Amigos do Fingidor

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quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

A poesia é necessária?

 

Presságio

Rojefferson Moraes

 


Passamos a vida toda construindo coisas

Para morrermos sozinhos dentro dos nossos castelos

Abandonados e fiéis ao nosso orgulho tolo

Firmes à melancolia profunda da nossa alma

Feito uma chaga incurável

Criamos nossos filhos como anjos

Na esperança de que não se tornarão monstros

Na esperança de que não cometerão atrocidades

Nem com os outros, nem com nós mesmos

 

Passamos a vida preocupados com os pilares do mundo

Enquanto nossos ossos enfraquecem

A tal ponto de ser impossível permanecermos de pé

Incapazes de prosseguir na caminhada

No compromisso com a causa, com as paixões e com o amor

Uma vida encoberta pela casca da força

Mas recheada de dor, incerteza e luto

 

Tantos projetos e planos para amanhecer um dia

Sozinho, no chão, aos prantos, fraco e sem fé

Tantos planos para ver desmoronar cada um deles

Uma vida inteira de tradição para findar jogado

Como uma folha descartada pela árvore

Tentando rir, tentando demonstrar força para manter o mínimo de dignidade

 

Passamos uma vida inteira limpando quintais

Para morrermos entre os capins e os escombros da velha casa onde ninguém mais quer morar.



domingo, 3 de abril de 2022

Estilhaços Literários faz conexão Norte-Nordeste

 


Chegamos ao "Estilhaços Literários - Escritorxs Indigestxs XI" fazendo uma conexão Norte Nordeste lindíssima! Serão quatro poetas convidados, Marta Cortezão (AM), Mailson Furtado (CE), Antonio Miranda (CE) e Rojefferson Moraes (AM), com mediação do poeta Zemaria Pinto, em um bate papo sobre suas obras, e a correria que é ser poeta em um país dominado por pessoas que comemoram o golpe militar. E marcando o retorno do sarau ao Centro de Manaus, no Vibrânia – Estúdio de Arte, em plena segunda-feira. Chega junto!

 

#EstilhaçosLiterários

#Vibrânia

#NaToraProduções


sexta-feira, 4 de março de 2022

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Oficina de Escrita Coletiva


Turma da Manhã.

Turma da tarde.

 

Sábado rodamos mais uma oficina do Projeto MURAL – Jornalzine do Monte, contemplado no edital Manaus Faz Cultura, promovido pelo @conculturamao, por meio da @manauscult, com apoio da @prefeiturademanaus. Com a presença do escritor e membro da @academiadeletras.am Zemaria Pinto, que compartilhou um pouco do seu vasto conhecimento com a molecada aqui da minha quebrada, e o que posso afirmar é o seguinte, estamos com uma turminha com a palavra afiada, atenta aos problemas da comunidade, e disposta a aprender. O Monte das Oliveiras nunca mais será o mesmo, podem anotar isso. 

(Rojefferson Moraes)

Rojefferson Moraes e Zemaria Pinto.

Agradecer ao apoio do poeta Zemaria Pinto que durante os últimos anos tem me acompanhado em inúmeras maluquices literárias e culturais, por também ser um representante da luta nossa de cada dia, e por compreender que a literatura tem uma função social importantíssima, e que arte não se faz apenas nas universidades, nas academias, no Centro da cidade. Mais do que nunca o conhecimento acadêmico precisa furar a bolha da boçalidade no intuito de alcançar as pessoas periféricas. Gratidão!

(Rojefferson Moraes)


A Oficina de Escrita Criativa faz parte de um projeto do Coletivo Soul do Monte, visando a produção de um Jornalzine, no bairro do Monte das Oliveiras, na Zona Norte de Manaus.


quinta-feira, 16 de setembro de 2021

A poesia é necessária?

          Não sou caboco à toa!

Rojefferson Moraes

 

Não sou caboco à toa!

Sou curumim desvairado

Mendigo de roda de pinga

Comedor de farinha puba

Não sou “caboco” à toa!

Sou o que, sob sol escaldante,

Sentado nas escadas desbotadas,

Corta um limão

E toma um caldo quente

De jaraqui amargo!

 

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Estilhaços Literários no Monte das Oliveiras




No dia 16 de abril, participaremos da 10ª edição do sarau “Estilhaços Literários – Literatura Periférica”. O evento, que é realizado desde 2017, foi contemplado pelo Edital Prêmio Feliciano Lana – Lei Aldir Blanc, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, e será realizado no formato híbrido, para que possamos atender aos requisitos higiênico-sanitários de enfrentamento à pandemia. Será transmitido pela página Estilhaços Literários – Encontro de Escritores Indigestos, do Facebook.


