Amigos do Fingidor

quinta-feira, 30 de abril de 2020

A poesia é necessária?



A lucidez da pedra
Antísthenes Pinto (1929-2000)


A lucidez é a loucura plena
como a pedra é água desde o início.
O amor, essa coisa mítica e terrena
é o fruir da ave – um artifício.

A loucura há de me levar acima,
amplamente, além das convenções,
há de retornar também em implosões
de seres e paisagens, aquém da rima.

O retorno é sempre um passo à frente
porque indescobrível como a aurora.
E é por isso que, hirto ou indolente,
perscruto o universo a toda hora.



quarta-feira, 29 de abril de 2020

Fantasy Art - Galeria


Anette Tjaerby.

terça-feira, 28 de abril de 2020

Ponto de exclamação!



Pedro Lucas Lindoso


Os sinais de pontuação são sinais gráficos empregados na língua escrita para tentar recuperar recursos específicos da língua falada, tais como: entonação, jogo de silêncio, pausas etc. Também servem para demarcar unidades e sinalizar os limites das estruturas sintáticas nos textos.
Ponto, dois pontos, interrogação, parêntesis, reticências, vírgula. Sim. A famosa vírgula. De todos os sinais de pontuação, a vírgula é aquele que desempenha o maior número de funções.
Mas o assunto não é a vírgula. Em tempo de coronavírus nunca se usou tanto o ponto de exclamação. A gramática nos ensina que devemos usar exclamação após vocativo, frases imperativas e após interjeição. O que é obrigatório em termos gramaticais. Também usamos exclamação após palavras ou frases de caráter emotivo ou expressivo. Aí já fica mais a critério de quem produz o texto.
Quando eu era estudante fazia-se redação. Hoje se faz produção de textos. Tive um professor de Língua Portuguesa que não gostava de exclamação. Tampouco de reticências. Era muito carrancudo! Como muitos professores de português.      
Um cronista não pode prescindir do ponto de exclamação! Numa época de pandemia! Com tantas mortes! Não podemos deixar de ser emotivos:
– Meu Deus! Até quando isso vai durar! Jesus! Os americanos de origem puritana não podem falar o nome de Jesus em vão. E se expressam assim: Gee!
Aqui em Manaus estão fazendo enterros coletivos em vala comum! Como dizer isso sem exclamação?! Devemos mais do que nunca FICAR EM CASA! Se a gramática diz que devemos usar exclamação após frases imperativas, essa tem sido fundamental:
– FIQUE EM CASA!!!
Lembrei-me de minha avó Brigitta Daou que sempre dizia: “Boa romaria faz quem em sua casa fica em paz!” E meu tio Robert Daou: “Deixe de movimento.” Fique em casa!
Realmente, com essas notícias de contaminação e mortes de pessoas aqui em Manaus, só nos resta clamar e exclamar:
– Nossa Senhora do Perpétuo Socorro! Rogai por nós!



segunda-feira, 27 de abril de 2020

Escrever é fácil!



Zemaria Pinto


Sempre me perguntam o que tenho a dizer a escritores principiantes. Agora, em tempos de pandemia, todos querem ser Boccaccio ou Shakespeare. Poderia aproveitar para vender uma versão online da minha Oficina de Criação Literária, já testada com várias turmas presenciais, mas, prefiro ser objetivo.
Eu só tenho uma recomendação a dar a quem quer escrever Literatura (essa maiúscula não está aí à toa):

LEIA! LEIA! LEIA MUITO!

