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segunda-feira, 18 de agosto de 2025

quarta-feira, 5 de março de 2025

Folia no Seringal – lançamento

Zemaria Pinto


Começo agradecendo a presença de todos: a família – esposa, filhas, netas e irmãs; os parceiros Mauri Mrq e Tenório Telles; o time da Valer – Isaac Maciel, Neiza Teixeira, Bruna Chagas; amigos velhos, ex-alunos, pessoas que estou conhecendo hoje... E destaco ainda a presença do mestre Marcos Frederico Krüger, e do nosso decano Elson Farias, em cujas personas cumprimento a todos os presentes. Num hipotético país parlamentarista das letras, o Marcos seria o primeiro ministro e o Elson, o presidente.

Vigésimo oitavo livro publicado, ainda não me acostumei com o estresse dos lançamentos, e às portas dos setenta anos, tomo o cuidado de trazer estas breves palavras pré-escritas, para não correr o risco de gaguejar ou de simplesmente esquecer – não só o que ia falar, mas o que estou mesmo fazendo aqui?...

E olha que setenta anos não é pra qualquer um, que o digam os meus amigos Antônio Paulo Graça, Anibal Beça, Sérgio Luiz Pereira... e Torquato Neto, Paulo Leminski, Ana Cristina César... e Glauber Rocha, Raul Seixas, Sergio Sampaio, Cazuza... e Jimi Hendrix, Janis Joplin, Amy Winehouse... Mas, de uma coisa fiquem certos: com a chegada da velhice, nós aprendemos que não sabemos nada do que pensávamos que sabíamos quando jovens. Por favor, não me cancelem, isto não é etarismo; é apenas uma autocrítica. Se não, vejam.

Professora Neiza Teixeira, que conduziu o evento.

Entre os 15 e os 17 anos, estudei o Científico, equivalente ao ensino médio de hoje, no Colégio Estadual (ou simplesmente Estadual). Ficava vendo de longe os componentes do Clube da Madrugada que frequentavam o Café do Pina, na praça em frente – a da Polícia. Moleques, eu e Geraldo dos Anjos ficávamos horas a falar mal dos “funcionários públicos da literatura amazonense”. Estúpidos, nós dois, não demoraria muito para tomarmos consciência dessa estupidez. Mas, a juventude, vocês sabem, não acaba aos 17 anos... É um processo. E de repente vem a artrose, a artrite, a arritmia, a glicose, as viroses a pressão alta, a pressão baixa, a falta de... sezão... E estamos irremediavelmente velhos.

Folia no seringal é um balanço da minha aventura como ensaísta, reunindo doze exemplares da minha produção no gênero, desde “Maranhão Sobrinho, o místico de Satã”, publicado em 1999, como prefácio de Papéis Velhos... roídos pela traça do Símbolo, na histórica Coleção Resgate, coordenada por esse mítico guerreiro das Letras amazônicas, Tenório Telles, até textos escritos nesta década, vinte e tantos anos passados. E tudo tendo como eixo o Clube da Madrugada, fundado em 1954. Com este livro, celebramos os 70 anos do Clube.

Folia no seringal faz um passeio pela trajetória do Clube, que é o caminho traçado pela literatura feita no Amazonas, mostrando que há um antes e um depois do Clube da Madrugada, sendo o durante a própria existência do Clube. Comecemos pelo princípio.

 

Mauri Mrq, músico e compositor.

Antes – o ensaio de abertura, “A paisagem na literatura de viajantes e nativos”, começa com Frei Gaspar de Carvajal, que escreveu, no seu relato, Descobrimento do rio de Orellana, a nossa certidão de nascimento; e faz um breve inventário dos viajantes e nativos que tomaram a paisagem como personagem: Cristóbal de Acuña (Novo descobrimento do grande rio das Amazonas), Henrique João Wilkens, o poeta do genocídio (Muraida), Julio Verne (A jangada, 800 léguas pelo Amazonas), Conan Doyle (O mundo perdido), Raul Pompeia, autor de O Ateneu, escreveu Uma tragédia no Amazonas, com 17 anos; Euclides da Cunha (que estava escrevendo Um paraíso perdido quando foi parado pela bala de um desafeto); Ferreira de Castro (e o superestimado A selva); e os amazonenses Octavio Sarmento (A Uiara) e Violeta Branca (Ritmos de inquieta alegria).

