segunda-feira, 18 de agosto de 2025
Bacaba Produções repercute eleição de Milton Hatoum para ABL
quarta-feira, 5 de março de 2025
Folia no Seringal – lançamento
Zemaria Pinto
Começo
agradecendo a presença de todos: a família – esposa, filhas, netas e irmãs; os
parceiros Mauri Mrq e Tenório Telles; o time da Valer – Isaac Maciel, Neiza
Teixeira, Bruna Chagas; amigos velhos, ex-alunos, pessoas que estou conhecendo
hoje... E destaco ainda a presença do mestre Marcos Frederico Krüger, e do
nosso decano Elson Farias, em cujas personas cumprimento a todos os presentes.
Num hipotético país parlamentarista das letras, o Marcos seria o primeiro
ministro e o Elson, o presidente.
Vigésimo
oitavo livro publicado, ainda não me acostumei com o estresse dos lançamentos,
e às portas dos setenta anos, tomo o cuidado de trazer estas breves palavras
pré-escritas, para não correr o risco de gaguejar ou de simplesmente esquecer –
não só o que ia falar, mas o que estou mesmo fazendo aqui?...
E olha
que setenta anos não é pra qualquer um, que o digam os meus amigos Antônio
Paulo Graça, Anibal Beça, Sérgio Luiz Pereira... e Torquato Neto, Paulo
Leminski, Ana Cristina César... e Glauber Rocha, Raul Seixas, Sergio Sampaio,
Cazuza... e Jimi Hendrix, Janis Joplin, Amy Winehouse... Mas, de uma coisa
fiquem certos: com a chegada da velhice, nós aprendemos que não sabemos nada do
que pensávamos que sabíamos quando jovens. Por favor, não me cancelem, isto não
é etarismo; é apenas uma autocrítica. Se não, vejam.
![]() |
Professora Neiza Teixeira, que conduziu o evento. |
Entre
os 15 e os 17 anos, estudei o Científico, equivalente ao ensino médio de hoje,
no Colégio Estadual (ou simplesmente Estadual). Ficava vendo de longe os
componentes do Clube da Madrugada que frequentavam o Café do Pina, na praça em
frente – a da Polícia. Moleques, eu e Geraldo dos Anjos ficávamos horas a falar
mal dos “funcionários públicos da literatura amazonense”. Estúpidos, nós dois,
não demoraria muito para tomarmos consciência dessa estupidez. Mas, a juventude,
vocês sabem, não acaba aos 17 anos... É um processo. E de repente vem a
artrose, a artrite, a arritmia, a glicose, as viroses a pressão alta, a pressão
baixa, a falta de... sezão... E estamos irremediavelmente velhos.
Folia
no seringal é um
balanço da minha aventura como ensaísta, reunindo doze exemplares da minha
produção no gênero, desde “Maranhão Sobrinho, o místico de Satã”, publicado em
1999, como prefácio de Papéis Velhos... roídos pela traça do Símbolo, na
histórica Coleção Resgate, coordenada por esse mítico guerreiro das Letras
amazônicas, Tenório Telles, até textos escritos nesta década, vinte e tantos
anos passados. E tudo tendo como eixo o Clube da Madrugada, fundado em 1954.
Com este livro, celebramos os 70 anos do Clube.
Folia
no seringal faz um
passeio pela trajetória do Clube, que é o caminho traçado pela literatura feita
no Amazonas, mostrando que há um antes e um depois do Clube da
Madrugada, sendo o durante a própria existência do Clube. Comecemos pelo
princípio.
![]() |
Mauri Mrq, músico e compositor. |
Antes – o ensaio de abertura, “A paisagem
na literatura de viajantes e nativos”, começa com Frei Gaspar de Carvajal, que
escreveu, no seu relato, Descobrimento
do rio de Orellana, a nossa certidão de nascimento; e faz um breve
inventário dos viajantes e nativos que tomaram a paisagem como personagem:
Cristóbal de Acuña (Novo descobrimento
do grande rio das Amazonas), Henrique João Wilkens, o poeta do genocídio (Muraida), Julio Verne (A jangada, 800 léguas pelo Amazonas),
Conan Doyle (O mundo perdido), Raul
Pompeia, autor de O Ateneu, escreveu Uma tragédia no Amazonas, com 17 anos;
Euclides da Cunha (que estava escrevendo Um
paraíso perdido quando foi parado pela bala de um desafeto); Ferreira de
Castro (e o superestimado A selva);
e os amazonenses Octavio Sarmento (A
Uiara) e Violeta Branca (Ritmos de
inquieta alegria).
