Amigos do Fingidor

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Influência da astrologia na medicina


João Bosco Botelho


O encantamento pela astrologia como prática divinatória consolidou-se nos primeiros núcleos urbanos, em torno de quatro mil anos atrás.
As práticas divinatórias astrológicas continuam mantendo relações próximas com as antigas crenças e ideias religiosas estruturadas na Mesopotâmia.
Os vestígios dessa interessante dependência entre as pessoas e os astros reconhecíveis no céu estrelado podem ser rastreados em alguns registros da escrita cuneiforme. O sinal gráfico correspondente ao divino ─ elemento incomensurável e todo-poderoso do passado e do futuro ─ é o mesmo que designa a palavra estrela. Os deuses babilônicos Schamasch, Sin e Ischtar eram os guardiões do céu sob a forma do Sol, da Lua e do planeta Vênus, os três astros mais destacados do firmamento.
  Assim, a força da astrologia na modernidade não deveria causar tanta admiração. A fé no poder dos astros determinando o destino das pessoas e do mundo é tão antiga quanto as primeiras aglomerações urbanas.
Algumas palavras atuais estão repletas de significado astrológico. O prefixo latino menstruus, que originou menstruação, está ligado ao processo repetitivo de vinte e oito dias do mês lunar.
  Apesar das adaptações adquiridas também com os novos saberes sobre os elementos visíveis no firmamento, a astrologia divinatória conservou a primitiva estrutura de sedução: utiliza a adivinhação dedutiva, a partir da interpretação do movimento astral.
  Os médicos medievais, entre os séculos 8 e 11, criaram situações bizarras ao utilizarem a concepção neoplatônica de similitude entre o macrocosmo e o microcosmo, construindo extremados prognósticos astrológicos. Nesse período, predominava a certeza de que a saúde, a doença, a boa sorte, o azar, a sexualidade e a procriação estavam sob a decisiva influência dos astros.