Destaco, no já citado “Maranhão Sobrinho, o místico de Satã”, o poeta que, vivendo em Manaus, na minha Cachoeirinha, e aqui morrendo, foi o autor que logrou maior reconhecimento nacional na era pré-Madrugada. Nenhuma antologia séria do Simbolismo brasileiro o ignora.

O terceiro ensaio, fechando esse grupo, diz ao que veio já no título: “Romancistas e contistas: a literatura de ficção na Academia Amazonense de Letras”. Porque sempre tem um incomodado a reclamar que a Academia tem escritores de menos. E é verdade, mas isso não chega a ser nenhuma catástrofe, porque os escritores da AAL dominam outros saberes, além da literatura de ficção. Vejam. Em cem anos de existência, 1918-2018, contam-se 15 ficcionistas, em um total de 148 acadêmicos; 10%, portanto; o que significa que os outros 90% dominam outros saberes. E escrevem livros sobre eles.

 

Tenório Telles, escritor e crítico literário.

Clube da Madrugada – o ensaio que abre este capítulo não se isenta de polêmica, em três frentes; duas afirmações e uma pergunta. Primeira afirmação: o Clube da Madrugada não se constituiu como um movimento, uma vez que não tinha um programa estético, e sim político. Segunda afirmação: o Clube da Madrugada não foi o Modernismo no Amazonas. E a pergunta: até onde vai, cronologicamente, o Clube da Madrugada? Costuma-se dizer, eu mesmo já o disse várias vezes, que o Clube da Madrugada foi fruto de uma geração excepcional. Na verdade, foram pelo menos três gerações.

Na sequência, quatro ensaios sobre quatro autores emblemáticos do Clube: Luiz Bacellar (Frauta de barro), Astrid Cabral (Alameda), Elson Farias (Memórias literárias) e Ernesto Penafort (uma visão geral de sua obra, mostrando que havia muita poesia além do azul). Esses quatro autores representam as mais de duas dezenas de autores que gravitaram em torno do Clube.

Eu lembro que, há exatos 10 anos, em um 9 de março, Eu e o Mauri, juntamente com o Tenório, o Marcos Frederico, o Alisson, a Nícia e outros amigos, lançávamos na sede da Academia o livro-objeto Lira da Madrugada, homenagem aos 60 anos do Clube – aliás, não fomos eu e o Mauri, mas sim o Mauri e eu. O Mauri cantou, tocou, fotografou, produziu, deu palpite em tudo. Eu só desorganizei as ideias poéticas, para dar um toque de não sei quê. Parece que faz tanto tempo: até o conceito de livro-objeto, nestes tempos virtuais, fica difícil de entender. Vou tentar: eram dois livros e um CD. O CD era um disquinho compacto, um compact disk... É melhor parar por aqui...

 

Depois – reunindo três ensaios de autores que surgiram após o auge do Clube da Madrugada, comenta-se a dramaturgia amazônica de Marcio Souza – A paixão de Ajuricaba, Jurupari, a guerra dos sexos, A maravilhosa história do Sapo Tarô-Bequê, As Folias do Látex, Tem piranha no pirarucu e muitas outras; o romance histórico de Rogel Samuel, O amante das Amazonas; e três títulos da escritora Márcia Antonelli, que tem a figura de um adulto portador de nanismo como protagonista e como isso se desenvolve entre o grotesco, o fantástico e o marginal: são eles O enterro do anão, O anão do açougue e O anão trompetista. De novo, quero deixar bem claro que isso não é capacitismo, até porque os anões de Márcia, além de protagonistas, são personagens com uma carga trágica muito forte. E foi isso o que me encantou neles, além da já conhecida capacidade da autora de engendrar tramas fantásticas. Antonelli representa, no livro, a literatura produzida no Amazonas neste século 21. É, portanto, o que há de mais novo em nossa literatura.   