Aprenda sobre o que você gosta de ler e aprenda sobre o que você gostaria de escrever. E, sobretudo, tenha prazer na leitura. Se a leitura não está prazerosa, parta para outra. E não se preocupe se o tempo de isolamento não for suficiente para escrever alguma coisa: as leituras não terão sido em vão.
Mas, não é só isso. Você deve ter – ou desenvolver – uma qualidade rara: a disciplina. A disciplina de ter hora para começar a escrever; a disciplina de ter hora para parar de escrever; a disciplina de ter dias para tirar folgas e até férias de escrever; e a indisciplina de ter um caderninho, ou um aplicativo no celular, algum lugar onde você vai anotar as ideias que aparecem do nada, que parecem que caem do céu. É o que os tolos chamam de inspiração. Isso é bobagem, inspiração não existe. Inventaram isso só para você não sentir culpa por não conseguir escrever. O que existe é que você está sempre pensando naquilo sobre o que você está escrevendo.
Entretanto, nada disso tem sentido nenhum se você não tiver uma coisa que eu não sei explicar: talento.
É fácil!



domingo, 26 de abril de 2020

sábado, 25 de abril de 2020

Fantasy Art - Galeria


Guichard Bunel.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

A poesia é necessária?



Quando o samba acabou
Noel Rosa (1910-1937)


Lá no morro da Mangueira
Bem em frente à ribanceira
Uma cruz a gente vê
Quem fincou foi a Rosinha
Que é cabrocha de alta linha
E nos olhos tem seu “não sei quê”

Numa linda madrugada
Ao voltar da batucada
Pra dois malandros olhou a sorrir
Ela foi-se embora e os dois ficaram
Dias depois se encontraram
Pra conversar e discutir

Lá no morro uma luz somente havia
Era a lua que a tudo assistia
Mas quando acabava o samba se escondia

Na segunda batucada
Disputando a namorada
Foram os dois improvisar
E como em toda façanha
Sempre um perde e outro ganha
Um dos dois parou de versejar

E perdendo a doce amada
Foi fumar na encruzilhada
Ficando horas em meditação
Quando o sol raiou foi encontrado
Na ribanceira estirado
Com um punhal no coração

Lá no morro uma luz somente havia:
Era o sol quando o samba acabou...
De noite não houve lua, ninguém cantou...


quarta-feira, 22 de abril de 2020

Fantasy Art - Galeria


Goddess of light.
Shane Braithwaite.

terça-feira, 21 de abril de 2020

Faz doces. Recomeça.



Pedro Lucas Lindoso


Conheci prima Zilá na casa do Chaguinhas. Perguntei a ele se era sua prima. Ele disse que era prima de seu pai. O velho só a chamava prima Zilá. O “prima” se incorporou ao nome. Uma diarista a chamava de dona Prima.
Zilá morou com os pais de Chaguinhas até a morte do velho Chagas e de sua esposa. Chaguinhas filho é muito grato a ela. Ajudou muito a sua mãe com o Alzheimer do velho.
Zilá é de uma família com dois irmãos e uma irmã. Todos casados. Zilá é bem mais nova do que os irmãos. Normalista, começou a dar aulas bem novinha. Formou-se em Língua Portuguesa. E aposentou-se cedo. No século passado as professoras se aposentavam com 25 anos de serviço.
Chaguinhas diz brincando que prima Zilá é solteirona VVC. (velha virgem curiosa). Ela morre de rir. Antes de cuidar dos seus tios, pais de Chaguinhas, cuidou dos seus próprios pais, até morrerem.
Os irmãos de prima Zilá curiosamente são casados com duas irmãs gêmeas idênticas. Diligentemente, enganaram prima Zilá e sua irmã com a divisão da herança.
Prima Zilá diz que uma das gêmeas é boa e a outra má. Como sempre confundiu as duas não sabe qual delas é a boa. E magoada com ambas, e com os respectivos, não quer saber deles. E explica:
– Nossa casa era grande. Meus pais tinham poupança e ações. O que me coube não deu para comprar uma quitinete.
Chaguinhas diz que ela não perturba. É generosa. Quase não fala. Passa as manhãs fazendo doces: brigadeiros, cajuzinhos e quindins. Vende tudo. Inspirou-se em Cora Coralina que disse: “Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.”
Em época de coronavírus e para surpresa de Chaguinhas, prima Zilá está querendo comprar grande quantidade de dólares e euros. Com o advento da pandemia prima Zilá está preocupada. Disse que tem uma poupança e que o governo pode querer confiscar tudo. E trata-se de uma senhora poupança. Bastante polpuda. Mais de dois milhões de reais. Quase a quantia que Chaguinhas tinha em ações. Está no prejuízo. As ações não estão valendo nem a metade da metade. Soube que os irmãos e as gêmeas estão em situação bem pior.
Zilá está obedecendo à quarentena com radicalidade. Vai sobreviver ao corona com certeza. E vai em frente, citando Cora Coralina: “Na escola da vida o mestre é o tempo”.
Prima Zilá é antes de tudo precavida.

