Amigos do Fingidor

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Produção de texto poético (uma introdução) – IV

Zemaria Pinto


Ezra Pound (1885-1972), para quem “grande literatura é simplesmente linguagem carregada de significado até o máximo grau possível”.


15 – Um problema fundamental é identificar o texto literário, o texto-obra, plurissignificante. Podemos começar com seu inverso, o texto-objeto, que deve procure o entendimento do leitor. Isso não quer dizer que o texto-obra não busque ser entendido, mas ele se estrutura de forma diferente, por meio de símbolos.

16 – Uma aluna questionou-me certa feita, argumentando que o Cristo buscava ser entendido utilizando a linguagem cifrada das palavras. Disse-lhe, e repito aqui agora, que a linguagem dos vates-profetas é a mesma linguagem dos vates-poetas, talvez por isso eles se eternizam nos corações e mentes da humana gente.

17 – Para Ezra Pound, “grande literatura é simplesmente linguagem carregada de significado até o máximo grau possível”.

18 – Jakobson nos diz que o texto literário tem um componente que o define como tal, a literariedade, que é “um desvio de linguagem”, isto, é um desvio das normas e procedimentos usuais.

19 – Chklovski cria o conceito de estranhamento: se o leitor se depara com construções sintático-semânticas que fogem do padrão compreendido por todos, deve prestar bastante atenção nelas, pois poderá estar diante de uma obra de arte.

20 – Claro que esses conceitos ditos assim, de forma ligeira, não acrescentam muita coisa à cabeça já repleta de informações do leitor. Então, vamos nos desviar um tantinho da teoria literária e pensar nessa entidade chamada leitor. Eu disse desviar? Não nos desviamos, porque o leitor é parte integrante da leitura (lembram disso? leitor + texto).

21 – Vamos pensar no tipo de leitor que temos (ou podemos ter).

Continuamos.