Amigos do Fingidor

domingo, 30 de junho de 2019

Manaus, amor e memória CDXXVII


O cartaz é grego, mas a cerveja é amazonense!


sábado, 29 de junho de 2019

Fantasy Art - Galeria


Harmonia Rosales.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Euclides da Cunha no IGHA


Entrada franca.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

A poesia é necessária?



o povo e o poema
Zemaria Pinto


sobre um poema
que não seja propriedade particular

sobre um poema/canção de guerra
a clamar
por todos esses soldados

sobre um poema de operários
camponeses, guerrilheiros

sobre um poema em que a fome
tome sua verdadeira forma de fome

sobre um poema concreto
de aço e cimento e queda

sobre um poema de enchente
de seca, de lepra

sobre um poema mendigo

sobre um poema de grito
de espanto

sobre um poema de sangue
de bomba, de pus e de raça

sobre um poema menor
de índio, de puta e de dor

sobre um poema que cale
a voz do generalato

sobre um poema oprimido
espremido, pichado

sobre um poema sem classes

é sobre esse poema que marcha o meu povo.

(1977 – sob a ditadura de Geisel)



quarta-feira, 26 de junho de 2019

Fantasy Art - Galeria


Kinshasa.
Seaty.

terça-feira, 25 de junho de 2019

Do imposto e da morte...



Pedro Lucas Lindoso


Meu amigo Dr. Chaguinhas me relata que um cliente seu foi pego na malha fina do imposto de renda. O sujeito, durante danos, colocou dois sobrinhos como dependentes. Os meninos nem sequer moram com o tal contribuinte sonegador. Ele apenas é padrinho de um deles. E os ajuda, esporadicamente. 
Nos Estados Unidos o rapaz estaria preso. Aqui, vai pagar uma multa, o imposto devido e pronto.
Em viagem de férias à Europa visitamos a cidade de Bruges, na Bélgica. A cidade ficou esquecida durante séculos. Por essa razão é uma das cidades medievais mais bem conservadas do mundo. Muito próspera até o século 15. Sua rede de canais, comparados a Veneza, fez de Bruges importante centro comercial na Idade Média.
Onde há grande movimentação comercial e geração de riquezas há poder constituído. Consequentemente, coleta de impostos. E sempre haverá contribuintes tentando burlar o fisco. Daí surgem os “planejamentos tributários”, ora lícitos, ora ilícitos. As coletas de impostos medievais em Bruges tinham como fato gerador a quantidade de janelas das casas que davam para os vários canais e ruas da cidade. Para fugir dos impostos, os contribuintes simplesmente aboliam as janelas, tapando-as. Assim, pagavam menos impostos.
A carga tributária dos brasileiros é uma das mais pesadas do mundo. Os amazonenses viram aumentar a conta de luz, que é uma das mais caras do Brasil, em razão de aumento de alíquota tributária pelo governo do Estado.
Tia Idalina é uma das poucas pessoas que não reclama em pagar imposto de renda.  Ela recebe dois salários de professora: um do estado outro do município. Além de uma felpuda pensão deixada pelo marido, membro vitalício de um generoso órgão colegiado, como há vários no país afora. E explica:
– Só paga imposto de renda quem tem renda. Eu pago. Graças a Deus. Veja a minha amiga Marilda, coitada. Recebe uma merreca de pensão do INSS. É isenta. Morro de pena. Além do que me descontam na fonte, eu pago. E com prazer.
Do imposto e da morte ninguém escapa, ensina tia Idalina.



segunda-feira, 24 de junho de 2019

domingo, 23 de junho de 2019

Manaus, amor e memória CDXXVI


Monumento ao Barão de Sant'Anna Nery, no extinto Jardim Jaú.
Foto: Marie Robinson.

sábado, 22 de junho de 2019

Fantasy Art - Galeria


Guichard Bunel.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

A poesia é necessária?



Dor elegante

Paulo Leminski (1944-1989)


um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegando atrasado
andasse mais adiante

carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha

ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer vai ser minha última obra

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Fantasy Art - Galeria


Fire touched.
Daniel dos Santos.

terça-feira, 18 de junho de 2019

Tudo era assim, despacito...