Destaco,
no já citado “Maranhão Sobrinho, o místico de Satã”, o poeta que, vivendo em
Manaus, na minha Cachoeirinha, e aqui morrendo, foi o autor que logrou maior
reconhecimento nacional na era pré-Madrugada. Nenhuma antologia séria do
Simbolismo brasileiro o ignora.
O
terceiro ensaio, fechando esse grupo, diz ao que veio já no título:
“Romancistas e contistas: a literatura de ficção na Academia Amazonense de
Letras”. Porque sempre tem um incomodado a reclamar que a Academia tem
escritores de menos. E é verdade, mas isso não chega a ser nenhuma catástrofe,
porque os escritores da AAL dominam outros saberes, além da literatura de
ficção. Vejam. Em cem anos de existência, 1918-2018, contam-se 15 ficcionistas,
em um total de 148 acadêmicos; 10%, portanto; o que significa que os outros 90%
dominam outros saberes. E escrevem livros sobre eles.
![]() |
Tenório Telles, escritor e crítico literário. |
Clube
da Madrugada – o
ensaio que abre este capítulo não se isenta de polêmica, em três frentes; duas afirmações
e uma pergunta. Primeira afirmação: o Clube da Madrugada não se constituiu como
um movimento, uma vez que não tinha um programa estético, e sim político. Segunda
afirmação: o Clube da Madrugada não foi o Modernismo no Amazonas. E a pergunta:
até onde vai, cronologicamente, o Clube da Madrugada? Costuma-se dizer, eu
mesmo já o disse várias vezes, que o Clube da Madrugada foi fruto de uma
geração excepcional. Na verdade, foram pelo menos três gerações.
Na
sequência, quatro ensaios sobre quatro autores emblemáticos do Clube: Luiz
Bacellar (Frauta de barro), Astrid
Cabral (Alameda), Elson Farias (Memórias literárias) e Ernesto Penafort
(uma visão geral de sua obra, mostrando que havia muita poesia além do azul).
Esses quatro autores representam as mais de duas dezenas de autores que
gravitaram em torno do Clube.
Eu
lembro que, há exatos 10 anos, em um 9 de março, Eu e o Mauri, juntamente com o
Tenório, o Marcos Frederico, o Alisson, a Nícia e outros amigos, lançávamos na
sede da Academia o livro-objeto Lira da
Madrugada, homenagem aos 60 anos do Clube – aliás, não fomos eu e o Mauri, mas sim o Mauri e eu. O Mauri
cantou, tocou, fotografou, produziu, deu palpite em tudo. Eu só desorganizei as
ideias poéticas, para dar um toque de não sei quê. Parece que faz tanto tempo: até
o conceito de livro-objeto, nestes tempos virtuais, fica difícil de entender.
Vou tentar: eram dois livros e um CD. O CD era um disquinho compacto, um
compact disk... É melhor parar por aqui...
Depois – reunindo três ensaios de autores
que surgiram após o auge do Clube da Madrugada, comenta-se a dramaturgia
amazônica de Marcio Souza – A paixão de
Ajuricaba, Jurupari, a guerra dos
sexos, A maravilhosa história do
Sapo Tarô-Bequê, As Folias do Látex,
Tem piranha no pirarucu e muitas
outras; o romance histórico de Rogel Samuel, O amante das Amazonas; e
três títulos da escritora Márcia Antonelli, que tem a figura de um adulto
portador de nanismo como protagonista e como isso se desenvolve entre o grotesco,
o fantástico e o marginal: são eles O
enterro do anão, O anão do açougue e
O anão trompetista. De novo, quero
deixar bem claro que isso não é capacitismo, até porque os anões de Márcia,
além de protagonistas, são personagens com uma carga trágica muito forte. E foi
isso o que me encantou neles, além da já conhecida capacidade da autora de
engendrar tramas fantásticas. Antonelli representa, no livro, a literatura
produzida no Amazonas neste século 21. É, portanto, o que há de mais novo em
nossa literatura.
