Amigos do Fingidor

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Dicas para o réveillon



Pedro Lucas Lindoso


Estamos em época de festas. Natal e Ano Novo. Então vou aproveitar para dar algumas dicas. Dica é uma boa indicação. É o que alguns chamam de macete ou bizu. Resolvi então oferecer aos meus poucos leitores, algumas dicas para os réveillons. A palavra réveillon significa reanimar, despertar. Em francês, réveillon é “acordar”, “deixar de dormir”. Na França de hoje, réveillon é o nome da festa noturna no dia antes do Natal e no dia antes do Ano Novo. Assim, na verdade existem dois réveillons. E as dicas são para os dois. O réveillon de Natal e o réveillon de Ano Novo.
Interessante é que na França, o termo é usado mais comumente no Natal. No Ano Novo chama-se Réveillon de São Silvestre, pois o dia 31 de dezembro é o dia de São Silvestre. Nós aqui só usamos réveillon especificamente para a virada do ano.
Como já dito, essas dicas servem para o réveillon do Natal e do Ano Novo. Todavia, algumas parecem ser mais apropriadas para o réveillon de Natal. Outras são “bizus” para o Ano Novo. Obviamente, ninguém precisa segui-las. Mesmo porque se conselho tivesse valor, ninguém os dava. Vendia-os.
DICA Nº 1. Não precisa se preocupar com a cor da roupa do réveillon. A paz não está no branco da sua roupa, mas nas suas atitudes. A riqueza vem com o trabalho e não com o amarelo da sua roupa. O vermelho serve mais para torcer para o Garantido do que para arrumar um novo amor. E lembre-se, Jesus foi envolvido por Maria com alguns poucos panos disponíveis.
DICA Nº 2. Não importa o local em que você vai estar durante a festa. Hotel 5 estrelas, resort de luxo, restaurante caro da moda. Lembre-se que Jesus nasceu numa estrebaria. Um tapiri, como os caboclos chamam as choupanas da floresta.
DICA Nº 3. Não se preocupe com os presentes. As famosas lembrancinhas. Você não é o aniversariante e as pessoas também não estão fazendo aniversário. Salvo algumas, como minha amiga Natalina que nasceu dia 25 de dezembro.  Ele, o Menino Jesus é que faz aniversário. Ah! Não houve amigo oculto entre a Sagrada Família e os pastores que vieram adorar o Menino Deus.
DICA Nº 4. Também não precisa se preocupar com a comida. Não se tem notícia de que os pastores levaram pirarucu de casaca, pernil ou bacalhau para a gruta onde estava a Sagrada Família.
DICA Nº 5. Esqueça ostentação e lembre-se que o Natal é período para exercer a humildade e o amor. A maior lição de Jesus é o AMOR. Evite a raiva, seja gentil, não se preocupe, seja honesto e sempre grato a Jesus. Ele que todos os anos se faz Menino para nos salvar.
FELIZ NATAL!  FELIZ ANO NOVO!


 Obs: esta crônica deveria ter saído no dia 24 de dezembro, o que não aconteceu por problemas técnicos.
  

domingo, 29 de dezembro de 2019

Manaus, amor e memória CDLIII


Prédios da Booth Line e Bolsa Universal.
À direita, a Praça da Matriz.

sábado, 28 de dezembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Marcia Batoni.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

A poesia é necessária?



Liberdade
Carlos Marighella (1911-1969)


Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.

Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.

Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.

E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Noemi Safir.

domingo, 22 de dezembro de 2019

Manaus, amor e memória CDLII


Prédio da Polícia Militar; atualmente, Palacete Provincial. 

sábado, 21 de dezembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Frank Frazetta.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

A poesia é necessária?



Coplas de virgo
Anibal Beça (1946-2009)



Há um cheiro de angústia nos teus olhos
amputado no meio desta sala.
E este mistério basta-se em silêncio
apascentando os demos desta noite.

E é assim que eu não querendo ver eu vejo
madeira tosca a se rachar no tempo
os caules duros tão particulares
reconstruídos no covão das horas.

