domingo, 31 de dezembro de 2023
Manaus, amor e memória DCLI
sexta-feira, 29 de dezembro de 2023
Lira da Madrugada – Alcides Werk 11/15
Zemaria Pinto
Ficha biobibliográfica
Autor: Alcides
Werk
Nome completo: Alcides Werk Gomes de Matos
Naturalidade: Aquidauana – MS
Nascimento: 20 de dezembro de 1934
Falecimento: 13 de novembro de 2003
Obra poética:
· Da noite do rio
(1974)
· Trilha dágua
(1980)
·
Poems
of the water and the land – Poemas da água e da terra
(1987, edição bilíngue)
· In natura – poemas para a juventude (1999)
· Cantos ribeirinhos e outros poemas (2002)
· A Amazônia de Alcides Werk – toda poesia (2004 – póstumo)
NA PRAIA DA PONTA NEGRA
Às
de
na
e
e, conquistado,
das
nas
e esvoaça
NO ROADWAY
As
As
filosofa
no
Estamos ficando velhos
–
IGARAPÉ DE MANAUS
A
(
A
“Na
Observe o
O
O
[1] Referência ao projeto Prosamim, de “saneamento” dos igarapés de Manaus, em andamento quando da escritura deste texto.
quinta-feira, 28 de dezembro de 2023
A poesia é necessária?
Soneto 370 Sem-terra
Glauco Mattoso
Não há justiça agrária sem reforma,
repete o campesino rebelado.
“Ou cedem-me o terreno ou eu invado!”
E o latifundiário se inconforma.
Marxismo primitivo, mas em forma:
com práxis de guerrilha, lança o brado,
sitia, ocupa, pilha a safra, o gado,
arrepiando o estado, a lei, a norma.
Revolução começa pelo campo
e acaba na cidade, onde se junta
à massa de manobra a mão sem trampo.
No ar, só paira a histórica pergunta
que o inepto agente capta pelo grampo:
“Quem disse que a utopia era defunta?”
terça-feira, 26 de dezembro de 2023
Um presépio impossível
Pedro Lucas Lindoso
Para
mim o Presépio Natalino é mais importante do que qualquer árvore de natal ou
guirlandas. Mais importante do que qualquer novidade eletrônica ou não vindo
diretamente de Miami, do Paraguai ou da feira de importados de Brasília ou de
Foz de Iguaçu.
Simplesmente
porque o presépio era o elemento natalino de destaque de minha infância. Uma
tradição de nossa família. Gostar de presépios é um sentimento herdado de meu
querido e saudoso pai. Ele adorava o nosso presépio. Guardado o ano todo com
esmero numa caixa de papelão. As imagens cuidadosamente enroladas em folhas de
papel de seda. A caixa era devidamente forrada e fornida com jornais
suficientes para evitar que as imagens fossem danificadas ou quebradas. O nosso
presépio foi adquirido em uma viagem à Europa feita por meus pais em meados dos
anos cinquenta.
Ao
presépio original foram acrescentadas outras peças extras. Além do tradicional
boi e da vaca, das ovelhas e carneirinhos, foram acrescentados galinhas e
pintinhos. Bem como outros animais domésticos que possivelmente estariam
presentes no estábulo onde Jesus nasceu.
O
presépio deveria estar pronto e devidamente ornamentado até o dia 8 de
dezembro. Feriado em honra a Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Amazonas.
É o dia da família e se comemorava o aniversário de casamento de meus pais. Se
vivos fossem, teriam comemorado setenta e cinco anos neste último dia oito.
Todos
da família, em especial os mais velhos, podiam e deviam participar da
ornamentação do presépio. O Natal que antecedeu nossa ida para Brasília teve um
presépio especialmente bem caprichado.
Nós
morávamos na Rua Henrique Martins, em frente ao SESC. Naquela época o SENAC
também era ali. Havia cursos, direcionados aos comerciários, de vitrinistas e
decoradores. Um dos professores se ofereceu para opinar na ornamentação do
nosso presépio. Até um marceneiro foi chamado para fazer uma bancada onde ficou
o estábulo e todos os personagens do presépio original e os adicionados posteriormente.
