutura maternal dos sonetos, e declara que “o
mundo poético e o mundo da realidade colidem, possuindo cada qual a sua própria
verdade”.
Fios de luz, aromas vivos – são
sonetos que Jorge Tufic, inspirado na realidade, reconhece como expressão das
lembranças. Segundo Samuel, “... acaba por ser mais real do que a própria
realidade.” A voz de Tufic reflete a sua própria imagem, onde faz um testemunho
do Retrato de Mãe. Em jogos de
palavras, proclama histórias que espelham a sua relação com a sua mãe, como se
fosse ontem e vivesse o amanhã. Cria significado através do tempo e das
lembranças que sinalizam a sua ausência, buscando dar sentido à sua vida. “Que
restara de ti, dos teus pertences? //... Tudo posto num saco humilde e roto. /
Eu quis, então, medir esse legado, / mas limites não vi para a tristeza. /
Davas a sensação de que o tesouro / se enterrara contigo. //... Que eternidade
/ pode igualar-se à voz desta saudade?”
Através da imagem poética, mostra o
seu eu versus mãe, ao alcançar a
infinitude do tempo: sua intimidade desvela os mistérios da dor da ausência.
Nesse horizonte, o poeta compreende, interpreta e projeta o sentido da herança
da Grande Mãe que se perde com a
morte.
Fios
de luz, aromas vivos revela a parceria de mãe e filho, onde apenas o amor é
o único segredo. E a memória do poeta reconstrói os bons momentos sem se perder
no tempo. “Nossa infância era tudo iluminada / pelas fontes da tua juventude. //...
Ainda te vejo, o porte esbelto indo / por aqueles baldios transparentes / onde
a luz, de tão verde, pincelando / os ermos...”
Mesmo com a saudade presente, Jorge
Tufic, em seus sonetos, volta ao seio materno para registrar a importância e a
resistência da lembrança (viva) em sua vida. Ao escrever Retrato de Mãe, não teve medo de mostrar a outra face, o lado
filho.
O encontro entre lembranças e
saudades, filho e mãe, deu a oportunidade ao escritor Rogel Samuel de fazer a
análise detalhada da obra, mostrando o Poeta Jorge Tufic com o dom do mistério menor
e mais emoção, revelando, mais uma vez, o seu talento literário.
Curso de Arte Poética
Jorge Tufic
ANIMAIS & PÁSSAROS
Os animais aprendem o silêncio
mas possuem os seus sons:
o lobo uiva o vento
a cascavel chocalha a vagem
e os pássaros aprendem essas vozes
o corvo crocita a treva
o cisne arensa a morte
e os pássaros aprendem essas vozes
o leão ruge a própria força
o urso freme a mesma fúria
e os pássaros aprendem essas vozes
o pavão pupila as cores
o papagaio palra as palavras
e os pássaros aprendem essas vozes
o elefante barri toda floresta
o touro urra a tempestade
e os pássaros aprendem essas vozes
a cegonha glotera o silêncio
o camelo blatera o deserto
e os pássaros aprendem essas vozes
a andorinha trissa o verão
a nambu trila o inverno
e os pássaros aprendem essas vozes
a ovelha bale a voz de sino
o porco grune o som da água
e os pássaros aprendem essas vozes
o ganso grasna o lago azul
a garça gazea o açude verde
e os pássaros aprendem essas vozes
o cavalo relincha igual ao fogo
o asno orneja feito um relógio
e os pássaros aprendem essas vozes
o pombo arrulha o doce suspiro
o peru grugulha a alegre roda
e os pássaros aprendem essas vozes
a araponga retine o seu metal
a serpente sibila o ar de veneno
e os pássaros aprendem essas vozes
a coruja pia a escura noite
o canário trina o sol do dia
e os pássaros aprendem essas vozes
o grilo cicia as folhas
a cigarra estridula as flechas
e os pássaros aprendem essas vozes
o macaco grincha como as árvores
a rã coaxa e é a fonte
e os pássaros aprendem essas vozes
o cão ladra
a raposa regouga
e os pássaros aprendem essas vozes
(Marcus Accioly)
domingo, 22 de julho de 2012
sábado, 21 de julho de 2012
quinta-feira, 19 de julho de 2012
A invenção do Expressionismo em Augusto dos Anjos 6/12
Tema e motivos: recorrências
É no “Monólogo de uma sombra” (p.