Pois que do tempo bebo alimentando
a tua singular fisionomia.
Aquela mesma que ficou plantada
de grãos e pelos rubra arquitetura.

E repousei caído em teus desígnios
e a água não era mais a mesma água
e a praia desnudava-se dos olhos
de ter e ver o verão do teu corpo.

E tua geografia era uma ilha
relva fresca de brisa amanhecida
que águas do meu instinto roçagavam
acordando gaivotas no teu ventre.

E éramos sós, o voo da paisagem
em duas asas alargando a noite
e displicentes palmilhamos rastros
e nos perdemos na linguagem única.

Amarantíssimo ansiar de chamas
fuga fugaz em tempo de equinócio
onde o dia e a noite são no avesso
a própria conjunção dos girassóis.

Que vibrem as cigarras de setembro
instante de pálpebras frementes
que o nosso alumbramento encadeado
seja o elo perene do silêncio.

Ah, duração de gozo interminável
onde o tempo é objeto sem valor
pois o moto maior de todo amante
é um antigo relógio sem ponteiros.

Ah, o lobo da memória me assaltando
a devorar auroras e crepúsculos
mas me salva este mar da lua espelho
onde liberto sou e recomeço.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Dunehnne.
Linda Bergkvist.

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Parentes do mesmo rio, nossos irmãos



Pedro Lucas Lindoso


Os povos da floresta costumam chamar todos de suas aldeias de parentes. Assim como nós usamos a palavra conterrâneo. Em recente evento patrocinado pelo programa socioambiental onde trabalho, Raimundo Paumari, da etnia Paumari, se referia a todos de sua comunidade do rio Tapauá como parentes. E dizia que seus parentes não acreditavam no projeto porque eram teimosos. “Os parentes Paumari são teimosos”, dizia ele. No início não colaboravam com o projeto do manejo do pirarucu. Felizmente bem-sucedido.
 Os portugueses que vivem no Brasil costumam chamar seus compatriotas de patrícios. Como se sabe, os patrícios eram os que constituíam a aristocracia na Roma antiga. Hoje significa pessoa da mesma pátria, compatriota ou conterrâneo. Já os libaneses costumam se tratar por primos. Ou “brimos”, porque confundem o p com o b.
Aqui no nosso Amazonas, muitas vezes o rio é que merece aquele sentimento de “torrão natal”, expressão que pode se referir à terra, lar, nação, país, pátria, ninho. E aqui se estende aos rios. Meu pai que nasceu em Manicoré, no rio Madeira, costumava dizer que gente do Madeira é gente da melhor qualidade.
De fato, vejo as pessoas do interior se referirem aos rios que banham suas cidades. Fulano é do Juruá, o rio mais sinuoso do mundo. Sicrano é de Lábrea, no rio Purus. Manacapuru é a princesa do Solimões. Itacoatiara fica à margem esquerda do grande Amazonas.
Raimundo, cujo sobrenome é o mesmo de sua etnia, se referia muito aos parentes Paumari. Mas não esquecia de mencionar o rio Tapauá. Além do rio há o município do mesmo nome, a cidade de Tapauá. Em toda a sua fala, ele não mencionou a cidade, sempre o rio.
De fato, o rio para os ribeirinhos é de fundamental importância. O rio dá a subsistência pelos peixes. É o meio de locomoção. É a grande referência. O regime das águas determina a vida e a cultura dos que vivem na Amazônia. No primeiro semestre do ano chove mais e o rio fica cheio. Depois vem a vazante e tudo muda. Tudo depende das águas. Tudo é pelos rios e por causa dos rios.
E assim vivem Raimundo e seus parentes teimosos, lutando pela sobrevivência nos rios amazônicos. E ele, em especial, no seu Tapauá.
O Menino Deus nasce todo ano no Natal em uma estrebaria de Belém da Judeia. Aqui nascem meninos Paumari em tapiris, nossas palhoças amazônicas.
Meninos Paumari que não são nossos parentes, mas nossos irmãos. É tempo de lembrar o maior ensinamento do Cristo: amai-vos uns aos outros. E sejamos todos irmãos em Cristo.

domingo, 15 de dezembro de 2019

sábado, 14 de dezembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


René Zwaga.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

A poesia é necessária?