Zemaria Pinto.

Fechando o capítulo, um ensaio – “Miniconto, microconto, nanoconto, contos são?” – onde se discute uma tendência minimalista do conto contemporâneo, que chega a usar os muros da cidade como veículos para o texto, lembrando a Poesia de Muro, teorizada pelo poeta madrugadense Jorge Tufic.

Por fim, sempre me têm perguntado “por que Folia no seringal”? Talvez estranhando um súbito relaxamento na sisudez com que se trata a literatura sobre a época. Lembro o amigo Márcio Souza, a quem presto todas as reverências que um discípulo deve ao mestre: a peça As folias do látex, encenada pela primeira vez em 1976, me deu a senha. Então, eu li o lírico romance do amigo Rogel Samuel como se fora um desfile carnavalesco, trocando o circunspecto Bakhtin, teórico da carnavalização, por um glamoroso e feliz Joãosinho Trinta. Evoé!   

O livro é de vocês! 

          

 Fotos: diversos autores; obrigado a todos.

sábado, 6 de agosto de 2022

Semana de Arte Moderna em discussão


 





Você precisa de horas complementares em atividades extracurriculares para o seu curso universitário?

 

🖼 No dia 9/8, para comemorar a Semana de Arte Moderna de 22 em Manaus, preparamos um dia especial de debate, no Salão Rio Solimões, ao lado do Palácio Rio Negro, localizado na Av. 7 de setembro, com conferências e mesas temáticas.

 

🤜🏽💥🤛🏻Uma realização conjunta da Prefeitura de Manaus e Governo do Amazonas, por meio do Concultura, Manauscult e SEC.

 

🗣 Serão debatidos no evento a presença e o significado da Amazônia no contexto de realização da Semana de 22 e a forma como o universo amazônico repercutiu na produção artística nacional.

 

👉🏻  Confira a programação completa! As inscrições podem ser feitas pelo link bit.ly/artemodernamanaus. 🧾Seu certificado de participação tá garantido. Não fique de fora! 😉

 

#PrefeituraDeManaus #sec #Manauscult #SemanaDe22 #SemanaDeArteModerna #Cultura #MaisCultura #Manaus #Amazonas #Brasil




segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Almoçando com Lucchesi

 

O presidente da Academia Brasileira de Letras, escritor Marco Lucchesi, cujo mandato termina no próximo mês – “não vejo a hora!”, ele diz –, passou este final de semana em Manaus, em compromissos diversos. No sábado, atendendo a um convite do amigo Tenório Telles, presidente do Concultura, Lucchesi almoçou com artistas e escritores. As fotos registram o encontro.

Marco Lucchesi promoveu uma verdadeira revolução na ABL, tanto do ponto de vista administrativo quanto acadêmico – injetando, sobretudo, qualidade na instituição.   


Lucchesi, Zemaria Pinto e Tenório Telles.

Da esquerda para a direita: escritor Thiago Roney; Alonso Oliveira, presidente da ManausCult; artista plástico João Bosco Ricochote; Marco Lucchesi e os escritores Tenório Telles, Marcos Frederico Krüger, Zemaria Pinto e Tainá Vieira. 
Fotos: Marcely Gomes.

Lucchesi, ladeado pela artista plástica Monik Ventilari e as escritoras Neiza Teixeira, Leyla Leong e Tainá Vieira.
Foto: Zemaria Pinto.


sábado, 13 de novembro de 2021

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

A poesia é necessária?

 Platônica

Tenório Telles

Para Marcos Frederico

 

o pássaro da poesia

[línguaprateada]

incendeia a cortina

do mundo:

sombras deixam

o casulo   e      v o a m

em busca de luz

o coração em trevas

ful/gura e flor/esce

como um sol originário

e inexplicável


segunda-feira, 5 de outubro de 2020

A selva: a verdade da ficção e a ficção da verdade – 1/14

Clique sobre a imagem, para obter o livro completo, em PDF.


