Amigos do Fingidor

sábado, 30 de novembro de 2019

Fantasy Art - Galeria

Lauren K. Cannon. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

A poesia é necessária?



O ser de cada um
Candinho


O ser de cada um é que é bonito
simples essência de uma outra esfera
que se mutila, que se dilacera
para dar sopro vivo a um ser finito

Parte é matéria e força é o outro extremo
que se juntam para o divino ofício
dar cumprimento ao grande sacrifício
da purificação do Eu supremo

Entendamos – cada um é a própria cura
é a redenção da sua forma pura
precisamos ter consciência ao menos

Precisamos crescer, ser mais humanos
pois quanto mais humanos nos tornamos
mais divinos e eternos parecemos


quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Flight of the Ibis.
Shane Braithwaite.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

domingo, 24 de novembro de 2019

Manaus, amor e memória CDXLVIII


Beneficente Portuguesa.

sábado, 23 de novembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Renso Castañeda.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Academia de Portas Abertas - programação 24/11








José Aldemir de Oliveira (1954-21/11/2019)




Doutor em Geografia Humana, José Aldemir de Oliveira foi professor da UFAM, diretor da FAPEAM, secretário estadual de Ciência e Tecnologia e reitor da UEA. Era membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. 
Com vários livros publicados, um de seus trabalhos mais recentes, “A ensaística como fotografação”, em parceria com Hellen Braga, sobre a obra de Elson Farias, será lançado hoje, 22/11, no livro Águas do dia e da noite, na Academia Amazonense de Letras.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

A poesia é necessária?



Romance da noite-chuva
Elson Farias


Tremia o trovão na terra.

Talhavam a face torva
gota a gota os seringais,
era o deus que era raivoso
e vinha nos temporais.

Bramia o rumor do rio
nas noites de escuro e chuvas,
caía a faixa da terra,
piavam surdo as corujas.

Um noturno canto-pranto
cortava o céu em dois meios,
nosso deus vinha vestido
de nós e os nossos receios.
*
– Minha mãe, onde é que eu acho
a lamparina da noite?
– Meu filho, ela deve estar
pendurada lá no alpendre.
– Minha mãe, por que a coruja
pia agora sem parar?
– Meu filho, certo que existe
um defunto a amortalhar.
– Quero dormir, minha mãe,
dentro das trevas desta hora,
mas não posso me embrulhar,
o meu lençol me apavora.
– Meu filho, dorme, não chora,
que o dia custa a vir,
reza as três ave-marias,
muda a roupa e vai dormir.
*
A terra tremia toda.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Courage.
Tim Okamura.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Entre o João Batista e o Campo da Esperança



Pedro Lucas Lindoso


Sou amazonense. Nasci em Manaus. Na idade de dez anos fui levado a morar em Brasília. De início, detestei aquela cidade poeirenta e em construção. Cheia de vazios e de clima seco e árido. Com chuvinha fina e friorenta. Imprestável para banhos de chuva. Sentia falta da rua Henrique Martins, das atividades no SESC e da casa de minha avó.
Depois me apaixonei por Brasília. A cidade se tornou um parque urbano. Com árvores e jardins entre os prédios das superquadras. E com os anos colecionamos afetos, amizades e conquistas. Foi em Brasília onde estudei e realizei grande parte de minha trajetória profissional. Casei-me em Brasília e lá nasceram meus filhos.
Há três lustros retornei a Manaus. De repente, me apresentaram uma oportunidade profissional que me traria de volta a essa encantadora cidade onde eu havia nascido. E que estava guardada no coração e na memória. Assim, realizei um projeto de menino que estava totalmente esquecido.
As pessoas costumam me perguntar qual a minha cidade preferida. O maestro Tom Jobim viveu muitos anos entre Nova Iorque e o Rio de Janeiro. Diante de tal pergunta dizia que Nova Iorque era muito bacana, mas uma porcaria. E o Rio era uma porcaria, mas muito bacana. Não foram bem essas palavras. Mas foi algo assim e mais palatável para publicações. E eu vou na onda.
Brasília é muito bacana, mas uma porcaria. Manaus é uma porcaria, mas é muito, muito bacana. O pior defeito de Brasília é a dificuldade em se comprar farinha do Uarini e pimenta murupi. O pior defeito de Manaus é não ter um grande parque urbano, como o maravilhoso Parque da Cidade, o “Central Park” dos brasilienses.
Ambas as duas (Eça de Queiroz escrevia assim) são cidades mágicas e com lembranças muito gratas a mim e aos meus familiares. Como dizem os franceses, “entre les deux, mon coer balance”.
Outro dia me fizeram outra pergunta inusitada, que me fez meditar e escrever esta crônica. Se eu prefiro ser enterrado no Cemitério de São João Batista, em Manaus. Ou se fico com a opção de ir para o Campo da Esperança, em Brasília. É lá onde estão enterrados meus pais.
Ora, a cremação é sempre uma opção moderna. E mais higiênica em termos ambientais.
Mas eu quero mesmo é ficar vivo e viajar pelo mundo. Inclusive viajar para Brasília.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