 

sexta-feira, 2 de abril de 2021

O Pulso - decálogos sobre a poesia viva

 Marco Aurélio de Souza


O DIA EM QUE CARLA ASSASSINOU O MEU GATO E OUTRAS CRISES DE AMOR – ROJEFFERSON MORAES


1. Após uma sequência de três livros de poemas editados de maneira independente, Rojefferson Moraes fez sua estreia editorial com este O dia em que Carla assassinou o meu gato e outras crises de amor, publicado pela Penalux, em 2017. O título é bastante autoexplicativo: na maior parte de seus poemas, nos vemos defronte a flertes impensados, casamentos que começam e terminam como um relâmpago, crises de relacionamento e ilusões amorosas que se aproximam perigosamente dos destinos trágicos.

2. A poesia do escritor amazonense não nutre procedimentos esteticistas e nem se utiliza de vocábulos sem antes testá-los na prova real da fala cotidiana. Bruta como um divórcio conflituoso, áspera como uma transação entre sobreviventes, sua poética está colada irremediavelmente ao bafo das ruas, ao asfalto quente das periferias manauaras.

3. Coeso nas questões formais e temáticas, o volume é dividido em três partes: a primeira, mais longa, traz uma série de poemas associados à expressão de um enigma; na segunda, somos apresentados à personagem que habita o título do livro, Carla, que protagoniza uma espécie de novela poética; a terceira parte, por fim, traz poemas avulsos focados em relacionamentos amorosos. Uma vez que, diferente da primeira, as seções finais da obra nunca se distanciam da ideia contida no título (a das crises de amor), parece-me que o autor poderia ter desdobrado este livro em dois, guardando os poemas que fogem à sua temática principal para um volume à parte.      

4. Na primeira seção do livro, tal como as personagens criadas por Rojefferson, suas micronarrativas parecem sofrer o tempo todo de uma ansiedade paralisante, angústia da mesma natureza que aquela experimentada pelo malandro que decide mudar de vida, alcançando seu objetivo pelo período estreito de dois dias e meio.

5. E porque seus protagonistas parecem estar sempre preparando terreno para uma mudança íntima que logo se mostra ilusória, os próprios poemas do livro parecem se render a um efeito de atrofia, perdendo suas possibilidades heroicas mediante um mergulho afoito nas mais diversas interdições existenciais que caracterizam a vivência periférica.



6. Em diversos poemas, o processo de quebra de expectativas se constrói por meio da aceitação da vida ordinária, das obviedades e de como as coisas realmente são. Enquanto o leitor espera o consolo de uma reviravolta, de uma luminosidade algo divina capaz de provocar um desvio na trajetória das personagens, o desfecho típico de suas crônicas poéticas derruba, como um terremoto impiedoso, até mesmo o que a custo ainda estava em pé. 

7. Assim, por exemplo, ao narrar o despertar de um bêbado no asfalto, vítima de ultrajes e humilhações, o poema torce as eventuais expectativas de transformação com o desfecho mais previsível: o homem sente o desprezo do mundo e, com sua garrafa de “verdades que ninguém vê/toma, cospe, manda todos pro inferno/depois levanta, cambaleante” (O enigma do sono – I). Aqui, não há qualquer redenção possível, somente a vida com seus ciclos infinitos de miséria e dor.

8. Manaus, explosão urbana incrustada no coração da selva, é a paisagem degradada dos poemas enfeixados neste livro. Não espere, porém, o índio idílico, o pescador bucólico ou o caboclo amante da natureza: a capital amazonense aparece em sua faceta mais realista e brutal, cortada por igarapés contaminados e povoada por todo tipo de miseráveis e marginais. E por se erguer sobre uma geografia poética, é certo que a experiência de seus poemas será algo diferente para aquele que conhece a cidade por trás da poesia, sendo por isso capaz de vislumbrar mais facilmente a força de um punk sujo assobiado pela Eduardo Ribeiro, entre outras imagens/referências à urbe manauara.

9. Provando a força que a cidade possui em sua poesia, mesmo quando seu lado lírico e romântico parece predominante, Manaus continua no horizonte dos poemas, surgindo de suas frestas qual uma ameaça, a exemplo do que ocorre no poema “O enigma da inocência” (ver no primeiro comentário), que expõe a vulnerabilidade da vida na metrópole mediante um contraste quase irônico com a inocência da infância.

