A Cia de Teatro Vitória
Régia vem apresentando, sempre às quintas-feiras, o ciclo Teatro e Resistência – leituras dramáticas.
Com excelente repercussão
junto ao público, já foram feitas as leituras de Abajur Lilás, de Plínio Marcos; Patética,
de João Ribeiro Chaves Neto; Eles não
usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri; e Campeões do mundo, de Dias Gomes. Peças que, sem perder a condição
de arte, retratam com muita propriedade a vida brasileira nos (mal)ditos anos
de chumbo.
A mostra visa colocar em
discussão a situação do teatro e do Brasil, nas décadas de 1960 e 1970,
dominadas pela repressão imposta pela ditadura militar e pelas milícias
“anticomunistas”, muito parecidas com as milícias assassinas em ação hoje, com
o apoio de gente insuspeita.
Escolhemos a ARTE e, mais
especificamente, o TEATRO para resistir, esclarecer e denunciar.
Para isso, o grupo
selecionou textos representativos, que expõem as entranhas do fascismo: a
repressão aos movimentos populares, a censura, a prisão arbitrária, o exílio, a
tortura, o assassinato.
Nesta quinta-feira, 14 de
fevereiro, sob a direção de Nonato Tavares, será feita a leitura de Vejo um vulto na janela, me acudam que sou
donzela, de Leilah Assumpção.
Sob a máscara enganosa da
comédia de costumes, Leilah descreve a vida da mulher urbana brasileira, nos dias
que antecederam o golpe de 1964: num pensionato de moças em plena avenida
Paulista, oito mulheres de idade, formação e condição social diferentes – de quatrocentonas
a migrantes nordestinas – vivem suas tragédias pessoais, refletindo as tensões que
o país experimentava.
Escrita em 1964, quando a
autora contava apenas 21 anos, foi imediatamente proibida pela censura, sendo
liberada apenas 14 anos depois, quando Leilah Assumpção já era uma das mais
festejadas dramaturgas brasileiras.
Para a crítica de teatro
Carmelinda Guimarães, aquela primeira peça “já traz dentro de si o germe de
todas outras que viriam depois”.
Leilah Assumpção é autora
de Fala baixo, senão eu grito, Jorginho, o machão, Adorável desgraçada e Intimidade
indecente, entre dezenas de outros títulos que colocam sempre a condição
feminina no centro das discussões, o que lhe rende a condição de autor brasileiro
mais encenado no exterior.
Serviço:
Evento: Teatro e
Resistência – leitura dramática de Vejo
um vulto na janela, me acudam que sou donzela, de Leilah Assumpção
Finalidade: mostra de
peças de autores censurados, como Márcio Souza, Oduvaldo Vianna Filho e outros
Quando: dia 14 de
fevereiro, às 19h
Onde: SINTTEL – Alexandre
Amorim, 392, Aparecida
Recomendado para maiores
de 16 anos.
Entrada franca.