domingo, 19 de abril de 2020

Manaus, amor e memória CDLIX


Consulado de Portugal.

sábado, 18 de abril de 2020

Fantasy Art - Galeria


Autor desconhecido.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Luiz Alfredo Garcia-Roza (16/9/1936–16/4/2020)


Luiz Alfredo Garcia-Roza, por Robson Vilalba. 

A poesia é necessária?



Medida
Teresa Tenório


a medida do amor é ser deserto
e retomar a ausência inicial
de parte da memória devorada
do inconsciente profundo
axial
porque o real do amor é fragmentar-se
no decorrer do ciclo indefinido
em espirais do tempo diluído
à lembrança inconsútil
desvelar-se



quarta-feira, 15 de abril de 2020

terça-feira, 14 de abril de 2020

Ciclo da vida



Pedro Lucas Lindoso


Em época de quarentena liguei para minha querida tia Idalina. Estava preocupado em saber se estava se comportando. Ela me disse estar um pouco entediada. Mas o tédio havia sido quebrado ontem. Eis o seu relato:
– Imagine que ontem, na boquinha da noite, como se dizia antigamente, um casal que mora no apartamento vizinho, começou a brigar. Um horror. O rapaz dizia não aguentar mais as exigências e as manias da esposa. As crianças em casa choravam e gritavam. O marido ameaçava sair de casa. A esposa, às beiras da histeria, dizia que ia pular da janela. Tive que me meter. Afinal eles são muito simpáticos comigo.
Fiquei muito preocupado com o que poderia ter acontecido. Ademais, tia Idalina é do grupo de risco. Diz que só tem 70. Uma pessoa que foi ao funeral de Carmem Miranda, em agosto de 1955, não tem menos do que 80 anos.
Ela mesma me contou que Carmem Miranda faleceu em Los Angeles. Mas o corpo embalsamado foi trasladado para o Rio de Janeiro. Milhares de pessoas acompanharam o enterro. E ela estava lá. O ano era 1955, repita-se.
Mas voltando à confusão de ontem. Ela apertou a campainha do vizinho, pegou as duas crianças e levou para o apartamento dela. Um risco. Segundo o Ministério da Saúde, os velhinhos têm que ficar longe das crianças.
Mas Idalina desobedeceu às normas de quarentena. Acalmou as crianças. Os gritos continuaram por alguns instantes. Depois tudo silenciou. Um silêncio sepulcral. A essa altura as crianças estavam calmas, assistiam televisão e tomavam sorvete.
Idalina preparou uma canja para as duas garotinhas. Deu banho. Vestiu-as com umas roupinhas que alguém esquecera por lá. Não achou conveniente voltar ao apartamento dos pais. No que estava certa. Se uma coisa que Idalina não tem é leseira.
Lá pelas dez da noite, as garotinhas já dormiam no sofá quando os pais vieram buscá-las. Ela que conta:
– Os dois, com cara de paisagem, relaxados, pediram desculpas, pegaram as crianças e foram para casa.
No final dessa quarentena, daqui a nove meses, vai nascer muito menino por aí. É o ciclo da vida. Uns vão morrer outros vão nascer.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Moraes Moreira (8/7/1947–13/4/2020)


Moraes Moreira, por Nei Lima.

domingo, 12 de abril de 2020

sábado, 11 de abril de 2020

Fantasy Art - Galeria


Nocturne.
Marta Dahlig.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

A poesia é necessária?



