Quino, por J. Bosco. |
Mafalda, por Quino. |
ensaios, contos & outras prosas
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O sucesso alcançado por A selva, em escala internacional – Ferreira de Castro chegou a ser considerado, não sem controvérsia, um renovador do romance português –, toldou a avaliação crítica da obra, especialmente, no Brasil, onde ainda é, e com justa razão, a maior referência na prosa de ficção que trata do ciclo econômico da borracha. A revisão a que nos propomos é quanto à essência da obra – desde as falhas na arquitetura histórica da trama até a estruturação psíquica das personagens. Não nos move destruir o mito, mas sim lançar sobre ele a luz de um novo entendimento. E de uma vez por todas – será isso possível? – desassociar a figura da personagem de ficção Alberto da figura histórica do escritor José Maria Ferreira de Castro. Separar a verdade da ficção da ficção da verdade.
(Zemaria Pinto)
Pedro Lucas Lindoso
Domingo.
Recebemos a visita de nossa netinha Maria Luísa. Durante a quarentena ficamos
quase cinco meses sem contato. A recente revisão das medidas restritivas parece
que aliviaram as saudades dos avós. Com
o uso de máscaras e sem aglomerações os netos foram liberados para visitar-nos.
Um alívio relativo. As preocupações com o contágio do terrível corona
continuam. E não se pode relaxar.
A
escola de minha neta Maria Luísa reabriu obedecendo a todas as normas
sanitárias. Uso de máscara, distanciamento e álcool em gel. E ainda há um
rodízio de alunos. Mas até quando?
Em
princípio parecia temerário o retorno. Mas para a Maria Luísa acho que foi um
ganho. Principalmente no seu psicológico. Há que se priorizar a saúde, sem
dúvida. Evitar-se o contágio. Mas o aspecto de saúde mental não pode ser
negligenciado.
Maria
Luísa mora em casa espaçosa, com piscina e tem a atenção constante de adultos
responsáveis. Mas sentia falta dos amiguinhos. Voltar às aulas foi bom. E o
fato de poder visitar os avós eventualmente trouxe a ela a sensação de que a
pandemia havia terminado.
Uma
jovem mãe que está em teletrabalho confessou no grupo de whatsapp que se sente
culpada ao brincar com os filhos. Simplesmente porque acha que deveria estar
trabalhando. Entretanto, quando está trabalhando, acha que deveria estar com os
filhos.
O
importante é os pais não transmitirem tanta ansiedade para as crianças nestes
tempos tão complicados. Maria Luísa é privilegiada nesse aspecto.
Nossa
conversa de domingo girou em torno das festinhas de aniversário. Maria Luísa
teve a sorte de fazer anos em fevereiro. Sua festinha foi antes da pandemia. O
tema foi a princesa Ariel e companhia.
Uma festa muito bonita e Maria Luísa irradiava felicidade.
Acostumada
a ir a aniversários temáticos, tem sentido falta. E comentou:
– Sinto
falta de brincar em festas com meus amigos. Festa no computador não tem graça.
A gente não brinca junto, não corre, não se diverte. E questionou:
– Vovô,
esse corona já foi embora ou não? Disse-lhe que infelizmente “ele” ainda estava
por aí. No que ela perguntou:
– Mas
até quando, vovô?
Errei, sim
Zemaria Pinto
Manchou
o quê? Que conversa mais idiota. E o meu nome, como ficou? Antes, eu era a
amante; agora, sou a puta. O bar todo sabe quem eu sou, o que eu sou, o que
fizeram comigo e o que fiz em troca. Somos feitos todos com mesma lama, homens
e mulheres. Quem se digna a ficar trancada em casa em troca de comida diária, aluguel
mensal e bijuterias de vez em quando? Prefiro me virar. É muito mais divertido.
Quer saber? Se a vida fosse um grande parque de diversões, eu ia preferir a
montanha-russa ou pelo menos a roda-gigante. Nada de carrossel ou castelo de
princesa. No mais, é como dizia minha vó: quem tem uma tem uma; quem tem todas
não tem nenhuma. Garçom!
Errei, sim (1950), de Ataulfo Alves (Miraí-MG, 1909-1969).
Samba-canção.
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Presença africana
Alda
Lara (1930-1962)
E apesar de tudo,
ainda sou a mesma!
Livre e esguia,
filha eterna de quanta rebeldia
me sagrou.
Mãe-África!
Mãe forte da floresta e do deserto,
ainda sou,
a Irmã-Mulher
de tudo o que em ti vibra
puro e incerto...
A dos coqueiros,
de cabeleiras verdes
e corpos arrojados
sobre o azul...
A do dendém
nascendo dos abraços das palmeiras...
A do sol bom, mordendo
o chão das Ingombotas...