Zemaria Pinto

 

Com carinho, aos mestres Artemis Veiga, em memória, e Marcos Frederico Krüger.

 

 

A Amazônia selvagem sempre teve o dom de impressionar a civilização distante. Desde os primeiros tempos da colônia, as mais imponentes expedições e solenes visitas pastorais rumavam de preferência às suas plagas desconhecidas.

(Euclides da Cunha)[1]

 

Literatura e verdade

A literatura de invenção – poesia, ficção, dramaturgia – é uma construção mental de autores-demiurgos: veicula verdades criadas por entes que as manipulam de acordo com seus interesses e/ou vontades individuais.

Mas o caráter do que é verdadeiro em literatura passa antes pelo conceito aristotélico de verossimilhança – “da mesma natureza do verdadeiro” –, estabelecendo limites entre a mera reprodução da realidade, criticada por Platão, e a invenção, inculcando na obra uma coerência interna, orgânica:

 

É claro, também, que a obra do poeta não consiste em contar o que aconteceu, mas sim coisas quais podiam acontecer, possíveis do ponto de vista da verossimilhança ou da necessidade. (ARISTÓTELES, p. 28)

 

Esqueçamos, pois, de qualquer conexão com a moral, a lógica ou a metafísica, analisando a verdade da literatura a partir deste conceito milenar.

Antes, porém, precisamos transpor um obstáculo: a multiplicidade de significados que a obra de arte pode transmitir, para além das intenções do ente-autor. Esse embate – verossimilhança versus plurissignificação – pode ser resolvido, em parte, se aceitarmos que cada indivíduo-leitor tem um entendimento soberano sobre a obra que analisa. Logo, na literatura, verdade é entendimento, com seus diversos matizes, e não se confundirá jamais com conhecimento.

Portanto, é possível afirmar que a verdade da literatura não pode se tornar um dogma, como não pode ser entendida, nunca, de forma absoluta, inquestionável. Pelo contrário, a verdade da literatura é maleável, elástica, polimorfa – e funda-se essencialmente em dúvidas.

Isso leva a que a recepção às obras também se modifique com o tempo: obras subvalorizadas são ressignificadas; obras consagradas caem no esquecimento – ou porque eram supervalorizadas ou porque simplesmente envelheceram. O cânone é uma passarela do inferno. Aliás, aceitar a existência de um cânone é negar a verdade mutante da literatura. Para efeito didático, contudo, podemos aceitar um “cânone atual”, intercambiável, absolutamente provisório.

Esta brevíssima introdução visa preparar o leitor para a análise do livro A selva, de Ferreira de Castro, que, em 2020, completa 90 anos de publicação. Um livro supervalorizado, de um autor apenas mediano, cuja permanência hoje dá-se mais pelos aspectos históricos envolvidos – especialmente, para nós, amazônidas – do que pela sua excelência literária.


Os 14 capítulos de A selva: a verdade da ficção e a ficção da verdade serão publicados sempre às segundas-feiras. 


[1] CUNHA, 2019, p. 52.

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Marcos Frederico Krüger toma posse na AAL


Na última quinta-feira, sob a presidência de Robério Braga (à mesa), 
o escritor recebeu das mãos do poeta Max Carphentier
e do desembargador Lafayette Vieira o diploma de acadêmico.
O discurso de posse na cadeira número 30, que tem como patrono
Araripe Júnior. O novo acadêmico lembrou seu antecessor, Armando de Menezes. 

Pela primeira vez, a posse foi transmitida ao vivo, pelo feicebuque. Confira o vídeo, na íntegra, copiando o endereço abaixo, e colando-o no seu navegador:

https://www.facebook.com/academiadeletras.am/videos/2398562680429377/

domingo, 28 de abril de 2019

Marcos Frederico Krüger foi eleito para a cadeira 30 da Academia Amazonense de Letras




Ontem, em assembleia que contou com a participação de 35 dos atuais 38 membros do sodalício, o Professor Marcos Frederico Krüger, 70 anos, foi eleito para a cadeira de número 30, que tem como patrono Araripe Júnior e último ocupante Armando de Menezes.
  


