Cidade Flutuante, bairro-favela sobre o rio Negro, na frente de Manaus – uma gigantesca jangada. A miséria como cartão postal. |
domingo, 30 de outubro de 2016
Manaus, amor e memória CCLXXXVIII
sábado, 29 de outubro de 2016
Aristóteles Alencar é eleito para a Academia Amazonense de Letras
O cardiologista Aristóteles
Comte de Alencar Filho foi eleito na manhã de hoje para a cadeira n° 39, que tem Alfredo da Matta como patrono, vaga com a morte de Mário Moraes. O novo acadêmico tem 61 anos e, além
de dezenas de artigos e capítulos de livros, de cunho científico, é autor do
livro Discursos e Crônicas (Manaus:
Reggo, 2016).
sexta-feira, 28 de outubro de 2016
Portugal para principiantes 23 (final)
No Museu Calouste Gulbekian. Não anotei nada. Fica logo na entrada... |
A Torre de Belém, vista da paragem do autocarro, quer dizer, da parada do ônibus. |
Jardim do Mosteiro dos Jerônimos. |
Um dos muitos jardins do Castelo da Pena. |
Órgão de uma igreja em Coimbra... |
Símbolo da Herdade do Esporão, ao vivo. |
Coimbra, de novo e sempre. |
O Douro, tomando sol. |
Viela da labiríntica Alfama, numa tarde de primavera. |
O legendário... Seu mais ilustre frequentador é sempre lembrado. |
Na avenida da Liberdade, há inúmeros monumentos e esculturas. |
Valeu a pena? Tudo vale a pena – se o vinho é bom e a alma não é pequena. |
764 fotos. 264 postadas. Do refugo, vão mais 12.
Ao acaso das melhores lembranças.
Fotos e texto: Zemaria Pinto.
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Zemaria Pinto
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
Construções da saúde e da doença no sedentarismo egípcio
João Bosco Botelho
No
Egito dos faraós, uma das mais extraordinárias reconstruções das linguagens-culturas
após o sedentarismo, os ventos eram responsáveis pela saúde e doença: “Quanto
ao ar que penetra no nariz, ele penetra dentro do coração e nos pulmões e são
eles que o distribui para todo o corpo”.
Como entre os assírio-mesopotâmicos, contudo,
a importância do sangue também estava presente no panteão egípcio. O Livro dos Mortos conta como os deuses
Hu e Lia surgiram do sangue que corria do pênis de Ra, o do deus-sol, quando
ele se mutilou. As múmias mais importantes eram pintadas de vermelho para lhes
conferir a força do sangue e amuletos de pedras vermelhas, representando o
sangue de Ísis, eram usados pela mesma razão.
O
exame físico dos doentes valorizava a inspeção e a palpação, notadamente, do
pulso periférico associado às batidas do coração: “O começo do segredo dos
médicos: conhecer os segredos da marcha do coração e conhecimento do coração.
Existem vasos que se dirigem para todos os membros. Quanto a isso que todos os
médicos ou todos os sacerdotes de Sekhmet ou todos os mágicos, quando colocam
os dedos, na cabeça ou na nuca, ou sob as mãos ou no coração ou sob os dois
braços ou sob as duas pernas ou em qualquer parte, ele sente qualquer coisa do
coração pelos vasos que vão a cada um dos membros, é de lá que ele fala dentro
dos vasos de cada membro” (Papiro de Ebers 854 a).
Um
aspecto fascinante nos primeiros registros das práticas médicas, no
sedentarismo, é a complexa relação entre as idéias e crenças religiosas e a
medicina. Mesmo com a forte presença e deuses e deusas curadoras, a semiologia
baseada na inspeção, palpação e ausculta valorizava sinais e sintomas até hoje
valorizados: a dor, nível da consciência após o trauma, coloração da pele,
hematomas, paralisias e o aspecto da urina e fezes.
Entre
os principais grupos de doenças descritas é possível distinguir: – Cardiovasculares,
relatos precisos da palpitação e da insuficiência cardíaca com edema pulmonar e
aumento do volume do fígado;
– Pulmonares,
agrupadas sob a designação de tosse; no papiro de Ebers, números 326 a 335, consta
um quadro clínico semelhante à asma sob o nome gehoul;
– Anais
e perianais, a maior parte da população no Egito antigo habitava áreas de
pântanos e várzeas, junto com animais de pastoreio, com infestação de parasitas
intestinais.