A das acácias rubras,
salpicando de sangue as avenidas,
longas e floridas...
Sim!, ainda sou a mesma.
A do amor transbordando
pelos carregadores do cais
suados e confusos,
pelos bairros imundos e dormentes
(Rua 11!... Rua 11!...)
pelos meninos
de barriga inchada e olhos fundos...
Sem dores nem alegrias,
de tronco nu e musculoso,
a raça escreve a prumo,
a força destes dias...
E eu revendo ainda, e sempre, nela,
aquela
longa história inconsequente...
Minha terra...
Minha, eternamente...
Terra das acácias, dos dongos,
dos cólios baloiçando, mansamente...
Terra!
Ainda sou a mesma.
Ainda sou a que num canto novo
pura e livre,
me levanto,
ao aceno do teu povo!
(Benguela,
1952)
Pedro Lucas Lindoso
A tia
Idalina não se serve de arroz antes de colocar qualquer outra coisa no prato. O
motivo? Pura superstição. Diz ela que arroz é comida de gente pobre e produzido
em larga escala em países pobres. Para não desrespeitar titia, guardei o
comentário para mim. Quanta bobagem!
O fato
é que o arroz, ou melhor, o preço do arroz, tem ocupado a mídia, escrita,
televisionada e todas as outras chamadas mídias sociais.
Incrível
a imaginação dos brasileiros para fazer piada em situações de conjuntura
política, econômica e social. Um craque nisso foi o escritor, cronista e
humorista brasileiro chamado Sérgio Porto. Usava o pseudônimo de Stanislaw
Ponte Preta. Famoso nos anos de 1960 com o livro Febeapá – O Festival de
Besteira que assola o país. Ponte Preta está fazendo falta.
Como eu
tenho a minha querida tia Idalina, Sergio Porto tinha a tia Zulmira. Carioca,
Zulmira teria sido cozinheira da coluna Prestes e namorada de Charles Darwin.
Ah! Foi também colega de Albert Einstein. Tia Idalina obviamente não supera a
tia Zulmira, nem em fama nem em curriculum, mas, modéstia à parte, chega perto.
Voltemos
ao preço do arroz. Há os que justificam a crise culpando os responsáveis pela
desocupação dos produtores de arroz da Raposa Terra do Sol. O governo explica
que com a safra catarinense de janeiro vai normalizar.
Para
tia Idalina a questão do aumento do preço tem um culpado. É o tal de “arroz de
festa”. Como se sabe, chama-se de “arroz de festa” à pessoa que se faz presente
em todas as festas. Ou mesmo quem comparece ou está em todos os lugares ao
mesmo tempo.
Tia
Idalina, mesmo não tendo sido companheira de Einstein como tia Zulmira, tem um
raciocínio lógico espetacular. Insiste em culpar o aumento do preço do arroz ao
tal “arroz de festa”. E explica:
Mesmo
sabendo que o corona ainda circula pelo planeta, o “arroz de festa” saiu da
quarentena. Como é de seu feitio, começou a ir em todas as festas, bares,
shoppings, praias e aglomerações diversas.
O óbvio
aconteceu. O “arroz de festa” espalhou o corona por onde passou. Aumentou o
número de infectados e ainda subiu de preço. Titia tem apelado para todo “arroz
de festa”:
#FIQUEM EM CASA!
Na banda da Caxuxa, Mestre Pinheiro, ladeado por Zemaria Pinto e Simão Pessoa. |
Um encontro de Mestres: Monarco e Pinheiro. |
La barca
Zemaria Pinto
A vida
é uma sucessão de chegadas, desencontros e partidas. Nosso ciclo se fechou.
Agora, sou um porto deserto na escuridão da tua ausência. Enquanto o teu navio segue
em busca de outros portos – eu, uma ilha perdida, fora do mapa, olho o oceano
deste copo e nele mergulho sem pressa, sorvendo cada gota como se fora a última
boca. As horas avançam e logo o sol se acenderá. É quando sinto que a distância
agrava mais e mais a dor da lembrança de quem dela se torna o mais canalha dos
servos.
Didática
Anibal Beça (1946-2009)
Queda a
palavra não dita
mas, dita
pela escrita,
fica sem
resposta clara,
se verde é o
grão dessa fala.
Ai força que
faz do verso,
misterioso voo
disperso,
aberto por
linhas tortas:
chave do
vento sem portas.
Nesse ofício
da solidão,
o poeta
arruma a alma:
espinho e
palavra na mão.
E a pluma
azul, aqui e agora,
decifra os
signos e as coisas,
frágua do
tempo e sua hora.
Pedro Lucas Lindoso
Estou
preocupado com minha querida tia Idalina. Achei-a depressiva. Nunca tinha visto
titia tão triste. Disse-me estar cansada das restrições da quarentena.
