Amigos do Fingidor

terça-feira, 10 de maio de 2022

Uma justa homenagem – Justíssima

 Pedro Lucas Lindoso


Neste 6 de maio se comemora o Dia Nacional da Matemática. No Primário ficava feliz quando a professora nos pedia para fazer uma redação. Mas ela gostava de um tal de Joãozinho. O garoto dos problemas matemáticos. Ele ia à livraria e comprava uma dúzia de lápis e duas dezenas de cadernos. E eu pensava: para que tantos cadernos? Ou ia à feira e comprava meia dúzia de peras, uma dezena de goiabas, três dúzias de ovos e muito mais. Os problemas envolvendo frutas, ovos e legumes eram os mais difíceis.

No ginásio, que hoje é Fundamental II, lembro-me com carinho das professoras de Português, História e Geografia. A de Matemática era alta, magra, de nariz aquilino. Era conhecida como a bruxa das equações.  Sempre achei que era sua culpa eu ser mau aluno de Matemática.

Mas no II Grau, hoje chamado de Ensino Médio, fiz as pazes com a Matemática. Caiu-me às mãos um livro inesquecível. Tinha que ser pela leitura a minha catarse com os números! Falo do livro O homem que calculava, de Malba Tahan.

O personagem principal do livro é o jovem árabe Beremiz. O rapaz tinha uma grande habilidade para pastorear ovelhas, contar folhas de árvores, e, claro, calcular. Ao conhecer o bagdali Hank Tade-Maiá, foi com ele para Bagdá. Na viagem soluciona vários problemas matemáticos. Nenhum envolvendo frutas ou legumes e nem cadernos. Resolveu a partilha de 35 camelos por 3 herdeiros, a divisão de 21 vasos com coisas diferentes por 3 sócios, dentre muitas outras questões. Em Bagdá ele se torna professor de Telassim, por quem se apaixona, mesmo sem poder ver seu rosto. Beremiz pede a mão de Telassim ao Califa. Mas para ter o consentimento tem que decifrar a cor dos olhos de um grupo de escravas. Apenas ouvindo as suas declarações. E vence o desafio. Casam-se e vão para Constantinopla. O Bispo que batiza Beremiz tinha que saber a teoria de Euclides. Um livro clássico. Uma maravilha.

O verdadeiro nome de Malba Tahan era Júlio César de Melo e Souza, autor desse sensacional livro – O homem que calculava. Seu livro é um sucesso não só no Brasil. Foi traduzido para vários idiomas.

O dia 6 de maio é o dia Nacional da Matemática, criado pela Lei 12.835/2013. Por iniciativa de professores da UNICAMP, Universidade de Campinas, os matemáticos brasileiros estão festejando e homenageando o professor Júlio César de Melo e Souza, conhecido pelo pseudônimo de Malba Tahan. Ninguém pode duvidar da importância dos números e a necessidade de saber usá-los no dia a dia de nossas vidas. As homenagens a Malba Tahan pela passagem do Dia Nacional da Matemática são mais do que justas. São justíssimas.