Zemaria Pinto*
Talvez por  questões  quantitativas, os poucos  que  se aventuraram a escrever  sobre  a história  da literatura  amazonense  preferem se referir  a uma “literatura amazônica”, onde  se inserem, naturalmente , os escritores  paraenses . Isto  me parece falso  e artificial . A prosa  de ficção  no Amazonas  existe, sim , e, embora  pouco  volumosa , vem obtendo reconhecimento  nacional .
Devemos começar  lembrando que  a literatura  não  está unicamente confinada aos livros , embora  este  seja o veículo  adequado a sua  perpetuação. Assim , muito  antes  da colonização pelo  homem  branco , já  tínhamos na região  uma literatura  autêntica , que  passava de geração  a geração , via  tradição  oral . Refiro-me às lendas  e aos mitos  indígenas , que  foram registrados em  livros  e que  hoje  podemos conhecer  através  da leitura  de obras  como  Poranduba Amazonense  (1887), de Barbosa Rodrigues, Lendas  em  Nheengatu e Português  (1928), de Brandão Amorim, e Moronguetá – Um  Decameron Indígena  (1967), de Nunes Pereira . 
Simá – Romance  Histórico  do Alto  Amazonas  (1857), do baiano  Lourenço da Silva Araújo Amazonas , foi o primeiro  romance  com  temática  amazônica  a ser  publicado. De características  românticas, Simá, ambientado nos  arredores  de Barcelos, mostra  a degradação  a que  os portugueses submeteram a nação  Manau, levando-a à revolta  e iniciando um  processo  que  viria resultar  no seu  extermínio . A experiência  de Lourenço Amazonas  só  vem encontrar  continuidade 18 anos  depois , com  a publicação de Os Selvagens  (1875), do português  Francisco Gomes de Amorim, também  de cunho  indianista.
Os contos  de Inferno  Verde  (1908), do pernambucano  Alberto Rangel, abandonam a temática  indígena  e passam a usar  a selva  como  personagem . Essa é uma característica  que  vamos encontrar  em  inúmeras narrativas  de ficção  sobre  o Amazonas , todos  elas de influência  marcadamente naturalista, como  A Selva  (1930), do português  Ferreira  de Castro, e No Circo  Sem  Teto  da Amazônia (1935), do amazonense  Ramayana de Chevalier, ambos  tendo como  pano  de fundo  a exploração  dos seringais . Esse  é também  o caminho  traçado por  Álvaro Maia . Natural  de Humaitá, ele  escreveu, entre  outros , o romance  Beiradão (1958), e os livros  de contos  Banco  de Canoa  (1963) e Defumadores  e Porongas (1966).
Nas décadas  seguintes , a produção  dos afiliados ao Clube  segue intensa : Restinga  (1976) e Estórias  do Rio  (1984), contos  de Arthur Engrácio, O Tocador  de Charamela (1979), contos  de Erasmo Linhares, Várzea  dos Afogados (1982), romance , e Os Agachados (1985), novela , ambos  de Antísthenes Pinto . Egresso  do Clube  e um  dos poetas  mais  importantes  daquele movimento , Elson Farias surpreende o seu  público  leitor  com  o romance  O Adeus  de Diana (1996). 
Márcio Souza e Milton Hatoum são  um  caso  à parte  no panorama  atual  da prosa  de ficção  no Amazonas . Autores  de prestígio  internacional , têm suas  obras  traduzidas em  vários  idiomas , além  de, no Brasil, seus  livros  serem constantemente  reeditados. Márcio Souza estreou com  o romance  Galvez, o Imperador  do Acre  (1976), escrito  sob  a forma  de folhetim . Operação  Silêncio  (1978), Mad Maria (1980) e O Brasileiro  Voador  (1985) estão entre  seus  títulos  de maior  sucesso . O premiado Relato de Um  Certo  Oriente  (1989) foi o primeiro  romance  de Milton Hatoum. Onze anos  depois , lançou Dois  Irmãos  (2000), logrando alcançar , junto  à crítica  e ao público , sucesso  idêntico  ao primeiro . 
(*) Não lembro mais o que me levou a produzir texto tão insosso, tão sem espírito. 
Bem, talvez tenha alguma utilidade. Pelas referências, deve ser de uns 10 anos atrás.
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