Lição de coisas

Octavio Paz


1.    Animação
Sobre a estante,
entre um músico Tang e um jarro de Oaxaca,
incandescente e vivaz,
com faiscantes olhos de papel de prata,
nos observa ir e vir
a pequena caveira de açúcar.

2.    Máscara de Tláloc gravada em quartzo transparente
Águas petrificadas.
O velho Tláloc dorme, dentro,
sonhando tempestades.

3.    O mesmo
Tocado pela luz
o quartzo já é cascata.
Sobre suas águas flutua, menino, o deus.

4.    Deus que surge de uma orquídea de barro
Entre as pétalas de argila
nasce, sorridente,
a flor humana.

5.    Deusa Olmeca
Os quatro pontos cardeais
regressam a teu umbigo.
Em teu ventre golpeia o dia, armado.

6.    Calendário
Contra a água, dias de fogo.
Contra o fogo, dias de água.

7.    Xochipilli
Na árvore do dia
penduram frutos de jade:
fogo e sangue na noite.

8.    Cruz com sol e lua pintados
Entre os braços desta cruz
aninharam-se dois pássaros:
Adão-sol e Eva-lua.

9.    Menino e pião
Cada vez que o lança,
cai, justo,
no centro do mundo.

10.Objetos
Vivem a nosso lado,
os ignoramos, nos ignoram.
Algumas vezes conversam conosco.


(Trad. Zemaria Pinto)

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Adisa.
Mitch Foust.


terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Barco perdido, bem carregado



Pedro Lucas Lindoso


Tia Idalina me telefona, aos prantos. Sua encomenda de pirarucu e farinha do Uarini foi confiscada por fiscais da Anvisa, no Terminal de Cargas do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o conhecido Galeão.
Todo ano, no Natal, tia Idalina faz uma receita especial de pirarucu do céu. Já publicamos tal receita, com autorização dela, evidentemente. Aí vai novamente, a pedidos:
“Assar o pirarucu. Após, tirar as lascas. Fazer um bom refogado com cebola, cebolinha, cheiro-verde, tomate e pimentão. Usar azeite. Usar farinha do Uarini molhada no leite de castanha. Colocar na tigela uma camada de pirarucu, misturada com o refogado. Em seguida uma camada de farinha molhada no leite de castanha. Outra camada de pirarucu, em seguida outra de farinha. Enfeitar com ovo cozido, azeitonas e tomate. Fritar banana comprida para acompanhar”.
A receita é muito parecida com o famoso pirarucu de casaca. Idalina diz que não é a mesma coisa. Outro dia, num “chá” em homenagem a Almir Diniz, dona Aníria, sua esposa, nos brindou com um pirarucu fardado. Muito gostoso. O fato é que fardado, de casaca ou traje esporte o nosso “bacalhau da Amazônia” é muito gostoso.
Mas, voltemos ao drama reportado por tia Idalina. As embalagens destinadas ao contato com alimentos podem transferir substâncias que representam risco à saúde. A Anvisa regulamenta a matéria visando a segurança do uso de materiais em contato com alimentos. Por atribuição legal, portanto, a Anvisa tem a competência de regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública, dentre eles, embalagens para alimentos.
A encomenda de tia Idalina não tinha nota fiscal. A lei determina que embalagens de pescados devem ter as seguintes informações: tipo do pescado, estabelecimento de origem, peso líquido, data de embalagem, prazo de validade, forma de conservação.
Não teve argumento que pudesse convencer o fiscal da Anvisa a liberar a encomenda.
O fato é que titia resolvera pedir para um ex-namorado da Tina despachar os produtos. O rapaz sofre de leseira baré aguda. E fez o que fez. O que não tem remédio remediado está.
Tia Idalina se conformou com a perda. “Que façam bom proveito do meu pirarucu e da minha farinha”, disse, se autoconsolando. Devem ser amazonenses esses fiscais. E como sempre, Idalina tem um ditado para cada situação:
– Barco perdido, bem carregado.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

domingo, 8 de dezembro de 2019

Manaus, amor e memória CDL


Biblioteca Pública.
Ao fundo, à direita, o Teatro Amazonas.