Canção para os fonemas da alegria
Thiago de Mello

A Paulo Freire

Peço licença para algumas coisas.
Primeiramente para desfraldar
este canto de amor publicamente.

Sucede que só sei dizer amor
quando reparto o ramo azul de estrelas
que em meu peito floresce de menino.

Peço licença para soletrar,
no alfabeto do sol pernambucano,
a palavra ti-jo-lo, por exemplo,

e poder ver que dentro dela vivem
paredes, aconchegos e janelas,
e descobrir que todos os fonemas

são mágicos sinais que vão se abrindo
constelação de girassóis gerando
em círculos de amor que de repente
estalam como flor no chão da casa.

Às vezes nem há casa: é só o chão.
Mas sobre o chão quem reina agora é um homem
diferente, que acaba de nascer:

porque unindo pedaços de palavras
aos poucos vai unindo argila e orvalho,
tristeza e pão, cambão e beija-flor,

e acaba por unir a própria vida
no seu peito partida e repartida
quando afinal descobre num clarão

que o mundo é seu também, que o seu trabalho
não é a pena que paga por ser homem,
mas um modo de amar – e de ajudar

o mundo a ser melhor.
                                    Peço licença
para avisar que, ao gosto de Jesus,
este homem renascido é um homem novo:

ele atravessa os campos espalhando
a boa nova, e chama os companheiros
a pelejar no limpo, fronte a fronte,

contra o bicho de quatrocentos anos,
mas cujo fel espesso não resiste
a quarenta horas de total ternura.

Peço licença para terminar
soletrando a canção de rebeldia
que existe nos fonemas da alegria:

canção de amor geral que eu vi crescer
nos olhos do homem que aprendeu a ler.



quarta-feira, 8 de abril de 2020

Fantasy Art - Galeria


Blue.
Laurie Cooper.

terça-feira, 7 de abril de 2020

Cheia de 2020



Pedro Lucas Lindoso


Tempo. Tempo. Tempo. O dia tem 24 horas. O ano 365 dias. No hemisfério norte começou a primavera. No hemisfério sul, o outono.  Mas isso (as estações do ano) só é referência para quem mora nas zonas temperadas da terra.
Para nós, amazônidas, que vivemos na zona tropical, o que importa é o regime das águas. Na época da cheia, o tempo fica mais chuvoso. Fica “rainy” como se diz em Inglês. Aliás, há duas palavras para tempo no idioma de Shakespeare. “Time” e “weather”.
Quando eu digo que o tempo está passando devagar por causa do corona vírus, é o “time”. Quando eu digo que está chuvoso é o “weather’.
O homem consegue fazer previsão do “weather” para os próximos dias. Mas o que vai acontecer daqui a três dias, somente a Deus pertence.
Na literatura dos povos que vivem em zona temperada são comuns as referências às estações do ano. As estações servem para ativar a memória de fatos importantes nas vidas das pessoas. “Vovô faleceu no inverno de 2013.” “Casamos na primavera de 2005”. “Comecei a trabalhar no outono daquele ano.” “O verão foi divertido.”
Para o nosso caboclo nada disso faz sentido. Mesmo porque durante o ano pouca coisa muda na floresta.  Só nos rios. Na vazante o calor é mais intenso. As praias aparecem e se retiram os animais das marombas.
Em Paris a primavera já se apresenta, apesar da quarentena. Em Nova Iorque não está mais nevando. Mas o Central Park continua assombrosamente vazio. Em Tóquio há cerejeiras em flor ignorando o vírus.
No interior do Amazonas os ribeirinhos estão estranhando porque não há movimento de barcos de recreio, nem balsas, e muito menos as lanchas expressas. Os barcos a jato que levam e trazem pessoas de Manaus para o interior.
Os barcos que vendem mantimentos trouxeram a triste notícia de que uma gripe forte, um tal de coronavírus, ameaça as populações e pode matar.
Aconselha-se não entrar em contato com o pessoal das cidades e vilas. Melhor ficar só com as coisas da floresta e evitar o pessoal da cidade.
As gripes virais geralmente são mais perigosas para indígenas e ribeirinhos. Espera-se que muitos possam sobreviver para contar o que houve na terrível cheia de 2020.