Ficou
abalada por não ter havido o desfile de Sete de Setembro. Pela primeira vez, em
anos, deixou de ir à parada. Idalina é filha de ex-combatente da II Guerra. Tem
o maior orgulho. Diz sempre que ele colocou a vida em risco pela liberdade. Foi
para Itália no quarto escalão da FEB, em novembro de 1944.
Seu pai
desfilava todo dia 7 de setembro. Primeiro, aqui em Manaus, na avenida Eduardo
Ribeiro. Depois quando se mudaram para o Rio, no Aterro do Flamengo. Até
morrer. Idalina nunca perdeu um desfile.
Com o
cancelamento da parada por conta da pandemia, ficou desolada. Perguntou-me se
teria sido cancelada ou se foi adiada. Lembrou que alguns eventos tinham sido
adiados para novembro. Deviam fazer o desfile dia 15 de novembro, dia da
Proclamação da República.
Aconselhei
a titia a mandar sua ideia de fazer o desfile dia 15 de novembro para o Palácio
do Planalto. Mas acho pouco provável que seja aprovado. Aglomerações parecem
estar proibidas até o fim do ano.
Idalina
recordou o tempo em que ela também desfilava. Era aluna do Colégio Estadual
Pedro II. Foi baliza da banda do colégio. Lembrou-se de seu bastão, todo
enfeitado. Marchava à frente da banda com garbo, dança e beleza. Sua função era
atrair a atenção das pessoas para a maravilhosa banda do Colégio Estadual.
Idalina
apresentava-se com orgulho e simpatia. Depois corria para esperar seu pai
desfilar junto com os outros expedicionários, heróis da pátria.
O
cancelamento da parada abalou Idalina. A preocupação dela agora é se vão
cancelar a Missa do Galo. Outro evento anual que ela não perde. Reclamou que
nos últimos anos as missas são rezadas às 21.00 horas e não mais à meia-noite.
Disse-lhe
que na Catedral de Saint Patrick em Nova Iorque a missa é meia-noite. Chamada
de Midnight Mass. Muito disputada. Vamos reservar ingressos com antecedência.
Que tal passar o Natal em Nova Iorque? Fiz essa promessa para alegrar a titia.
É só o corona ir embora.
– Xô,
corona! exclamou Idalina.
Último desejo
Zemaria Pinto
Esta é
a última vez que estaremos juntos. É bom que o bar inteiro sirva de testemunha.
Duas pessoas civilizadas resolvem dar um basta no sofrimento recíproco – é isso
o que todos estão pensando. Amanhã, estaremos em mesas diferentes, com pessoas
diferentes. Só te peço uma coisa: se alguém perguntar, diz que ainda me amas,
que estás sofrendo, que não sabes o que será da tua vida, essas coisas que os
homens infelizes dizem. E a quem não perguntar, diz que foi melhor assim,
afinal, o bar sempre foi meu doce lar. É irônico: tendo começado num alegre São
João, o nosso amor morre hoje, sem choro nem vela, nos versos tristíssimos de
um samba-canção.
Último
desejo (1937), de
Noel Rosa (Rio de Janeiro-RJ, 1910-1937). Samba-canção.
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Instrução
Inácio Oliveira
Andar entre as feras,
domar as bestas
Alimentar os lobos e
desprezar os cães,
Observar a discreta orgia
dos insetos.
Saber que as árvores
crescem em segredo
Amar os loucos e aquilo
que neles é refúgio
Agir como os pássaros
dentro de um incêndio,
Entender que só o fogo é
sagrado
E sua chama, metáfora de
tudo que existe.
Pedro Lucas Lindoso
Em
setembro, quando se comemora a elevação do Amazonas à categoria de Província,
no dia 5, e a nossa independência de Portugal, no dia 7, não deixo de sentir um
certo ufanismo. Mas sem excessos. Tenho sim, orgulho de ser brasileiro e de ser
amazonense. Assim como de ter estudado e vivido na bela Brasília, capital desse
imenso e contraditório Brasil.
Uma das
grandes satisfações que tenho é pertencer ao IGHA – Instituto Geográfico e
Histórico do Amazonas. Ocupo a cadeira número 10, cujo patrono é Gonçalves Dias.
Nesses dias de patriotismo aflorado, impossível não me lembrar de “Canção do
Exílio", possivelmente a obra mais conhecida de Gonçalves Dias:
“Minha terra tem palmeiras, onde canta o
Sabiá; as aves, que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais
estrelas, nossas várzeas têm mais flores, nossos bosques têm mais vida, nossa
vida mais amores... Não permita Deus que eu morra, sem que eu volte para lá;
sem que eu desfrute os primores que não encontro por cá; sem qu'inda aviste as
palmeiras, onde canta o Sabiá”.