Havia
ainda o cometa que anunciou a chegada do Menino Deus. Naquele ano,
especialmente, feito de isopor e coberto por papel laminado. Encrostado de purpurina. Aquilo tudo reluzia
com intensidade persistente até hoje nas minhas memórias. Aquele presépio,
aquela montagem são simplesmente inesquecíveis. Uma de minhas irmãs desejou um
presépio nos moldes daquele de nossa infância. Hoje, um presépio impossível.
domingo, 24 de dezembro de 2023
sexta-feira, 22 de dezembro de 2023
Lira da Madrugada – L. Ruas 10/15
Zemaria Pinto
Autor: L. Ruas
Nome completo: Luiz Augusto de Lima Ruas
Naturalidade: Manaus – AM
Nascimento: 28 de novembro de 1931
Falecimento: 1.° de abril de 2000
Obra poética:
· Aparição do clown (1958)
· Poemeu (1985)
· Poesia reunida
(2013 – póstumo)
DIDÁTICA
Palavra por palavra
compõe-se a arquitetura.
O canto é limpo timbre.
É rosa a rosa. Rosa.
Desnuda geometria
espaço libertado:
no campo indevassado
na página tranquila
desenho desprovido
de inúteis arabescos
os pontos se projetam
em linhas e figuras
os semitons banidos
só restam sombra e luz.
Palavra é só palavra:
Indício fruto ou véu.
Por fim se ordenam símbolos
em lúdica harmonia
Fundindo o lucicanto
ou coisadedizer.
ORÁCULO
Tenho pena, disse-me o meu Deus,
Daquele que é amado por mim.
Tenho muita pena.
Tenho pena, disse-me o meu Deus,
Porque aquele que eu amar
Jamais
Terá um só momento de paz.
Aquele que eu mais amar
Jamais terá dias tranquilos
Nem mesmo aos domingos
Ele poderá se divertir.
Por exemplo, não terá
Aquela paz necessária que é preciso
ter
Para passar um dia inteiro, de
calção,
Num balneário. E se sentir feliz.
E, à noite, não frequentará boates
Nem “dancings”, nem “night clubs”,
Porque já não terá mais em si
A tranquilidade inócua dos felizes.
Não digo que ele não vá. Isso não.
Ele vai, mas, não como os outros vão.
Porque o que ele busca nessas coisas
Não é mais felicidade. Nem prazer.
O que ele quer mesmo é me encontrar
em tudo isso.
Porque eu o amo de tal modo
Que ele quer me encontrar em toda
parte.
Aquele que eu amo, disse-me o meu
Deus,
Fica besta que nem poeta enamorado:
Me julga ver em toda parte e em todo
mundo.
E não se cansa nunca de me procurar.
Por ele, nunca mais me largaria
Nunca mais estaria longe de mim.
E este desejo de estar perto de mim,
Sempre,
É que o fere e o maltrata.
Um dos que eu mais amei, foi Paulo,
Aquele judeu nascido em Tarso.
Outro que também muito amei foi Francisco.
Aquele nascido em Assis, na Úmbria –
Itália.
E vocês bem sabem as tolices que
fizeram.
Se a causa de tudo aquilo não fosse
meu amor
Eu vos digo que não aprovaria o que
fizeram:
Não aprovaria ter Francisco brigado
com seu pai
Nem Paulo ter apelado, tolamente,
para César.
Isso não são coisas que um homem de
bem deva fazer...
Mas, enfim, o culpado fui eu que
muito amei.
É por isso, disse-me o meu Deus,
Que eu não amo todos os homens
igualmente.
Porque eu não sei amar de outro modo
Só sei amar assim, desmedidamente.
Não sei amar como amam os homens
“comportados”:
Com elegância, com medida, com “finesse”.
Porque eles são feitos com medida e
com limites.
Mas eu sou o “sem limites” e o “sem
medidas”.