sábado, 7 de dezembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Presence.
Tim Okamura.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

A poesia é necessária?



Desistência                                            
                                        Tainá Vieira                                                                                                     


cansei de ser mulher!
não quero mais a tal  delicadeza dos fatos
não quero lavar pratos
e nem fazer café

jogo tudo para o espaço
– a sensualidade, o sexo, a beleza
a boca pintada, os olhos
que seduzem e simulam alegrias ou  tristezas

não quero ser submissa
a essa sociedade machista
quero apenas ter liberdade
e não fingir felicidade
regada de amor e carinho

cansei de ser mulher
os saltos fazem doer terrivelmente as minhas pernas
não suporto ter que lavar os cabelos
e escolher os vestidos

quero viver sem pensar no que as pessoas vão achar de mim
quando eu for a um evento, sair na rua, ou  de  ônibus,
não quero ser observada

não quero ouvir ordem na hora do sexo
não quero ser a última a falar e não ser escutada
não quero ser  uma simples mulher por trás de um homem qualquer

não quero mais ser a filha que a mãe nunca amou
e que o pai a renegou por não ser homem
não quero mais ser a mulher boa o bastante
pra aceitar tudo – até mesmo as amantes

cansei de ser mulher
quero esquecer tudo o que vivi
não quero guardar essas lembranças
de alegrias ou tristezas
que me farão chorar e sofrer

me tornando mais uma  velha melancólica
no asilo
à mercê da compaixão dos outros
abandonada pelos filhos que não pari

minha vida como mulher é uma fraude,
não tenho um corpo perfeito, nem sou uma intelectual...
desisto!
não almejo viver cento e pouco anos
– estes vinte e três já me cansam demais!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Lactanna Nocturnum.
Arantza Sestayo.

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Mudanças, viagens e transferências



Pedro Lucas Lindoso


Trabalho numa empresa em via de transformações. As pessoas estão se mudando. De cidade e de estado. Algumas encaram a mudança com tranquilidade. A maioria não. Não querem se mudar.
Os peruanos, ao desejar o mal para alguém, dizem enfaticamente:
– Desejo que te mudes.
Para alguns, a pior praga que se possa rogar aos deuses é desejar a alguém que se mude. Pode-se entender como um desejo de que a pessoa desapareça de seu convívio. Penso que as duas interpretações são válidas. Em muitas situações, as mudanças são um estrago na vida e no patrimônio das pessoas.
Eu sempre acho que toda mudança é para melhor. Mas não é o que que pensam as pessoas que estão em mudanças compulsórias. Muitas vezes um dos cônjuges tem emprego ou situação definida que não possibilita acompanhar o “transferido”. Há os que tem pais idosos. Outros com situação inconciliável envolvendo filhos e netos.
Nos anos de 1960, em Brasília, havia muitos cariocas que detestavam a cidade. Foram transferidos compulsoriamente do Rio para a nova capital.  Contavam os dias para retornar ao Rio de Janeiro. Era um domingo. Caminhávamos de volta para casa, após a missa na Igrejinha de Fátima. Alguém gritava pela janela de um típico apartamento de funcionários públicos:
– Consegui minha transferência de volta. Adeus cidade poeirenta e maldita. Vou voltar para o meu Rio de Janeiro.
A pessoa repetia, gritando para o mundo ouvir. Aquelas palavras gritadas em alto e bom som ecoavam por toda a cidade. Naqueles dias Brasília era muito silenciosa. Poucos carros. Amplos espaços. Especialmente aos domingos. Um silêncio mortal. Um silêncio absoluto. Silêncio quebrado inexoravelmente por aqueles gritos de despedida e inusitado desabafo.
Quando se fala em mudanças, viagens e transferências compulsórias, sempre me vem à mente a figura do Judeu Errante. Câmara Cascudo, em “Dicionário do folclore brasileiro”, nos explica que o Judeu Errante se chamava Ahasverus. Era um sapateiro em Jerusalém. Ao ver Jesus Cristo com a cruz, teria dito: “Vá andando, vá logo”.  Por isso, teria sido condenado a vagar, sem descanso nem rumo certo, até o final dos tempos.
Há um lenda pernambucana de que o Judeu Errante teria imigrado para Pernambuco, no tempo dos holandeses. Um amigo mineiro me disse que o tal Judeu Errante viveu incógnito no norte de Minas. 
Eu tenho a minha teoria. O Judeu Errante terminou seus dias aqui em Manaus, no fausto do Ciclo da Borracha. Se hoje Manaus é considerada longe, naquela época era o local onde “Judas perdeu as botas". Afinal ele era sapateiro.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

