Pedro Lucas Lindoso
Meu amigo Dr. Chaguinhas me relata que um cliente seu foi
pego na malha fina do imposto de renda. O sujeito, durante danos, colocou dois
sobrinhos como dependentes. Os meninos nem sequer moram com o tal contribuinte
sonegador. Ele apenas é padrinho de um deles. E os ajuda, esporadicamente.
Nos Estados Unidos o rapaz estaria preso. Aqui, vai pagar uma
multa, o imposto devido e pronto.
Em viagem de férias à Europa visitamos a cidade de Bruges, na
Bélgica. A cidade ficou esquecida durante séculos. Por essa razão é uma das
cidades medievais mais bem conservadas do mundo. Muito próspera até o século
15. Sua rede de canais, comparados a Veneza, fez de Bruges importante centro
comercial na Idade Média.
Onde há grande movimentação comercial e geração de riquezas
há poder constituído. Consequentemente, coleta de impostos. E sempre haverá
contribuintes tentando burlar o fisco. Daí surgem os “planejamentos
tributários”, ora lícitos, ora ilícitos. As coletas de impostos medievais em
Bruges tinham como fato gerador a quantidade de janelas das casas que davam
para os vários canais e ruas da cidade. Para fugir dos impostos, os
contribuintes simplesmente aboliam as janelas, tapando-as. Assim, pagavam menos
impostos.
A carga tributária dos brasileiros é uma das mais pesadas do
mundo. Os amazonenses viram aumentar a conta de luz, que é uma das mais caras
do Brasil, em razão de aumento de alíquota tributária pelo governo do Estado.
Tia Idalina é uma das poucas pessoas que não reclama em pagar
imposto de renda. Ela recebe dois
salários de professora: um do estado outro do município. Além de uma felpuda
pensão deixada pelo marido, membro vitalício de um generoso órgão colegiado,
como há vários no país afora. E explica:
– Só paga imposto de renda quem tem renda. Eu pago. Graças a
Deus. Veja a minha amiga Marilda, coitada. Recebe uma merreca de pensão do
INSS. É isenta. Morro de pena. Além do que me descontam na fonte, eu pago. E
com prazer.
Do imposto e da morte ninguém escapa, ensina tia Idalina.