Marcos Frederico Krüger Aleixo, amazonense de Manaus, onde nasceu em 7 de abril de 1949, graduou-se em Direito pela Universidade Federal do Amazonas em 1971. Em 1978, concluiu o curso de especialização em Fundamentos da Literatura Brasileira, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1982, obteve o grau de Mestre em Literatura Brasileira, na UFRJ, com a dissertação Introdução à Poesia no Amazonas. Em 1997, obteve o grau de Doutor, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com a tese Recriando a criação: natureza e cultura em mitos amazônicos.

Foi professor da UFAM por 30 anos, tendo se aposentado como Professor Adjunto IV. Nesse período, foi chefe do Departamento de Língua e Literatura Portuguesa, Coordenador do Curso de Letras e Diretor do Instituto de Ciências Humanas e Letras. Atualmente, atua no curso de Letras da Universidade do Estado do Amazonas, onde é Professor Adjunto A.



Tem dezessete livros publicados, todos de análise e/ou história literária, entre os quais destacamos Amazônia: mito e literatura (sua tese de doutorado, retrabalhada; 2003; 2009, em 3ª edição); e A sensibilidade dos punhais (2007; 2011, em 2ª edição). Organizou para a Editora Global, de São Paulo, o livro Melhores poemas de Thiago de Mello (2009), que inclui um estudo crítico sobre o poeta. Para a UEA, em parceria com Allison Leão, organizou a obra O mostrador da derrota: estudos sobre o teatro e a ficção de Márcio Souza (2013), que inclui uma análise da obra do romancista e dramaturgo amazonense.



Seu livro A sensibilidade dos punhais, um estudo sobre os poetas Violeta Branca, Sebastião Norões e Luiz Bacellar, ganhou o Prêmio L. Ruas, de 2006, concedido pela Prefeitura de Manaus para o melhor livro inédito de ensaios. Recebeu a Medalha do Mérito Educacional, outorgada pelo Conselho Estadual de Educação, em 2011. A Academia Amazonense de Letras o distinguiu com a Medalha do Mérito Cultural Péricles Moraes, em 2017.



segunda-feira, 12 de novembro de 2018

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Autoritarismo e Literatura de Resistência, na UFAM


Na UFAM, auditório da FT.
Sem inscrição: chega&entra.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Poe.Mao.City




Manaus, a cidade de Sérgio Cardoso, o artista que inaugura uma nova mostra de seu talento. Manaus, poema e terror; por isso se vê, no título, o (Edgar Allan) Poe, o Mao, e o Poema que surge da união das duas palavras. Ou seja, a beleza surgindo do esterco da vida.

Sobre essa Manaus antitética e multifacetada, Sérgio expõe sua visão em telas e fotografias sobre o grande e o pequeno, o épico e o irrisório. Tudo com o sal de sua consagrada arte. Ver sua exposição não é apenas olhar, mas ter a ousadia de um explorador de cavernas, capaz de penetrar em significados ocultos.

E também perceber, na placidez ou no desespero dos rostos e figuras expostas, a mesma inquietude, a mesma interrogação sobre o estar-no-mundo. Por tudo isso – e mais o indizível –, vale a pena apreciar essa nova mostra do talento que se chama Sérgio Cardoso.

(Marcos Frederico Krüger)

domingo, 30 de julho de 2017

Manaus, amor e memória CCCXXVII


Lançamento de livro de Elson Farias (foto 2/2), anos 1960.
Da esquerda para a direita: Luiz Maximino (de paletó), Luiz Ruas (de óculos escuros), Francisco Vasconcelos (de paletó claro), Alencar e Silva (de óculos, paletó escuro), Marcos Frederico Krüger (ao fundo, de camisa clara), Aurélio Michiles (o penúltimo, de cabelo na testa) e Elson Farias (em primeiro plano, discursando).

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Aristóteles Alencar toma posse na AAL




Em cerimônia singela e por vezes emocionante, o mais novo membro da Academia Amazonense de Letras, Aristóteles Comte de Alencar Filho, tomou posse ontem, na cadeira n° 39, de Alfredo da Matta, substituindo Mário de Moraes, falecido no ano passado.

