Pedro Lucas Lindoso
Nesse
dia das mães o cronista pede licença para novamente homenagear sua inesquecível
mãe, Amine Daou Lindoso. Mãe de sete filhos, sempre procurou dar atenção
integral a todos nós. Os sete foram tratados como filhos únicos.
Minha
mãe, como toda moça educada em escolas salesianas, era habilidosa, excelente
esposa e mãe devotada. Dentre as suas várias habilidades como tocar piano,
falar e escrever impecavelmente, sabia fazer tricô com perfeição. Seu amor
pelos filhos e depois aos netos, materializava-se ainda antes do nascimento.
Dona Amine tricotava, com todo desvelo e afeto do mundo, perfeitos e até
cobiçados sapatinhos, casaquinhos e luvinhas de lã.
A
origem do tricô é bem controvertida. Provavelmente foi inventado na
Antiguidade. Algumas peças antigas foram descobertas no Egito. O fato é que na
História Moderna o tricô foi aperfeiçoado nas Ilhas Britânicas. As mulheres
inglesas foram as primeiras que desenvolveram a técnica nos nossos dias. O
objetivo era produzir meias e cachecóis que protegessem seus maridos e filhos
no inverno. O fato de dona Amine ter nascido no calor de Manaus e tornar-se
exímia em tricô é um mistério a ser estudado.
O
cuidado com os filhos, a administração da casa e as diversas atividades sociais
em que se engajava não eram empecilho para acompanhar e sempre apoiar meu pai,
José Lindoso, em suas atividades como político e homem público.
Amine
Daou Lindoso foi primeira dama do Amazonas de 1979 a 1982.Visitava sempre a
colônia Antônio Aleixo. Certa vez eu perguntei a ela se não tinha medo de
contrair o vírus da hanseníase. Disse-me que era um vírus “bobo”. Considerava
um absurdo ainda não ter sido erradicado.
Há anos
o Governo do Amazonas construiu, na colônia Antônio Aleixo, um conjunto
habitacional denominado Amine Daou Lindoso. A inauguração contou com a presença
do governador, presidente e autoridades. Após a solenidade os moradores vieram,
vários, cumprimentá-la. Queriam vê-la novamente. Alguns bastante mutilados. Fiquei
especialmente tocado com uma senhora cadeirante, com sinais bastante evidentes
de mutilações, porém muito vaidosa, com uma flor no cabelo. Queria repetir
versos já ditos a dona Amine. E assim o fez. Eles vieram demonstrar ternura,
afeto e reconhecimento.
Em
honra à memória de minha mãe, quero homenagear as mulheres que são mães
devotadas. Cuidam com extremo amor dos seus filhos. Contudo, exercem ainda o
papel de esposa e companheira. Mulheres-mães que mudam o mundo. Pelo exemplo
que dão aos homens e aos seus filhos.