O rio Amazonas
Elson Farias
Rio, lavras tua gula,
comedor de terra e espuma,
trazes os teus peixes todos,
sol ardente sobre lâmina.
Manhã clara consumada,
hereditária da chuva,
água tranquila na cuia
do verão que te saúda.
Noite nova sobre as árvores,
sombras nos ombros da lua,
os duendes antigos vivos,
mulher deitada na grama.
Não és um rio caduco,
mas uma fera atiçada.
Contra a fome te concentras
como o fixo olhar da garça.