segunda-feira, 6 de abril de 2020

Home office



Zemaria Pinto


Quando apresentei a proposta de home office no sindicato, há uns 3 anos, fui motivo de chacota. Agora estamos todos em estado de chacota. A rotina não tem sido diferente da rotina presencial na fábrica. O pessoal da produção está em casa sem ter o que fazer, mas, como sou administrativo, continuo o ramerrame de despachos, via web. Tenho uma reunião diária, por teleconferência. Comitê de Crise Coronavírus. CCC. Essa sigla é de matar. No dia a dia da fábrica, as reuniões são trimestrais, apenas para apreciação dos indicadores de qualidade – tudo fake, mas o pessoal da matriz gosta deles, é o que importa. Na reunião de hoje, um elemento propôs a adoção do isolamento vertical. Ao ser questionado sobre que merda é essa, o sujeito respondeu com a singeleza dos idiotas “é a proposta do nosso presidente”. Nosso é o cacete, porra, parti pra cima do babaca, pena que ele não estivesse ao meu alcance. A reunião do CCC acabou antes da hora.
Da minha janela, no segundo andar, eu vejo a rua, o açougue, a padaria e o movimento de gente, carros e motos – quase nenhum. Uso o home office como justificativa para me isolar dentro de casa. Afinal faço parte do grupo de risco – o grupo que pode morrer para que a economia se reerga. Minha mulher, respeita o “expediente”. Meus netos não aparecem há três semanas. De noitinha, desço para caminhar na área do cortiço, que uns pedantes chamam de condomínio. Outras pessoas caminham e não respondem aos meus boas noites. Fodam-se. Essa porra só transmite com toques, não com gentileza. O escroto que quer o isolamento vertical do grupo de risco sabe que isso dará a ele um genocídio pra chamar de seu. Como ele não dispõe de judeus, negros ou índios, vai matar os velhos do país. Mas quem se importa? Desde que a bolsa esteja em alta e o dólar em baixa, todo sacrifício é pouco. Pátria amada, pátria minha, patriazinha – que nojo eu tenho de ti!



domingo, 5 de abril de 2020

Manaus, amor e memória CDLVII


Palácio Rio Negro, com um falecido igarapé ao fundo.

sábado, 4 de abril de 2020

Fantasy Art - Galeria



I love your hair.
Tim Okamura.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

A poesia é necessária?



Nunca mais serei eu mesmo
Luís Antônio Cajazeira Ramos


Cada último poema é o último, pois
nada há mais a dizer depois, pra nunca mais,
que sempre, se me entrego ao verso, é totalmente
— mais nada sobra em mim, vazado, mais que sempre.

Toda em cada verso, a poesia (que mistério)
nunca se esgota ou esvai, pois, com seu próprio lastro,
está pra sempre inteira, pronta a um novo verso
— e cada novo poema é o novo! ...e eu sou o resto.

Se me dou por inteiro, o que sobra de mim?
Se me fluí no verso, perdi-me de vez...
— vez que, na alma do verso, só está quem o lê.

Sendo assim (que destino, esse meu!), pra me ter,
devo ler-me a mim mesmo no verso que fiz
— eu, que tenho essa imensa poesia a viver!...


quarta-feira, 1 de abril de 2020

Fantasy Art - Galeria


Julie Bell.