Amigos do Fingidor

terça-feira, 31 de maio de 2022

Boi-bumbá em Copacabana

 Pedro Lucas Lindoso

 

Idalina, amazonense exilada em Copacabana, resolveu que viria ao Festival de Parintins deste ano. Afinal, por causa da pandemia, o festival ficou suspenso nos últimos anos. Estamos todos ansiosos para o retorno dos bumbás.

Mas quando viu o preço das passagens, desistiu. Caríssimas. E não há voo direto do Rio para Manaus. Um absurdo! Lembrou-se de quando conheceu o festival. Há décadas passadas. Veio do Rio em voo direto pela VARIG. Uma maravilha. Serviço de bordo completo. Poltronas espaçosas e confortáveis. Outros tempos.

Em Parintins o festival era mais simples, com menos glamour. Isso bem antes do Bumbódromo. Os jurados eram pessoas do governo e da sociedade de Manaus. Ninguém de fora do estado. Idalina se lembra que só entregaram o resultado da apuração no aeroporto. E só abriram os envelopes depois que a turma de jurados já estava no ar, a caminho de Manaus.

Tendo desistido de vir, convidou os sobrinhos para assistir ao festival na TV, em seu apartamento. Será no último fim de semana de junho. Mas é preciso se preparar. Idalina tem um grupo no WhatsApp – “chez-Idalina”. O grupo é composto pelos diversos sobrinhos e sobrinhas de Idalina. Tanto os do Rio como os de Manaus. Mas foi logo avisando aos componentes do grupo:

– Estamos em preparação para o Festival Folclórico de Parintins, em Copacabana. Nada de política, memes sem graça e bom dia, boa tarde, boa noite. Pediu aos sobrinhos que se detivessem tão somente às preparações para a festa.

Obviamente, há os que torcem pelo Caprichoso e há os que torcem pelo Garantido. As disputas entre os dois grupos de sobrinhos meio cariocas meio amazonenses sempre foi bastante saudável. Nunca houve problemas.

Idalina está contente porque acabaram-se as restrições sanitárias. Todos voltaram a se encontrar, se abraçar e se aglomerar. Mas ela ainda usa máscaras e sempre higieniza as mãos com álcool. Não perturba as pessoas. Usa quem quiser. E, claro, já tomou as quatro doses de vacinas prescritas para sua idade, a qual ela não confessa, nem sob tortura.

Todos estarão chez Idalina para ver o festival pela TV. Idalina vai armar uma pequena arena no “play” (assim os cariocas chamam salão de festas). Será uma verdadeira festa junina amazonense. Tacacá, bolo podre, banana frita, mugunzá e um delicioso aluá, que só ela tem a receita. Um verdadeiro boi-bumbá em Copacabana.

 

domingo, 29 de maio de 2022

Manaus, amor e memória DLXIX


Santa Casa de Misericórdia.
Ao fundo, à direita, um bonde derramando gente...

 

sexta-feira, 27 de maio de 2022

quinta-feira, 26 de maio de 2022

A poesia é necessária?

 

Soneto

Chico Buarque

 

Por que me descobriste no abandono?

Com que tortura me arrancaste um beijo?

Por que me incendiaste de desejo

Quando eu estava bem, morta de sono?

 

Com que mentira abriste meu segredo?

De que romance antigo me roubaste?

Com que raio de luz me iluminaste

Quando eu estava bem, morta de medo?

 

Por que não me deixaste adormecida

E me indicaste o mar, com que navio

E me deixaste só, com que saída

 

Por que desceste ao meu porão sombrio?

Com que direito me ensinaste a vida

Quando eu estava bem, morta de frio?

 

 

terça-feira, 24 de maio de 2022

Exercício de alta pavulagem

Pedro Lucas Lindoso


 

Idalina é amazonense e mora há décadas em Copacabana. Ela saiu de Manaus, mas nossos costumes e gostos culinários permanecem de modo atávico e para sempre em Idalina. Vez por outra convida os sobrinhos para um tacacá e tem uma receita de pirarucu de casaca inigualável.

