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segunda-feira, 12 de maio de 2025

Academia Amazonense de Letras elege dois novos membros


Lourenço dos Santos Pereira Braga, advogado, primeiro Reitor da UEA,
ocupou inúmeros cargos públicos. Foi eleito para a Cadeira 5, antes ocupada
pelo poeta e prosador Almir Diniz.


 

Pedro Lucas Lindoso, advogado, funcionário de carreira da Petrobras, aposentado, é cronista e romancista. Sua crônica semanal é reproduzida neste Blog, às terças-feiras. Pedro foi eleito para a Cadeira 25, cujo último ocupante foi o romancista e dramaturgo Márcio Souza. O pai de Pedro, ex-governador José Lindoso, ocupou a mesma cadeira de 1970 a 1993. 



quinta-feira, 17 de outubro de 2024

A poesia é necessária?

 

Paisagem aquática

Almir Diniz (1929-2021)

 

Imaginei-me poeta

quando me vi remar sonhos

na igarité das ideias

singrando o líquido dorso

dos lagos de minha infância:

– o do Rei e o Marajá –

bordados de canarana

e lendas de cobra-grande

e ilhas de matupá

de bubuia contra o vento

nas asas do meu momento.

 

De passagem, as oiranas

povoadas de ciganas

compunham a valsa da vida

no dolente baticum

dos remos tangendo notas

nas falcas do casco leve

feito de louro-gamela,

fendendo o doce mistério

da ternura adolescente,

na corrente e nos sonidos

dos paranás dos meus idos.

 

No remanso e no rebojo

o meu remo garimpava

salpicos de melodia

vertendo brilhos difusos

que iam tingir de prata

os fornos esmeraldinos

da deusa vitória-régia

repletos de jaçanãs,

falenas, socós, intãs,

de aruás e de magia

a semear poesia.

 

A viagem dos cardumes,

demandando corredeiras,

em fúria reprodutiva

desabrochava em minha alma

uns pendões de melodia

permeando de perfumes

as flores da inspiração

nos domínios da ilusão,

nos teclados da estesia.

Dos frisos das piracemas

nasciam belos poemas.

 

Imaginei-me um esteta,

pintor nativo, um aedo,

quando vinha a primavera,

ouvindo do passaredo

suaves canções nativas

de japiins, sabiás,

canários e curiós,

rouxinóis, uirapurus

saudando manhãs de luz,

a alma de sons vestida,

os olhos tecendo a vida.

 

O sol vindo desatava

clarões de rara beleza

tingindo de luz nenúfares,

sensitiva, mururés,

e os curvos pendões dourados

de arroz-brabo e canarana

atraindo a passarada

ao repasto matinal.

Então o vento lançava

chuva de grãos saciando

a piracema passando.



sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Lira da Madrugada – Almir Diniz 5/15


Zemaria Pinto

 

Ficha biobibliográfica

 

Autor: Almir Diniz

Nome completo: Almir Diniz de Carvalho

Naturalidade: Cambixe, município de Careiro da Várzea – AM

Nascimento: 6 de novembro de 1929

Falecimento: 28 de maio de 2021

 

Obra poética:

·       Encontros com a natureza (1996)

·       Caminhos da alma (1996)

·       Corpo de mulher (1996)

·       Andanças poéticas (1997)

·       Os deuses (1998)

·       O elogio do caboclo (1998)

·       Floradas da alma (2000)

·       Plumas humanas (2000)

·       Algemas de ternura (2001)

·       Floradas do corpo (2001)

·       Corações em chamas (2002)

·       Magia e sedução (2010)

·       Melodia pagã (2011)

·       Minha roça de urtigas (2011)

·       Mulheres (2011)

·       Pétalas e penas (2012)

·       O jardim da minha mãe (2014)


TRISTEZA

 

 

Cavalgo, triste, meu corcel alado

pelas pistas sem fim do pensamento,

de rédea solta, solto meu lamento,

meu protesto, de lágrimas molhado.

 

Galopando sem rumo, e magoado,

carpindo no selim meu sofrimento,

chego a pensar que todo este tormento

é mero sonho, e sonho malfadado...

 

Mas, se passo trotando contra o vento

e ouço um tropel alegre pelo prado,

aperto o arreio... sei... eis-me acordado!

 

Ai, sim, sofro a dor que me vai dentro,

essa dor, que mais dói, sem ferimento,

que as feridas de todo meu passado!

 

É espantosa a concentração de títulos de Almir Diniz, no gênero poético: dezessete, em dezesseis anos. O autor nos explica que essa poesia veio sendo construída, lentamente, desde a juventude, na segunda metade dos anos 1940, até os dias de hoje. É uma poesia em que à simplicidade se alia uma grande precisão técnica, calcada na reflexão sobre o homem amazônico e a exuberante natureza que o cerca, externando o sentimento que lhe vai n’alma, porque “ninguém doma um coração de poeta”, como cantou o grande Augusto, dos anjos e dos demônios.   

