Amigos do Fingidor

quinta-feira, 8 de maio de 2025

A poesia é necessária?

 

Emissário do ridículo

Diego Mendes Sousa

 

Todas as cartas de amor são ridículas.

Fernando Pessoa

 

A poesia é a máxima expressão do ridículo

e o poeta é um ser

excêntrico e risível.

 

O ridículo torna-se íntimo das palavras

e o poema

é a peça orgânica

que viabiliza

o estranhamento da linguagem.

 

É no poema que o poeta expõe

as suas dores

e as suas mazelas,

a operar a desprezível história pessoal,

a revelar

a sua exótica humanidade.

 

A poesia é assim,

a insanidade a rir de si mesma.

 

Prefiro ser ridículo

a ter que perder as paredes testemunhais

dos meus sentimentos

e sofrimentos.

 

Reencontro a minha infância,

porque é na inocência

(ou ainda no amor ausente ou na urgência da paixão)

que reside toda alma

devota ao ridículo.