Aristóteles Alencar discursa sob o olhar da mesa diretora.

No próximo dia 13 de maio, saberemos quem será o substituto de Moacir Andrade na cadeira n° 2, de Euclides da Cunha. Em breve, deverão ser abertas as inscrições para a cadeira n° 40, de Paulino de Brito, vaga com o falecimento do escritor Francisco Vasconcelos.

Na próxima sexta-feira, 28 de abril, a Casa de Adriano Jorge abre novamente suas portas para a outorga da Medalha do Mérito Cultural Péricles Moraes ao escritor Marcos Frederico Krüger (letras), à Orquestra Barroca do Amazonas (artes) e ao SESC (mecenato). In memoriam, serão homenageados também o cronista Aluísio Sampaio, um dos mais destacados membros do Clube da Madrugada, e o empresário Ildefonso Pinheiro, que se notabilizou pela ajuda a instituições culturais e de ensino, inclusive à própria AAL.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Medalha do Mérito Cultural Péricles Moraes 2014 – 4/5



Zemaria Pinto


IV

Conheci Alcides Werk no início dos anos 1980. Autodidata, Alcides ensinou-me muita coisa que os livros não ensinam. Teve a paciência – que eu não tenho com os jovens que me procuram – de corrigir meus textos imaturos, justificando cada crítica. E hoje eu digo, com paradoxal orgulho, que tive a humildade – que os jovens que me procuram quase nunca têm – de aceitar suas críticas.
Quando, ao final daquela década, fiz uma especialização em Literatura Brasileira, sob a orientação do mestre Marcos Frederico Krüger, o tema da minha dissertação não poderia ser outro senão o livro que eu aprendera a amar como sendo a própria identidade amazônica em poesia: Trilha dágua. Mais amadurecido, eu discutia com Alcides cada ponto do meu trabalho, antes de mostrá-lo ao meu orientador. Muitas vezes discordamos e algumas vezes eu mantive meu ponto de vista, mas ele não perdia o bom humor: “discute isso com o Marcos; se ele concordar contigo, tudo bem: 2 a 1 pra vocês.”
Alcides Werk Gomes de Matos nasceu em Aquidauana – hoje, no Mato Grosso do Sul – em 20 de dezembro de 1934. Filho de pai pernambucano e mãe gaúcha, neto de imigrantes alemães, Alcides dizia não se lembrar de passar um ano numa mesma localidade. Tendo perdido a mãe aos 10 anos, em Caracaraí, aos 14, separou-se do pai em Conceição do Araguaia, onde fez um curso de telegrafia, indo trabalhar em um posto de atração de índios Gaviões, no Tocantins, próximo de onde hoje está Tucuruí. Aos 17 anos, sentou praça em Belém. Aos 20, veio para Manaus, mas aqui não ficou muito tempo, embrenhando-se pelo interior, desde o Alto Solimões até o Baixo Amazonas. E como ele mesmo escreveu,
aventurando-me pelos altos rios, pelos paranás, pelos lagos distantes, abeberando-me do que ainda resta da cultura aborígine, do nosso ameríndio, do caboclo, aprendendo a viver com simplicidade.[1]
Em 1964, funcionário de carreira do Departamento de Correios e Telégrafos, foi para Recife, mas de lá retornou um ano depois, internando-se no Médio Amazonas – Maués, Nhamundá e áreas circunvizinhas –, onde viveu por 8 anos, longe dos desmandos da ditadura.
Aos 40 anos, o poeta nômade já estabelecido em Manaus como funcionário do DENTEL – Departamento Nacional de Telecomunicações, lançou seu primeiro livro: Da noite do rio, embrião daquele que viria a ser seu livro mais representativo, Trilha dágua, lançado em 1980. Quatro edições, sempre revistas e ampliadas, muitas antologias, e dois livros independentes depois – In natura, poemas para a juventude (1999) e Cantos ribeirinhos (2002), ambos com poemas de Trilha dágua e inéditos –, Alcides começou a organizar o seu livro definitivo, sua poesia completa, intitulado A Amazônia de Alcides Werk, que ele não chegou a revisar. O poeta faleceu pouco mais de um mês antes de completar 69 anos, em 13 de novembro de 2003.
Trilha dágua[2] e, por extensão, a poesia de Alcides Werk, é um livro onde a vida pulsa a cada poema, porque a “obra de arte é uma coisa viva”, já nos ensinou o poeta. Da sua vivência no interior do Amazonas, Alcides foi buscar a matéria prima para a sua poesia. Assim é que o livro, dividido em quatro partes mais um glossário, abre com o poema “Opção”, uma espécie de poética de Alcides, onde a relação “o homem e a terra”, título dessa primeira parte, é explorada num processo de sobreposição de imagens, que se vão toldando, até o arremate:
– Eu canto para o homem.
(p. 27-28)
Ao conceito de terra cansada, contrapõe-se a imagem do homem cansado, marginalizado. Ali estava feita a opção, que se desdobra em muitos outros poemas, como “Do homem”, onde o poeta define a abrangência, a intensidade e a profundidade de seu canto, revelando:
E toda lembrança
que trago comigo
é o Homem nascendo
é o Homem cantando
é o Homem caindo
é o Homem se erguendo
é o Homem domando
é o Homem tecendo
o imenso milagre
da aurora que vem.
(p. 30)
O ritmo amazônico vem embalado em versos curtos, de 5 sílabas, mesmo quando dissimulado em versos livres:
O barco passando e a onda molhando
o menino molhado, na porta da frente.
O homem doente
deitado na rede
com os olhos cansados de espanto e de mágoa
de ver tanta água
de ver tanta água
(p. 38)
São registros de vida que se sucedem, como se captados por uma câmera:
As águas do lago
no início da noite
são como um espelho
que o casco estilhaça
com a força do remo.
(p. 50)



