Amigos do Fingidor

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

A poesia é necessária?

 

Tristeza

Almir Diniz (1929-2021)

 

Cavalgo, triste, meu corcel alado

Pelas pistas sem fim do pensamento,

De rédea solta, solto meu lamento,

Meu protesto de lágrimas molhado.

 

Galopando sem rumo, e magoado,

Carpindo no selim meu sofrimento,

Chego a pensar que todo este tormento

É mero sonho, e sonho malfadado...

 

Mas, se passo trotando contra o vento

E ouço um tropel alegre pelo prado,

Aperto o arreio... sem... eis-me acordado!

 

Aí, sim, sofro a dor que me vai dentro,

Essa dor que mais dói, sem ferimento,

Que as feridas de todo o meu passado!