domingo, 17 de novembro de 2019

Manaus, amor e memória CDXLVII


Porto de Manaus, cerca de 1971.

sábado, 16 de novembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Poison Ivy.
Adam Brown.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Nós, Medeia – hoje


Nós, Medeia – com vírgula.
E não sei porque "adaptação", se o texto foi escrito para ser encenado.
Mas vale a pena, garanto. 

A poesia é necessária?



Sanduíche Matinal
Astrid Cabral


Mastigam-se ao café
entre fatias torradas
jornais com pingos de sangue
jornais com furos de bala.
No portal da manhã
o sinistro sanduíche
energiza os transeuntes do dia.
(Engavetado o remorso
dos crimes bem menores)
Omissões? traições? covardias?
Transgressões mínimas.
Todos, subitamente, melhores.



quarta-feira, 13 de novembro de 2019

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Idalina lacrou no tacacá



Pedro Lucas Lindoso


Tia Idalina me encomendou tucupi, jambu e goma. Levei o desejado líquido em duas garrafas pet e o jambu congelado. A alegria de titia vale a pena aos atropelos de levar tais iguarias em meio à bagagem despachada.
Nada mais inusitado do que um tacacá na casa de tia Idalina, em Copacabana. Só havia seis cuias. Uma senhorinha carioca queria tomar tacacá num prato fundo. Com colher. Tia Idalina protestou:
– Não temos pressa. As pessoas vão tomando e eu vou lavando as cuias. Ora, até as mais famosas tacacazeiras de Manaus fazem assim.
De repente, chega Tina, sobrinha de Idalina, com um rapaz bonitão e forte. De barba cerrada. A moça apresentou-o como seu “crush”.
-Interessante, disse Idalina. “Crush” era um refrigerante de sabor laranja, que não fabricam mais. Agora significa namorado. Gosto de saber essas novas gírias. Mas não para usá-las. Jamais. E aconselho:
– Depois dos 50 anos não devemos usar gírias. Se não cair no ridículo denuncia a idade. Veja o Luisinho, fica falando gírias dos anos sessenta, como “É uma brasa, mora”. E chama os colegas de bicho! Ele e o Roberto Carlos.
– Então “crush” é a nova palavra para paquera. Há poucos anos usavam com frequência a palavra “ficante”. A moçada ficava. Fulana ficava com beltrano. Também está muito na moda a palavra namorido. Obviamente mistura de namorado com marido.
Alguém pergunta à titia como se dizia “crush” na sua época. A resposta foi hilária:
– Cacho. Dizia-se que fulana era cacho de fulano. Bem ofensivo, por sinal. Usava-se muito a palavra saçaricar. No sentido de saracotear e fazer gracejos.
O papo corria animado e todos se divertiram muito. No final a titia serviu uma deliciosa torta de banana pacovã. Só com suspiro. Sem creme. E perguntou:
– Então, gostaram do meu tacacá amazônico?
Tina foi logo dizendo:
- LACROU! Tia Idalina. É a nova gíria para arrasar. Era usada só pelo pessoal LGBT, mas todo mundo adotou agora.
– Gostei. No meu tempo se dizia abafar. Estou lacrando!