Pedro Lucas Lindoso


A jovem filha de meu amigo André cantou e dançou muito a música “Despacito”.  Até que, um dia, simplesmente Luana não a cantou mais. André pensou que a garota levaria pelo menos uns três meses cantarolando e dançando a canção de letra em espanhol. Eu levei anos e anos cantarolando “Pela luz dos olhos teus”, de Tom Jobim, cantado pela Miúcha, me disse André.
André reclamava que a filha trocou novamente de celular! É assim, hoje em dia. Tudo fica velho rápido. O celular, as músicas, as fotos. Antes tínhamos que esperar pela revelação de fotografias tiradas em máquinas exclusivamente fotográficas.  Rezando para que não “velassem”. Uma semana para receber aquelas trinta e seis fotos que contavam tudo sobre as férias de todo o verão. Luana havia tirado milhares delas e nunca revelou nenhuma. É tudo rápido e supérfluo.
Os celulares incorporam-se ao corpo das pessoas. São usados em todos os locais. Escolas, igrejas, hospitais, na rua, nos centros de compras, no cinema, nos banheiros. Enfim, o celular é usado em todos os lugares indistintamente. As pessoas sorriem, se espantam, ficam tristes unilateralmente, sem muitas vezes compartilharem fisicamente suas emoções com outras pessoas.
 André me disse que desistiu de usar o celular. Começou a ter taquicardia. Não aguentava mais. O tal de WhatsApp. Havia dois grupos familiares em que as notícias, “fakes” ou não, estavam sendo compartilhadas, semeando discórdia entre irmãos, cunhados, sobrinhos e primos.
Havia um tempo em que as notícias vinham pela boca do povo. Num português pausado, coloquial e gostoso.  Independentemente do falar ser correto ou não. Hoje as notícias chegam pela internet, com uma linguagem mais rápida, em sinais como se fossem hieróglifos modernos. Os termos reduzidos ou em abreviaturas suspeitas. E rápido. Muito rápido. Mais rápido que rapidamente.
Há ainda as notícias veiculadas nas redes sociais, impregnadas de muito ódio aos que pensam diferente do grupo emissor. Ou então mentirosamente melosas, com desejos de sucesso e felicidades copiados de outros compartilhamentos. Virtuais, mas, paradoxalmente, de uma falsidade real.
Luana havia perguntado ao André como era a vida quando ele era pequeno. André respondeu que a vida era tudo mais devagar. Devagarzinho como na música que Luana ouvia e não ouve mais. Tudo era assim, despacito...

domingo, 16 de junho de 2019

Manaus, amor e memória CDXXV


Praia da Ponta Negra.

sábado, 15 de junho de 2019

Fantasy Art - Galeria


Druna di Schiena.
Paolo Eleuteri.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Óscar Ramos (31/10/1938 – 13/06/2019)


O artista plástico e escritor Óscar Ramos.

Dez Ramos de Óscar

1 – Marandarilho, singrou os setenta mares da delicadeza;

2 – Louconauta da Navilouca, naufragou nos oceanos da sensualidade;

3 – A gávea de insulado é seu repouso;

4 – Em labirintos de pedras pintadas, perdeu-se de si, em mi maior;   

5 – Os japiins o festejam, cantando o seu corpo nu;

6 – Não é sangue que lhe corre nas veias: é clorofilamazônica;

7 – Concreta é a poesia que lhe escorre das mãos;

8 – A luz que emana da sombra é seu sol;

9 – Celebração de vida e de arte – arte comovida;

10 – Porque és barro e de barro se faz tua memória.

(Zemaria Pinto)

A poesia é necessária?


Canção da esperança

 Tenório Telles

Para Michele


Neste tempo desolado
de sonhos subtraídos
e utopias amortalhadas
– ergo este canto para celebrar
a esperança entressonhada

Neste tempo de partos sem flores
de silêncio e de almas violadas
– ergo este canto para celebrar
a semente que arde em luz.

Neste tempo de vidas fraturadas
de olhos imantados e corações ressecados
– ergo este canto para celebrar
a inocência e o brilho da infância.

Neste tempo de morte e de sombras
de guerras e de campos devastados
 – ergo este canto para celebrar
a vida e os que tombam pela liberdade

Contra toda desesperança
Contra toda cegueira e emudecimento
Contra toda indiferença

– Ergo este canto para celebrar
a manhã. os rios
as florestas e seus enigmas
– Ergo este canto para celebrar
os pássaros – suas cores e cantos
as flores. o ser humano e a utopia
e também os olhos da amada.

É para vós
este canto de esperança
– que mesmo sendo pranto –
se eleva como música luminosa.

É para vós
este canto de exaltação
– que floresça em vossos olhos
– que se faça verdade em vossas bocas
e nasça como verdade em nossas vidas.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Fantasy Art - Galeria


Andrius Kovelinas.