Kellyannne, uma jovem, sua conhecida da praia, pagou dez mil reais para sair de destaque numa escola de samba. Foi neste último carnaval. O desfile ocorreu nos feriados de 21 de abril.  Idalina, com sua proverbial sinceridade, foi logo dizendo:

– Mas é muita pavulagem! Ainda mais num carnaval em abril. Fora de época!  A moça mora num quarto e sala com a mãe e duas irmãs. É professora do município. Gastou suas economias nisso.  O que acaba com as pessoas é mesmo o exercício da pavulagem.

As amigas cariocas quiseram saber o que era pavulagem. Idalina explicou que com o nome Kellyanne, com k, y e letras dobradas, a moça já teve seu destino pávulo traçado na pia batismal.

Um dos mais notáveis colunistas brasileiros, Zózimo Barrozo do Amaral, disse que baiano não nasce, estreia. O mesmo acontece com o caboclo pávulo.

Pavulagem não é só gabolice e fanfarrice. A pavulagem é principalmente um excesso de confiança, uma presunção inata em alguns caboclos amazônidas. Mas não se restringe somente à nossa realidade. A pavulagem é um fenômeno nacional. Tanto no Carnaval quanto no boi de Parintins a pavulagem corre solta. É um exercício explícito e cultural desse fenômeno: pavulagem.

O atual prefeito de Manaus é atleta amador. Dedica-se a corridas de ruas. Inscreveu-se e foi participar da Maratona de Barcelona, na Espanha. Explicou que seu objetivo era incentivar a prática de esportes. Primordial para a saúde física e mental.

Sua viagem teve também o objetivo de fazer propaganda de Manaus, como destino turístico perante os europeus e o mundo. Achei a ideia interessante. Mas o prefeito está sendo massacrado nas redes sociais.

Tia Idalina não perdoa o prefeito:

– Ser pávulo todo mundo pode ser. O problema é quem paga e como se paga a pavulagem. A capital da Catalunha, Barcelona, possui uma rica herança cultural. Um importante polo e um destino turístico popular. Adorei a Espanha e Barcelona é o máximo. Principalmente, a catedral e as obras arquitetônicas de Gaudí.  Deixar a administração da cidade e ir correr uma maratona em Barcelona não é só um exercício físico. Trata-se de um exercício de alta pavulagem.


domingo, 22 de maio de 2022

Manaus, amor e memória DLXVIII

 

Rua 10 de Julho.
Ao fundo, o Teatro Amazonas e a igreja de S. Sebastião.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

A poesia é necessária?

 

O cacto

Manuel Bandeira (1886-1968)

 


Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária:

Laocoonte constrangido pelas serpentes,

Ugolino e os filhos esfaimados.

Evocava também o seco Nordeste, carnaubais, catingas...

Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.

 

Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz.

O cacto tombou atravessado na rua,

Quebrou os beirais do casario fronteiro,

Impediu o trânsito de bondes, automóveis, carroças,

Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quatro horas privou a cidade de iluminação e energia:

 

– Era belo, áspero, intratável.



terça-feira, 17 de maio de 2022

Princesa Isabel assinou a Lei Áurea

Pedro Lucas Lindoso

 

Comemora-se mais um 13 de maio. Libertação dos escravos. Isabel, a redentora, tem gerado debates acalorados entre os historiadores. Alguns acusam a princesa por não ter sido mais incisiva e enérgica contra a escravidão. Para a historiadora Mary del Priore, Isabel era “uma aristocrata sem interesse na política e desconectada da causa abolicionista.” Pessoalmente, não concordo. Foi ela a responsável por assinar as leis do Ventre Livre e a Lei Áurea, em 1871 e 1888, respectivamente.

 Primeira senadora brasileira e primeira mulher a assumir uma Chefia de Estado no nosso país. Penso que, de fato, era abolicionista. Há registros de que financiava com dinheiro próprio não só a alforria de dezenas de escravos, mas também o Quilombo do Leblon, que cultivava camélias brancas – a flor-símbolo da abolição.