![]() |
Zemaria Pinto. |
Fechando
o capítulo, um ensaio – “Miniconto, microconto, nanoconto, contos são?” – onde
se discute uma tendência minimalista do conto contemporâneo, que chega a usar os
muros da cidade como veículos para o texto, lembrando a Poesia de Muro, teorizada
pelo poeta madrugadense Jorge Tufic.
Por
fim, sempre me têm perguntado “por que Folia no seringal”? Talvez
estranhando um súbito relaxamento na sisudez com que se trata a literatura
sobre a época. Lembro o amigo Márcio Souza, a quem presto todas as reverências
que um discípulo deve ao mestre: a peça As folias do látex, encenada
pela primeira vez em 1976, me deu a senha. Então, eu li o lírico romance do
amigo Rogel Samuel como se fora um desfile carnavalesco, trocando o circunspecto
Bakhtin, teórico da carnavalização, por um glamoroso e feliz Joãosinho Trinta.
Evoé!
O livro é de vocês!
Fotos: diversos autores; obrigado a todos.
sábado, 6 de agosto de 2022
Semana de Arte Moderna em discussão
Você
precisa de horas complementares em atividades extracurriculares para o seu
curso universitário?
🖼 No dia 9/8, para comemorar a Semana
de Arte Moderna de 22 em Manaus, preparamos um dia especial de debate, no Salão
Rio Solimões, ao lado do Palácio Rio Negro, localizado na Av. 7 de setembro,
com conferências e mesas temáticas.
🤜🏽💥🤛🏻Uma realização conjunta da Prefeitura
de Manaus e Governo do Amazonas, por meio do Concultura, Manauscult e SEC.
🗣 Serão debatidos no evento a presença
e o significado da Amazônia no contexto de realização da Semana de 22 e a forma
como o universo amazônico repercutiu na produção artística nacional.
👉🏻
Confira a programação completa! As inscrições podem ser feitas pelo link
bit.ly/artemodernamanaus. 🧾Seu certificado de participação tá
garantido. Não fique de fora! 😉
#PrefeituraDeManaus
#sec #Manauscult #SemanaDe22 #SemanaDeArteModerna #Cultura #MaisCultura #Manaus
#Amazonas #Brasil
segunda-feira, 20 de dezembro de 2021
sábado, 20 de novembro de 2021
segunda-feira, 15 de novembro de 2021
Almoçando com Lucchesi
O
presidente da Academia Brasileira de Letras, escritor Marco Lucchesi, cujo
mandato termina no próximo mês – “não vejo a hora!”, ele diz –, passou este
final de semana em Manaus, em compromissos diversos. No sábado, atendendo a um
convite do amigo Tenório Telles, presidente do Concultura, Lucchesi almoçou com
artistas e escritores. As fotos registram o encontro.
Marco
Lucchesi promoveu uma verdadeira revolução na ABL, tanto do ponto de vista
administrativo quanto acadêmico – injetando, sobretudo, qualidade na instituição.
![]() |
Lucchesi, Zemaria Pinto e Tenório Telles. |
![]() |
Lucchesi, ladeado pela artista plástica Monik Ventilari e as escritoras Neiza Teixeira, Leyla Leong e Tainá Vieira. Foto: Zemaria Pinto. |
sábado, 13 de novembro de 2021
quinta-feira, 7 de janeiro de 2021
A poesia é necessária?
Platônica
Tenório Telles
Para Marcos Frederico
o pássaro da poesia
[línguaprateada]
incendeia a cortina
do mundo:
sombras deixam
o casulo e
v o a m
em busca de luz
o coração em trevas
ful/gura e flor/esce
como um sol originário
e inexplicável
segunda-feira, 5 de outubro de 2020
A selva: a verdade da ficção e a ficção da verdade – 1/14
![]() |
Clique sobre a imagem, para obter o livro completo, em PDF. |
Zemaria Pinto
Com
carinho, aos mestres Artemis Veiga, em memória, e Marcos Frederico Krüger.
A Amazônia
selvagem sempre teve o dom de impressionar a civilização distante. Desde os
primeiros tempos da colônia, as mais imponentes expedições e solenes visitas pastorais
rumavam de preferência às suas plagas desconhecidas.
