Pedro Lucas Lindoso
Neste 6
de maio se comemora o Dia Nacional da Matemática. No Primário ficava feliz
quando a professora nos pedia para fazer uma redação. Mas ela gostava de um tal
de Joãozinho. O garoto dos problemas matemáticos. Ele ia à livraria e comprava
uma dúzia de lápis e duas dezenas de cadernos. E eu pensava: para que tantos
cadernos? Ou ia à feira e comprava meia dúzia de peras, uma dezena de goiabas,
três dúzias de ovos e muito mais. Os problemas envolvendo frutas, ovos e
legumes eram os mais difíceis.
No
ginásio, que hoje é Fundamental II, lembro-me com carinho das professoras de
Português, História e Geografia. A de Matemática era alta, magra, de nariz
aquilino. Era conhecida como a bruxa das equações. Sempre achei que era sua culpa eu ser mau
aluno de Matemática.
Mas no
II Grau, hoje chamado de Ensino Médio, fiz as pazes com a Matemática. Caiu-me
às mãos um livro inesquecível. Tinha que ser pela leitura a minha catarse com
os números! Falo do livro O homem que calculava, de Malba Tahan.
O
personagem principal do livro é o jovem árabe Beremiz. O rapaz tinha uma grande
habilidade para pastorear ovelhas, contar folhas de árvores, e, claro,
calcular. Ao conhecer o bagdali Hank Tade-Maiá, foi com ele para Bagdá. Na
viagem soluciona vários problemas matemáticos. Nenhum envolvendo frutas ou
legumes e nem cadernos. Resolveu a partilha de 35 camelos por 3 herdeiros, a
divisão de 21 vasos com coisas diferentes por 3 sócios, dentre muitas outras
questões. Em Bagdá ele se torna professor de Telassim, por quem se apaixona,
mesmo sem poder ver seu rosto. Beremiz pede a mão de Telassim ao Califa. Mas
para ter o consentimento tem que decifrar a cor dos olhos de um grupo de
escravas. Apenas ouvindo as suas declarações. E vence o desafio. Casam-se e vão
para Constantinopla. O Bispo que batiza Beremiz tinha que saber a teoria de
Euclides. Um livro clássico. Uma maravilha.
O verdadeiro
nome de Malba Tahan era Júlio César de Melo e Souza, autor desse sensacional livro
– O homem que calculava. Seu livro é um sucesso não só no Brasil. Foi
traduzido para vários idiomas.
O dia 6
de maio é o dia Nacional da Matemática, criado pela Lei 12.835/2013. Por
iniciativa de professores da UNICAMP, Universidade de Campinas, os matemáticos
brasileiros estão festejando e homenageando o professor Júlio César de Melo e
Souza, conhecido pelo pseudônimo de Malba Tahan. Ninguém pode duvidar da
importância dos números e a necessidade de saber usá-los no dia a dia de nossas
vidas. As homenagens a Malba Tahan pela passagem do Dia Nacional da Matemática
são mais do que justas. São justíssimas.