É claro que a abolição não foi só um ato consciente da princesa. Houve pressão internacional, principalmente da Inglaterra. Nisso todos os historiadores concordam. É também inquestionável que o regime escravocrata era a base da economia nos tempos do Império. E seu fim foi uma das causas da Proclamação da República. O Brasil recebia mão-de-obra da Europa e um novo sistema capitalista estava em implantação. Esse processo de emancipação dos escravos, segundo a unanimidade de historiadores, já vinha ocorrendo desde 1850.

O fato é que o 13 de maio já foi mais efusivamente comemorado.  Contudo, sofreu mudanças naquilo que a data simboliza. Afinal, a libertação ocorreu pela caneta – digo, pena – de uma princesa, branca e aristocrata. O que parece não ser motivo de muito orgulho por parte de muitos dos cidadãos brasileiros negros.

Um maitre de um restaurante cinco estrelas paulista relatou nas redes sociais que poucos negros frequentam o local.  O certo é que não há atualmente nenhum ministro do Supremo negro. Somente um dos generais de 4 estrelas é negro. Apenas quatro senadores homens se autodeclararam negros. No atual ministério também não há negros. 

Nenhum arcebispo. No Brasil, 56% da população se declara negra, segundo o IBGE. A CNBB estima que apenas 3% dos padres sejam negros. Conheci um padre negro. Ele me disse que redentor foi Jesus Cristo, que redimiu a humanidade. Isabel não deveria ser chamada de redentora. Os negros do Brasil padecem de um racismo estrutural e injusto. O padre me disse que os negros ainda esperam pela sua efetiva redenção. E reza por isso. Para ele, Isabel fez a sua parte como Princesa Regente: assinou a Lei Áurea. E só.

 

domingo, 15 de maio de 2022

Manaus, amor e memória DLXVII

 

Teatro Amazonas.
Ao fundo, o Palácio da Justiça, em construção.

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Palavrório, de Carlos Castelo, em cinco poemas

Zemaria Pinto

 

Este texto foi originado de uma leitura compartilhada, proposta por Dilson Lages, de poemas do livro Palavrório, de Carlos Castelo. Por isso, a limitação de cinco poemas, uma pequena amostra, em mais de sessenta. Antes, uma palavra sobre o autor.

Carlos Castelo, natural de Teresina, mora quase desde sempre em SP, onde, pouco mais que um adolescente, participou, como cofundador, da banda Língua de Trapo, figurinha carimbada da Vanguarda Paulistana, movimento que agitou a cena cultural paulista e brasileira, entre a segunda metade dos anos 1970 e a primeira metade da década seguinte. É fácil lembrar de nomes como Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé, Premeditando o Breque (depois, Premê), entre outros. O Língua de Trapo destacava-se pela iconoclastia – nas letras (muitas de Carlos Castelo) e nas músicas, como na bela homenagem à Bossa Nova “Cagar é bom”, que Joãozinho jamais gravou...   

Do Língua pra cá, publicou 15 livros – de poemas, contos, crônicas e aforismos, além de ganhar cinco leões em Cannes/Propaganda e outros tantos prêmios da publicidade verde-amarela. E, para dirimir qualquer dúvida sobre seu verde-amarelismo, escreve regularmente para o saite Brasil 247.

Palavrório é um livro muito sério, a despeito do humor implícito e até mesmo, procurando bem, do explícito. Paródias e paráfrases predominam, enfatizando a intertextualidade e a metalinguagem onipresentes, como num banquete, melhor dizendo, numa feijoada bem paulistana, em plena quarta-feira garoenta, frequentada pela melhor literatura – como veremos nos poemas da amostra.       

