Amigos do Fingidor

quinta-feira, 13 de junho de 2019

A poesia é necessária?


Canção da esperança

 Tenório Telles

Para Michele


Neste tempo desolado
de sonhos subtraídos
e utopias amortalhadas
– ergo este canto para celebrar
a esperança entressonhada

Neste tempo de partos sem flores
de silêncio e de almas violadas
– ergo este canto para celebrar
a semente que arde em luz.

Neste tempo de vidas fraturadas
de olhos imantados e corações ressecados
– ergo este canto para celebrar
a inocência e o brilho da infância.

Neste tempo de morte e de sombras
de guerras e de campos devastados
 – ergo este canto para celebrar
a vida e os que tombam pela liberdade

Contra toda desesperança
Contra toda cegueira e emudecimento
Contra toda indiferença

– Ergo este canto para celebrar
a manhã. os rios
as florestas e seus enigmas
– Ergo este canto para celebrar
os pássaros – suas cores e cantos
as flores. o ser humano e a utopia
e também os olhos da amada.

É para vós
este canto de esperança
– que mesmo sendo pranto –
se eleva como música luminosa.

É para vós
este canto de exaltação
– que floresça em vossos olhos
– que se faça verdade em vossas bocas
e nasça como verdade em nossas vidas.