Apesar das dúvidas quanto aos motivos, a
circuncisão era praticada, no Egito, desde as primeiras dinastias. As provas
evidentes desse fato podem ser encontradas nas pinturas ou esculturas onde o
pênis é representado sem prepúcio.
Intimamente relacionada à crença no renascimento, a
mumificação alcançou extraordinário desenvolvimento. Imediatamente após a
morte, o cadáver era entregue aos especialistas que procediam ao
embalsamamento, resultando em extraordinário conjunto de ações com os objetivos
de conservar, separadamente, o corpo e as vísceras. O rito compreendia: extração
do cérebro liquefeito pelo nariz com a ajuda de instrumentos pontiagudos, retirada
dos órgãos do abdome e tórax por meio de incisão no flanco direito. As vísceras
eram tratadas e depositadas em vasos funerários que variavam segundo as posses
da família do morto. Nessa condição, o corpo era submergido em banho de natrão
(carbonato de sódio natural), por setenta dias. O corpo desidratado era
cuidadosamente envolto, em vários planos, com tiras estreitas de panos
impregnados com resina.
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
terça-feira, 25 de outubro de 2016
PT SAUDAÇÕES
Pedro Lucas Lindoso
Um jovem me pergunta a origem da
expressão PT SAUDAÇÕES. Digo-lhe que no século passado, a ECT – Empresa de
Correios e Telégrafos ganhou rios de dinheiro com telegramas.
Decreto de 1895, de Prudente de Moraes,
concedeu 30 anos de exclusividade ao Sir Richard J. Reidy, representante da Amazon
Telegraph Company. Isso, nos áureos tempos da borracha. Também com grandes
lucros. Nesse caso, para os súditos do Império Britânico.
Quando não havia computadores
pessoais, nem internet, nem e-mails, ou WhatsApp, a comunicação mais rápida e
urgente era feita por telefone ou por telegramas.
Aprendia-se, no antigo Ginásio, hoje ensino
fundamental, a fazer redação, composição, carta comercial e telegramas. Fui
ensinado que não se usava preposição nem pontuação em telegramas. Ponto era PT,
vírgula, VG. Exemplo de telegrama comercial urgente: DIRETOR VISITARÁ MANAUS PT
AVISAR MOTORISTA VG SECRETARIA PT SAUDAÇÕES. (Nessa época o Partido dos Trabalhadores
nem existia).
Era muito comum e de bom tom,
enviar telegramas de felicitações em aniversários, casamentos e bodas. Principalmente por se morar em outra cidade.
Era também usual enviar
telegramas de pêsames. Aderson de Menezes, amigo irmão de meu pai e meu
padrinho, faleceu em Brasília. Há mais de 40 anos. Lembro-me de tia Lúcia
Menezes, auxiliada por minha mãe, sua comadre, abrindo dezenas e dezenas de
telegramas de pêsames. Ambas em lágrimas. Os telegramas eram em sua maioria
vindos de Manaus. Aderson de Menezes, jurista emérito, foi o primeiro reitor da
Federal do Amazonas.
Hoje as famílias enlutadas
recebem condolências por e-mail, via facebook ou WhatsApp.
Minha filha casou-se recentemente.
Recebeu um único telegrama de uma amiga minha de Brasília. Para espanto de meu
genro que nunca havia recebido mensagem por essa “rede social” chamada
telegrama.
Terminando as explicações ao
jovem midiático do século XXI, disse-lhe que, antigamente, bem antes do partido
político existir, quando se queria terminar um assunto, uma conversa, dizia-se:
PT SAUDAÇÕES.
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
Do desespero
Em tempos de crise, a última coisa a cortar é o cafezinho. Em
tempos de desespero, corta-se primeiro o açúcar.