 

inacessibilidades

 

Sou um poema hermético

você não vai me entender

desista de interpretações

não comunicar é preciso

Inexiste SAC, meu dileto,

para inacessibilidades

Se eu lhe digo pedra

não quer dizer pedra

se eu lhe digo pedra

quer dizer pedra

Aprecia alteridade?

vá procurar seu erotismo

o babado aqui

é única

e exclusivamente

masturbação

 

Crítica contundente a uma poesia descolada da realidade, que fala apenas para si mesma, sem contato com o coletivo – uma reedição da “torre de marfim”, lá do dezenove, ainda tão comum no vinteum. Ao criticar essa tendência, Carlos Castelo alinha-se com uma literatura que mantém laços com a ideia de poesia como expressão do universal, em detrimento da expressão individualista, tão cara à mediocridade lírica romantiquinha – de todos os tempos.

 

impossibilidade

 

Já era difícil

Escrever poesia

Depois de Auschwitz

Imagina agora

Com tanta blitz

 

Conexão intertextual entre a célebre frase de Adorno, de 1949 – “escrever poesia depois de Auschwitz é um ato bárbaro” –, e o momento brasileiro. Assim como criticava, também, a poesia individualista, Adorno posiciona-se contra a crítica que se confina “numa contemplação autossuficiente”,[1] e não enfrenta a reificação fascista que vampiriza os espíritos.

A conexão com o momento atual brasileiro é direta: “imagina agora / com tanta blitz”. A leitura, ao contrário do que diz o texto, deve ser feita pela via da ironia: só a poesia, melhor dizendo, só a arte pode combater a barbárie. 

  

gregoriana

 

Que falta nesta nação?… noção

E pra repor prejuízos?… juízo

Melhor no lugar de excessos?… progresso

 

Chamemo-lo de abcesso

De asqueroso para além

O território que não tem

Noção, juízo, progresso

 

Paródia de Gregório de Matos (“Epílogos”), atualizando-o para o Brasil de hoje. Vejamos um fragmento:

Que falta nesta cidade?.............. Verdade

Que mais por sua desonra.......... Honra

Falta mais que se lhe ponha....... Vergonha

 

O demo a viver se exponha,

por mais que a fama a exalta,

numa cidade onde falta

Verdade, Honra, Vergonha.

 

O “Boca do Inferno” critica a cidade da Bahia, a futura Salvador. Castelo expande sua crítica ao país, um irremediável e incurável abcesso. Atualíssimo. 

 

poema tirado de uma rede social

 

João Peposo era entregador de aplicativo e morava no morro da

[Trempe num barracão à beira do rio

Uma noite cansou da paradeira do isolamento

Bebeu

Cantou

Dançou

Depois se atirou da janela do barraco no Tietê e morreu afogado

 

Paráfrase-palimpsesto de Manuel Bandeira (“Poema tirado de uma notícia de jornal”), onde Castelo faz uma intervenção no poema do mais nobre inquilino de Pasárgada, que é de Libertinagem, publicado em 1930. João Gostoso, personagem de Bandeira, era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia, num barracão sem número. Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro: bebeu, cantou, dançou – depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. Substitua as partes sublinhadas e verifique porque chamei a tragédia de João Peposo de paráfrase-palimpsesto. Aliás, ele foi vítima indireta da Covid e nem entrou nas estatísticas.    

 

augusto no jardim

 

Eu vi

Augusto no jardim

de infância do meu

filho numa festa junina

 

O velhinho concreto

a cabeça branca no

meio da gurizada

parecia ficção, mas era

poesia

 

Este poema é um primor de delicadeza, respeito e afeto. Um exemplo perfeito de lírica individual que se transforma, por força da logopeia – a dança do intelecto entre as palavras, como diria Pound, traduzido por Augusto – e assume um sentido universalizante: o sentimento imediato do poeta comunica uma vivência que se expande para corações e mentes de quem é capaz de pensar aquele quadro para além do mero significado das palavras.