A rigor, mesmo pertencendo, do ponto de vista cronológico, à geração Madrugada, Almir Diniz não militou no Clube. E seus livros começaram a vir à luz quando o Clube já não mais existia. Antes disso, apenas publicações esparsas, em jornais e revistas. Mas isso são detalhes que não o excluem de uma apreciação rigorosa da poesia da época.

O poema “Tristeza”, do livro Caminhos da alma, representa uma síntese da poesia de Almir Diniz: entre o telúrico e o urbano, o lúdico e o sentimental, o poeta constrói, sem invencionices, uma poesia que a um só tempo comunica e comove – no sentido mais primitivo desta palavra: promover deslocamento, agitar com força. A poesia de Almir Diniz nos coloca no centro da vida cabocla – seja do caboclo lavrador, campônio e campeiro, seja do caboclo intelectual, afeito às lides da política, do direito e do jornalismo. Almir Diniz, advogado, ex-prefeito, jornalista premiado, fazendeiro – de plantar e de criar –, traz na pele acobreada as marcas dessa vivência múltipla.

No poema em tela, o corcel alado que o eu lírico cavalga é uma metáfora para um permanente estado de poesia. O eu lírico está possuído pela poesia. Mas, ao contrário do uso que se faz nas religiões afro-brasileiras, onde o cavalo é a pessoa que recebe o espírito, Almir Diniz coloca o poeta a cavalgar o cavalo-poesia, “pelas pistas sem fim do pensamento”, abrindo todas as possibilidades para esse encontro com o cavaleiro-poeta.

A “rédea solta” em plena cavalgada, uma situação de risco, é uma metáfora para o estado de desespero em que o eu lírico de encontra, pontuado pelos substantivos que se lhe seguem – lamento, protesto, lágrimas –, de alguma forma relacionados com a decisão intempestiva de manter a rédea solta, com todos os riscos advindos dessa decisão. Basta-nos esta primeira quadra, para ilustrar o que dissemos da composição como síntese: a metáfora do corcel a cavalgar é telúrica; se o corcel é alado, acrescentamos o elemento lúdico; pistas, substituindo estradas ou mesmo caminhos, ambas de caráter rural, é o elemento urbano que se acrescenta ao poema; por fim, o toque sentimental é dado pela expressão física daquele momento – o lamento-protesto “de lágrimas molhado”. 

Na segunda estrofe, a confusão mental do eu lírico, em função do desespero em que se encontra – “galopando sem rumo” –, o faz pensar que ele vive um pesadelo, um “sonho malfadado”. No terceto que se segue, o eu lírico esclarece a si mesmo – e ao leitor – que seu estado é de plena vigília, contrapondo as imagens de si mesmo “trotando contra o vento” com o sentido atento para um “tropel alegre pelo prado”. Essa superposição do lúdico com o real, do metafórico com o banal cotidiano garante o tensionamento da nota poética: se não houvesse o lúdico, o metafórico, estaríamos diante de um texto prosaico. Não é o caso, absolutamente.

A última estrofe coloca o eu lírico de volta à realidade da qual ele escapara pelas artes da poesia: não mais corcel alado, não mais rédeas soltas, não mais galope sem rumo. Apenas a consciência da dor que dói “sem ferimento”. Essa dor presente que sentimos todos, sempre que pensamos sobre o nosso estar-no-mundo. Como refletiu com sublimidade o filósofo Schopenhauer,

Reproduzem-se na poesia lírica do genuíno poeta o íntimo da humanidade inteira e tudo o que milhões de homens passados, presentes e futuros sentiram e sentirão nas mesmas situações, visto que retornam continuamente, e ali encontram a sua expressão apropriada. [...] O poeta é o espelho da humanidade, e traz à consciência dela o que ela sente e pratica.[1]  

 

Esta é apenas uma amostra colhida no universo da poesia de Almir Diniz. Poesia cheia de verdade, mas também vibrante na sua tensão lúdica, pois é disso que se faz o poema – da vida reinventada, amalgamada nos quatro elementos: o fogo fundindo a mistura de barro e de água, resultados do sopro do vento.

Tristeza (Mauri Mrq e Almir Diniz).


[1] SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e como representação. 1.º tomo. Tradução: Jair Barboza. São Paulo: Editora UNESP, 2005, p. 328-329.

 

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

A poesia é necessária?

 

Tristeza

Almir Diniz (1929-2021)

 

Cavalgo, triste, meu corcel alado

Pelas pistas sem fim do pensamento,

De rédea solta, solto meu lamento,

Meu protesto de lágrimas molhado.

