Amigos do Fingidor

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Casamento, uma coisa!

Pedro Lucas Lindoso

 

Tive um papo muito engraçado com tia Idalina domingo passado. Uma pessoa, já concursada como funcionária pública federal, que foi ao México assistir à Copa de 70. Com esticada em Acapulco. Não pode ter só 70 anos. Aliás, por ter ido passear em Acapulco já denuncia que titia não é mais uma menina. Ninguém vai lá depois de Cancún.

Mas o assunto não é esse. No prolongado bate papo via Whatsapp, titia, horrorizada, descreveu o casamento do sábado anterior. Filha de uma amiga de praia. Riquíssima. O marido ficou milionário quando ganhou uma licitação para vender quentinhas para o estado, município e presídios federais. O noivo também ficou rico de uma hora para outra. Montou uma startup e fez sucesso imediato. Dinheiro não falta. Mas falta bom senso.

Na decoração da igreja havia tantas flores que dizer que estava extravagante é elogio. Um mural verde com flores à esquerda tampava a Imagem de Nossa Senhora. À direita não se via a imagem do santo padroeiro.

Havia 60 casais de padrinhos. 30 do noivo e 30 da noiva. Um exagero. O noivo entrou com o Hino do Flamengo. O vestido da noiva, levemente transparente e decotado. Segundo Idalina, inadequado para um ato religioso. Dois cachorros vestidos de Flamengo entraram para as alianças. Que na verdade chegou por um drone.

A recepção foi num enorme salão transformado em Maracanã. Com trave, juiz e tudo. No placar FLAMENGO 5 VISITANTE 0. Os convidados recebiam a última versão da camisa oficial do Flamengo. Alguns convidados substituíram o paletó pela camisa. Outros recebiam o mimo com um leve constrangimento.

Uma banda liderada por uma cantora habitué do Domingão animou a festa até altas horas. A única coisa elogiável, de acordo com tia Idalina, foi o buffet. Comida e bebida farta e gostosa.

 O bolo da noiva era tão gigantesco que os noivos sumiam nas fotos. Aliás. havia uma equipe fotografando e filmando para os noivos. Mas quatro casais de padrinhos também contrataram equipes de cinegrafistas.  A grande quantidade de profissionais atrapalhou a celebração e deixou o padre celebrante irritado. A homilia foi sobre humildade e temperança. Os noivos não entenderam o recado. Mas alguns convidados sentiram vergonha alheia.

No final, a cerimonialista desmaiou. Chamaram o SAMU. Como diria a saudosa Danuza Leão, uma coisa!