Liberdade
Carlos Marighella (1911-1969)
Não ficarei tão só no
campo da arte,
e, ânimo firme,
sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para
exaltar-te,
serenamente, alheio à
própria sorte.
Para que eu possa um dia
contemplar-te
dominadora, em férvido
transporte,
direi que és bela e pura
em toda parte,
por maior risco em que
essa audácia importe.
Queira-te eu tanto, e de
tal modo em suma,
que não exista força
humana alguma
que esta paixão
embriagadora dome.
E que eu por ti, se
torturado for,
possa feliz, indiferente
à dor,
morrer sorrindo a
murmurar teu nome.