Pedro Lucas Lindoso
Chico
Buarque dramaticamente relata em sua música “Construção” a morte de um operário
na contramão, atrapalhando possivelmente o trânsito e literalmente o
“sábado”. O Maio Amarelo foi criado pela
ONU com a proposta de chamar a atenção da sociedade para o alto índice de
mortos e feridos no trânsito em todo o mundo.
Nossa
Manaus, diferente da floresta que nos cerca, tem o ritmo frenético das cidades
grandes. Estar em qualquer das grandes avenidas da cidade é sempre uma corrida
contra o tempo. As avenidas e ruas manauaras são sempre campos de batalha
silenciosos entre o desejo de chegar rápido e a necessidade de preservar vidas
— a nossa e a do próximo.
E então
as tragédias acontecem. Batidas de toda sorte, capotamentos e atropelamentos.
Causando mortes ou vítimas com sequelas graves. No Brasil, temos a Rede
Hospitalar Sarah. Fundada por dona Sara Kubitschek, esposa de JK, um dos
melhores presidentes que tivemos. A rede Sarah é referência em atendimentos em
ortopedia e reabilitação do aparelho locomotor.
Penso
que essa expertise se desenvolveu, não por acaso, num país com tantas vítimas
de trânsito. Posso estar enganado. Mas muitos que chegam à Rede Sarah são
acidentados nesse nosso trânsito caótico e perigoso.
Mas
agora, convido o leitor a imaginar uma Manaus onde a paz reina nas ruas, onde
motoristas e pedestres trocam olhares de compreensão, ao invés de olhares de
desafio ou impaciência. Eu nasci e vivi a infância nessa Manaus. Uma cidade
onde havia menos mortes nas ruas e avenidas, menos perdas irreparáveis. Claro
que a quantidade de automóveis era infinitamente menor. A cidade era pequena.
Andava-se à pé. O lugar mais longe do Centro era o Japiim.
Hoje a realidade é outra. Cada vida que se vai
é uma história interrompida, um sonho que fica pelo caminho. E se, ao invés de
acelerarmos nossos carros, acelerássemos também a nossa consciência? Respeitar
os limites, usar o cinto, não dirigir sob efeito de álcool ou drogas. Educação
no volante, fiscalização justa, campanhas de conscientização – tudo isso é o
caminho para uma mudança real. Para que o som das sirenes não seja mais uma
rotina, mas uma lembrança de que vidas valem mais do que pressa.
Que
possamos desejar, de coração, um trânsito mais pacífico. Menos mortes, mais
esperança. Pois, no final, todos queremos chegar bem ao nosso destino. E essa
paz no trânsito começa dentro de cada um de nós.