 

Galopando sem rumo, e magoado,

Carpindo no selim meu sofrimento,

Chego a pensar que todo este tormento

É mero sonho, e sonho malfadado...

 

Mas, se passo trotando contra o vento

E ouço um tropel alegre pelo prado,

Aperto o arreio... sem... eis-me acordado!

 

Aí, sim, sofro a dor que me vai dentro,

Essa dor que mais dói, sem ferimento,

Que as feridas de todo o meu passado!



sexta-feira, 4 de junho de 2021

Almir Diniz, pintor da natureza amazônica


Zemaria Pinto

 

Aos 89 anos e após 16 livros de poesia em apenas 16 anos, Almir Diniz continua a nos surpreender. Neste novo livro, O jardim da minha mãe, temos poemas que vão desde a adolescência, datados que são da década de 1940, até poemas da plena maturidade, como aqueles produzidos nos dois ou três últimos anos. A datação, aliás, nos permite acompanhar a trajetória de Almir Diniz – essencialmente lírica, tendo por substância o homem, a água e a terra amazônicos –, observando o seu modus operandi: poesia construída sobre imagens, plena de cores, fazendo justiça à exuberância natural de onde ela emana – a floresta amazônica.


Vitrais – aquáticos, terrenos, mágicos – são a metáfora perfeita para designar essa poesia que se consubstancia na paisagem amazônica, sem perder a literariedade, pois Almir Diniz é também um artífice da palavra, buscando sempre o encanto das organizações simétricas na construção das estrofes, onde a melodia flui nas assonâncias e aliterações, sempre amparadas por rimas, internas e externas, que fazem vibrar as notas de cada canção, em serenos metros decassílabos ou em vivas redondilhas, como neste Paisagem aquática, poema da maturidade, onde o fazer poético tangencia o banal cotidiano do caboclo em sinestesias raras:

 

Imaginei-me poeta

quando me vi remar sonhos

na igarité das ideias

singrando o líquido dorso

dos lagos de minha infância:

– o do Rei e o Marajá –

bordados de canarana

e lendas de cobra-grande

e ilhas de matupá

de bubuia contra o vento

nas asas do meu momento.

(...)

Imaginei-me um esteta,

pintor nativo, um aedo,

quando vinha a primavera,

ouvindo do passaredo

suaves canções nativas

de japiins, sabiás,

canários e curiós,

rouxinóis, uirapurus

saudando manhãs de luz,

a alma de sons vestida,

os olhos tecendo a vida.

 

A par do elemento sensual – a cabocla canoeira “quando rema faz afago” –, tão presente em outros livros de Almir Diniz, prevalece, neste, o elemento mítico, quando a sabedoria ancestral paira sobre qualquer conhecimento científico. Como um velho pajé, Diniz pontifica, pessoanamente: “É preciso ler no mito / o que ele tem de infinito”. Se o mito é “o nada que é tudo”, há de o ser!

O jardim da minha mãe, terra de delicadezas e ressonâncias míticas, é obra de poeta maduro, que conhece os caminhos e seus percalços, mas sabe como chegar ao destino, com segurança. Sonora e cromática, a poesia de Almir Diniz se assemelha ao movimento da piracema, quando os peixes nadam no sentido inverso da corrente, buscando a reprodução e a desova, como se não existissem a não ser para retornar. O brilho deles contra a luz do sol lembra efeitos arquitetônicos que se esvaem no ar, mas o poeta os percebe na fugacidade do instante:  

 

Os frisos da piracema

de tão belos se assemelham

a ondas de luz de um poema.

 

A poesia de Almir Diniz é assim: está sempre voltando a si mesma, como os peixes na piracema – para se multiplicar, até o infinito.

 

(Apresentação do livro O jardim da minha mãe, de Almir Diniz – Manaus: Reggo/AAL, 2018) 

quinta-feira, 3 de junho de 2021

A poesia é necessária?

 

O jardim da minha mãe

Almir Diniz (1929-2021)

 

Hoje, voltei ao jardim,

ao que restou do jardim

que fora teu santuário.

Olha: foram dolorosas

as recordações das rosas,

que as tinhas sempre formosas

em tão belo relicário.

 

Mãe: senti no coração

tanta dor, tal comoção

e tão imenso desgosto

que, cheio de pasmo e espanto,

refugiei-me num canto

pensando esconder o pranto

que escorria do meu rosto.

 

Nem um só cravo ou begônia,

um simples cróton – vergonha! –,

angélica, ou bem-me-quer,

nem uma simples verbena,

mesmo uma rosa pequena,

um lírio ou uma açucena,

nem uma dália sequer.

 

E os crisântemos doirados,

os bogaris perfumados,

girassol e margarida,

as papoilas, laranjinha,

os jasmins que tantos tinha,

nove-horas, a flor rainha...

morreram, por ti, querida.