Por isso não amo todos igualmente:
Escolho entre muitos os que podem
Suportar as minhas exigências. Os
mais fortes.
Porque depois de algum tempo ficam
fracos
E consumidos pelo meu amor que os
devora.
Eu sei, disse-me o meu Deus, que
muitos gostariam
Que eu os amasse como amei Francisco
e Paulo.
Mas eles não sabem muito bem o que
desejam.
Eu sei que eles não resistiriam ao
muito amor
Porque são limitados e muito fracos.
Por isso não amarei todos igualmente
Porque mesmo os mais fortes quase não
resistem.
Ainda hoje acho graça dos doutores,
disse Deus,
Que querem explicar as cantigas de João
da Cruz
E as visões da minha Tereza D’Ávila
Como um simples caso de
psicopatologia.
E, depois, disse Deus, eu mesmo quis
que houvesse
Entre os homens e, mesmo, em minha
Igreja,
Um certo clima de paz e de sossego
Para que as coisas fossem feitas
devagar
Como convém que se faça entre os
humanos.
Porque só eu sei fazer, com rapidez,
Coisas bem feitas, bem perfeitas.
Mas os homens não sabem e é preciso,
Por isso, dar-lhes tempo e alguma
paz.
Mas, aqueles que eu amo perdem a paz
E querem fazer tudo logo de uma vez.
E não deixam mais ninguém ficar em
paz.
Atrapalham mesmo os meus Pontífices
No governo da Igreja se eu não chego
A tempo de impedir que assim o façam.
Porque os meus Pontífices são os meus
Pontífices.
E eu os quero assim. Mas, nem sempre
Meus Pontífices são meus amados
também.
Tenho muita pena, disse Deus,
Daquele que é amado por mim.
Porque é muito triste ver um homem
Pequeno, limitado, circunscrito,
Querendo satisfazer o meu amor
Ilimitado.
Tenho muita pena, disse Deus,
E, muitas vezes, também choro
Quando, a sós, ele chora,
Me suplica e implora
Para que me afaste dele.
Tenho muita pena, mas, não posso
Fazer nada por ele senão mesmo
Mais amá-lo, mesmo que não queira.
A obra poética do padre
Luiz Ruas reduz-se a dois títulos: Aparição
do clown e Poemeu. O primeiro é
dos mais belos exemplos de poesia religiosa em língua portuguesa. Eu disse
religiosa? É pouco, pois quando falamos em “poesia religiosa” estamos nos
referindo a um tipo de poesia atrelada a uma determinada religião. A poesia de
L. Ruas é bem mais complexa. Voltada para o espírito e o questionamento das
relações entre o humano e o sagrado, é mais apropriado classificá-la como
poesia metafísica. Poemeu, a despeito
de conservar, em alguns textos, essa transcendência, é um livro profano,
voltado para as coisas do mundo, as inquietações cotidianas – seja do poeta,
enquanto agente da criação estética, seja do homem, dividido entre os prazeres
mundanos e as obrigações com o divino.
Os poemas escolhidos para
análise pertencem ao segundo livro. “Didática” é um exemplo de metalinguagem, a
partir do próprio título: o poeta discorre sobre o seu fazer poético,
procedimento que tem uma tradição milenar inesgotável como representação
individualizada da linguagem do poeta que se dispõe a revelar-se. Comecemos por
examinar a própria sintaxe do poema. As regras de pontuação são desrespeitadas
já a partir da segunda estrofe. O uso de maiúscula após o ponto é uma convenção
também desconsiderada. O poeta busca transmitir a ideia de seu poder sobre a
página em branco, manipulando palavras e símbolos, a tal ponto que o fecho do
poema é um inusitado substantivo, um neologismo de grafia estranha:
“coisadedizer”. Vamos por partes, ou melhor, por estrofes.
