Amigos do Fingidor

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Garrote, algumas considerações


Donaldo Mello

 

Boa noite, velho amigo Zemaria!

 

Grato por compartilhar seu Garrote. Parabéns pela sua estreia, como roteirista, na linguagem cinematográfica. Você é um trabalhador incansável e ousado, graças a Deus. Com sua proverbial simpatia, sempre encontrará bons parceiros. Claro que se trata de uma sua primeira experiência. Nós, seus leitores, já nos acostumamos à sua afinada voz nos contos, poemas, ensaios, teatro. Precisamos treinar o ouvido para a linguagem do cinema. A propósito, sua voz, literalmente, ficou bem, em off, no filme Garrote, reportando notícias no rádio.

Ao cumprimentar o diretor Bruno Pantoja, suponho que, provavelmente, ele deve estar 'buscando afiar' um olhar próprio, no contexto de um texto de ficção. Algo que difere, da visão do cineasta voltado para o “gênero” documentário, como você informou sobre a experiência do jovem cineasta. A respeito, lembro-me das memoráveis 'lições de cinema', do notável documentarista Eduardo Coutinho. Este, que se dedicava, exclusivamente (quase), ao cinema - documentário. Tendo conseguido, bem antes de se tornar um ícone no gênero, produzir uma das suas obras ÚNICAS, que consistiu em um misto de documentário e ficção. Refiro-me ao clássico Cabra Marcado para Morrer, com fotografia do nosso inesquecível amigo cineasta e professor da UnB Vladimir Carvalho (irmão de Valter Carvalho, ambos paraibanos).

Pois então, com esse referencial, entre outros, desses dois amantes do cinema é que gostava de pensar sobre essa particular carpintaria. Recordo, por outro lado, que Glauber Rocha dizia, mais ou menos, que "para fazer cinema, basta uma filmadora e uma ideia na cabeça. O curta metragem Garrote, com mérito, deixa documentado um fato histórico trágico: a falta de oxigênio para atender aos pacientes da Covid-19, em Manaus. A falência do setor da Saúde, na capital do estado do Amazonas. A meu ver, ainda não bem conhecida país afora, todavia numa perspectiva intimista, que sublinha, na trama do cotidiano, o conflito ideológico e a tragédia política, perpetrada na conjuntura conflituosa, que a pandemia da Covid-19, singularmente, produziu em Manaus tristemente. Abraço amazônico saudoso, extensivo aos seus familiares.

P. S.: Somente, agora, pude tentar atender, se é que o fiz, seu pedido quanto à minha opinião sobre o curta metragem Garrote. Torço para que seja bem acolhido pelo público em geral. Enviei para alguns amigos e recebi, poucas, mas boas opiniões.

 

Donaldo Mello é amazonense, radicado em Brasília há mais de 40 anos, e tem dois livros de poesia publicados:

Véspera de azul (Valer/Massao Ohno, 2002) e

Bordado para iniciantes (Valer, 2008).