(Euclides
da Cunha)[1]
Literatura
e verdade
A literatura de invenção – poesia, ficção,
dramaturgia – é uma construção mental de autores-demiurgos: veicula verdades
criadas por entes que as manipulam de acordo com seus interesses e/ou vontades
individuais.
Mas o caráter do que é verdadeiro em
literatura passa antes pelo conceito aristotélico de verossimilhança – “da
mesma natureza do verdadeiro” –, estabelecendo limites entre a mera reprodução
da realidade, criticada por Platão, e a invenção, inculcando na obra uma
coerência interna, orgânica:
É claro, também,
que a obra do poeta não consiste em contar o que aconteceu, mas sim coisas
quais podiam acontecer, possíveis do ponto de vista da verossimilhança ou da
necessidade. (ARISTÓTELES, p. 28)
Esqueçamos, pois, de qualquer conexão com
a moral, a lógica ou a metafísica, analisando a verdade da literatura a partir
deste conceito milenar.
Antes, porém, precisamos transpor um
obstáculo: a multiplicidade de significados que a obra de arte pode transmitir,
para além das intenções do ente-autor. Esse embate – verossimilhança versus plurissignificação – pode ser
resolvido, em parte, se aceitarmos que cada indivíduo-leitor tem um
entendimento soberano sobre a obra que analisa. Logo, na literatura, verdade é
entendimento, com seus diversos matizes, e não se confundirá jamais com
conhecimento.
Portanto, é possível afirmar que a verdade
da literatura não pode se tornar um dogma, como não pode ser entendida, nunca,
de forma absoluta, inquestionável. Pelo contrário, a verdade da literatura é
maleável, elástica, polimorfa – e funda-se essencialmente em dúvidas.
Isso leva a que a recepção às obras também
se modifique com o tempo: obras subvalorizadas são ressignificadas; obras
consagradas caem no esquecimento – ou porque eram supervalorizadas ou porque
simplesmente envelheceram. O cânone é uma passarela do inferno. Aliás, aceitar
a existência de um cânone é negar a verdade mutante da literatura. Para efeito
didático, contudo, podemos aceitar um “cânone atual”, intercambiável,
absolutamente provisório.
Esta brevíssima introdução visa preparar o
leitor para a análise do livro A selva, de Ferreira de Castro, que, em
2020, completa 90 anos de publicação. Um livro supervalorizado, de um autor
apenas mediano, cuja permanência hoje dá-se mais pelos aspectos históricos
envolvidos – especialmente, para nós, amazônidas – do que pela sua excelência
literária.
segunda-feira, 12 de agosto de 2019
Marcos Frederico Krüger toma posse na AAL
![]() |
Na última quinta-feira, sob a presidência de Robério Braga (à mesa), o escritor recebeu das mãos do poeta Max Carphentier e do desembargador Lafayette Vieira o diploma de acadêmico. |
![]() |
O discurso de posse na cadeira número 30, que tem como patrono Araripe Júnior. O novo acadêmico lembrou seu antecessor, Armando de Menezes. |
Pela primeira vez, a posse foi transmitida ao vivo, pelo feicebuque. Confira o vídeo, na íntegra, copiando o endereço abaixo, e colando-o no seu navegador:
https://www.facebook.com/academiadeletras.am/videos/2398562680429377/
domingo, 28 de abril de 2019
Marcos Frederico Krüger foi eleito para a cadeira 30 da Academia Amazonense de Letras
segunda-feira, 12 de novembro de 2018
segunda-feira, 5 de novembro de 2018
segunda-feira, 16 de abril de 2018
Poe.Mao.City
domingo, 30 de julho de 2017
Manaus, amor e memória CCCXXVII
sexta-feira, 21 de abril de 2017
Aristóteles Alencar toma posse na AAL
![]() |
Aristóteles Alencar discursa sob o olhar da mesa diretora. |
No próximo dia 13 de maio, saberemos quem será o substituto de Moacir Andrade na cadeira n° 2, de Euclides da Cunha. Em breve, deverão ser abertas as inscrições para a cadeira n° 40, de Paulino de Brito, vaga com o falecimento do escritor Francisco Vasconcelos.