A
literatura essencialmente brasileira se inicia no Romantismo. Esse poema foi
escrito nos meados do século 19. Gonçalves Dias encontrava-se em Portugal e
sentia-se “exilado”. Expressa um evidente patriotismo romântico. E está eivado
de sentimentos de saudades.
Estou
me sentindo assim, também. Sinto-me meio que exilado dentro do meu país. E com saudades. De um tempo em que meus
conterrâneos eram tidos como “um povo cordial”. Se não de todo cordial, menos
raivoso, pelo menos.
A razão
disso é essa declarada divisão e guerra ideológica entre as pessoas. Entre
amigos, familiares e colegas. Fiquei triste em saber que um grupo de canto
coral em Brasília dissolveu-se. A maestrina e o patrocinador e dirigente do
coral não conseguiram conciliar desavenças políticas e ideológicas. E acabaram
com o coral.
Isso
tudo é muito triste. É lamentável. Só me resta continuar evocando Gonçalves
Dias. E, romanticamente, esperar que os brasileiros, em uníssono, possam voltar
a acreditar que:
“Nossos bosques têm mais vida; Nossa vida mais
amores”.
Estamos na semana da pátria. Pense nisso.
Quizás, quizás, quizás
Zemaria Pinto
Talvez
é uma palavra terrível, na sua carga de incerteza e desesperança. É mais cruel
que o não, mais dolorido que o silêncio. Enquanto isso, passas de mão em mão,
borboleteando pela pista de dança, e eu me perguntando, humilhado: quando? Chegada
a minha vez, esperando a pergunta de sempre, me encontras de olhos baixos e
lábios trêmulos, balbuciando a mesma resposta. Entre a tua insegurança e o meu
desespero, o nosso tempo se esvai na vertigem de mais uma madrugada perdida.
Quizás,
quizás, quizás
(1947), de Oswaldo Farrés (Cuba, 1903-1985). Bolero.
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Catar Feijão
João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
(A Alexandre O’Neil)
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar
nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e
eco.
Ora, nesse catar feijão entra um
risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar
dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais
vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com o risco.
Pedro
Lucas Lindoso
O pior
da quarentena não é ficar enfurnado em casa. Pelo contrário, até gosto muito.
Sinto falta do contato com amigos e de ir ao cinema. É verdade. Também me fazem
falta as confraternizações e reuniões nas diversas instituições das quais
participo. São associações de escritores, saraus literários, encontros no IGHA –
Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas.
E claro, as reuniões de família com a presença de filhos, genro, nora e
da minha netinha Maria Luísa.
Como
disse, não é ruim ficar em casa. Tenho uma rotina e estou em teletrabalho. Tenho escutado as pessoas dizerem que estão
em “home office”. Uso errado do anglicismo. Bem, eu estou em teletrabalho e
trabalhando de casa no meu escritório doméstico (home office). Nem todos têm
escritório em casa. Uns trabalham da sala, da cozinha ou mesmo do quarto. Em inglês
existem as palavras “telework” ou “remote”. Mas pouco usadas. Meus amigos
americanos me relatam durante a pandemia: “we are working from home”. Estamos
trabalhando de casa.
Outra
coisa boa da quarentena é ter mais tempo disponível para leitura. Atividade da
qual gosto muito. Mas o que eu sinto falta mesmo é de viajar. Estou lendo um
livro do italiano Antonio Tabucchi, chamado Afirma Pereira. Se passa em Portugal. Tabucchi adora viajar.
Teria dito ao Jornal de Letras de Lisboa, sobre o ato de viajar: “Mesmo que não
aconteça nada verificável, no plano do real, sempre favorece uma sucessão de
ideias, uma espécie de fantasia”.
Minhas
viagens também são sempre fontes de inspirações, de deleite, de exercícios de
imaginação e de fantasias.
Muitos
conhecem a frase de Fernando Pessoa – Navegar é preciso, viver não é preciso. A
interpretação mais festejada é aquela que entende que navegar é preciso, no
sentido de exatidão. Necessitamos de cálculos, de precisão. Já a vida é
imprecisa. Não podemos calcular nem predizer o futuro.
O
romano Plutarco teria dito: “Navegar é necessário, viver não é”. Pessoa teria
se inspirado na frase da obra “Vida de Pompeu”. O general romano incitava os
marinheiros temerosos em navegar, dizendo: ”navigare necesse, vivere non est
necesse”.
A genialidade de Fernando Pessoa está
justamente no jogo de palavras. Na minha interpretação pessoal gosto de
entender que navegar é necessário, mas viver também é necessário. Viver não é
preciso, no sentido de não haver precisão em calcular o futuro e as incertezas
que enfrentamos.
Enfim,
quero o fim da pandemia, porque viajar é preciso!