(João Sebastião – poeta nefelibata,
filósofo de boteco, profeta do caos – refletindo sobre a passagem da crise ao
desespero. Ou da Dilma ao Temer, sei lá.)
domingo, 23 de outubro de 2016
Manaus, amor e memória CCLXXXVII
sábado, 22 de outubro de 2016
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
Portugal para principiantes 22
Retrato de uma jovem, por Ghirlandaio (1449-1494). |
Amores de
centauros, por Rubens (1577-1640).
|
Figura de velho, por Rembrandt (1606-1669). |
Retrato de Madame La Porte, por Nattier (1685-1766). |
Cupido e as três graças, por Boucher (1703-1770). |
Ártemis e
Calisto, por Natoire (1700-1777).
|
O espelho de Vênus, por Burne-Jones (1833-1898). |
Diana, por Jean-Antoine Houdon (1741-1828). |
Busto de Molière, por
Jean-Jaques Caffiere (1725-1792). |
Busto de Victor
Hugo, por Rodin (1840-1917).
|
Fotos e texto: Zemaria Pinto.
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Zemaria Pinto
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
Uma arqueologia do sagrado na terra cultivada
João
Bosco Botelho
A
transformação social, também chamada de revolução agropastoril, do Neolítico se
processou como o produto final de combinações de circunstâncias que culminaram
com técnicas para retirar da terra parte do sustento, sem dúvida, impondo
profundas reconstruções no entendimento das doenças e da saúde.
Fortes
indícios arqueológicos apontam para a valorização de certos elementos sagrados em
torno do entendimento da morte. Alguns continuaram acompanhando as muitas
linguagens-culturas nas novas trajetórias de conquistas. O espaço dominante foi
deslocado, efetivamente, em direção das terras férteis próximas aos rios e lagos.
O lago
de Stellmoor, próximo de Hamburgo, na Alemanha, foi especialmente significativo.
Muitos objetos, aparentemente sagrados, com datação de 8.000 anos, assegurada
pelo carbono 14, foram encontrados enterrados próximos das margens. Um deles
despertou muita atenção: a estaca de pinho com um crânio de rena na sua porção
mais alta, por certo esculpida por caçadores-coletores, já sedentários, que valorizavam
esse animal como fonte de sobrevivência.
Em
outra área de pesquisa arqueológica neolítica, não muito distante da anterior,
foi resgatado um tronco de salgueiro com mais de três metros de comprimento,
grosseiramente esculpido evidenciando a cabeça e o pescoço de uma figura
humana.
O
simbolismo expresso nos totens está claramente configurado na convivência de
dois momentos distintos do universo mítico da pré-história: a divinização do
bicho e a do próprio homem. Parece lógico pressupor não ser difícil a quem já
tornou sagrado o circundante, tomar para si a sagração.
As práticas
médicas provavelmente inseridas como especialidade social nessa fase do
desenvolvimento social sofreram influências das interpretações mágicas da
natureza, ligadas à terra cultivada: complexo sincretismo das crenças herdadas
do nomadismo, com as outras, mais recentes, do sedentarismo.
As
heranças das linguagens-culturas dos caçadores-coletores, ligando-os aos
animais, simbolizadas na pintura rupestre do médico-feiticeiro, na gruta Trois
Frères, situada na fronteira franco-espanhola, e na escultura da mulher
grávida, em processo de parto, mostrando grande edema vulvar, sem conseguir
parir, sob a rena de mamas túrgidas, deixaram traços definidos na nova
adaptação às mudanças provocadas pelo cultivo da terra e pelo pastoreio.
A divisão
de trabalho que se seguiu interferiu decididamente no tipo de doença do homem
como consequência da aquisição de novos hábitos sociais e da maior intimidade
com a terra cultivada, onde vivem a maior parte dos vermes que continuam
parasitando humanos e animais.
As
relações míticas do homem com o animal, que predominaram na pré-história, foram
modificadas com a terra cultivada. A ordem religiosa anterior foi substituída
pela solidariedade mística com o vegetal. O osso e o sangue foram deslocados
pela terra para o esperma. Ao mesmo tempo, ocorreu a ascensão da mulher no novo
espaço social, porque passou a ser reconhecida, tal como a mãe-terra reproduzia
o alimento indispensável à vida, como a reprodutora do homem no seu próprio corpo.
