O problema do ladrão não é roubar uma corneta. É até muito
fácil. A questão vai ser onde e como o larápio vai tocar a corneta roubada.
O pix tem sido usado para gastar dinheiro ilícito e não
comprovado. Mas os grandes larápios sabem. Não é de hoje que todos os governos controlam
as grandes movimentações de numerário. Pode ser de direita ou esquerda. De
centro ou misturado, que é como chamam a tal coalizão. Vários partidos apoiando
e governando. Tudo junto e misturado. Enfim, não é de hoje que grandes
transações são controladas. Com pix ou sem pix.
Portanto, dinheiros são levados para paraísos fiscais ou
lavado. Mesmo porque quem tem rabo de palha não dança perto de fogo.
Como sabemos, nos paraísos fiscais há a facilidade para
aplicação dos capitais que são de origem desconhecida, protegendo a identidade
dos proprietários desse dinheiro. Garantindo o sigilo bancário. É um refúgio
fiscal e um refúgio para macaco safado e ladrão. Porque onde tem onça macaco
não pia.
Outro dia uma pessoa humilde, funcionário de uma academia de
ginástica, veio me perguntar o que é lavagem de dinheiro. Ora, disse-lhe que
era como se transforma dinheiro roubado parecer dinheiro ganho honestamente.
Tentar dificultar a origem criminosa.
Se o cabra começa a gastar o dinheiro desviado vão pegá-lo.
Quem tem perna de pau tem que ficar longe do fogo.
Uma maneira bastante comum é transferir o dinheiro para uma
outra pessoa. Essa pessoa tem o nome de laranja. O rapaz olhou-me com os olhos
arregalados. E perguntou-me porque chamam de laranja.
Ninguém sabe ao certo. Dizem que é porque laranja só sobra o
bagaço quando pegam o ladrão. A gíria substitui a palavra testa de ferro.
Dizem que os larápios eram punidos antigamente com ferro em
brasa na testa. Os ricos pagavam pessoas pobres para terem a testa marcada com
ferro no lugar deles. Há controvérsias.
O rapaz me perguntou se ainda faziam isso. Eu disse que não.
Hoje o laranja ou testa de ferro vai mesmo para cadeia. Ou aparece morto com a
boca cheia de formiga.
O rapaz me agradeceu a explicação. Aliás me agradeceu muito
efusivamente. E disse-me:
– Bem que minha vó dizia que formiga não deve visitar
tamanduá.
Aprendi mais um ditado.