Pedro
Lucas Lindoso
Quando a Amazônia se
chamava Grão-Pará, havia três cidades importantes na enorme região: Belém, situada
no litoral, era a grande capital. Santarém, na região do rio Tapajós, e nossa
Manaus, capitaneando o majestoso rio Negro.
Fomos elevados à
categoria de província e hoje Manaus é a grande capital do Amazonas.
Infelizmente, nossos irmãos do Tapajós até hoje não conseguiram ficar independentes
do Pará. Jamais faltou vontade e houve várias tentativas.
Santarém tornou-se
muito conhecida ultimamente por conta de Alter do Chão. Mas o que muita gente
não sabe é que na região do Tapajós tem uma cidade que se prepara para ficar
tão ou mais famosa que Parintins. Não faltam por lá guerreiros valentes e belas
cunhãs porangas. Falo da mimosa e centenária Juruti.
Se você curte um
sambódromo e um bumbódromo, com certeza vai curtir o tribódromo de Juruti.
É no tribódromo de
Juruti que acontece o TRIBAL - Festival de tribos de Juruti. É sempre no final
do mês de julho, para não atrapalhar o festival de Parintins que é em junho. Esse
ano o festival terá sua 25ª Edição, de 26 a 28 de julho.
Ano passado, os Mundurukus
convidaram os povos da Amazônia, do Brasil e do mundo a reverenciar e retomar o
ponto onde tudo começou. Já os Muirapinima, que perderam por dois pontos (uma
provável injustiça), reverenciaram a essência da vida dos povos satarê-mawé. Os
sateré-mawé jamais se afeiçoaram aos portugueses. Davam ordens às suas mulheres
que não aprendessem a nossa língua. Participaram ativamente da Cabanagem. Foram
eles que transformaram o guaraná em arbusto cultivado, com o plantio e o
beneficiamento dos frutos.
O tema deste ano é
“Resistência Indígena no Coração do Brasil”. Segundo os organizadores, o
fomento à resistência dos indígenas é o principal objetivo. Além da valorização
da cultura e da História local.
Os saterê-mawé praticam
o ritual da tucandeira. É o conhecido e assustador ritual de iniciação para a
vida adulta. Ao enfiar as mãos em uma luva cheia de formigas, durante
aproximadamente vinte minutos, o menino não apenas demonstra estar apto para
vida, mas também ganha respeito e admiração.
Há quem diga que esses
povos guerreiros de grande resignação e audácia tem alguma descendência dos
incas e vieram do Altiplano andino até a Região do Tapajós, hoje também
conhecida como Baixo Amazonas.
Já me considero
torcedor da tribo dos Muirapinima, que parece ser a tribo do povão. Estou indo
conhecer o festival de Juruti. Deve ser mesmo waku sese, que significa muito
bom, em sateré-mawé.