Quando o samba acabou
Noel Rosa (1910-1937)
Lá no morro da Mangueira
Bem em frente à ribanceira
Uma cruz a gente vê
Quem fincou foi a Rosinha
Que é cabrocha de alta linha
E nos olhos tem seu “não sei quê”
Bem em frente à ribanceira
Uma cruz a gente vê
Quem fincou foi a Rosinha
Que é cabrocha de alta linha
E nos olhos tem seu “não sei quê”
Numa linda madrugada
Ao voltar da batucada
Pra dois malandros olhou a sorrir
Ela foi-se embora e os dois ficaram
Dias depois se encontraram
Ao voltar da batucada
Pra dois malandros olhou a sorrir
Ela foi-se embora e os dois ficaram
Dias depois se encontraram
Pra conversar e discutir
Lá no morro uma luz somente havia
Era a lua que a tudo assistia
Mas quando acabava o samba se escondia
Era a lua que a tudo assistia
Mas quando acabava o samba se escondia
Na segunda batucada
Disputando a namorada
Foram os dois improvisar
E como em toda façanha
Sempre um perde e outro ganha
Um dos dois parou de versejar
Disputando a namorada
Foram os dois improvisar
E como em toda façanha
Sempre um perde e outro ganha
Um dos dois parou de versejar
E perdendo a doce amada
Foi fumar na encruzilhada
Ficando horas em meditação
Quando o sol raiou foi encontrado
Na ribanceira estirado
Com um punhal no coração
Foi fumar na encruzilhada
Ficando horas em meditação
Quando o sol raiou foi encontrado
Na ribanceira estirado
Com um punhal no coração
Lá no morro uma luz somente havia:
Era o sol quando o samba acabou...
De noite não houve lua, ninguém cantou...
Era o sol quando o samba acabou...
De noite não houve lua, ninguém cantou...