195-200)[i]
que Augusto dos Anjos determina os limites de sua poética, o seu projeto
poético: mostrar a degradação da humanidade vista por uma estética da dor.
Ensaiando uma metafísica insólita e sarcástica, o poema reflete o desagrado
para com os rumos que tomara a ciência; critica a permissividade sexual, e
mostra o “horroroso” como um componente da natureza humana. Mas também faz uma
exaltação à Arte, como única via de reconstrução e revivificação da humanidade
doente. O poema foi escrito, ao que tudo indica, em 1912, sendo um dos últimos
– senão o último – do Eu a ser
produzido, funcionando como prólogo ao Eu
e uma “arte poética” em relação ao conjunto da poesia do autor.
“Monólogo de uma sombra” nos fornece um
tema central, agregador entre tantos outros, para uma compreensão mais imediata
do Eu, onde se espraiam motivos diversos.
Tema e motivos entendidos como conceitos que se imbricam: os motivos
consubstanciam o tema; e este é um estuário para onde os motivos
convergem.
O poema “Os doentes” (p. 236-249) é outro
paradigma de Augusto dos Anjos. É nele que estão relacionados os motivos com os
quais o poeta trabalha o tema predominante em sua obra, definido no poema de
abertura. Doenças, morte, cadáveres, cemitérios, micróbios, vermes – são
recorrências que ilustram essa degradação física, metáfora para a degradação
moral. A máscara lírica descreve a paisagem noturna da “urbe natal do
Desconsolo” (p. 236), mas não de uma maneira objetiva, como seria esperado de
um parnasiano; a cidade também não é um emaranhado de símbolos, como pensada
por um simbolista. Augusto dos Anjos descreve a cidade, em toda a sua
complexidade, deformando-a para além do visível: não com a razão naturalista,
mas com uma dramaticidade fragmentada, desconexa e tangenciando o grotesco –
características do Expressionismo, marca da maior parte dos poemas inseridos no
Eu.
[i] Todas as citações de Augusto
dos Anjos têm uma mesma fonte (ANJOS, 1994), mencionada nas Referências. Deste
ponto em diante, citaremos apenas as páginas onde as mesmas se encontram.
Jornalistas de verdade
David Almeida
A notícia sempre
vai existir. Alguém vai ter que informar o que está acontecendo no seu país ou
no seu pedaço de chão, certo? A democratização da informação se faz necessária,
reta e precisa, para a interação e integração da raça humana, e pra isso
acontecer, de uma forma justa e honesta, a informação deve, contudo, seguir nos
moldes e padrões da ética e da responsabilidade de bons profissionais,
compromissados, respeitosamente, com o povo.
Como sempre irão
existir os camelôs da notícia e jornalistas de verdade – seja em blogs,
twiters, ou em qualquer outra conquista da tecnologia, que futuramente vier a
aparecer – a informação deve ser checada, pesquisada sob a luz da verdade, para
poder seguir seu rumo e prestar um bom serviço.
Como vivemos em
um país capitalista onde tudo vira produto, para se ganhar dinheiro, e atender,
também, outros interesses, que alimentam o poder, muitos aproveitadores de
plantão, com raras exceções, vão querer mudar de profissão, alimentar seus egos
de pseudojornalistas e partir para a produção de notícias, sem se importar com
a qualidade das mesmas, sem uma a apuração real dos fatos, viajando pela rede,
como fuxico, boato, e às vezes até difamando, caluniando pessoas honestas.
É triste, mas
isso já está acontecendo, pessoas estão deslumbradas, se achando poderosas com
todo esse aparato tecnológico nas mãos, mas, sem conhecimento algum do que é
capaz um meio de comunicação desse porte, e por isso, já fazem as redes
cibernéticas balançarem, colocando a democracia, que é uma estrutura social, na
lixeira. Claro, quem estudou, ralou para tal questão pode fazer a diferença,
ganhando a credibilidade dos leitores. Mas demora! Ôôôô, mas como demora! O
poder, e a velocidade de contaminação e destruição que tem uma má informação
pode ser catastrófico, e devido à situação cultural do povo, o que era verdade,
por incrível que pareça no mesmo instrumento de comunicação, caminha a passos
lentos, parece até que a verdade não tem pressa, e a mentira é muito mais que
veloz online, apesar das suas pernas curtas.