 

A poesia de Carlos Castelo é, muitas vezes, confundida com o poema-piada, um reducionismo sem sentido. Normalmente, são assim classificados – mesmo entre Oswald de Andrade, Drummond ou Leminski – poemas que transbordam ironia e anti-individualismo, isto é, universalismo – alguns, preferem antilirismo, com o que eu não concordo, pelos motivos expostos acima. O tímido riso que Carlos Castelo nos arranca é algo entre o travoso e o amargo, porque conectado com a realidade de seu tempo. Tempo sombrio.      



[1] ADORNO, Theodor W. Indústria Cultural e Sociedade. Tradução: Augustin Wernet e Jorge M. B. de Almeida. 5. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. p. 61.  



quinta-feira, 12 de maio de 2022

A poesia é necessária?

 

Cobra Norato

Raul Bopp (1898-1984)

 

 

 

IV

 

Esta é a floresta de hálito podre

parindo cobras

 

Rios magros obrigados a trabalhar

A correnteza se arrepia

descascando as margens gosmentas

 

Raízes desdentadas mastigam lodo

 

Num estirão alagado

o charco engole a água do igarapé

 

Fede

O vento mudou de lugar

 

Um assobio assusta as árvores

Silêncio se machucou

 

Cai lá adiante um pedaço de pau seco:

Pum

 

Um berro avulso atravessa a floresta

Chegam outras vozes

 

O rio se engasgou num barranco

 

Espia-me um sapo sapo

Aqui há cheiro de gente

– Quem é você?

 

– Sou a Cobra Norato

Vou me amasiar com a filha da rainha Luzia



terça-feira, 10 de maio de 2022

Uma justa homenagem – Justíssima

 Pedro Lucas Lindoso


Neste 6 de maio se comemora o Dia Nacional da Matemática. No Primário ficava feliz quando a professora nos pedia para fazer uma redação. Mas ela gostava de um tal de Joãozinho. O garoto dos problemas matemáticos. Ele ia à livraria e comprava uma dúzia de lápis e duas dezenas de cadernos. E eu pensava: para que tantos cadernos? Ou ia à feira e comprava meia dúzia de peras, uma dezena de goiabas, três dúzias de ovos e muito mais. Os problemas envolvendo frutas, ovos e legumes eram os mais difíceis.

No ginásio, que hoje é Fundamental II, lembro-me com carinho das professoras de Português, História e Geografia. A de Matemática era alta, magra, de nariz aquilino. Era conhecida como a bruxa das equações.  Sempre achei que era sua culpa eu ser mau aluno de Matemática.

Mas no II Grau, hoje chamado de Ensino Médio, fiz as pazes com a Matemática. Caiu-me às mãos um livro inesquecível. Tinha que ser pela leitura a minha catarse com os números! Falo do livro O homem que calculava, de Malba Tahan.

O personagem principal do livro é o jovem árabe Beremiz. O rapaz tinha uma grande habilidade para pastorear ovelhas, contar folhas de árvores, e, claro, calcular. Ao conhecer o bagdali Hank Tade-Maiá, foi com ele para Bagdá. Na viagem soluciona vários problemas matemáticos. Nenhum envolvendo frutas ou legumes e nem cadernos. Resolveu a partilha de 35 camelos por 3 herdeiros, a divisão de 21 vasos com coisas diferentes por 3 sócios, dentre muitas outras questões. Em Bagdá ele se torna professor de Telassim, por quem se apaixona, mesmo sem poder ver seu rosto. Beremiz pede a mão de Telassim ao Califa. Mas para ter o consentimento tem que decifrar a cor dos olhos de um grupo de escravas. Apenas ouvindo as suas declarações. E vence o desafio. Casam-se e vão para Constantinopla. O Bispo que batiza Beremiz tinha que saber a teoria de Euclides. Um livro clássico. Uma maravilha.

O verdadeiro nome de Malba Tahan era Júlio César de Melo e Souza, autor desse sensacional livro – O homem que calculava. Seu livro é um sucesso não só no Brasil. Foi traduzido para vários idiomas.

