Pedro Lucas Lindoso
Aulas de Língua Portuguesa. Quando estudante, erámos
obrigados a fazer análise. Fazia-se análise morfológica nas primeiras séries.
Depois era exigida análise sintática. Fiz incontáveis provas de Português em
que constavam inúmeras análises sintáticas. Orações retiradas de textos de
Machado de Assis, Camões e até do Hino Nacional.
Gostava quando os professores nos cobravam redações. Ou
dissertações. Ouvi dizer que não se faz mais redação. Os alunos são convidados
a fazer produção de textos. Será que ainda ensinam análises em aulas de
Português?
Sempre achei interessante os vocativos e apostos. Vocativo é
um termo descolado sintaticamente da oração, não pertence nem ao sujeito, nem
ao predicado. Ele serve para invocar o receptor da mensagem. E é sobre vocativos e apostos que quero
falar.
Mano velho! Vocativo típico de nossa cultura amazonense.
Manazinha! Mano! Mana!
Getúlio Vargas proclamava: Trabalhadores do Brasil! O outro
discursava: Brasileiros e brasileiras!
Filhinho! Vem cá. Pede
a mãe. Filho! O que precisas? Pergunta o pai. Amor! Amo-te. Jurou à amada. Ana
chamava os amigos de compadre e comadre. Virou comadre Ana. De todos.
Poeta! Alguém assim me chamou! Fiquei feliz, mas foi um
susto! Tenho poucas poesias. Gosto de escrever crônicas. Poeta! Um vocativo que
além de me assustar, me estremece o coração.
Já o aposto é o termo que, acrescentado a outro termo da
oração, explica ou esclarece o sentido de um nome; aparece geralmente separado
por vírgulas.
Elson Farias, grande poeta amazonense, me ensinou que
crônicas podem ser poesias. Usei um aposto para descrever o Elson. E explicar o
espanto do vocativo: Poeta!
Entre vocativos e apostos, vejam esses: Maria Luísa, minha
netinha, cheia de charme e simpatia exclama:
– Vovô Pedro! Este o mais doce vocativo. Aquele, o mais
verdadeiro aposto. Gostoso de ouvir. Gostoso como pupunha com café.