Amigos do Fingidor

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Izaura, com z, a chef de cuisine


Pedro Lucas Lindoso

As pessoas que vão trabalhar em nossa família costumam ficar para sempre. Eu tinha um mês de idade quando Dária Nascimento, a Darinha, foi parar em nossa casa. Chegou a conhecer meus filhos e morreu na nossa casa. Antonieta, a Teté, morou com a gente e depois foi responsável por ajudar minha tia Ana Maria a criar minhas primas. É minha comadre querida.
Outra figura importante da família é Izaura. Sem jamais ter cursado o “Cordon Bleu” tornou-se a nossa grande “chef de cuisine”. Filha de dona Adalgisa, já falecida, que um dia lhe ensinou:
– Minha filha, não trabalhe para gente sem educação. Os patrões acham que escolhem os empregados. Na verdade nós é que escolhemos os patrões. Não vale a pena trabalhar para gente sem eira nem beira.
Um dos orgulhos de Izaura é de ter cozinhado para banqueiros e grandes empresários amigos de meus tios, em São Paulo. Faz questão de lembrar já ter cozinhado para deputados, senadores e até para o ex-governador José Lindoso.
O falecido marido de Izaura, seu Oswaldo, trabalhava na Rede Globo-SP. Era eletricista. E, claro, conhecia muitos artistas e celebridades. Muitos globais provaram os quitutes de Izaura. Os elogios nem sempre repassados por seu Oswaldo, que “monopolizava” as amizades com os “famosos”.
A Editora Marco Zero publicou uma série de livros de receitas. “100 Comidinhas para comer com cerveja” foi um magnífico sucesso editorial. Elaborado pela grande escritora e querida cunhada Maria José Silveira. Há um consenso na família de que o significativo resultado de vendas deve-se à participação de Izaura com sua famosa receita de “batatinhas”.
O lado libanês da família já aprovou com louvor os “charutos” da Izaura e na questão das sobremesas o pudim de claras é imbatível.
Em minha opinião, a grande especialidade da Izaura é o “cozidão”. Só ela sabe o ponto correto de cada verdura, de modo a não ficar uma mais cozida que a outra. Administrar a correta textura dos legumes é só para uma “chef" como Izaura. 
Dona Adalgisa tinha razão. Para ser uma “chef de cuisine” é melhor escolher a patroa certa do que cursar o tal de “Cordon Bleu”. Acho até que Izaura pode ganhar o master chef. É só se inscrever!