Amigos do Fingidor

terça-feira, 27 de maio de 2025

Paz no trânsito

 Pedro Lucas Lindoso

 

Chico Buarque dramaticamente relata em sua música “Construção” a morte de um operário na contramão, atrapalhando possivelmente o trânsito e literalmente o “sábado”.  O Maio Amarelo foi criado pela ONU com a proposta de chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortos e feridos no trânsito em todo o mundo.

Nossa Manaus, diferente da floresta que nos cerca, tem o ritmo frenético das cidades grandes. Estar em qualquer das grandes avenidas da cidade é sempre uma corrida contra o tempo. As avenidas e ruas manauaras são sempre campos de batalha silenciosos entre o desejo de chegar rápido e a necessidade de preservar vidas — a nossa e a do próximo.

E então as tragédias acontecem. Batidas de toda sorte, capotamentos e atropelamentos. Causando mortes ou vítimas com sequelas graves. No Brasil, temos a Rede Hospitalar Sarah. Fundada por dona Sara Kubitschek, esposa de JK, um dos melhores presidentes que tivemos. A rede Sarah é referência em atendimentos em ortopedia e reabilitação do aparelho locomotor.

Penso que essa expertise se desenvolveu, não por acaso, num país com tantas vítimas de trânsito. Posso estar enganado. Mas muitos que chegam à Rede Sarah são acidentados nesse nosso trânsito caótico e perigoso.

Mas agora, convido o leitor a imaginar uma Manaus onde a paz reina nas ruas, onde motoristas e pedestres trocam olhares de compreensão, ao invés de olhares de desafio ou impaciência. Eu nasci e vivi a infância nessa Manaus. Uma cidade onde havia menos mortes nas ruas e avenidas, menos perdas irreparáveis. Claro que a quantidade de automóveis era infinitamente menor. A cidade era pequena. Andava-se à pé. O lugar mais longe do Centro era o Japiim.

 Hoje a realidade é outra. Cada vida que se vai é uma história interrompida, um sonho que fica pelo caminho. E se, ao invés de acelerarmos nossos carros, acelerássemos também a nossa consciência? Respeitar os limites, usar o cinto, não dirigir sob efeito de álcool ou drogas. Educação no volante, fiscalização justa, campanhas de conscientização – tudo isso é o caminho para uma mudança real. Para que o som das sirenes não seja mais uma rotina, mas uma lembrança de que vidas valem mais do que pressa.

Que possamos desejar, de coração, um trânsito mais pacífico. Menos mortes, mais esperança. Pois, no final, todos queremos chegar bem ao nosso destino. E essa paz no trânsito começa dentro de cada um de nós.