A primeira estrofe joga
luz sobre a palavra e sua importância para a composição: a armação do poema se
dá “palavra por palavra”. Mas a palavra “timbre” esconde uma cilada, muito
própria da boa poesia: a possibilidade de múltiplas leituras. Podemos entender
o poema com uma tonalidade límpida, o que seria uma redundância, mas podemos
também inferir o poema como uma inscrição, ou um selo, que, sendo único,
identifica seu autor. Para enfatizar essa ideia, Ruas relembra o conhecido
verso de Gertrude Stein: Rose is a rose is a rose is a rose. Nada mais
rosa que uma rosa.
Nas estrofes dois e três,
o poema é comparado a um desenho seco, sem ornatos, compondo linhas e figuras a
partir de pontos, a unidade mínima de um desenho. Trata-se de uma lei natural
da poesia: a condensação. Ruas repete-a e usa a quarta estrofe para enfatizá-la,
tirando do seu desenho o que estava em demasia, restando unicamente “sombra e
luz”, como nas lições sublimes de Vermeer e Rembrandt. No poema, “palavra é só
palavra”, mas não só, do contrário não seria poesia. A palavra é indício
(pista, vestígio, rastro); é fruto (ela, em si mesma); é véu (antipista,
antivestígio, antirrastro). No bom poema, como no bom poeta, a palavra pode ter
várias funções, sendo ela mesma ou não. E não sendo, assumindo o papel de
sugestão ou de negação. Cabe ao leitor descobrir.
A quinta estrofe fecha a
ideia que Ruas faz do poema: “por fim se ordenam os símbolos / em lúdica
harmonia”. Três palavras carregadas de significados: símbolos, lúdica,
harmonia. O poema é nada mais que isso: símbolos que se ordenam numa harmonia
lúdica. Isso é anti-hermético, porque o lúdico indica que há leituras
possíveis. A conclusão propõe que o jogo funda a reflexão (“coisadedizer”) com
a técnica poética, o canto de luz (“lucicanto”). Cabe ao leitor saber jogar. É
o que veremos na análise do poema “Oráculo”.
Nos seus mais de cem
versos, é um poema que concentra uma ideia bastante simples: a relação de amor
e de entrega daqueles que recebem o dom da iluminação divina. Ruas, não o
sacerdote, mas o homem, procura mostrar que essa é uma relação sobretudo de
sofrimento. É interessante que o eu lírico – que, de forma simplificada,
identificamos com o poeta – fale em nome de Deus, como se o tivesse ouvido:
“disse-me o meu Deus”. Na verdade, o poeta-oráculo fala para si mesmo, como a
justificar o seu sacrifício, o sacrifício dos votos sacerdotais: para ser amado
por Deus é preciso merecer o seu amor.
Sem negar-lhe quaisquer
direitos, é facultado, mesmo ao escolhido de Deus, frequentar os prazeres do
mundo:
Não digo que ele não vá. Isso não.
Ele vai, mas, não como os outros vão.
Porque o que ele busca nessas coisas
Não é mais felicidade. Nem prazer.
O que ele quer mesmo é me encontrar em tudo isso.
O sacerdote, assim como o
artista, está sempre antenado: um à procura de Deus, o outro em busca de motivo
para sua arte.
É interessante observar a
crítica que o poeta-sacerdote faz a sua Igreja, desfazendo a mística da
infalibilidade papal:
Porque os meus
Pontífices são os meus Pontífices.
E eu os quero
assim. Mas, nem sempre
Meus Pontífices
são meus amados também.
Deus é humanizado a tal ponto que chega ao cúmulo do egoísmo.
Tenho muita pena, disse Deus,
Daquele que é amado por mim.
Porque é muito triste ver um homem
Pequeno, limitado, circunscrito,
Querendo satisfazer o meu amor
Ilimitado.