O dia 6 de maio é o dia Nacional da Matemática, criado pela Lei 12.835/2013. Por iniciativa de professores da UNICAMP, Universidade de Campinas, os matemáticos brasileiros estão festejando e homenageando o professor Júlio César de Melo e Souza, conhecido pelo pseudônimo de Malba Tahan. Ninguém pode duvidar da importância dos números e a necessidade de saber usá-los no dia a dia de nossas vidas. As homenagens a Malba Tahan pela passagem do Dia Nacional da Matemática são mais do que justas. São justíssimas.

 

domingo, 8 de maio de 2022

Manaus, amor e memória DLXVI

 

Vista aérea da Ponte de Ferro, em manutenção.
Acima, à direita, a Cadeia Pública.

sexta-feira, 6 de maio de 2022

quinta-feira, 5 de maio de 2022

A poesia é necessária?

                    

impossibilidade

Carlos Castelo

 

Já era difícil

Escrever poesia

Depois de Auschwitz

Imagina agora

Com tanta blitz


terça-feira, 3 de maio de 2022

Saiu do grupo

Pedro Lucas Lindoso

 

Tia Idalina faz parte de um grupo de whatsapp – VIZINHAS AMIGAS. O objetivo do grupo é opinar sobre as necessidades do condomínio. Propor sugestões para a síndica, melhorar o convívio entre os vizinhos e ajuda mútua em questões de segurança e bem-estar de todos.

Ficou acordado que não se falaria de política. Também não seria necessário dar bom dia, nem boa tarde e nem boa noite. No dia do aniversário das participantes os votos de felicidades seriam bem-vindos. Assim como condolências e outras manifestações de apreço. Afinal, o objetivo do grupo é estreitar laços de amizade entre as senhoras moradoras do prédio. Também ficou acordado que o grupo seria só de mulheres. Os homens que fizessem o grupo deles. O grupo seria só das luluzinhas.

Tia Idalina sabe vários ditados para várias situações. Um dos seus preferidos é: “Faça trabalhar a cabeça e dê férias à língua”. No caso de grupo de whatsapp, deve-se dar férias às postagens inconvenientes. Tem gente que adora postar e falar, mas realiza pouco. Essas pessoas têm sempre solução para problemas, mas não fazem nada de concreto para aplicar essas soluções. Sabem dar conselhos para quem está em dificuldade, mas na prática não ajudam ninguém.

Meu amigo Chaguinhas, que é conhecedor da Bíblia, outro dia disse que João nos ensina que “Não ameis só com palavras e língua, mas por obras de caridade”.

Outro dito de Tia Idalina, é um provérbio francês, que aprendeu com Madame Carradot, professora da Aliança Francesa no Rio de Janeiro: “o melhor espelho é o olhar de um amigo”. A gente sabe que o grande amigo é aquele que sabe o pior a seu respeito e continua sendo seu amigo.

Pois bem, uma das participantes do grupo de whatsapp deu uma festa no salão de festas do condomínio. Estavam todos sedentos de confraternizar. A pandemia parece ter terminado ou arrefeceu. Inclusive não há mais obrigatoriedade de uso de máscaras. Portanto, a festa foi bastante animada e algumas pessoas cometeram excessos.

Uma das participantes do grupo VIZINHAS AMIGAS foi filmada dançando de maneira imprópria com um dos vizinhos. Ambos solteiros, é verdade, mas a filmagem causou comoção e risos entre as participantes.

A vítima da filmagem protestou e disse que foi exposta ao ridículo. Tia Idalina deu razão a ela. Mas tentou contemporizar. Disse que a intenção era só retratar a alegria e a descontração.

O certo é que é preciso bom senso e elegância nas postagens de whatsapp. A “vítima” da postagem indevida saiu do grupo. Triste e magoada.

  

domingo, 1 de maio de 2022

Manaus, amor e memória DLXV


Vista aérea dos bairros da Glória, parte inferior da foto,
e São Raimundo, parte superior.
À esquerda, a fábrica de cerveja, no bairro de Aparecida.