domingo, 1 de dezembro de 2019

Manaus, amor e memória CDXLIX


Praça Tenreiro Aranha.
Em segundo plano, à esquerda, o prédio do jornal A Notícia.
Ao fundo, no centro, as torres da catedral.

sábado, 30 de novembro de 2019

Fantasy Art - Galeria

Lauren K. Cannon. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

A poesia é necessária?



O ser de cada um
Candinho


O ser de cada um é que é bonito
simples essência de uma outra esfera
que se mutila, que se dilacera
para dar sopro vivo a um ser finito

Parte é matéria e força é o outro extremo
que se juntam para o divino ofício
dar cumprimento ao grande sacrifício
da purificação do Eu supremo

Entendamos – cada um é a própria cura
é a redenção da sua forma pura
precisamos ter consciência ao menos

Precisamos crescer, ser mais humanos
pois quanto mais humanos nos tornamos
mais divinos e eternos parecemos


quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Flight of the Ibis.
Shane Braithwaite.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

domingo, 24 de novembro de 2019

Manaus, amor e memória CDXLVIII


Beneficente Portuguesa.

sábado, 23 de novembro de 2019

Fantasy Art - Galeria


Renso Castañeda.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Academia de Portas Abertas - programação 24/11








José Aldemir de Oliveira (1954-21/11/2019)




Doutor em Geografia Humana, José Aldemir de Oliveira foi professor da UFAM, diretor da FAPEAM, secretário estadual de Ciência e Tecnologia e reitor da UEA. Era membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. 
Com vários livros publicados, um de seus trabalhos mais recentes, “A ensaística como fotografação”, em parceria com Hellen Braga, sobre a obra de Elson Farias, será lançado hoje, 22/11, no livro Águas do dia e da noite, na Academia Amazonense de Letras.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

A poesia é necessária?



Romance da noite-chuva
Elson Farias


Tremia o trovão na terra.

Talhavam a face torva
gota a gota os seringais,
era o deus que era raivoso
e vinha nos temporais.

Bramia o rumor do rio
nas noites de escuro e chuvas,
caía a faixa da terra,
piavam surdo as corujas.

Um noturno canto-pranto
cortava o céu em dois meios,
nosso deus vinha vestido
de nós e os nossos receios.
*
– Minha mãe, onde é que eu acho
a lamparina da noite?
– Meu filho, ela deve estar
pendurada lá no alpendre.
– Minha mãe, por que a coruja
pia agora sem parar?
– Meu filho, certo que existe
um defunto a amortalhar.
– Quero dormir, minha mãe,
dentro das trevas desta hora,
mas não posso me embrulhar,
o meu lençol me apavora.
– Meu filho, dorme, não chora,
que o dia custa a vir,
reza as três ave-marias,
muda a roupa e vai dormir.
*
A terra tremia toda.