Amigos do Fingidor

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O estranho caso da Vila da Barra – 11

Marco Adolfs


Atingi um trecho íngreme e, quando desci, percebi que meu caminhar seria antes um subir e descer interminável, ondulando por pequenas ladeiras que se projetavam à minha frente.

Depois de um longo tempo de caminhada, atingi a embocadura de um rio que saía do interior da selva, de forma lenta e vigorosa, engrossando sua largura justamente naquele pedaço por onde eu passava. Como sempre, naquela cidade, havia uma providencial ponte velha de madeira para os transeuntes. A água daquele rio que passava a meus pés era tão escura quanto a do rio Negro que corria ao largo e onde necessariamente elas iriam desembocar. Andei tanto por aquela tal Vila da Barra que elegi um botequim, pertencente a um tal Paulo de Matos e localizado nos confins dessa rua Liberal. E foi numa dessas minhas idas ao botequim do Matos que acabei travando conhecimento com um vereador da vila, chamado João da Costa.

O sol estava alto quando cheguei ao botequim. Logo ao entrar, percebi alguns homens bebendo tranquilamente e, no meio deles, um que se destacava por sua altura e gestos mais cuidadosos. Este logo veio em minha direção e, com um sorriso entre matreiro e desconfiado, começou a puxar conversa.

– Bom dia! Vejo que o senhor é um visitante em nossa vila.

– Sim. – respondi, com um sorriso.

– Pretende ficar muito tempo?

– Só o suficiente para resolver umas coisas.

– O senhor faz alguma espécie de venda em nossa cidade? – perguntou o homem.

– Vejo as possibilidades de abrir uma casa de drogas e unguentos – respondi, mentindo propositadamente.


(Continua na próxima terça)