Nunca mais serei eu
mesmo
Luís
Antônio Cajazeira Ramos
Cada último poema é o
último, pois
nada há mais a dizer
depois, pra nunca mais,
que sempre, se me entrego
ao verso, é totalmente
— mais nada sobra em mim,
vazado, mais que sempre.
Toda em cada verso, a
poesia (que mistério)
nunca se esgota ou esvai,
pois, com seu próprio lastro,
está pra sempre inteira,
pronta a um novo verso
— e cada novo poema é o
novo! ...e eu sou o resto.
Se me dou por inteiro, o
que sobra de mim?
Se me fluí no verso,
perdi-me de vez...
— vez que, na alma do
verso, só está quem o lê.
Sendo assim (que destino,
esse meu!), pra me ter,
devo ler-me a mim mesmo
no verso que fiz
— eu, que tenho essa
imensa poesia a viver!...