[1] Alcides Werk, “Traços autobiográficos”, na antologia Marupiara. Manaus: Edições Governo do Estado, 1988. 
[2] WERK, Alcides. Trilha dágua. 5ª ed. Manaus: Valer/Governo do Amazonas, 2000.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Valer promove oficina para formação de escritores




Jovens escritores, estudantes, professores e interessados em literatura terão uma oportunidade de aperfeiçoar suas habilidades por meio da 1ª Oficina de Formação de Escritores, que começa no próximo dia 13 e segue até o dia 18 dezembro. O objetivo da oficina é oferecer instrumentos de leitura, análise e técnicas para a produção de escrita criativa.
Com a organização da Editora Valer e coordenação dos editores Tenório Telles e Neiza Teixeira, a oficina será dividida em quatro módulos: “Poesia”, que será ministrado pelo poeta Zemaria Pinto; “Conto”, sob o comando do professor Marcos Frederico Krüger; “Crônica”, aplicado pelo poeta e cronista Tenório Telles; “Cinema e literatura”, ministrado pela filósofa Neiza Teixeira. No encerramento, o poeta Elson Farias e o escritor Wilson Nogueira falarão sobre “O escritor e seu ofício”.
O projeto terá a carga de 30 horas, sendo cinco horas diárias: no sábado (13), de 8 às 13h e nos demais dias (15 a 18), de 17 às 22h. Na programação haverá palestras, leituras orientadas, exposição de vídeos, exercícios de leitura, produção de textos, exibição de filmes, roteiros e análises orientadas e comparativas. As horas complementares serão preenchidas com atividades extraclasse.
SERVIÇO
O QUE É: 1ª Oficina de Formação de Escritores 
ONDE: Espaço Cultural Valer – Avenida Ramos Ferreira, 1195 – Centro
QUANDO: De 13 a 18 de dezembro
INVESTIMENTO: R$ 100,00 (público em geral), R$ 80,00 (professores) e R$ 50,00 (estudantes)
INSCRIÇÕES: Até o dia 12 de dezembro, na Livraria Valer
INFORMAÇÕES: 3635-1324