domingo, 10 de novembro de 2019

Manaus, amor e memória CDXLVI


A estupidez no trânsito de Manaus é antiga.
Avenida Eduardo Ribeiro.
Ao fundo, à direita, a cúpula envergonhada do Teatro Amazonas.

sábado, 9 de novembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Woman With Afro.
Laurie Cooper.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

A poesia é necessária?



O Cavaleiro da Esperança
Taiguara (1945-1996)


Quem só espera não alcança
mas quem não sabe esperar
erra demais, feito criança: cai
e até se entrega ou trai
e cansa de lutar

O Cavaleiro da Esperança
faz a hora acontecer
faz punho armado
faz pujança
mas combate pela paz
pro povo não morrer

Pois Ogum Guerreiro não morre
prestes a encontrar
uma estrela d'alva pra nos guiar

É soldado alerta, é São Jorge
prestes a enfrentar
o dragão do mal
que quer nos matar



quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Desert Sand.
Kirsi Salonen.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Menino não tinha vontades



Pedro Lucas Lindoso


Em outubro, comemoramos o dia das crianças. E o aniversário de Manaus, onde passei minha infância.  Muitos como eu estudaram e até sabem de cor o poema “Meus Oito Anos”, de Casimiro de Abreu. Decoraram pelo menos a famosa primeira estrofe: “Oh! que saudades que tenho / Da aurora da minha vida / Da minha infância querida / Que os anos não trazem mais!”
Sempre me chamou a atenção a estrofe que dizia: “Livre filho das montanhas, / Eu ia bem satisfeito / Da camisa aberto o peito / Pés descalços, braços nus. /Correndo pelas campinas”.
Só que em Manaus não havia montanhas e nem campinas. Mudamos para Brasília. Lá no Planalto Central também não há montanhas. Deve ser essa a razão de me encantar tanto com a paisagem do Rio de Janeiro. O Corcovado, o Pão de Açúcar, a Pedra da Gávea, os Dois Irmãos. Lindas montanhas.
Se fosse parafrasear Casimiro de Abreu a estrofe ficaria assim:
Livre filho de ruas e quintais / Eu ia bem satisfeito / Da camisa aberto o peito / Pés descalços, braços nus / correndo nas chuvas de Manaus.
E se ficasse gripado e com tosse? Aí tem uma lembrança não muito poética. Minha mãe preparava uma mistura de copaíba com andiroba. A base era um remédio vermelho chamado de colubiazol. A mistura era feita numa xícara. O dedo da minha mãezinha era encoberto por gaze e algodão. Após besuntar o dedo com a terrível e poderosa mistura, dava a ordem cruel e definitiva.
– Abre a boca!
Então era feita a temida embrocação. Para quem não sabe o que é embrocação, explico: aplicação de líquido oleoso com fins terapêuticos, em parte doentes; no caso, nas nossas gargantas inflamadas.
Eu não tinha vontade de fazer embrocação. Eu tinha vontade de assistir na TV o desenho dos Flintstones quando passava Tom e Jerry. Tinha que me conformar. Não tinha escolha.
Hoje a meninada toma antibiótico. E podem ficar à vontade em assistir na TV ou NETFLIX, a qualquer hora, o seu desenho animado favorito. É só ter vontade.
Sou de um tempo em que os adultos diziam e era verdade:
– Menino não tem vontades.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

domingo, 3 de novembro de 2019

sábado, 2 de novembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Communing with the Ancestors.
Hasani Claxton.