 

A bela-da-noite, a zina,

cana-da-índia, a cravina,

igualmente – que maldade! –

Sabe, Lídia, eu tenho medo,

vou revelar-te um segredo:

cuidar dele? – sou um aedo,

só sei cuidar de saudade...

 

Refazer o teu jardim?

Não posso, Mãe, – ai de mim! –

Como iria, enfim, fazê-lo?

Sem teu olhar maternal

sem tuas mãos sem igual,

como fazer, afinal?

Não posso – falta o teu zelo.

 

Mas, sabe o que vou fazer?

Já que não posso esquecer

teu sonho que vive em mim?

Em volta do teu solar

vou refazer o pomar,

onde sempre ias orar

após saudar tem jardim.

 

E quando o tempo chegar

do cacau, caju, da ingá,

da graviola e mamão...

em vez de rosas, querida,

terás a mesa sortida

de tantas frutas, de vida:

ao centro teu coração!

 

Cambixe, AM, 11/6/2004.

 

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Almir Diniz (6/11/1929 – 28/5/2021)

 

Almir Diniz, solene, no traje acadêmico.

Almir Diniz, aos 28 anos, jornalista premiado.


Siga em frente, velho amigo. Agora você é puro ar. Vá contar histórias para os anjos. Não lamentarei a sua perda, porque você viveu intensamente. E continuará vivo no meu coração e na minha mente. Até outro dia, caboco...

(ZmP)


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Sob a concha da panacarica – estudo 8/8


 


Zemaria Pinto

 

Um mundo masculino

 

Os personagens masculinos aparecem, quase sempre – sedutores, seduzidos ou traídos –, como criaturas ativas, condutoras das ações desenvolvidas nos contos. Têm o poder da iniciativa, sempre recusando a passividade.

Assim, embora Rosinha seja seduzida por Roberto, no conto que dá título ao livro, é o marido traído, Maurício, que sai vitorioso, pois mata o amante e nem a esposa, nem ninguém, descobre o crime.

Em A última pesca, Regina e o amante são mortos pelo marido traído, Eugênio, que, na sequência, mergulha para a morte, finalizando a história.

Zeca, de O delito da bondade, sofre com as ações dos filhos: é “depenado”,  abandonado em um asilo. Mesmo assim, pede abrigo com o comprador de sua fazenda e, dignamente, espera pelo voo da morte.

Corina, de Ingenuidade, trai o marido, mas é Bruno o responsável pelo abandono, pelo sofrimento, pela  espera interminável, que é a essência da narrativa.

Em O boto, Manduca, o ingênuo marido de Chica, traído pelo melhor amigo (que se esconde na lendária figura do boto), sai de cena com a dignidade inabalada, abandonando o lar  maculado.

Marcos, de O sonho de Ana Maria, é o príncipe encantado que resgata a jovem do tédio em que vivia.

Marcolino, de Nas asas do folclore, é o observador dos outros personagens, vê tudo de longe, sem ser percebido. E, embora subjugado pelo valentão Edson, delicia-se por saber a verdade sobre o filho que este pensa ser seu.

O velho castanheiro, de Quando as árvores falavam, embora não tenha sido o autor da iniciação da jovem castanheira, é o responsável por sua fecundação, caracterizando sua vingança.

Paramos a enumeração por aqui, embora pudéssemos relacionar outros personagens masculinos. De resto, as mulheres aparecem quase sempre como sonhadoras, ingênuas; por vezes,  levianas, inconsequentes e sedutoras; umas tolas, enfim.                                          

 

O universo sob a concha

 

A linguagem é a essência do literário: importa menos o que se diz do que como se diz. Em Sob a concha da panacarica temos dezenove narrativas, que podem ser lidas como casos, pequenas histórias, algumas até de fundo moralizante – como A feia, O delito da bondade, Ingenuidade e “Lua Nova”. O leitor mais exigente talvez não fique plenamente satisfeito após a leitura. Entretanto, é preciso desarmar o espírito para compreender a verdadeira utilidade deste trabalho, pois, se não há pretensões inventivas, sobra a simplicidade do contar.

Assim, os personagens, o ambiente, as ações narradas nos contos de Sob a concha da panacarica parecem muito próximos de nós, vizinhos dos mesmos rios, das mesmas matas, das mesmas cidades imaginárias. Também o universo entediado das mocinhas do interior, ou o instinto que destrói os comportados lares, tudo parece estar ao lado, como se estivéssemos, todos, dentro de uma pequena canoa, sob a mesma concha.

A leitura de Sob a concha da panacarica, de um escritor em que o poeta e o prosador se complementam, permite-nos um exercício literário proveitoso, ao demonstrar as influências recebidas da realidade e, ao mesmo tempo, devolvê-las ao leitor... Experimente a “brincadeira”, lendo o livro integralmente.