Pedro Lucas Lindoso
Agosto
chegou, e com ele aquela sensação de que o mês traz, além do calor, um peso
invisível — o desgosto. Dizem que é o mês do desgosto, como se o calendário
carregasse uma maldição ancestral. Mas será que essa superstição tem alguma
base, ou é apenas mais um fio na teia das crenças que tecemos ao longo da vida?
No
mundo, cada cultura tem suas próprias marcas de azar. Na Espanha, a terça 13 é
um dia sombrio; na Itália, a sexta 17 traz infortúnios. Aqui, no Brasil, a
sexta 13 é que causa calafrios, mesmo que muitos tentem ignorar. E os gatos?
Nos Estados Unidos, eles têm nove vidas. Aqui, nossos felinos parecem ter sete,
talvez um pouco mais econômicos em esperança. Tia Idalina, com sua sabedoria
prática, pede que ninguém conte a ela superstições — ela já conhece dezenas, e,
sinceramente, não precisa de mais nenhuma. Afinal, o peso dessas crenças pode
ser cansativo, e suas raízes muitas vezes inócuas, até mesmo prejudiciais.
Mas o
que realmente importa é: essas superstições podem fazer mal ao psicológico? A
resposta talvez dependa de quem as alimenta. Para alguns, elas são uma forma de
ritual, de conexão com algo maior, uma forma de dar sentido ao incerto. Para
outros, um fardo de medo e ansiedade que sobrecarrega a alma, que transforma
dias comuns em momentos de tensão desnecessária.
Agosto,
por exemplo, é considerado por muitos como o mês do desgosto, uma superstição
que parece mais uma tradição cultural do que uma verdade comprovada. Talvez, ao
carregar essa ideia, as pessoas alimentem uma expectativa negativa, criando um
ciclo vicioso de pessimismo. E aí, surge a pergunta: até que ponto essa crença
influencia o nosso estado de espírito? Será que, ao acreditar na má sorte do
mês, inadvertidamente atraímos mais obstáculos do que se pensássemos
positivamente?
No
fundo, as superstições são um espelho do nosso desejo de controle num mundo
imprevisível. Elas oferecem um refúgio, uma explicação fácil para o que não
entendemos. Mas também podem se transformar num cárcere invisível, que limita
nossa liberdade de agir e pensar.
Se
olharmos com olhos mais atentos, perceberemos que o que realmente importa não é
o que o calendário diz. Importa é a
nossa postura diante da vida. Que o mês de agosto, com sua fama de azar, seja
apenas mais uma oportunidade de desmistificar o medo, de desafiar a sorte e de
afirmar que, na maioria das vezes, somos nós quem escrevemos os nossos
destinos, sem precisar seguir superstições que, no fundo, podem ser mais
cansativas do que úteis.
E
assim, como tia Idalina, podemos decidir deixar as superstições de lado,
sabendo que o verdadeiro poder está em nossas mãos — e que, às vezes, o maior
azar é mesmo acreditar demais naquilo que não passa de uma crença antiga. E que
podemos, sim, reescrever.