terça-feira, 11 de junho de 2019

Pão pão, queijo queijo



Pedro Lucas Lindoso


Paris é linda, mas para conhecer e entender os franceses não se pode esquecer que eles são cartesianos. A influência do pensador Descartes é significativa na cultura  francesa. Uma das lições de René Descartes que guardo na memória é que: “Não há nada no mundo que esteja melhor repartido do que a razão: todos estão convencidos de que a tem de sobra.” Inclusive, e principalmente, os franceses.
Talvez ninguém no mundo seja tão ou mais metódico e sistemático que os franceses. Ao chegarmos ao hotel, nos perguntaram a que horas iríamos tomar o café da manhã.  Havia senhas para: 6:30 – 7:30 – 8:30 – 9:30. Ficamos com a senha de 7:30.
Em frente a nossa mesa no café havia uma família francesa de quatro pessoas. Pais e um casal de filhos. O pai pegou uma baguete e a dividiu em quatro pedaços iguais. Parecia que tinha usado uma régua. Eles são “partager”, palavra que significa separar, dividir, compartilhar.
Descarte ensinou aos franceses que os humanos são diferentes dos bichos:
– Penso, logo existo.
Os jardins franceses como os de Versalhes são geométricos. A simetria é perfeita. Retratam perfeitamente a lógica cartesiana.
Lembrei-me de madame Carradot, minha professora de francês em Brasília. Esposa de um engenheiro parisiense que veio a Brasília quando da instalação do sistema francês  de controle de tráfego aéreo, nos anos de 1970. O sistema Cindacta. Madame Carradot dava aulas particulares de francês em sua casa. Éramos uma turma de cinco alunos.
No dia de seu aniversário nos ofereceu um bolo, um “gateau”, como se diz em francês. Madame repartiu o bolo em exatos seis pedaços. Para ela e os cinco alunos. “Bien partagé”, bem dividido. Simétrica e cartesianamente. Depois nos serviu um delicioso queijo francês. Compartilhado também em seis pedaços. Tudo na França parece ser organizado e simétrico sem jamais perder a formalidade. Na França é assim:
– Pão pão, queijo queijo. E que delícia de queijo.

domingo, 9 de junho de 2019

sábado, 8 de junho de 2019

Fantasy Art - Galeria


Tim Okamura.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

A poesia é necessária?



Rock and roll
Almir Graça (17.4.1955 – 1º.6.2019)


Olho nas cartas
elas me mostram reis
que eu nunca fui nunca serei

Olho na prata, no ouro,
no ferro, na bola, na lata,
até na fumaça,
onde está você,
que eu não sei?

Traduzo dos astros
meu destino eu escapo
nos meus sapatos
caminhos que não tracei

Chove na rua
na calçada
minha alma molhada
foge de mim
uma lágrima
não sei se chorei

Búzios, I ching, florais
guias, cristais
cadê o amor?
Eu não reconheço mais
Não me reconheço mais

quarta-feira, 5 de junho de 2019

terça-feira, 4 de junho de 2019

Percebes? Não percebi!



Pedro Lucas Lindoso


A comunicação entre humanos nunca foi muito fácil. O homem precisou criar a escrita para estabelecer leis e contratos. E assim melhor se comunicar.
Ouve-se muito – “não entendi”. “I don’t understand”, em inglês, a atual língua do mundo ocidental. Ora, principalmente entre pessoas de nacionalidade diferente, ou mesmo entre falantes da mesma língua, pode haver ruído na comunicação.  Em Inglês, a palavra “misunderstanding" significa que há um desentendimento, um conflito. Coisa diferente de um mal-entendido ou uma falha na comunicação. Para os linguistas o essencial é a competência linguística. Ou seja, o importante é ser entendido.
Nessas situações, em Portugal eles dizem: “não percebi”. Nós dizemos, geralmente, “não entendi”. Há muitas diferenças entre o português do Brasil e o de Portugal. Quando se vai lá, no avião já se “percebe” as diferenças. Não se faz conexão e sim “ligação”. Avião é avião e nunca “aeronave”. Os aviões fazem rolagem, descolagem e aterragem. Não há poltronas em aviões da TAP-AIR PORTUGAL. Há cadeiras e sob as cadeiras há coletes de salvação. Nós dizemos salva-vidas. Na descolagem e aterragem pede-se que endireite as costas das cadeiras, ora pois, pois. Nada de poltrona na vertical.  E ainda devemos colocar os celulares em “modo voo” e não no modo avião. Avião não tem parte “traseira”. Senta-se na retaguarda. 
São tantas as diferenças que se fica meio atordoado. Percebes? É bom planear a viagem, porque planejar é coisa de brazucas.
Quando se vai à Europa ganha-se pelo menos 5 horas de fuso. Ao desembarcar em Lisboa ou no Porto devemos procurar as malas nos “tapetes” porque não existem “esteiras” nos aeroportos de Portugal.
Meio atordoado, após tantas horas de voo e fuso horário diferente, dirigi-me em inglês à funcionária da TAP. Ela me deu uma “mijada”, como se diz em bom amazonês.
– O senhor é brasileiro. Fala-se Português em Portugal!
Morri de vergonha. Se fosse no Brasil alguém diria:
– Compreendeu ou quer que eu desenhe?
– Percebes? Não percebi!

domingo, 2 de junho de 2019

Manaus, amor e memória CDXXIII


Rodway engalanado.

sábado, 1 de junho de 2019

Fantasy Art - Galeria


Mermeid Watch.
Frans Mensink.