Pedro
Lucas Lindoso
Tive um
papo muito engraçado com tia Idalina domingo passado. Uma pessoa, já concursada
como funcionária pública federal, que foi ao México assistir à Copa de 70. Com
esticada em Acapulco. Não pode ter só 70 anos. Aliás, por ter ido passear em
Acapulco já denuncia que titia não é mais uma menina. Ninguém vai lá depois de
Cancún.
Mas o
assunto não é esse. No prolongado bate papo via Whatsapp, titia, horrorizada,
descreveu o casamento do sábado anterior. Filha de uma amiga de praia.
Riquíssima. O marido ficou milionário quando ganhou uma licitação para vender
quentinhas para o estado, município e presídios federais. O noivo também ficou
rico de uma hora para outra. Montou uma startup e fez sucesso imediato.
Dinheiro não falta. Mas falta bom senso.
Na
decoração da igreja havia tantas flores que dizer que estava extravagante é
elogio. Um mural verde com flores à esquerda tampava a Imagem de Nossa Senhora.
À direita não se via a imagem do santo padroeiro.
Havia
60 casais de padrinhos. 30 do noivo e 30 da noiva. Um exagero. O noivo entrou
com o Hino do Flamengo. O vestido da noiva, levemente transparente e decotado.
Segundo Idalina, inadequado para um ato religioso. Dois cachorros vestidos de
Flamengo entraram para as alianças. Que na verdade chegou por um drone.
A
recepção foi num enorme salão transformado em Maracanã. Com trave, juiz e tudo.
No placar FLAMENGO 5 VISITANTE 0. Os convidados recebiam a última versão da
camisa oficial do Flamengo. Alguns convidados substituíram o paletó pela
camisa. Outros recebiam o mimo com um leve constrangimento.
Uma
banda liderada por uma cantora habitué do Domingão animou a festa até altas
horas. A única coisa elogiável, de acordo com tia Idalina, foi o buffet. Comida
e bebida farta e gostosa.
O bolo da noiva era tão gigantesco que os
noivos sumiam nas fotos. Aliás. havia uma equipe fotografando e filmando para
os noivos. Mas quatro casais de padrinhos também contrataram equipes de
cinegrafistas. A grande quantidade de
profissionais atrapalhou a celebração e deixou o padre celebrante irritado. A
homilia foi sobre humildade e temperança. Os noivos não entenderam o recado.
Mas alguns convidados sentiram vergonha alheia.
No
final, a cerimonialista desmaiou. Chamaram o SAMU. Como diria a saudosa Danuza
Leão, uma coisa!