O
simbolismo sexual se tornou evidente nas muitas esculturas dos instrumentos
para arar a terra em forma de falo e das figuras femininas obesas com enormes
mamas, conhecidas como Vênus pré‑históricas. O pênis ao penetrar na mulher para
fecundar passou a ser comparado ao arado rasgando a mãe-terra para germinar o
alimento, garantindo a sobrevivência do grupo.
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
terça-feira, 18 de outubro de 2016
Entre floradas, uma mangueira ferida
Pedro Lucas Lindoso
Estamos no mês de setembro
quando começa a primavera e se comemora o dia da árvore. Pude observar que alguns
ipês da Avenida Djalma Batista nos brindam com uma simpática florada. Um presente
para Manaus nesta primavera. Espera-se que seja a primeira de muitas floradas. Um
presente da natureza aos cem anos do homem que dá nome à avenida. Amante da nossa
biodiversidade, médico, cientista e grande conhecedor da Amazônia, Djalma
Batista é merecedor. Além dos ipês, a Academia Amazonense de Letras e o IGHA –
Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas também se reflorescem em
homenagens ao grande amazônida e saudoso confrade.
Mas nem tudo são flores.
Converso com Alcimar, taxista cujo ponto de apoio é na Estrada dos Franceses,
em frente ao condomínio Ouro Verde. O rapaz está desolado. Há uma mangueira que
além de bons frutos fornece aos bravos taxistas do local sombra reconfortante e
acalentadora. Sombra tão necessária em nossa Manaus de clima quente e úmido. Desafortunadamente,
algum “desconhecido do bem”, saiu cortando ao redor da frondosa árvore,
envenenando-a.
Um grupo de indignados
taxistas que fazem ponto no local resolveram se cotizar para tentar salvar a
mangueira ferida. Foram à tradicional Casa do Campo, que se localizada na
Avenida Djalma Batista, ora abençoada pela florada de ipês.
O solícito vendedor prescreveu
um medicamento para salvar a mangueira vítima de um desatinado insano. Garantiu aos taxistas que ela sobreviveria ao
intolerável ataque sofrido.
Os taxistas desconhecem o
malfeitor e não sabem explicar as razões do ato execrável. A mangueira continua
sofrida e parecendo estar quase morta. O único conforto para a moçada do ponto
é que o rapaz da Casa do Campo garantiu que a mangueira ficaria boa.
Se vivo fosse, o Dr. Djalma
Batista ficaria feliz em ver as floradas na avenida que leva seu nome. Igualmente,
contente pelas homenagens e seminários na Academia Amazonense de Letras. Mas
ficaria muito indignado em saber que há uma mangueira dolosamente ferida de
morte na Estrada dos Franceses.
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Thiago de Mello e Armando de Menezes: 90 anos de poesia e memória
O evento será na próxima sexta-feira, 21 de outubro, a partir das 20h. |
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domingo, 16 de outubro de 2016
sábado, 15 de outubro de 2016
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Portugal para principiantes 21
Construída
no século XVI, a Casa dos Bicos, no Centro Antigo de Lisboa, abriga o museu da Fundação Saramago. |
Carteiras de aluno ordinário do pequeno José de Souza Saramago. |
Levantado do Chão, de 1980, foi a obra que apresentou
Saramago ao mundo, aos 58 anos. |
O prêmio!
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Uma
velha máquina de escrever de Saramago. Ambiente fictício, claro: ninguém cria vida em espaço tão clean... |
O Museu do Fado, em plena mal-afamada Alfama.
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O Marinheiro, tríptico de Constantino Fernandes
(1913),
uma das relíquias do Museu do Fado, onde mais e melhor se ouve que se
vê.
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O Fado, de José Malhoa (1910). O fado, como
o samba, nasceu marginal e malvisto
pela gente branca e cristã portuguesa,
antes de ganhar o mundo.
|
Ana
Moura renova o fado sem provocar revoluções: a tradição alimenta-se do novo e mantém-se viva, sem apelos bregas – afinal, Portugal é um país sério. |
Fotos e texto: Zemaria Pinto.
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quinta-feira, 13 de outubro de 2016
Bob Dylan ganha o Nobel de Literatura!!!
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