10. Como se vê, portanto, o valor da literatura de Rojefferson não se encontra em achados formais, mas sim na sensibilidade cultivada pelo autor em meio aos corres do cotidiano, na visão de quem sabe bem como é estar sempre à mercê de decisões e acontecimentos que escapam à esfera íntima da consciência – os imperativos do Estado, do marido, da sorte, da boa vontade alheia e das instituições –, por isso compreende a explosão que muitas vezes advém como perigosa consequência de um desejo natural pela dignidade e pelo poder.



quarta-feira, 31 de março de 2021

7 dias cortando as pontas dos dedos - volume 4

 



Quando pensamos em produzir um fanzine cujo conteúdo fosse de oposição à instalação de um governo fascista no país, não imaginávamos que chegaríamos ao extremo de ver o extermínio em massa da população brasileira, em decorrência da incompetência governamental do presidente que faz da Esplanada dos Ministérios seu parque de diversão pessoal, onde só quem manda é ele, e onde tudo tem que ser feito conforme suas vontades. Isso somado a total falta de habilidade da sua equipe de militares paus-mandados, incapazes de criar uma estratégia eficaz de combate à pandemia, e cujas medalhas apenas comprovam que o alto escalão das forças armadas do Brasil não passa de um covil de cobras traiçoeiras e interesseiras.

Hoje estamos às vésperas da marca desesperadora de 300 mil mortes decorrentes de complicações do COVID-19. Com uma população completamente desnorteada. Nem mesmo os apoiadores do presidente sabem mais o que dizer pra defender o indefensável. Quanto a nós? Estamos aqui novamente, 30 participantes, de 11 estados, das 5 regiões do país, em um E-ZINE de RESISTÊNCIA, agora contando com o apoio da Editora Merda na Mão (RS), e da Na Tora Produções (AM), ecoando o grito de FORA GENOCIDA!



quinta-feira, 1 de março de 2018

Estilhaços Literários - 7a edição





Somos atores sociais, e por isso temos a obrigação de pensar a cultura como instrumento de transformação social. E isso só é possível por meio de práticas que permitam criar acessibilidade e fomento à produção artística e cultural de uma cidade, em espaços onde o estado não tem o mínimo interesse de criar mecanismos de difusão de conteúdo intelectual (escolas públicas e comunidades periféricas, principalmente). Cabe a nós artistas, poetas, educadores... promover ações de inclusão nesse sentido. Assimilar isso e preparar o ambiente para esse processo de construção de conteúdo intelectual é fundamental para o fortalecimento social de pessoas que estão fora dos grandes centros, ou, se incluídas nesses territórios, possam participar não apenas recebendo conteúdos, mas produzindo materiais de questionamento social.
(Rojefferson Moraes)

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

I Mostra de Poesia - da Praça para a Academia (fotos)


A Academia Amazonense de Letras regozija-se em apresentar esta I Mostra de Poesia – da Praça para a Academia, trazendo para a Casa de Adriano Jorge os novos talentos da poesia amazonense. É “mostra” porque não se trata de competição; e “primeira” porque pretendemos que haja muitas outras. A praça é um lugar onde as pessoas se encontram, mas é também um lugar de passagem. E foi numa praça que, em 1954, o Clube da Madrugada – marcante movimento cultural liderado por jovens intelectuais do Amazonas – foi fundado. Mais de 60 anos passados, a Academia abre suas portas para receber os jovens de todas as praças.

Rosa Mendonça de Brito
Presidente da AAL


Presidente Rosa Brito abre os trabalhos.
Ovacionado pelo público, o decano da Academia, poeta Thiago de Mello.
A atriz Koia Refkalefsky, em participação especial, leu poemas de Anne Lucy e de Sálvia Haddad.
Everaldo Nascimento.
Grace Cordeiro.
Gracinete Felinto.
Inácio Oliveira.
José t. Gonzaga.
Miguel de Souza.
Pollyanna Furtado.
Rojefferson Moraes.
João Feijão (Vibe Positiva).
Anne Jezini.
Fotos: Anny Lucy.

Participaram ainda: Anne Lucy, Sálvia Haddad, Saturnino Valladares e Celestino Neto.

Curadoria/Organização: Zemaria Pinto

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Lembranças de uma noite qualquer - apresentação




Reflexões poéticas, poemas reflexivos. Porrada! Poesia feita de entranhas, reflexões colhidas nos monturos. Porrada! Porrada! Baudelaire nos despertou para a poética da podridão, há mais de 150 anos, mas a poesia bem comportada insiste em rimar amor e flor, calor e dor, e ainda bota no meio a porra de um beija-flor, buscando subvenções oficiais. Porrada! Porrada! Porrada! Macaco d’Água, como um Nietzsche da Escadaria, insiste em assestar o seu martelo de maçaranduba contra o bom mocismo, a dor de corno e a babaquice genérica desta cidade em desalinho, à margem esquerda do nada. Contra a falsa violência do eme-eme-a junkie, Macaco d’Água bate apenas abaixo da linha de cintura – e quando o adversário cai, desfalecido, escarra-lhe na cara! Porrada é isso!  
(João Sebastião,
poeta nefelibata, filósofo de boteco, profeta do caos) 

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Lembranças de uma noite qualquer


Atenção: Balsa Amarela é a balsa amarela da Manaus Moderna.