Acontece que,
com o advento dessa maravilha, que agrega várias mídias, chamada Internet, nos
defrontamos com uma aparente informação democratizada, tudo porque, a revolução
é tecnológica e não social, mas que, na verdade, só ilude, fomentando mais
ainda, a desinformação dissimulada, abrindo um leque de opções para a
manipulação em massa, afastando mais ainda, o povo do poder, e podemos até
dizer, que está a serviço da vontade de quem, sempre teve as rédeas da situação
nas mãos.
O povo precisa
saber o que é a democratização da informação com todos os seus filtros para poder
não ser enganado: para saber votar; falar, escolher seus representantes: protestar,
saber dos seus direitos; não se iludir com contadores de causos e donos de
verdades; justiceiros que aparecem nos meios de comunicação da noite pro dia
com o ar de super heróis; salvadores da pátria, sem qualificação alguma,
fazendo doações de ranchos, oferecendo o paraíso como salvação, quando na
realidade não estão democratizando nada, suas informações tem um fundo: o fundo
de seus bolsos, que enche cada vez mais, levando ao fundo de um poço seco a
dignidade de quem trabalha.
A notícia sempre
vai existir, sim, pela cabeça de verdadeiros formadores de opinião, que pensam
e trabalham na construção de um futuro melhor para a humanidade.
quarta-feira, 18 de julho de 2012
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Vou votar para prefeito...
Zemaria Pinto
Vou votar para prefeito...
No candidato que assumir o compromisso de erradicar
o trânsito de carros no centro velho de Manaus.
Carros só até a Leonardo Malcher, entrando pela Luiz
Antony, para permitir o escoamento para Aparecida, Céu e São Raimundo – além dos
moradores da gloriosa e nunca assaz louvada Frei José dos Inocentes.
Essa área – um retângulo (Luiz Antony, Leonardo
Malcher, Joaquim Nabuco) com a base abaulada (as ruas do entorno do Mercado
Municipal) – tem pouco mais de 2 milhões de metros quadrados (sorry, números
estratosféricos impressionam a plebe ignara) e seu perímetro pode ser percorrido em menos
de 60 minutos.
Carga e descarga no comércio do centro, permitida de
21 às 3h. Vá lá, de 20 às 4h.
Seria uma ótima área de lazer, inclusive para
caminhadas – Manaus é uma cidade sem calçadas!
Lembram-se daquele bordão lá dos anos 1980?
Mexa-se! Podemos atualizá-lo: Mexa esse rabo!
Só com uma medida radical se poderá dar uma nova
cara a Manaus.
Quem se habilita ao meu solitário voto?
Curso de Arte Poética
Jorge Tufic
2º
há um estilo lírico e outro épico
por exemplo:
o relógio do tempo é um coração (...)
isto é lírico
o coração do tempo é um relógio (...)
isto é épico
há um estilo passado e outro presente
por exemplo:
eu te amei com as mãos e com os lábios
(...)
isto é passado
eu te amei com silêncio e palavras
(...)
isto é presente
há um estilo simples e outro complexo
por exemplo:
o seu sonho de areia era uma estrela (...)
isto é simples
a areia de uma estrela era o seu sonho
(...)
isto é complexo
há um estilo lógico e outro ilógico
por exemplo:
sou um número só na natureza (...)
isto é lógico
sou o número um e os outros números
(...)
isto é ilógico
há um estilo visual e outro auditivo
por exemplo:
o círculo do sol é um leão (...)
isto é visual
o silêncio da lua é como um lobo (...)
isto é auditivo
há um estilo olfativo e um gustativo
por exemplo:
sentia alguma flor dentro do vento
(...)
isto é olfativo
sentia o sol amargo como um fruto (...)
isto é gustativo
há um estilo que desperta o tato
por exemplo:
era de pedra a sua mão de pássaro (...)
etc
etc etc
a poesia antiga se difere
da moderna:
era a noite dos deuses e demônios (...)
isto é medieval
o cardume do céu era as estrelas (...)
isto é renascentista
o fruto verde sob o sol maduro (...)
isto é barroco
ele levava o mundo sobre os ombros
(...)
isto é romântico
talhada em pedra era a canção de pedra
(...)
isto é parnasiano
o seu cavalo atravessava o céu (...)
isto é simbolista
sua cabeça é a máquina do sonho (...)
isto é moderno
etc
etc etc
(Marcus Accioly)
(Marcus Accioly)
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