Amigos do Fingidor

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

A poesia é necessária?


Invocação

Bruno de Menezes (1893-1963)

 

Ressoa selvagem o tambor de mina,

a roda se agita, os pés rodopiam;

domina o terreiro, transporta os sentidos,

o tom do atabaque na noite sem fim.

 

O “ponto” invocado se alteia, atuante,

em busca da “linha’ do rei Orixá,

que faz a defesa do povo Nagô.

 

Percute o batuque dos pulsos possantes.

Afoga o silêncio, acorda a floresta,

convoca as sereias do fundo do Mar...

 

Quem tira esse “ponto” pro santo “baixar”?

 

É que Ele está longe, no Céu africano.

Voltou para a guerra disposto a lutar,

mas tem “filha” que O pode chamar,

no estado de graça, na dança tribal...

 

É toda só dEle! Que coro, que canto!

Nos olhos de treva, na boca, no olhar!

– Por isso Ele “baixa” na voz de Cleomar!