Donaldo Mello
Boa noite, velho
amigo Zemaria!
Grato
por compartilhar seu Garrote.
Parabéns pela sua estreia, como roteirista, na linguagem cinematográfica. Você
é um trabalhador incansável e ousado, graças a Deus. Com sua proverbial
simpatia, sempre encontrará bons parceiros. Claro que se trata de uma sua
primeira experiência. Nós, seus leitores, já nos acostumamos à sua afinada voz
nos contos, poemas, ensaios, teatro. Precisamos treinar o ouvido para a
linguagem do cinema. A propósito, sua voz, literalmente, ficou bem, em off, no filme Garrote, reportando notícias no rádio.
Ao
cumprimentar o diretor Bruno Pantoja, suponho que, provavelmente, ele deve
estar 'buscando afiar' um olhar próprio, no contexto de um texto de ficção.
Algo que difere, da visão do cineasta voltado para o “gênero” documentário,
como você informou sobre a experiência do jovem cineasta. A respeito, lembro-me
das memoráveis 'lições de cinema', do notável documentarista Eduardo Coutinho.
Este, que se dedicava, exclusivamente (quase), ao cinema - documentário. Tendo
conseguido, bem antes de se tornar um ícone no gênero, produzir uma das suas
obras ÚNICAS, que consistiu em um misto de documentário e ficção. Refiro-me ao clássico
Cabra Marcado para Morrer, com
fotografia do nosso inesquecível amigo cineasta e professor da UnB Vladimir
Carvalho (irmão de Valter Carvalho, ambos paraibanos).
Pois
então, com esse referencial, entre outros, desses dois amantes do cinema é que
gostava de pensar sobre essa particular carpintaria. Recordo, por outro lado, que
Glauber Rocha dizia, mais ou menos, que "para fazer cinema, basta uma filmadora
e uma ideia na cabeça. O curta metragem Garrote,
com mérito, deixa documentado um fato histórico trágico: a falta de oxigênio
para atender aos pacientes da Covid-19, em Manaus. A falência do setor da
Saúde, na capital do estado do Amazonas. A meu ver, ainda não bem conhecida
país afora, todavia numa perspectiva intimista, que sublinha, na trama do
cotidiano, o conflito ideológico e a tragédia política, perpetrada na
conjuntura conflituosa, que a pandemia da Covid-19, singularmente, produziu em
Manaus tristemente. Abraço amazônico saudoso, extensivo aos seus familiares.
P.
S.: Somente, agora, pude tentar atender, se é que o fiz, seu pedido quanto à
minha opinião sobre o curta metragem Garrote.
Torço para que seja bem acolhido pelo público em geral. Enviei para alguns
amigos e recebi, poucas, mas boas opiniões.
Donaldo Mello é amazonense, radicado em Brasília há mais de
40 anos, e tem dois livros de poesia publicados:
Véspera de azul (Valer/Massao Ohno, 2002) e
Bordado para iniciantes (Valer, 2008).