Amigos do Fingidor

quinta-feira, 8 de junho de 2023

A poesia é necessária?

 

Nha Codê

Ovídio Martins (1928-1999)

 

(A Osvaldo Alcântara)

 

 

Tiraram o lume dos teus olhos

e fizeram braseiro

para aquecer a noite fria;

noite de qualquer dia.

Roubaram o teu riso

e encheram de gargalhadas

de luz e de música

as suas reuniões frustradas.

Da tua pele fizeram tambor

para nos ajuntar no terreiro!

Dondê nha Codê?

Não

não mataram o meu filho

que eu sei que o meu filho não morre.

 

(Se choro

são saudades de nha Codê...)

Nha Codê vive

na evocação de um mundo distante

no riso e no choro das ervas rasteiras

na solidão dos campos

nas pândegas de marinheiros

na vida que nasce e morre

em cada dia que passa!...

 

...E em mim

essa saudade de nha Codê!