Pedro Lucas Lindoso
A comunicação entre humanos nunca foi muito fácil. O homem
precisou criar a escrita para estabelecer leis e contratos. E assim melhor se
comunicar.
Ouve-se muito – “não entendi”. “I don’t understand”, em
inglês, a atual língua do mundo ocidental. Ora, principalmente entre pessoas de
nacionalidade diferente, ou mesmo entre falantes da mesma língua, pode haver
ruído na comunicação. Em Inglês, a
palavra “misunderstanding" significa que há um desentendimento, um
conflito. Coisa diferente de um mal-entendido ou uma falha na comunicação. Para
os linguistas o essencial é a competência linguística. Ou seja, o importante é
ser entendido.
Nessas situações, em Portugal eles dizem: “não percebi”. Nós
dizemos, geralmente, “não entendi”. Há muitas diferenças entre o português do
Brasil e o de Portugal. Quando se vai lá, no avião já se “percebe” as
diferenças. Não se faz conexão e sim “ligação”. Avião é avião e nunca
“aeronave”. Os aviões fazem rolagem, descolagem e aterragem. Não há poltronas
em aviões da TAP-AIR PORTUGAL. Há cadeiras e sob as cadeiras há coletes de
salvação. Nós dizemos salva-vidas. Na descolagem e aterragem pede-se que
endireite as costas das cadeiras, ora pois, pois. Nada de poltrona na
vertical. E ainda devemos colocar os
celulares em “modo voo” e não no modo avião. Avião não tem parte “traseira”.
Senta-se na retaguarda.
São tantas as diferenças que se fica meio atordoado. Percebes?
É bom planear a viagem, porque planejar é coisa de brazucas.
Quando se vai à Europa ganha-se pelo menos 5 horas de fuso.
Ao desembarcar em Lisboa ou no Porto devemos procurar as malas nos “tapetes”
porque não existem “esteiras” nos aeroportos de Portugal.
Meio atordoado, após tantas horas de voo e fuso horário
diferente, dirigi-me em inglês à funcionária da TAP. Ela me deu uma “mijada”,
como se diz em bom amazonês.
– O senhor é brasileiro. Fala-se Português em Portugal!
Morri de vergonha. Se fosse no Brasil alguém diria:
– Compreendeu ou quer que eu desenhe?
– Percebes? Não percebi!