Amigos do Fingidor

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Linguagens e a crítica da proteção pura



João Bosco Botelho


É possível que seja nas dimensões celulares e moleculares, dando forma à função e vice-versa, que ocorre a maravilhosa capacidade humana de construir ideias para compreender o invisível, o imponderável, para, depois, desvendar e nominar, transformando-o em objeto mensurável.
Esse conjunto reforça o entendimento dos discursos atados às linguagens e impregnados do saber acumulado historicamente. No contexto da multidisciplinaridade, as gramáticas são ideológicas por que expressam certo tipo de posse do real que marcam profundamente nos corpos os prazeres e as dores, sentidos e imaginados.
O objetivo primário da ação, a ideia seguida do movimento do corpo, por si mesmo, é o mais fundamental sentimento mantenedor da sobrevivência: a cooperação unindo todos para fugir da dor e buscar o prazer, aqui compreendido como as garantias da sede e da fome saciadas, abrigo contra o frio e o calor extremos, cooperação, territorialidade, sexualidade e descendência. Algo que poderia ser chamado de crítica da proteção pura. Não se trata, exclusivamente, do viver. O morrer pode representar, em certos instantes, o ato cooperativo dominante e, nesse caso, a morte representará a proteção pura.
Apesar de os estudos da anatomia e fisiologia terem desvendado aspectos importantes da forma e da função do cérebro relacionadas às linguagens, estamos longe, muito longe, de compreender a maior parte das dúvidas. A principal barreira é a fantástica multiplicidade das formas, nos seres viventes, gerando funções semelhantes: homens e mulheres possuem áreas cerebrais semelhantes, relacionadas às linguagens, contudo jamais se expressam igualmente nas linguagens, fazendo com que um texto ou uma pintura jamais possam ser copiados impunemente.