Amigos do Fingidor

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Darwin, o evolucionismo e a medicina



João Bosco Botelho

As ideias de Darwin revolucionaram os saberes anteriores: os questionamentos não ficaram restritos a biologia e atingiram fundamentalmente a religião. Sem dúvida, o naturalista Alfred Russel Wallace (1823-1913) também teve importante parcela na evolução dos acontecimentos. Independente de Darwin, ele formulou conceitos semelhantes sobre a evolução das espécies. Entretanto, ele reconheceu a prioridade do colega inglês, que tinha feito estudos mais detalhados e completos.
Em carta a outro naturalista amigo, Charles Darwin escreveu: “Nunca vi tamanha coincidência; se Wallace tivesse o esboço do meu manuscrito de 1842, ele não poderia ter feito um melhor resumo”.
Wallace esteve, no Amazonas, em 1848, e publicou em 1853, o livro Narrativa de viagens no Amazonas e no Rio Negro. Foi após esse período, conhecendo a multiplicidade da natureza amazônica, que consolidou o seu pensamento evolucionista, tão revolucionário quanto o de Darwin. Durante a viagem, Wallace soube das observações de Henry Walter Bates (1825-1892). Nesse livro, descreveu a incrível capacidade de algumas borboletas, para mudar a aparência, com o objetivo de evitar o ataque de certas aves. É possível que essa constatação de Bates tenha servido para ajudar Wallace na sua teoria evolucionista.
Esse conjunto de informações motivou particular interesse nos teóricos da escola positivista, liderada pelo francês Augusto Comte e foram aplicadas em alguns ensaios também com o objetivo de estruturar outra teorização do controle social.
A Igreja Católica, defendendo o criacionismo, iniciou forte oposição às teorias evolucionistas. A disputa ideológica persiste até a atualidade. Esse fato – a contenda entre os criacionistas e evolucionistas, responsável pelas pressões eclesiásticas junto aos Estados laicos, para conter o ensino do evolucionismo sob o prisma neodarwinista.
O caso mais conhecido ocorreu no sul dos Estados Unidos, conhecido como o “cinturão da Bíblia”, a região politicamente mais conservadora daquele país. Em 1982, uma lei obrigou que as escolas cumprissem o mesmo número de horas de aulas tanto para a teoria criacionista quanto para a evolucionista. Chegaram a afirmar, em documento conjunto, que o fato poderia ter consequências nefastas ao desenvolvimento científico dos Estados Unidos.
Mais representativo e polêmico foi o julgamento e condenação do professor John Scopes, no Tennesse, em 1925, somente revogada em 1967: O seu crime foi desobedecer a uma lei do Estado que proibia o ensino do evolucionismo: “É ilegal ensinar qualquer teoria que negue a história da criação divina do homem como ensinada na Bíblia, e ensinar em seu lugar que o homem descende de uma ordem inferior de animal”.

As propostas teóricas de Darwin foram incorporadas à Medicina e proporcionaram que o século 20 persistisse na busca da saúde e da doença em compreensões abrangentes entendendo o Homem como produto de múltiplas evoluções.