Essa humanização faz
parte de uma “lúdica harmonia”: o homem é “imagem e semelhança” de seu criador,
logo, este é imagem e semelhança do homem. Um jogo de espelhos. Paulo de Tarso
e Francisco de Assis, assim como o poeta João da Cruz e a visionária Tereza D’Ávila,
todos eles santos da Igreja Católica, são citados por Ruas como paradigmas dos
que mereceram o amor de Deus porque souberam amá-Lo. É curiosa a raiz
etimológica desse amor desmedido, representado na palavra “fanatismo”, hoje
pejorativa, carregada de sentido negativo, ligado à intolerância e à violência
de fundo religioso: inspirado pelos deuses, entusiasmado. Aliás, a palavra
entusiasmo também foi corrompida, vulgarizada; o seu significado hoje está
muito distante de sua acepção original, que, válida a poetas e a profetas,
procura explicar a própria condição de oráculo que ambos carregam.
A poesia de L. Ruas
encerra um duplo sentido, cumprindo dupla função: transitando entre o sagrado e
o profano, nos faz pensar sobre o transcendente ao mesmo tempo em que pensamos
também sobre essa atividade tão terrena e tão pouco valorizada que é o fazer
poético.
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
A poesia é necessária?
Palavras
Tainá Vieira
Pálidas
palavras
impronunciáveis
palpitam
no meu
peito
de poeta
assim
perduraram
perdidas
por longos
períodos
do tempo
em
que passei
pedindo
permissão
para
pronunciá-las.
terça-feira, 19 de dezembro de 2023
Censos: Quantos somos? O que somos? O que fazemos?
Pedro Lucas Lindoso
Muitos
países, inclusive o Brasil, costumam fazer um censo geral no início de cada
década. Como todos sabemos, o censo desta década sofreu um atraso em razão da
pandemia. O objetivo principal do recenseamento é não somente saber quantos
somos e a exata população de cada município brasileiro. O censo serve também, e
principalmente, para identificar as características e revelar como vivem os
brasileiros. São produzidas informações imprescindíveis para a definição de
políticas públicas e a tomada de decisões de investimentos tanto na área
pública quanto na área privada.
O
primeiro censo de que se tem notícia está escrito no Livro de Êxodo. Foi
organizado por Moisés e ocorre depois que os judeus se libertaram dos egípcios.
Há muitos censos descritos na Bíblia. Os homens sempre tiveram necessidade de
saber quantos somos. E também estipular classificação para diversos objetivos e
políticas de governantes em todas as épocas.
Na
época de Jesus, era comum que o Império Romano fizesse censos esporádicos para
ter o controle da população de seus territórios. Na época do nascimento de
Jesus, que ora se comemora com o Natal, cada judeu tinha que ir para a sua
cidade para fazer o censo com sua família. Isso fez com que José e Maria
necessitassem ir para Belém.
Nos
dias de hoje, o nosso último censo só teve início em agosto de 2022. O censo
que se realiza a cada dez anos é a única pesquisa domiciliar que vai a todos os
municípios do país. Estamos em dezembro de 2023 e o plano do IBGE é chegar até
o fim desse mês de dezembro com cerca de 80% a 90% do censo divulgados.
Além do
censo, os homens costumam criar parâmetros, classificações e “rankings” de todo
modo e qualidade. Elegem-se desde os cem políticos mais influentes até as dez
melhores músicas do ano. Houve uma época, nos meados do século passado, que os
colunistas sociais elegiam as dez mulheres mais elegantes. Hoje as mulheres
querem ser empoderadas, não só elegantes.
Uma
notícia chamou a atenção de minha querida tia Idalina. Ela já foi uma das dez
mais de Brasília. Foram classificadas 250 pessoas mais ricas no planeta Terra.
Para elas foi criado um cartão de crédito especial. Todo em ouro e cravejado de
diamantes.
Numa
população de cerca de oito bilhões de pessoas, o que são 250 indivíduos?
Idalina disse que foi uma das dez mais. Agora entrar nessa lista de 250 é
impossível. Ela e oito bilhões de terráqueos que se conformem em ser pobres de “marré,
marré, marré”.[1]
[1] Alusão a Marais em contraponto a Mairie-D’Issy,
bairros de Paris – o primeiro (marré), pobre; e o segundo (marré-deci), rico. É o que dá sentido à conhecida canção infantil. [Nota
do editor]